sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

TEXTO: GAVIÃO-DE-PENACHO - ILDEU BRANDÃO - COM GABARITO

Texto: Gavião-de-Penacho
            Ildeu Brandão

        -- Pai, ô pai, o gavião – eu gritei, e papai se levantou, estava deitado descansando um pouco, e veio correndo e gemendo, tinha dado uma topada forte no portal. [...]
        [...] Nós dois paramos de estalo na entrada do galinheiro, pois um gavião enorme estava de pé, com as asas abertas, na frente do galo legorne, que era grande mas tinha ficado pequeno na frente dele, porém o enfrentava com coragem, assim meio assustado, as penas arrepiadas.
        O gavião era uma beleza, era grande mesmo, imenso, as asas de uma brancura por dentro, e por fora cinzento-avermelhadas, assim como as costas. Na cauda, que eu vi quando ele se voltou numa rodada de vigilância, tinha rajas bruni-negro-vermelho-claro, mas o que o fazia importante era o penacho enorme que subia da parte de trás da cabeça e que estava levantado pela raiva. Eu senti um meio medo, confesso, e olhei para papai, que estava assim como atraído, os olhos pregados no bicho e esquecido até da espingarda, que estava com o cano apontado para o chão.
        O gavião nos encarou, tinha o bico meio aberto, mas sempre se defendendo do galo, quem sabe se esperando um jeito de atacá-lo.
        Puxei a aba do paletó de papai, ele despertou e levou a espingarda no ombro e fez pontaria, mas não atirou e ficou olhando para o gavião, que também o olhava, as asas abertas e o penacho levantado em desafio. Durou pouco aquele olha-que-olha, pois o gavião voou, deu uma esbarrada no galo e passou roçando nas nossas cabeças, no rumo do céu. Papai virou o corpo e eu também, e fomos acompanhando o voo bonito e ritmado, e depois que ele ganhou altura papai atirou, mas foi um tiro assim sem vontade, eu reparei, baixou a espingarda e falou manso, olhando por cima dos meus ombros:
        -- Fiquei com pena de atirar.
    Ricardo Ramos, org. A palavra é... bicho. São Paulo, Scipione, 1989.
Fonte: Livro – Ler, entender, criar – Português – 6ª Série – Ed. Ática, 2007 – p.70-1.

Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Bruni: Redução de brunido (brilhante, luzidio).

·        Rajas: Listras.

02 – O trecho que você acabou de ler faz parte de uma narração. Que elementos do texto comprovam essa afirmação?
      Há um narrador-personagem, identificado pelo eu, e outra personagem, que interage com o narrador, identificado como papai. Existe sequência temporal e discurso direto.

03 – Faça um levantamento do tempo e do modo dos verbos empregados no primeiro parágrafo do texto.
      No texto, “Gavião-de-penacho”, os verbos nos tempos do pretérito (perfeito e imperfeito) do modo indicativo.

04 – Com base no texto lido, responda: que tempo e modo predominam no texto informativo? e no narrativo?
      No texto informativo predomina o presente do indicativo e no texto narrativo predominam os tempos do pretérito do indicativo.

05 – No texto “Gavião-de-penacho”, que aspectos do gavião foram selecionados pelo narrador para descrever essa ave?
      O tamanho, as asas por dentro e por fora, as costas, a cauda, o penacho e o bico.

06 – A cada um dos aspectos selecionados pelo narrador para a descrição da ave foram atribuídas características. Quais são elas?
      Tamanho: grande, imenso; Asas: brancura por dentro e cinzento-avermelhadas por fora; Costas: cinzento-avermelhadas; Cauda: rajas bruni-negro-vermelho-claro; Penacho: enorme e levantado pela raiva; Bico: meio aberto.

07 – Identifique no terceiro parágrafo o trecho que dá ideia do movimento que o gavião faz.
      “[...] quando ele se voltou numa rodada de vigilância [...]”.

08 – Um descrição subjetiva apresenta as impressões pessoais do observador. Você considera subjetiva ou objetiva a descrição o pássaro em “Gavião-de-penacho”?
      Embora seja uma descrição objetiva, apresenta alguns elementos subjetivos, isto é, impressões pessoais do narrador. Dizer, por exemplo, que o gavião era imenso está mais ligado ao medo do observador do que propriamente à envergadura da ave.


terça-feira, 3 de dezembro de 2019

POEMA: ADEUS, MEUS SONHOS! ÁLVARES DE AZEVEDO - COM GABARITO

Poema: Adeus, Meus Sonhos!

             Álvares de Azevedo

Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!

Misérrimo! votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto...
E minh’alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.

Que me resta, meu Deus?!... morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já que não levo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!

                   AZEVEDO, Álvares de. “Adeus, Meus Sonhos”. In: PIRES, Homero (org.). Obras completas de Álvares de Azevedo. 8. ed. São Paulo, Nacional, 1942. p. 285.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 200-1.
Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Votar: Dedicar, devotar.

·        Sina: Destino, sorte.

·        Cândido: Puro, ingênuo.

02 – Que palavras e expressões do poema caracterizam o chamado mal-do-século?
      Pranteio, morro, triste, pobres dias, treva, luto, murchas flores, etc.

03 – Identifique a causa principal do desejo de morrer manifestado pelo eu lírico.
      O fato de ter dedicado os seus duas a um amor sem fruto (não consumado).

04 – Um dos sonhos do eu lírico é o da realização amorosa. Entretanto, ao utilizar a metáfora “estrela”, na última estrofe, revela a impossibilidade de realizar o seu sonho. Explique essa afirmação.
      A estrela é um astro distante, inalcançável.

05 – Identifique os versos que repetem a ideia do vazio interior que deixa o eu lírico sem motivações para a vida.
      “E tanta vida que meu peito enchia
       Morreu na minha triste mocidade!”
      “E tanta vida que meu peito enchia
       Morreu na minha triste mocidade!”



CONTO: O ALFAIATE VALENTÃO - JACOB E WILHELM GRIM - COM GABARITO

Conto: O alfaiate valentão
           Jacob e Wilhelm Grim

        Era uma vez um alfaiate que estava sentado à janela da sua casa, costurando um paletó. Nisto ouviu uma vendedora de doces que passava gritando: “Doces! Pudim especial!”
        O alfaiate espichou a cabeça para fora da janela e chamou-a. A mulher subiu os três degraus da casa do homenzinho e descobriu o tabuleiro para que ele se servisse à vontade.
        -- Quero cinquenta gramas deste pudim, disse o alfaiate.
        A mulher pesou os cinquenta gramas, recebeu o dinheiro e lá se foi a resmungar por ter perdido tempo com um freguês tão miserável.
        -- Agora, exclamou o alfaiate lambendo os beiços, vou regalar-me. Comerei este pudim com pão, para render, mas primeiro tenho que acabar este paletó.
        Assim dizendo colocou o pedacinho de pudim ao ado do pão e pôs-se a costurar com tamanha pressa que os pontos até pareciam alinhavo. Enquanto isso o cheiro do pudim atraiu um bom número de moscas que vieram sentar-se nele, muito gulosas.
        -- Fora daqui, gatuninhas! – Gritou o alfaiate ao percebe-las. Ninguém as convidou para este banquete.
        As moscas fugiram, mas logo depois voltaram e em maior número. Danado da vida, o alfaiate deu com a costura em cima delas matando sete.
        -- Sim, senhor! Exclamou ele para si próprio, admirado da sua bravura. Sou um valente sem igual Duma só pancada mato sete! Vou escrever numa faixa de pano e andar com ela pela rua. Toda a gente vai tremer de medo de mim.
        Escreveu estas palavras na faixa: MATO SETE DUMA VEZ, atou a faixa à cintura e preparou-se para correr mundo. Um homem valente como ele, que matava sete duma vez, não podia continuar o humilde alfaiate que tinha sido até ali. [...].
        [...] Andou, andou até que foi parar no parque dum palácio real e, como estivesse cansado da caminhada, resolveu deitar-se na grama. Enquanto dormia, várias pessoas apareceram por ali e leram os dizeres da faixa: “Sete duma vez”. Deve ser um grande herói, pensaram consigo, e foram correndo contar o caso ao rei. Seria um aliado precioso nas guerras. O rei ouviu o caso, pensou uns instantes e por fim mandou que seus ministros convidassem o herói para ficar a serviço do reino. Os ministros esperaram com todo o respeito que ele acordasse e então fizeram o convite.
        -- Pois foi para isso mesmo que cheguei até aqui, respondeu o alfaiate. Vim oferecer meus préstimos a este poderoso rei. Diga que aceito a proposta com muito gosto.
        O rei mostrou-se muito contente. Deu-lhe uma das mais belas casas do reino para morar e ofereceu-lhe uma grande festa.
        Isto encheu de inveja os ministros – inveja e medo.
        -- Muito perigoso este homem aqui, disseram entre si. Caso brigue conosco, que será de nós, já que ele mata sete duma vez? E foram queixar-se ao rei.
        -- Majestade, disseram os ministros, não podemos viver na companhia dum homem tão perigoso. O vosso ministério é composto de sete ministros e como ele mata sete duma só pancada, poderá dar cabo de todo o ministério num instantinho.
       O rei ficou muito triste. Não queria perder os seus ministros, mas também não tinha coragem de demitir o alfaiate, pois quem mata sete de uma pancada pode matar sete mais um e esse um pode ser um rei. Em vista disso começou a pensar no meio de se livrar dum homem tão perigoso. Por fim mandou chama-lo e disse:
        -- Já que você é tão valente quero que me faça uma coisa. Na floresta existem dois gigantes que cometem os maiores horrores, roubando, matando e incendiando tudo quanto querem sem que meus soldados tenham ânimo de enfrenta-los. Se conseguir libertar o reino desses monstros darei a você a minha filha em casamento e, como dote, metade dos meus domínios. Cem homens a cavalo irão com você atacar os gigantes.
        -- Dispenso os cem homens a cavalo, respondeu o alfaiate, contentíssimo por ter uma grande façanha a realizar. Eu mato sete duma só pancada. Os gigantes são dois. Logo para dar cabo deles só preciso de meia pancada. Os homens a cavalo poderão acompanhar-me apenas para assistir à matança dos gigantes.
        Assim foi feito. O alfaiate e os cem homens se dirigiram para a floresta. Lá chegados ficaram estes num certo ponto e o herói dirigiu-se sozinho para a caverna dos gigantes. Encontrou-os dormindo um ao lado do outro, debaixo duma grande árvore que existia na entrada da caverna. Sem ser pressentido, o alfaiate trepou à árvore e ficou bem escondidinho entre as folhas de modo que pudesse atirar pedras na cara dos dorminhocos. E começou a atirar uma por uma, com toda a força as pedras que levara num alforje. As primeiras não serviram nem para acordar os brutos, mas uma que acertou no olho dum deles o fez despertar.
        -- Não gosto de brincadeiras, ouviu? disse o gigante pegando um tapa no companheiro, certo de que fora este o autor da pedrada.
        -- Você está sonhando, disse o companheiro. Não toquei em você nem com a ponta do dedo.
        E ajeitaram-se ambos para continuar a soneca. Minutos depois o alfaiate arrumou-lhe nova pedra no olho com mais força ainda.
        -- Que significa isto? berrou o gigante furioso. Continua você a esbarrar em mim?
        -- Não esbarrei coisa nenhuma, respondeu o companheiro também danado. Não me aborreça.
        Dormiram novamente. O alfaiate, então, jogou a pedra maior de todas. Sentindo o choque, o gigante ergue-se, tomado dum acesso de cólera terrível, e certo de que o causador da brincadeira tinha sido o companheiro, atirou-se a ele de murros e pontapés. A luta foi tremenda. Várias árvores foram arrancadas para que os troncos servissem de armas. Depois de alguns minutos, os dois gigantes se haviam estraçalhado mutuamente. O alfaiate então desceu da árvore, enfiou a sua espada no peito de cada um e foi em procura dos cem cavaleiros.
        -- Pronto! disse ao chegar. Já liquidei com os dois malvados. A luta foi terrível. Eles chegaram a arrancar árvores para lutar comigo, como vocês poderão ver. Mas foi tudo inútil. Contra quem mata sete dum golpe, dois não podem...
        -- E nem sequer ficou ferido? perguntaram os cavaleiros, muitos espantados.
        -- Eles não puderam tocar em mim. Nem um arranhãozinho...
        Os cem cavaleiros verificaram com os seus próprios olhos que os gigantes estavam mortos e bem mortos, cada um deles com uma estocada no peito. E voltaram no galope para contar ao rei o grande acontecimento.
        O rei [...] não teve remédio: deu sua filha em casamento ao alfaiate, sem saber que ele era um simples alfaiate. Se o soubesse, com certeza mandaria que o matassem, porque era um rei muito orgulhoso.
        Houve grandes festas, sendo o feliz herói coroado rei de metade do velho reino. Tempos mais tarde a jovem rainha ouviu seu esposo falar enquanto dormia.
        -- Anda, rapaz! dizia ele tonto. Alinhava logo esse colete senão te prego com o metro na cabeça.
        Ficou desconfiada. Pensou muito naquilo e por fim convenceu-se de que se casara com um simples alfaiate. Foi correndo contar ao rei a sua descoberta. O rei danou com o desaforo e armou um plano.
        -- Deixe a porta aberta de noite, recomendou ele. Quando o patife estiver no melhor do sono, meus criados entrarão no quarto e o amarrarão com boas cordas. Em seguida o botaremos num navio que o vá soltar a mil léguas daqui.
        A rainha alegrou-se com o plano do rei e na sua alegria não percebeu que um pequeno pajem estava ouvindo a conversa. O diabinho correu logo a contar ao alfaiate toda a conversa pilhada.
        -- Não se assuste, disse o alfaiate. Eu darei uma lição a essa gente.
        Nessa mesma noite o alfaiate em vez de dormir fingiu que dormia e pode ver sua esposa erguer-se da cama, sem fazer o menor barulho, para ir destrancar a porta. Logo em seguida os criados do rei apareceram, na ponta dos pés.
        Assim que os viu dentro do quarto, o matreiro alfaiate fingiu que estava sonhado e murmurou de modo que todos ouvissem muito bem:
        -- Anda, rapaz! alinhava logo esse colete senão te dou com o metro na cabeça. Já matei sete duma vez, já dei cabo de dois monstruosos gigantes [...] e portanto não tenho medo nenhum dos que estão entrando neste quarto.
        Foi água na fervura. Os criados do rei ficaram com as pernas moles e trataram de retirar-se, bem na pontinha dos pés. A lição foi boa. Nunca mais o rei, nem a rainha, nem ninguém mexeu com o alfaiate, que pode reinar toda a sua vida no seu pedaço de reino e sonhar livremente com as antigas tesouras e metros e paletós e coletes, sem que ninguém se animasse a conspirar contra a vida dele.
          Contos de Grimm. Trad. e adapt. de Monteiro Lobato. São Paulo, Brasiliense, 1975.
Fonte: Livro – Ler, entender, criar – Português – 6ª Série – Ed. Ática, 2007 – p. 48-54.

Entendendo o conto:

01 – Você acha que histórias como a do alfaiate valentão foram feitas só para crianças? Ou será que os adultos também se divertem com elas?
      Resposta pessoal do aluno.

02 – Vamos pensar um pouco sobre a profissão de alfaiate: o que faz um alfaiate? O mesmo que um costureiro?
      O alfaiate confecciona roupas para homens. O costureiro faz roupas para mulheres.

03 – Localize no texto trechos que caracterizam o alfaiate, conforme os adjetivos dados:
a)   Pequeno: “A mulher subiu os três degraus da casa do homenzinho [...]”.

b)   Pobre: “[...] e lá se foi a resmungar por ter perdido tempo com um freguês tão miserável”. / “[...] não podia continuar o humilde alfaiate que tinha sido até ali”.

04 – Leia: “—Sim senhor! exclamou ele para si próprio, admirado da sua bravura. Sou um valente sem igual”.
a)   Para você, o que é um ato de bravura?
Resposta pessoal do aluno.

b)   Por que o alfaiate se julgava valente?
Ele se julgava valente porque matara sete moscas de uma vez.

c)   Ele de fato foi valente?
Não, matar sete moscas não pode ser considerado sinal de valentia. 

05 – Quando o alfaiate chegou ao reino, houve um mal-entendido. O que as pessoas pensaram ao ler na faixa “mato sete duma vez”?
      As pessoas pensaram que ele fosse um homem muito corajoso, que havia matado sete monstros, ou sete gigantes, ou sete bandidos de uma só vez, daí o mal-entendido.

06 – Por que o rei deu uma tarefa tão difícil ao alfaiate? Justifique com alguma passagem do texto.
      Porque ele pensava que o pequeno alfaiate era um homem muito perigoso, capaz de mata-lo. “[...] pois quem mata sete de uma pancada pode matar sete mais um e esse um pode ser um rei”. Em vista disso começou a pensar no meio de se livrar dum homem tão perigoso.

07 – Para entender melhor o texto, copie em seu caderno as frases abaixo, substituindo os termos destacados por outros de sentido semelhante. Faça as alterações necessárias e, se for precioso, use o dicionário.
a)   “Agora, exclamou o alfaiate lambendo os beiços, vou regalar-me”.
Lábios/sentir um grande prazer, alegrar-me.

b)   “Fora daqui, gatuninhas!”
Ladras, ladroninhas.

c)   “Vim oferecer meus préstimos a este poderoso rei”.
Serviços.
d)   “Sem ser pressentido, o alfaiate trepou à árvore e ficou bem escondidinho [...]”.
Visto, observado.

e)   “E começou a atirar uma por uma, com toda a força as pedras que levara num alforje”.
Saco duplo, espécie de sacola.

f)    “[...] os gigantes estavam mortos e bem mortos, cada um deles com uma estocada no peito [...]”.
Golpe com a ponta de uma espada.

g)   “O diabinho correu logo a contar ao alfaiate toda a conversa pilhada”.
Roubada, escutada às escondidas, apanhada de surpresa.

h)   “[...] o matreiro alfaiate fingiu que estava sonhando [...]”.
Astuto, sabido.

08 – Neste conto há muitos trechos típicos da linguagem formal.
a)   Retire do sexto parágrafo do texto expressões que você considera formais e copie-as no seu caderno.
“Pôs-se a costurar”, “tamanha pressa”, “vieram sentar-se nele”.

b)   Passe essas expressões para uma linguagem informal.
Começou a costurar, tanta (muita) pressa, vieram e se sentaram nele.

09 – Releia: “O diabinho correu logo a contar ao alfaiate toda a conversa pilhada”.
a)   Foi mesmo um diabinho que contou ao alfaiate toda a conversa do rei com a filha?
Não, foi um pajem.

b)   Como chamamos a figura de linguagem em que uma palavra não aparece no seu sentido original, mas sim num sentido figurado?
Metáfora.

10 – É possível dizer quando aconteceu a história do alfaiate  valentão? Há alguma expressão que marque o tempo?
      Não, o texto começa com “Era uma vez”, expressão que não delimita o tempo.

11 – Você acredita que existam gigantes e outros seres invencíveis?
      Resposta pessoal do aluno.

12 – Os contos populares apresentam características bem definidas. Veja algumas delas e responda às questões:
a)   O herói tem um objetivo a cumprir, chamado desígnio. Qual era o objetivo do alfaiate ao fazer a faixa com dizeres “Mato sete duma vez”?
Ele queria que todos o temessem, queria ser visto como herói.

b)   O rei faz uma viagem. Isso ocorre com o alfaiate?
Sim, o alfaiate resolveu correr o mundo.

c)   O herói tem obstáculos para superar ou tarefas para cumprir. Qual foi a tarefa do alfaiate?
Derrotar os gigantes.

d)   O herói sempre conta com a mediação, isto é, com algum tipo de ajuda, que pode vir do próprio homem, da natureza ou mesmo do sobrenatural. Quem ou o que colaborou para que o alfaiate vencesse todos os obstáculos?
Sua própria esperteza.

e)   O herói conquista seus objetivos. O alfaiate alcançou seu objetivo?
Sim, ele se tornou herói, casou-se com a princesa e virou rei.


LIVRO: PÃO NOSSO - MENSAGEM: INTERCESSÃO - PARA REFLEXÃO


Intercessão

Irmãos, orai por nós. – Paulo. (1ª Epístola aos Tessalonicenses, 5:25.)

Muitas criaturas sorriem ironicamente quando se lhes fala das orações intercessórias.
O homem habituou-se tanto ao automatismo teatral que encontra certa dificuldade no entendimento das mais profundas manifestações de espiritualidade. A prece intercessória, todavia, prossegue espalhando benefícios com os seus valores inalterados. Não é justo acreditar seja essa oração o incenso bajulatório a derramar-se na presença de um monarca terrestre a fim de obtermos certos favores.
A súplica da intercessão é dos mais belos atos de fraternidade e constitui a emissão de forças benéficas e iluminativas que, partindo do espírito sincero, vão ao objetivo visado por abençoada contribuição de conforto e energia. Isso não acontece, porém, a pretexto de obséquio, mas em consequência de leis justas. O homem custa a crer na influenciação das ondas invisíveis do pensamento, contudo, o espaço que o cerca está cheio de sons que os seus ouvidos materiais não registram; só admite o auxilio tangível, no entanto, na própria natureza física vêem-se árvores venerandas que protegem e conservam ervas e arbustos, a lhes receberem as bênçãos da vida, sem lhes tocarem jamais as raízes e os troncos.
Não olvides os bens da intercessão.
Jesus orou por seus discípulos e seguidores, nas horas supremas.


ROMANCE: O TEMPO E O VENTO I - (FRAGMENTO) - ÉRICO VERÍSSIMO - COM GABARITO

Romance: O tempo e o vento I - Fragmento
                   Erico Veríssimo

        Muitos anos mais tarde, Ana Terra costumava sentar-se na frente de sua casa para pensar no passado. E no seu pensamento como que ouvia o vento de outros tempos e sentia o tempo passar, escutava vozes, via caras e lembrava-se de coisas... O ano de 81 trouxera um acontecimento triste para o velho Maneco: Horácio deixara a fazenda, a contragosto do pai, e fora para o Rio Pardo, onde se casara com a filha de um tanoeiro e se estabelecera com uma pequena venda. Em compensação, nesse mesmo ano Antônio casou-se com Eulália Moura, filha dum colono açoriano dos arredores de Rio Pardo, e trouxe a mulher para a estância, indo ambos viver no puxado feito no rancho.
        Em 85 uma nuvem de gafanhotos desceu sobre a lavoura deitando a perder toda a colheita. Em 86, quando Pedrinho se aproximava dos oito anos, uma peste atacou o gado e um raio matou um dos escravos.
        Foi em 86 mesmo ou no ano seguinte que nasceu Rosa, a primeira filha de Antônio e Eulália? Bom. A verdade era que a criança tinha nascido pouco mais de um ano após o casamento. Dona Henriqueta cortara-lhe o cordão umbilical com a mesma tesoura de podar com que separara Pedrinho da mãe.
        E era assim que o tempo se arrastava, o sol nascia e se sumia, a lua passava por todas as fases, as estações iam e vinham, deixando sua marca nas árvores, na terra, nas coisas e nas pessoas.
        E havia períodos em que Ana perdia a conta dos dias. Mas entre as cenas que nunca mais lhe saíram da memória estavam as da tarde em que dona Henriqueta fora para a cama com uma dor aguda no lado direito, ficara se retorcendo durante horas, vomitando tudo que engolia, gemendo e suando frio. E quando Antônio terminou de encilhar o cavalo para ir até o Rio Pardo buscar recursos, já era tarde demais. A mãe estava morta. Era inverno e ventava.
VERISSIMO, Erico. O tempo e o vento I: O continente. Porto Alegre, Globo, 1956. p. 185.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 348-9.

Entendendo o romance:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Encilhar: arrear, aparelhar.

·        Tanoeiro: aquele que faz e ou conserta barris, tinas, etc.

02 – Percebe-se no texto o embate de duas forças. Qual delas simboliza o que é permanência (memória) e qual simboliza o que é passagem (destruição)?
      O tempo (passagem, destruição) e o vento (memória, permanência).

03 – Que forma verbal, predominante no texto, dá-lhe caráter memorialístico?
      O imperfeito do indicativo.

04 – Na marcação do tempo, um acontecimento positivo vem acompanhado de uma dúvida. Que acontecimento é esse?
      O nascimento de Rosa.

05 – Segundo a epígrafe que abre a obra, retirada do Eclesiastes, “Uma geração vai, e outra geração vem; porém a terra para sempre permanece”, em que parágrafo do texto também está presente essa visão cíclica, predominante no romance?
      No 4° parágrafo.

06 – Que elemento deixa as suas marcas nas árvores, na terra, nas coisas e nas pessoas?
      O tempo.

07 – Como pode ser dividida a obra de Érico Veríssimo? Exemplifique.
      Romance urbano (Clarissa, Caminhos cruzados, etc.), romance histórico (O tempo e o vento) e romance político (O senhor embaixador, etc.).

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

ANEDOTA: PAI E FILHO - PASQUIM - COM GABARITO

Anedota: Pai e filho
    
           Pasquim

        De manhã, o pai bate na porta do quarto do filho:
        -- Acorda, meu filho. Acorda, que está na hora de você ir para o colégio.
        Lá de dentro, estremunhado, o filho respondeu:
        -- Pai, eu hoje não vou ao colégio. E não vou por três razões: primeiro, porque eu estou morto de sono; segundo, porque eu detesto aquele colégio; terceiro, porque eu não aguento mais aqueles meninos.
        E o pai respondeu lá de fora:
        -- Você tem que ir. E tem que ir, exatamente, por três razões: primeiro, porque você tem um dever a cumprir; em segundo, porque você já tem 45 anos; terceiro, porque você é o diretor do colégio.
       Anedotinhas do Pasquim. Rio de Janeiro: Codecri, 1981. p. 8.
              Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – Atual Editora -2002 – p. 31.
Entendendo a anedota:

01 – Durante a leitura ou a audição da anedota, o leitor ou ouvinte é levado a compreendê-la de determinada forma, até ter uma surpresa.
a)   Em que parágrafo ocorre a surpresa?
No último.

b)   Como o leitor ou ouvinte compreende o texto antes de chegar a esse parágrafo?
Que se trata de uma situação comum, em que um pai acorda o filho (uma criança), que está com sono.

c)   Tal compreensão se deve a duas razões: uma é o comportamento do filho, e a outra é a omissão de uma informação essencial para a compreensão global do texto.
·        Qual é esse comportamento?
De querer dormir, em vez de ir para a escola; de ser chamado pelo pai.

·        Qual é a informação omitida?
A informação de que ele é adulto.

02 – Onde reside o humor da anedota?
      Reside justamente nessa surpresa. Ao termos a informação, achamos graça por causa da duplicidade de sentidos existente no texto.


TEXTO: O QUE SÃO AVES DE RAPINA? SUPERINTERESSANTE - COM GABARITO


Texto: O que são aves de rapina?

      Assim são chamados todos os pássaros carnívoros e caçadores. Os mais conhecidos são as águias, os gaviões e os falcões, mas também fazem parte do grupo algumas espécies de corujas e abutres. Os rapinantes representam cerca de 10% das aves do planeta, concentrados em sua maioria na América Latina – só no Brasil existem 83 espécies (36% do total mundial). Predadores perfeitamente equipados para matar, esses animais têm visão aguçadíssima: enxergam, em média, duas vezes mais que o homem. Assim, são capazes de avistar sua presa a dezenas de metros de altura e mergulhar diretamente sobre ela. São também as aves mais velozes que existem, atingindo até 268 km/h no caso do falcão peregrino. E, como se não bastasse, ainda possuem duas armas letais: o bico afiado e as garras em forma de foice. “Graças a esses atributos, elas quase sempre pegam sua vítima na primeira tentativa”, afirma o ornitólogo Luís Sanfilippo, da Fundação Zoológico de São Paulo, especialista em rapinantes. As presas favoritas variam de répteis, como cobras e sapos, a pequenos mamíferos, especialmente roedores, desde ratinhos a cotias.
(Superinteressante, jul.2001.)
Fonte: Livro – Ler, entender, criar – Português – 6ª Série – Ed. Ática, 2007 – p.69.

ESTUDO DO TEXTO
1)   Qual é a primeira informação que o texto dá sobre as aves de rapina?
A primeira informação é justamente a resposta à pergunta do título: “Assim são chamados todos os pássaros carnívoros e caçadores”.

2)   Em que região do mundo se concentra a maioria das aves de rapina?
Na América Latina.

3)   De que essas aves se alimentam?
De répteis, como cobras e sapos, e pequenos mamíferos, especialmente roedores, de ratinhos a cotias.

4)   Na sua opinião, por que o texto traz o depoimento de um especialista?
Resposta pessoal.
As entrevistas com especialistas conferem credibilidade às informações veiculadas por qualquer meio de comunicação.

5)   De onde foi retirado o texto “O que são aves de rapina”?
Da revista Superinteressante.

6)Foi contada alguma história sobre aves de rapina?
    Não. A intenção do texto é informar o leitor.