quarta-feira, 31 de outubro de 2018

CONTO: UMA ESPERANÇA - CLARICE LISPECTOR - COM GABARITO

Conto: UMA ESPERANÇA
             
           Clarice Lispector

        Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica, que tantas vezes verifica-se ser ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto.
        Houve um grito abafado de um de meus filhos:
        -- Uma esperança! e na parede, bem em cima de sua cadeira!
        Emoção dele também que unia em uma só as duas esperanças, já tem idade para isso. Antes surpresa minha: esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa parede. Pequeno rebuliço: mas era indubitável, lá estava ela, e mais magra e verde não poderia ser.
        -- Ela quase não tem corpo, queixei-me.
        -- Ela só tem alma, explicou meu filho e, como filhos são uma surpresa para nós, descobri com surpresa que ele falava das duas esperanças.
        Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes tentou renitente uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder caminho. Custava a aprender.
        -- Ela é burrinha, comentou o menino.
        -- Sei disso, respondi um pouco trágica.
        -- Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada, como ela hesita.
        -- Sei, é assim mesmo.
        -- Parece que esperança não tem olhos, mamãe, é guiada pelas antenas.
        -- Sei, continuei mais infeliz ainda.
        Ali ficamos, não sei quanto tempo olhando. Vigiando-a como se vigiava na Grécia ou em Roma o começo de fogo do lar para que não se apagasse.
        -- Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que só pode andar devagar assim.
        Andava mesmo devagar – estaria por acaso ferida? Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria sangue, tem sido sempre assim comigo.
        Foi então que farejando o mundo que é comível, saiu de trás de um quadro uma aranha. Não uma aranha, mas me parecia "a" aranha. Andando pela sua teia invisível, parecia transladar-se maciamente no ar. Ela queria a esperança. Mas nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la. Meu filho foi buscar a vassoura. Eu disse fracamente, confusa, sem saber se chegara infelizmente a hora certa de perder a esperança:
        -- É que não se mata aranha, me disseram que traz sorte...
        -- Mas ela vai esmigalhar a esperança! respondeu o menino com ferocidade.
        -- Preciso falar com a empregada para limpar atrás dos quadros – falei sentindo a frase deslocada e ouvindo o certo cansaço que havia na minha voz. Depois devaneei um pouco de como eu seria sucinta e misteriosa com a empregada: eu lhe diria apenas: você faz o favor de facilitar o caminho da esperança.
        O menino, morta a aranha, fez um trocadilho, com o inseto e a nossa esperança. Meu outro filho, que estava vendo televisão, ouviu e riu de prazer. Não havia dúvida: a esperança pousara em casa, alma e corpo.
        Mas como é bonito o inseto: mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso explica por que eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá-la.
        Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço e pensei: "e essa agora? que devo fazer?" Em verdade nada fiz. Fiquei extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido em mim. Depois não me lembro mais o que aconteceu. E, acho que não aconteceu nada.
                                                  Clarice Lispector, Felicidade Clandestina
Entendendo o conto:

01 – Observe: “Aqui em casa pousou uma esperança.”
a) A partir do texto, relacione as colunas abaixo:
(A) Esperança: inseto.
(B) Esperança: sentimento.

(B) Coisa secreta.
(A) Burrinha.
(B) Alma.
(B) Ilusória.
(A) Concreta e verde.
(A) Corpo.

b) Observando o verbo pousar, aponte a diferença entre as duas esperanças.
      Há a esperança inseto que pousou na sala e a esperança sentimento que surgiu nas pessoas.

02 – “... mesmo assim nos sustente sempre.”
A) Assinale a alternativa em que o verbo sustentar tenha o mesmo significado da passagem acima.
a) As colunas sustentarão o edifício.
b) Sustentarei a minha esperança até o final.
c) Não sustentando a violência, fugiu.
d) O meu otimismo sustenta a alegria de viver.
e) Sustentei meus filhos com o suor do meu trabalho.

B) Por que a esperança nos sustenta sempre?
      Através da esperança, temos força e estímulo párea alcançar nossos objetivos.

03 – “Não uma aranha, mas me parecia a aranha.”
        Determine a diferença entre os termos destacados.
      Não era uma aranha qualquer, mas uma aranha em específico que ameaçava a vida da esperança.

04 – O Mãe e filho fazem observações sobre os movimentos do inseto na parede. Assinale as afirmativas CORRETAS.
a) Nesse diálogo, o filho fala só do inseto.
b) A mãe só fala e pensa no inseto.
c) A mãe respondeu ao filho, pensando no sentimento esperança.
d) O filho pensa e fala no sentimento esperança.


POEMA: EXCURSÃO - SÉRGIO CAPPARELLI - COM QUESTÕES GABARITADAS

POEMA -  EXCURSÃO


O ônibus roncava na subida
e como era difícil o amor de Mariana,
de blusa rala e jeans apertado!
A viagem nem tinha começado
e eu ali, em meio ao vozerio, cantava
batendo nos bancos,
e a professora pedia um pouco de silêncio,
pelo amor de Deus, vou ficar surda,
e a turma batucava e batucava


e batucava no meu peito
um coração pedindo estrada
e tu, nem te ligo,
conversavas com Luísa, ajeitando uma rosa branca
nos teus cabelos lisos,
ô Mariana, vê se me vê, pô, estou aqui,
louco de você, e me calava,
ouvindo o ônibus cheio de amor pela estrada
que diante dele se torcia
machucada.
                      CAPPARELLI, Sérgio. Restos de arco-íris. Porto Alegre: L&PM,2000.

1 -   Explique que efeito de sentido produzem as repetições no poema “excursão”
     As repetições indicam as batidas do coração do eu poético; provavelmente referem-se ao fato de o coração do eu poético estar acelerado.

2 – Observe que, além da repetição de palavras, o poema também emprega versos curtos, em que se alternam sílabas fracas e fortes. Identifique esses versos e explique de que modo esse recursos reforçam o efeito de sentido que você indicou na atividade anterior.
     “Batendo nos bancos”; “e tu, nem te ligo”. Eles também expressam as batidas do coração do eu poético.

3 -   Interprete os seguintes versos do poema de Sérgio Capparelli:
        Ouvindo o ônibus cheio de amor pela estrada que diante dele se torcia machucada.
     “O ônibus cheio de amor” se refere ao sentimento do eu poético que era capaz de encher, tomar o ônibus de amor. A expressão “estrada que se torcia” refere-se as curvas da estradas.

4 -   Segundo as informações do poema, é possível identificar quem seria o eu poético?
     É possível deduzir que o eu poético é um adolescente apaixonado que está participando de uma excursão escolar.


CRÔNICA: O LEÃO - DALTON TREVISAN - COM QUESTÕES GABARITADAS

CRÔNICA: O leão
                                 Dalton Trevisan

        A menina conduz-me diante do leão, esquecido por um circo de passagem. Não está preso, velho e doente, em gradil de ferro. Fui solto no gramado e a tela fina de arame é escarmento ao rei dos animais. Não mais que um caco de leão: as pernas reumáticas, a juba emaranhada e sem brilho. Os olhos globulosos fecham-se cansados, sobre o focinho contei nove ou dez moscas, que ele não tinha ânimo de espantar. Das grandes narinas   escorriam gotas e pensei, por um momento, que fossem lágrimas.
        Observei em volta: somos todos adultos, sem contar a menina. Apenas para nós o leão conserva o seu antigo prestígio – as crianças estão em redor dos macaquinhos. Um dos presentes explica que o leão tem as pernas entrevadas, a vida inteira na minúscula jaula.  Derreado, não pode sustentar-se em pé. Chega-se um piá e, desafiando com olhar selvagem o leão, atira-lhe um punhado de cascas de amendoim. O rei sopra pelas narinas, ainda é um leão: faz estremecer as gramas a seus pés. Um de nós protesta que deviam servir-lhe a carne em pedacinhos.
        -- Ele não tem dente?
        -- Tem sim, não vê? Não tem é força para morder.
        Continua o moleque a jogar amendoim na cara devastada do leão. Ele nos olha e um brilho de compreensão nos faz baixar a cabeça: é conhecida a amarga derrota. Está velho, artrítico, não se aguenta das pernas, mas é um leão. De repente, sacudindo a juba, põe-se a mastigar capim. Ora, leão come verde! Lança-lhe o guri uma pedra: acertou no olho lacrimoso e doeu.  O leão abriu a bocarra de dentes amarelos, não era um bocejo.
        Entre caretas de dor, elevou-se aos poucos nas pernas tortas. Sem sair do lugar, ficou de pé. Escancarou penosamente os beiços moles e negros, ouviu-se a rouca buzina do “Ford antigo.”  Por um instante o rugido manteve suspensos os macaquinhos e fez bater mais depressa o coração da menina. O leão soltou seis ou sete urros. Exausto, deixou-se cair de lado e fechou os olhos para sempre.
                                                                   Dalton Trevisan
Entendendo o texto:

01 – ITA:      
I. Embora não seja um texto predominantemente descritivo, ocorre descrição, visto que o autor representa a personagem principal através de aspectos que a individualizam.
II. Por ressaltar unicamente as condições físicas da personagem, predomina a descrição objetiva no texto, com linguagem denotativa.
III. Por ser um texto predominantemente narrativo, as demais formas - descrição e dissertação -inexistem.
Inferimos que, de acordo com o texto, pode(m) estar correta(s):
a) Todas
b) Apenas a I
c) Apenas a II
d) Apenas a III
e) Nenhuma das afirmações.

02 – ITA.
I. Fato principal: a morte do leão. Causas principais: o circo, que o abandonou, e a criança, que o acertou com uma pedra.
II. A decadência física do leão, assunto predominante do texto, denota animalização do ser humano.
III. A velhice do leão, assunto predominante do texto, conota marginalização, maus tratos e decadência física dos animais.
Inferimos que, de acordo com o texto, pode(m) estar correta(s):
a) Todas
b) Apenas a I
c) Apenas a II
d) Apenas a III
e) Nenhuma das afirmações.

03 – (ITA)            
I. Conotativamente, o leão chora; denotativamente, o menino agride.
II. A decadência do leão é tanta, que nada faz lembrar a sua antiga reputação. Nem mesmo os adultos o reconhecem mais.
III. Metaforicamente, o leão, que não mais produz e não mais trabalha, pode representar a marginalização, abandono e agressão a que são submetidos os idosos.
Inferimos que, de acordo com o texto, pode(m) estar correta(s):
a) Todas
b) Apenas a I
c) Apenas a II
d) Apenas a III
e) Nenhuma das afirmações.

04 – (ITA)       
I. Evidencia-se explicitamente no texto uma comparação: a decadência do leão é similar à do ser humano em geral.
II. Incapaz de reagir fisicamente às provocações, o leão, sentindo-se inconformado, morre.
III. O fato de o leão "não estar preso em gradil de ferro constitui, por parte de seus antigos donos, uma prova de gratidão.
Inferimos que, de acordo com o texto, pode(m) estar correta(s):
a) Todas
b) Apenas a I
c) Apenas a II
d) Apenas a III
e) Nenhuma das afirmações.






terça-feira, 30 de outubro de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): DEVOLVA-ME - ADRIANA CALCANHOTTO - COM QUESTÕES GABARITADAS

Música(Atividades): Devolva-me
                           Adriana Calcanhotto


Rasgue as minhas cartas
E não me procure mais
Assim será melhor, meu bem!
O retrato que eu te dei
Se ainda tens, não sei
Mas se tiver, devolva-me!
Deixe-me sozinho
Porque assim
Eu viverei em paz
Quero que sejas bem feliz
Junto do seu novo rapaz

Rasgue as minhas cartas
E não me procure mais
Assim vai ser melhor, meu bem!
O retrato que eu te dei
Se ainda tens, não sei
Mas se tiver, devolva-me!
Devolva-me!
Devolva-me!
                             Composição: Lilian Knapp / Renato Barros.

Entendendo a canção:
01 – Quem é o interlocutor do eu lírico?
      Parece ser uma mulher com quem o eu lírico já não mantém uma relação amorosa, uma ex-namorada, por exemplo.

02 – Qual parece ser o sentimento do eu lírico em relação a seu interlocutor?
      Parece ser um sentimento de amor ou carinho, pois o eu lírico declara somente alcançar a paz se ficar sozinho e diz desejar a felicidade de sua interlocutora, com quem não tem mais um relacionamento.

03 – Que trechos revelam esse sentimento?
      Revelam esse sentimento a expressão meu bem e os versos “Deixe-me sozinho / Porque assim / Eu viverei em paz” e “Quero que sejas bem feliz / Junto do seu novo rapaz...”.

04 – A colocação pronominal contribui para tornar a linguagem desses versos mais formal ou mais informal? Justifique sua resposta explicando a colocação de cada pronome.
      A colocação pronominal contribui para tornar a linguagem mais formal, pois está de acordo com a norma-padrão. Em “E não me procure mais”, o me está em posição proclítica pela presença da palavra não; em “O retrato que eu te dei”, o te está proclítico porque o pronome relativo que o atrai para antes do verbo; em “Devolva-me”, o me está em ênclise porque não há palavras que o atraiam para antes do verbo e porque o verbo inicia o verso (ainda que não inicie a oração); em “Deixe-me sozinho”, o me está enclítico porque o verbo inicia a oração.

05 – Reescreva no caderno as frases a seguir, substituindo as expressões destacadas por pronomes oblíquos e seguindo as regras da norma-padrão para a colocação pronominal.
a)   As propagandas podem ser confiáveis ou não, por isso devemos ler as propagandas com espírito crítico.
As propagandas podem ser confiáveis ou não, por isso devemos lê-las com espírito crítico.

b)   Propagandas podem ser muito atraentes, mas nunca leia as propagandas sem tentar perceber que intenção elas têm.
Propagandas podem ser muito atraentes, mas nunca as leia sem tentar perceber que intenção elas têm.

c)   O senso crítico vai proteger você de algum engano.
O senso crítico vai protege-lo / la de algum engano.

d)   Quem havia comprado aquele presente para a menina?
Quem lhe havia comprado aquele presente?


POEMA: ESSA QUE EU HEI DE AMAR - GUILHERME DE ALMEIDA - COM GABARITO

POEMA: ESSA QUE EU HEI DE AMAR


GUILHERME DE ALMEIDA

Essa que eu hei de amar perdidamente um dia
será tão louca, e clara, e vagarosa, e bela,
que eu pensarei que é o sol que vem pela janela,
trazer luz e calor a esta alma escura e fria.

E, quando ela passar, tudo o que eu não sentia
da vida há de acordar no coração, que vela...
E ela irá como o sol, e eu irei atrás dela
como sombra feliz... – Tudo isso eu me dizia,
quando alguém me chamou. Olhei: um vulto louro,

e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro
do poente, me dizia adeus, como um sol triste...

E falou-me de longe: “Eu passei a teu lado,
mas ias tão perdido em teu sonho dourado,
meu pobre sonhador, que nem sequer me viste!”

                                    ALMEIDA, Guilherme de. Meus versos mais queridos.
                                                                     Rio de Janeiro: Ediouro, 1988.

1 -   A que elemento da natureza a mulher amada é comparada? Em seu caderno, copie o verso do poema que confirma sua resposta.
     A mulher amada é comparada ao sol: “que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela”.

2 -     Que palavras e expressões foram usadas na comparação citada na atividade 1?
     O eu poético usou as seguintes palavras e expressões: “loura”, “clara”, ‘luz”, “calor”, “vulto louro e claro”, “luz de ouro do poente”, “sol triste”.

3 -    Que relação a expressão “sonho dourado” estabelece com a comparação feita no poema?
     A relação é entre o sol e a palavra “dourado”, característica que pode ser atribuída ao sol e, consequentemente, à mulher amada.

4 -   Identifique e transcreva em seu caderno os trechos do poema que podem comprovar que o eu poético fala de um amor futuro e que a mulher é alguém que ele ainda não conhece.
     O trecho “Essa que eu hei de amar” apresenta o verbo no futuro, “hei”, indicando que o fato ainda não aconteceu, que ainda está na esfera do desejo, da possibilidade. Além disso, o poema não identifica a mulher, referindo-se a ela por meio de pronomes: “essa”, “ela”, “alguém”.

5 -   Que oposição de ideias é apresentada na primeira estrofe? Identifique-a e explique o significado da metáfora presente nesse verso.
     A oposição entre “luz e calor” X “escuro e frio”, explicitada no quarto verso do poema. “O sol” é metáfora da mulher que traz “luz e calor” à alma do eu poético, que estava “escura e fria”.

6 -   Na terceira estrofe, o eu poético apresenta uma repetição. Identifique-a e explique que efeito de sentido ela provoca no texto.
     A repetição da conjunção “e” no verso “um vulto louro, e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro”. A repetição dá ênfase à quantidade e diversidade das qualidades da mulher amada. Deixa também a leitura desse trecho mais lenta.

7 -   O eu poético consegue viver o seu amor com a mulher descrita no poema? Explique sua resposta e transcreva em seu caderno um trecho que a comprove.
     Não. A fala da amada na última estrofe comprova que ele a deixou escapar.



FÁBULA: O PARTO DA MONTANHA - ESOPO - COM GABARITO

Fábula: O parto da montanha
           Esopo

        Há muitos e muitos anos uma montanha começou a fazer um barulhão.
  A montanha fazia tanto barulho que todos suspeitavam que algo terrível estava por acontecer.
     Nas rodas de conversas, o falatório corria solto.

        --- Ai de nós! A montanha vai explodir.
        --- É um aviso sobre o fim do mundo.
        --- Deus me livre de ser um terremoto!
        Adivinhando uma tragédia muitos moradores partiram para bem longe. Outros esconderam-se em cavernas escuras.
        Até o jornal local deixou de circular, pois os parafusos das máquinas impressoras emperraram de medo. O povo do vilarejo mal respirava de tanta expectativa.
        Então, a montanha tremeu e rachou ao meio.
        O barulho foi ouvido a centenas de quilômetros de distância.
        E, para surpresa de todos, de uma nuvem de poeira saiu... um pequenino rato.
        Foi a piada do não.

        Moral: Nem sempre as promessas magníficas dão resultados impressionantes.
                                                                               Fábulas de Esopo 
Entendendo a fábula:
01 – De acordo com esse texto, o motivo do falatório no vilarejo era:
(  ) a partida de muitos moradores
(  ) a previsão de um terremoto no vilarejo
(  ) um aviso sobre o fim do mundo
(X) um grande barulho de uma montanha.

02 – No trecho “--- Deus me livre de ser um terremoto!”, o ponto de exclamação sugere:
(   ) alegria
(X) desespero
(   ) empolgação
(   ) interrupção

03 – O fato ocorrido nesse texto se tornou a piada do ano porque:
(   ) a imensa nuvem de poeira causou surpresa a todos
(   ) a montanha tremeu e rachou ao meio
(   ) o barulho foi ouvido a grande distância
(X) o barulho na montanha era feito por um pequeno rato.

04 – Se você pudesse mudar o final da fábula, qual seria?
      Resposta pessoal do aluno.












POEMA PARA SÉRIES INICIAIS: XADREZ - SIDÔNIO MURALHA - COM GABARITO

Poema: Xadrez    


É branca a gata gatinha
É branca como farinha.
É preto o gato gatão
É preto como o carvão.
E os filhos, gatos gatinhos,
São todos aos quadradinhos.
Os quadradinhos branquinhos
Fazem lembrar mãe gatinha
Que é branca como a farinha.
Os quadradinhos pretinhos


Fazem lembrar pai gatão
Que é preto como carvão
Se é branca a gata gatinha
E é preto o gato gatão,
Como é que são os gatinhos?
Os gatinhos eles são,
São todos aos quadradinhos.  

                               Sidônio Muralha, (Lisboa, 1920 – Curitiba, 1982)
A televisão da bicharada, Sidônio Muralha. Global: 1997, São Paulo.
Originalmente publicado em 1962.
Entendendo a poema:
01 – Qual o título do texto?
      Xadrez.

02 – De que cor é a gata?
      É branca.

03 – De que cor é o gato?
      É preto.

04 – Como são os filhos?
      São todos quadradinhos.

05 – Os filhos são quadradinhos. Por quê?
      Sim. Porque os quadradinhos branco lembra a mãe e o quadradinhos preto lembra o pai.

06 – Quem é o autor do poema?
      Sidônio Muralha.

07 – De que livro foi tirado este poema?
      Foi tirado do livro “A televisão da bicharada”.




CONTO PARA SÉRIES INICIAIS: O MENINO QUE CHOVIA - CLÁUDIO THEBAS - COM GABARITO

Conto: O menino que chovia

        O menino dessa história era assim: quando contrariado, quando ouvia um não, ele chovia. Chovia mesmo. Chovia temporal, tempestade, com raios e trovões de verdade.
        Um dia ele choveu tanto, mas tanto, que simplesmente inundou a casa!
        E o que aconteceu então? Aconteceu que isso acabou sendo muito bom, porque foi ali, no meio da inundação, que os adultos encontraram um modo de ajudar o menino mimado a ver o mundo com outros olhos e deixar a chuva só para os dias em que acordava muito mal humorado.

                 Thebas, Cláudio, Companhia das letrinhas - contra capa.

01 – Qual é o título do texto?
      O menino que chovia.

02 – O menino chovia quando:
A) a casa ficava inundada.
B) a tempestade caía forte.
C) era contrariado.
D) via o mundo.

03 – Dê qual chuva o texto fala?
      Era as lágrimas do menino que chorava muito.

04 – Podemos afirmar que, segundo o texto:
(A) O menino tinha poderes
(B) O menino era mimado
(C) O menino era teimoso
(D) O menino era inteligente.

05 – Qual foi a solução que os adultos acharam para ajudar o menino?
      Para ele deixar a chuva só para os dias que ele acorda-se muito mal humorado.


domingo, 28 de outubro de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): CANTA CANTA, MINHA GENTE - MARTINHO DA VILA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Música(Atividades): Canta Canta, Minha Gente

                                             Martinho da Vila
Canta Canta, minha Gente.
Deixa a tristeza pra lá.
Canta forte, canta alto,
Que a vida vai melhorar.
Que a vida vai melhorar.
Que a vida vai melhorar.
Que a vida vai melhorar.
Que a vida vai melhorar.

Cantem o samba de roda,
O samba-canção e o samba rasgado.
Cantem o samba de breque,
O samba moderno e o samba quadrado.

Cantem ciranda, o frevo,
O côco, maxixe, baião e xaxado,
Mas não cantem essa moça bonita,
Porque ela está com o marido do lado.

Canta Canta, minha gente.
Deixa a tristeza pra lá.
Canta forte, canta alto,
Que a vida vai melhorar.
Que a vida vai melhorar.
Que a vida vai melhorar.
Mas a vida vai melhorar.
A vida vai melhorar.

Quem canta seus males espanta
Lá em cima do morro
Ou sambando no asfalto.
Eu canto o samba-enredo,
Um sambinha lento e um partido alto.

Há muito tempo não ouço
O tal do samba sincopado.
Só não dá pra cantar mesmo
É vendo o sol nascer quadrado.

Canta Canta, minha gente.
Deixa a tristeza pra lá.
Canta forte, canta alto,
Que a vida vai melhorar.

Que a vida vai melhorar.
Que a vida vai melhorar.
Mas eu disse: Que vai melhorar.
Que a vida vai melhorar.
Ora se vai melhorar.
Que a vida vai melhorar.
Mas será que vai melhorar?
Que a vida vai melhorar.
Eu já vou é me mandar.
Que a vida vai melhorar.
Que a vida vai melhorar.
                                                    Composição: Martinho da Vila
Entendendo a canção:

01 – A música “Canta canta, minha gente”, de Martinho da Vila, foi lançada em 1973, derradeiro ano do chamado “Milagre Econômico Brasileiro”, que ocorreu, sobretudo, ao longo dos anos de governo do General Emílio Garrastazu Médici (1970- 1974). Esse período ficou marcado pela forte propaganda do regime, com os famosos slogans “Brasil, ame-o ou deixe-o” e “Ninguém segura esse país”. A respeito da música e considerando seus conhecimentos do conteúdo, responda às questões abaixo:
a) Para quem a vida melhorou no período do chamado milagre econômico?
      Há um lado obscuro do “milagre econômico” da ditadura: o boom da desigualdade. Mesmo com o forte crescimento e criação de empregos no período militar, os salários foram achatados e a distância entre ricos e pobres cresceu.

b) Que grupos da sociedade viram o sol nascer quadrado no referido período?
      Mulheres foram presas, torturadas e estrupadas; estudantes, jornalistas, escritores, cantores, professores, enfim todos que se opunha ao regime.

02 – Infelizmente, para muitos a vida não melhorou durante e depois do milagre econômico. A crise do petróleo atingiu fortemente a economia nacional e desencadeou efeitos políticos e econômicos imediatos. A partir disso, responda ao que se pede abaixo:

a) Cite dois impactos econômicos da crise do petróleo no país.
      Inflação elevada. No período chegando a ponto de 100% ao ano, no final dos anos 70 e embora a economia tenha crescido consideravelmente, não houve distribuição de renda e, portanto, aumentou ainda mais as desigualdades sociais no país com o aumento da concentração de renda nas mãos dos mais ricos.

b) Qual foi o efeito político desencadeado pela crise do petróleo e pelo consequente fim do milagre?
      O governo de Ernesto Geisel, apresentou o II Plano Nacional de Desenvolvimento visando promover mudanças em setores estratégicos que seriam capazes de reerguer a economia. Visto que os graves problemas que assombravam o Brasil não estavam sendo sanados.