domingo, 24 de setembro de 2017

PASSAR NO ENEM E CONCURSOS PÚBLICOS CHUTANDO CERTO! DICAS

PASSAR NO ENEM E CONCURSOS PÚBLICOS CHUTANDO CERTO!
BEM INTERESSANTE!!!

O ideal é que o candidato esteja sempre preparado para responder todas as questões conscientemente e nunca precise chutar.
Mas sempre tem uma ou outra questão (ou várias!) que o candidato não faz a menor ideia de qual resposta é a certa. Nesses casos não resta outra alternativa a não ser recorrer para o "chutômetro".

Se o candidato souber estas técnicas fáceis, pode aumentar consideravelmente a probabilidade de acertar essas questões no chute: 

1º Dica - Eliminação
Primeiramente o candidato deve verificar se existe alguma questão com uma resposta absurda ou visivelmente errada, pode parecer simples, mas isso aumenta muito a sua probabilidade de acertar. 
A) Galinha 
B) Peru 
C) Tubarão 
D) Pato 
E) Ganso
Em uma questão com 5 alternativas, a probabilidade de acerto é de 20%, caso seja eliminado uma alternativa a probabilidade aumenta para 25%.

2º Dica - Repetição
Verifique se há respostas que se repetem, caso existam, estas tendem a ser as corretas. Por exemplo:
A) Cachorro e Cavalo
B) Vaca e Gato
C) Gato e Cachorro
D) Gato e Macaco
E) Cachorro e Macaco
Note que as palavras Gato e Cachorro aparecem mais vezes em todas as alternativas, então provavelmente a resposta correta é a C, pois reúne as palavras mais citadas.

3º Dica - Semelhança
Geralmente o examinador tende a tentar confundir o candidato colocando alternativas parecidas ou próximas da resposta correta. Com isso as alternativas que são muito semelhante a outras provavelmente conterão a alternativa correta. Por exemplo:
A) 10,8
B) 15,2
C) 15,5
D) 18,2
E) 20,5
Nesse caso a alternativa B é semelhante ou próxima da C, então provavelmente uma das duas é a correta.

4º Dica - Generalização
Desconfie de toda alternativa que generaliza um determinado assunto, aqui vale a máxima que toda regra tem a sua exceção, quando houver alternativas desse tipo elas tem maior probabilidade de estarem erradas. Segue alguns exemplos de palavras que generalizam assuntos: nunca, jamais, sempre, completamente, incondicional, ninguém, todos, definitivamente e total.

5º Dica - Distribuição
Essa dica não é tão eficiente quanto as primeiras, mas pode ajudar em alguns casos. Estatisticamente, a banca examinadora tende a distribuir igualmente as respostas conforme a quantidade de alternativas e questões da prova. Por exemplo, se cada questão contém 5 alternativas e a prova contém 50 questões, provavelmente o examinador colocará 10 alternativas A, 10 B, 10 C, 10 D e 10 E. Então, quando for chutar, vale a pena contar quantas respostas já foram assinaladas para cada alternativa, a que tiver menos respostas deve ser o palpite. Mas caso tenha já muitas respostas erradas na prova, essa dica não funcionará bem.

Essas 5 dicas são comprovadamente eficientes, pois quando são aplicadas, aumentam muito a probabilidade de acertos ao invés de chutar sem nenhum critério. As próximas duas dicas não são baseados em fundamentos estatísticos comprovados, mas existem muitos boatos que elas também funcionam:

6º Dica - Letra A
Muito se diz que o examinador que está elaborando a questão não gosta de colocar a resposta logo na primeira alternativa pois dá a impressão que está facilitando muito a vida do candidato, então segundo essa teoria na dúvida não chute na A.

7º Dica - Letra C
Ao contrário da letra A, dizem que geralmente o examinador tem a tendência de colocar mais respostas C, então na dúvida deve sempre optar por ela, além disso, os mais religiosos e supersticiosos acreditam que a letra C, por ser a primeira letra de Cristo, pode ajudar a quem precisa e merece. 


quinta-feira, 21 de setembro de 2017

TEXTO: REPUTAÇÃO ILIBADA - WALTER CENEVIVA, FOLHA DE S.PAULO - COM GABARITO


REPUTAÇÃO ILIBADA
 Fonte da imagem - https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.artmajeur.com%2Fpt%2Fautodidatama%2Fartworks%2F10707322%2Fcongresso-nacional&psig=AOvVaw3b3Z3ooh0bXu81vagdQdQw&ust=1634676571587000&source=images&cd=vfe&ved=0CAsQjRxqFwoTCLiNpfjq1PMCFQAAAAAdAAAAABAD


        
    Há, no Brasil, cargos para os quais a lei exige reputação ilibada, ou seja, fama ou renome sem mancha. 


Servem de exemplo ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

        Para outros, o que é verdadeiro paradoxo criado pelo constituinte de 1988, reputação ilibada não basta, pois para o ministro do Tribunal de Contas da União a Constituição também impõe a idoneidade moral. Não é fácil explicar para que serve a dupla imposição, quando dispensada nas duas mais importantes cortes judiciárias do país. Sugeriria a insuficiência da reputação sem mácula, o que levaria ao absurdo.

        As distinções oferecem outras curiosidades. Os ministros do STF e do STJ devem ter notável saber jurídico, mas basta, para os do Tribunal de Contas da União, o notório conhecimento jurídico, entre outras qualidades.
A distinção é inócua, embora os juristas digam que a lei não contém vocábulos inúteis. Saber e conhecimento, tanto quanto notável e notório, são palavras ocas. Dependem dos valores subjetivos de quem as aplique.
Para presidente da República, para deputado e senador, nada disso é exigido. Eleitos pelo voto popular, submetem-se a variáveis limites de idade. Não carecem de saber ou conhecimento. Basta que não sejam analfabetos. O presidente da República deve cumprir a lei e manter a probidade administrativa, mas nem sequer pode ser processado por crimes comuns, como aconteceria com o adultério não perdoado pela mulher.
Nos Estados Unidos, sob desculpa de exigirem reputação ilibada de seu presidente, os discursos moralistas esquecem a história.
Clinton errou e errou feio, mas não está só. Houve líderes de porte, mas maridos nem sempre fidelíssimos, como Roosevelt e John Kennedy, este com a vantagem do inegável bom gosto. (…)

        A palavra decoro tem uma certa vantagem para definir o que se espera dos líderes políticos. É lamentável que, muitas vezes, decoro seja confundido com a ação que, embora irregular, termina sem ser descoberta. No processo por ofensa ao decoro, o senso de justiça se afoga na valoração política e no escândalo da mídia, interferindo contra ou a favor do acusado.

(Walter Ceneviva, Folha de S. Paulo, 12/09/99)



1)   O fragmento em que o autor explica o “verdadeiro paradoxo criado pelo constituinte de 1988” é:
a) “…quando dispensada nas duas mais importantes cortes judiciárias do país”
b) “…a lei exige reputação ilibada, ou seja, fama ou renome sem mancha.”
c) “Servem de exemplo ministros do STF (Supremo Tribunal Federal e do STJ (Superior Tribunal de Justiça)”
d) “as distinções oferecem outras curiosidades”
e) “a distinção é inócua…”

2)   “Dupla imposição”, no texto, refere-se:
a) a leis emanadas das duas mais importantes cortes judiciárias do país
b) à redundância entre fama e renome sem mancha
c) à exigência de reputação ilibada e idoneidade moral.
d) às penas aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça
e) às atribuições dos ministros do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal de Contas da União

3)   “Dependem dos valores subjetivos de quem as aplique” significa
a) modificam os valores de quem as enuncia.
b) têm seus sentidos fixados apenas nos dicionários.
c) tomam significado de acordo com padrões individuais.
d) referem-se àqueles que a utilizam.
e) caracterizam-se pela univocidade.


4)   Leia o fragmento abaixo. “É lamentável que, muitas vezes, decoro seja confundido com a ação que, embora seja irregular, termina sem ser descoberta.” A intenção do autor é:
a) ignorar a dicotomia pensamento/ação.
b) legitimar o duplo sentido da palavra decoro.
c) confundir decoro com punibilidade.
d) denunciar a hipocrisia na preservação do decoro.
e) dissociar o senso de justiça da valoração política.

5)   Os elementos que estabelecem a coesão entre o 1º e o 2º parágrafos e entre o 2º e o 3º são, respectivamente:
a) “embora” e “como”.
b) “também” e “mas nem sequer”
c) “mas” e “probidade administrativa”
d) “entre outras qualidades” e “de quem”
e) “outras curiosidades” e “nada disso”.




UM APÓLOGO - MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO


Um Apólogo
                Machado de Assis

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
       — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?
       — Deixe-me, senhora.
       — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
       — Que cabeça, senhora?  A senhora não é alfinete, é agulha.  Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
       — Mas você é orgulhosa.
       — Decerto que sou.
       — Mas por quê?
       — É boa!  Porque coso.  Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
       — Você?  Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?
       — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
       — Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...
       — Também os batedores vão adiante do imperador.
       — Você é imperador?
       — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser.  Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
        — Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?  Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...
A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:
       — Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?  Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: 
       — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. 
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
        — Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
 
Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9 - Contos", Editora Ática - São Paulo, 1984, pág. 59.
 DEPOIS DE LER O TEXTO, FAÇA O QUE SE PEDE.
1-O QUE É UM APÓLOGO? CONSULTE O DICIONÁRIO. DE ACORDO COM O SIGNIFICADO DADO À PALAVRA, VOCÊ CONHECE ALGUM OUTRO APÓLOGO? QUAL?
      É uma narrativa alegórica para ocultar uma verdade, em que falam animais ou seres inanimados. A segunda resposta é pessoal.

2- RELACIONE AS COLUNAS, USE O DICIONÁRIO, SE NECESSÁRIO.
A- SUBALTERNO    (E) CÃO PERNALTO E ESGUIO PRÓPRIO   PARA A  CAÇA DE LEBRES, É O MAIS RÁPIDO DOS CÃES;

B- OBSCURO             (D) COSTURO;

C- ÍNFIMO                  (H) AQUELES QUE ABREM CAMINHO;

D- COSER                  (I)DE QUALIDADE MÉDIA OU INFERIOR, VULGAR, COMUM

E- GALGO                  (C) MUITO PEQUENO,INFERIOR, VULGAR,O MAIS  BAIXO DE TODOS;

F- MELANCOLIA        (A) SUBORDINADO, INFERIOR, SECUNDÁRIO;

G- ALTIVA                  (G) ORGULHOSO, ARROGANTE, VAIDOSO;

H- BATEDORES        (F) ABATIMENTO, DESÂNIMO, TRISTEZA;

I- ORDINÁRIA            (B)SOMBRIO, POUCO CONHECIDO, INDECIFRÁVEL.

3- “ERA UMA VEZ” PODE SER SUBSTITUÍDA POR QUAL OUTRA EXPRESSÃO DE SEMELHANTE SIGNIFICADO? NORMALMENTE QUE TIPO DE NARRATIVA INICIA-SE COM ESSA EXPRESSÃO?
      Pode ser substituída por “Um dia.”. É um conto.

4- A EXPRESSÃO “AGULHA NÃO TEM CABEÇA” NA LINGUAGEM CONOTATIVA PODE SER ENTENDIDA COMO:
      Não tem juízo.

5- DE ACORDO COM O TEXTO, O QUE SIGNIFICA: “DAR FEIÇÃO AOS BABADOS”?
      É dar crédito as fofocas.

6- QUAL O TEMA DISCUTIDO NO TEXTO? ASSINALE A(S) ALTERNATIVA(S) CORRETA(S).
(X) O ORGULHO; (X) A VAIDADE; (  ) A HUMILDADE;  (   ) A MODÉSTIA; (  ) A BONDADE;  (  ) A SIMPLICIDADE; (X) EGOÍSMO; (X) PREPOTÊNCIA.

7-  DEPOIS DE RELER O TEXTO ATENTAMENTE, DIGA:
A-    QUE TIPO DE NARRADOR O TEXTO APRESENTA? ATENTE PARA POSSÍVEL MUDANÇA DE FOCO NARRATIVO. JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA.
Narrador-personagem. O mesmo tempo que narra o texto ele é o personagem.

B-    ESPAÇO TEMPORAL (QUANDO):
Durante o dia.

C-   PERSONAGENS:
A agulha, a linha e o alfinete.

D-   ESPAÇO FÍSICO (ONDE):
Na casa da baronesa.

E-    FOI UTILIZADO O DISCURSO DIRETO? COMPROVE:
Sim. “Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?”

8- DE ACORDO COM O TEXTO, QUEM ERA ORGULHOSA E POR QUE O ERA?
       Era a linha, porque ela é que estava no vestido da baronesa, que iria passear.

9- “SILENCIOSA E ALTIVA” SÃO QUALIDADES ATRIBUÍDAS A QUEM?
       A linha.

10- HÁ, NO TEXTO, USO DE VOCATIVO? COMPROVE SUA RESPOSTA COM UM TRECHO DO TEXTO, CASO SUA RESPOSTA SEJA POSITIVA.
      Sim. “Anda, aprende, tola. Cansaste em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí fica na caixinha de costura.”

11- RETIRE DO TEXTO, A ONOMATOPEIA UTILIZADA PELO AUTOR E DIGA O QUE ELA ESTÁ REPRESENTANDO.
      “Não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano”. Que o serviço de costura tinha terminado aquele dia.

12- IDENTIFIQUE:
A-  A PERSONAGEM QUE JULGA O TRABALHO IMPORTANTE, POIS É NELE QUE ESTÁ O SENTIDO DE SUA VIDA:
A agulha.

B-  A PERSONAGEM CUJO INTERESSE É O RESULTADO DO TRABALHO, OS ELOGIOS, FESTAS, O GLAMOUR:
É a linha.

C-  PERSONAGEM QUE SE AUTO AFIRMA INTELIGENTE:
O alfinete.

13- QUEM DE FATO É POSSUIDOR DO FAZER, QUE COMANDA O PROCESSO DE PRODUÇÃO:
      (    ) A AGULHA; (   ) A LINHA; (X) A COSTUREIRA.

14- AGULHA, LINHA, BARONESA, COSTUREIRA: ESTABELEÇA TRAÇOS COMUNS ÀS PERSONAGENS MENCIONADAS.
      Resposta pessoal do aluno.

15- QUANTO AO “PROFESSOR DE MELANCOLIA”, PODEMOS CONCLUIR QUE ELE:
(X) ESTAVA SEMPRE SE DANDO MAL;
(X) QUE ERA FREQUENTEMENTE PASSADO PARA TRÁS;  
(X) SENTIA-SE INJUSTIÇADO; 
(   ) RECEBIA O RECONHECIMENTO QUE JULGAVA MERECER; 
(   ) ERA FELIZ PORQUE TINHA SEU TRABALHO VALORIZADO.

16- LINHA E AGULHA ERAM SEMELHANTES PORQUE:
(   ) AMBAS ERAM HUMILDES;
(X) AMBAS ERAM ORGULHOSAS;
(   ) AMBAS ERAM TRABALHADORAS; 
(X) AMBAS ERAM VAIDOSAS.

17- O QUE VOCÊ ACHA QUE SIGNIFICA “SERVIR DE AGULHA PARA MUITA LINHA ORDINÁRIA”?
      Resposta pessoal do aluno.



quarta-feira, 20 de setembro de 2017

CRÔNICA: DOIS NO CORCOVADO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE- COM GABARITO


CRÔNICA: DOIS NO CORCOVADO
                      Carlos Drummond de Andrade

        O sol apareceu, como no primeiro dia da Criação. E tudo tinha mesmo ar de primeiro dia da Criação, com o mundo a emergir, hesitante, do caos. Três dias e três noites a tempestade esmigalhara árvores, pedras, casas, caminhos, postes, viadutos, veículos, matara, ferira, enlouquecera. Vistas do alto, as partes esplêndidas da cidade continuavam esplêndidas, mas entre elas as marcas de destruição exibiam-se como chagas de gigante Os homens entreolharam-se. Estavam salvos. Salvos e ilhados no alto do Corcovado.
        A estrada tinha acabado, o telefone tinha acabado, a energia tinha acabado, e, por azar, não havia rádio de pilha para pegar notícias. Decerto, lá embaixo providenciavam a recuperação das estradas, mas quando se lembrariam deles, pequena fração humana junto da estátua? Daí, lá tem bar, um bar dispõe de lataria e garrafas para um ano. Não, um ano é demais, até uma hora é demais para eles que passaram meia semana isolados e fustigados pelo aguaceiro entre céu e terra.
        Os mais moços não quiseram esperar, foram abrir caminho a golpes de imprudência. Mocidade pode mais o impossível do que o possível – e descer naquelas condições era mesmo coisa de doido. Com certeza chegaram a salvamento, como acontece aos doidos. Os que ficaram sentiram inveja e despeito. A turma de trabalhadores não vinha remover as barreiras caídas. O dia passou. A noite foi inquieta. Parentes lá embaixo esperavam aflitos, se é que não tinham morrido.
        A mais bela paisagem do mundo – dizem os cartazes de turismo; eles também achavam que sim, mas como suportá-la na manhã seguinte, se a vista aumentava a angústia, pela impossibilidade de alcançar aqueles sítios, pura miragem?
        --- E vem um helicóptero! – gritou alguém, e veio mesmo, mas passou sem pousar; ia revezar a turma da torre da Radiopatrulha, mais adiante. O pessoal do Cristo que se pegasse com Cristo, a cuja sombra trabalha – pensariam talvez as pessoas que, embaixo, cuidavam de tudo.
        Dos dez que ganham a vida na montanha, seis já tinham descido. Os quatro restantes, enervados, não tinham mais de que conversar. O sol brilhando, a cidade se refazendo, eles presos ali, prisão sem grade, à espera de serem lembrados. O pico virou ilha, tudo mais era oceano sem navio.
        Dois não aguentaram mais; despediram-se como presidiários antes de tentar a fuga. Prometeram levar notícias dos que ficaram: o gerente e o garçom do bar.
        Estes, por acaso, moram no mesmo subúrbio: Cachambi. Olham sempre na mesma direção, como se, por absoluto, quisessem distinguir o aceno de mão longínqua. Isto os reúne mais; desfaz um vínculo e cria outro, espontâneo. O gerente não é mais um velho patrão, o outro não é mais empregado. Vivem uma só experiência, fora das leis de trabalho. E se o garçom tentasse descer? Ainda é forte, pode tentar. “Você não tem obrigação de me fazer companhia”. Mas ele não tenta, para não abandonar o outro: “Não iria deixar o senhor sozinho”. O gerente nunca imaginara ouvir uma coisa dessas. O próprio garçom ficou espantado depois que a disse. Era pra valer. Amanhã ou depois serão recolhidos – sabemos nós, não eles. Tempo não se mede pelo relógio, mas pelo vácuo de comunicação, pela expectativa sem segurança. E nessa situação, insignificante para nós, ilimitada para eles, dois homens descobrem-se um ao outro.

                       Carlos Drummond de Andrade. Elenco de cronistas modernos.
                                     Rio de Janeiro: José Olympio, 1979. p. 248-250.

1 – Embora o narrador do texto só venha a se colocar no último parágrafo (“sabemos nós”), durante todo o texto sentimos que ele está muito próximo de nós, leitores. O que provoca essa sensação?
       O fato de fazer reflexões sobre o fato narrado, como se estivesse trocando ideias com alguém.

2 – No início do texto, há uma comparação. Baseado em que o autor faz essa comparação?
       Ele compara a paisagem vista do alto do Corcovado ao primeiro dia da criação devido aos caos: a forte tempestade destruíra tudo.

3 – Observe que o autor faz uma referência à Criação do mundo, de forma semelhante à que ocorre nos mitos cosmogônicos. O que, no final da crônica, nos autorizaria a pensar numa nova criação, também, do homem?
      Um novo homem, mais solidário, surge diante da adversidade enfrentada. Em tal situação, as relações passam a ser mais verdadeiras e se estabelecem em torno de sentimentos e não em torno de formalidades (como as que existem entre patrão e empregado).

4 – Veja: “O pessoal do Cristo que se pegasse com Cristo”. Como você escreveria, de modo diferente, este possível pensamento das pessoas?
       Resposta pessoal do aluno. Comentar a forma inusitada com que o autor escreve o texto.

5 – Em “descer naquelas condições era mesmo coisa de doido. Com certeza chegaram a salvamento, como acontece aos doidos”, você concorda com a afirmativa do autor?
       Resposta pessoal do aluno. Considerar, contudo, que, em geral, os mais ousados, ou mais arrojados, conseguem atingir seus objetivos.

6 – Comente o aposto utilizado pelo autor no segundo parágrafo.
       “Pequena fração humana” é a forma como o autor se refere às pessoas que se encontram ao pé de Cristo. Foi uma forma interessante de designar os seres humanos e estabelecer um contraste entre eles e a grandeza e magnitude do Corcovado.

7 – Nos textos que você leu anteriormente, um novo universo se descortinava para as personagens. No caso deste texto, o que mudou (“Vivem uma só experiência, fora das leis de trabalho”) na vida do gerente e do garçom?
       Para eles, também, um novo universo abriu-se: Cada um passou a enxergar o outro de maneira diferente. Descobriram, no outro, um novo universo e explorar.

8 – Que relações podem ser estabelecidas entre os três textos desta unidade, com relação à passagem do tempo?
       “Tempo não se mede pelo relógio, mas pelo vácuo de comunicação, pela expectativa sem segurança.”

9 – Prazer e dor estão presentes no texto. Como essas sensações aparecem?
       As personagens sentem a dor do isolamento, uma vez que estão ilhadas; ao mesmo tempo os homens redescobrem o prazer de conhecer um ao outro.




O QUE É EDUCAÇÃO? CLAUDINO PILETTI - COM GABARITO

O QUE É EDUCAÇÃO?
Claudino Piletti

        Podemos começar a pensar sobre educação analisando o seguinte fato histórico:
        Por ocasião do tratado de Lancaster, na Pensilvânia (Estados Unidos), no ano de 1744, entre o governo da Virgínia e as seis nações indígenas, os representantes da Virgínia informaram aos índios que em Williamsburg havia um colégio dotado de fundos para a educação de jovens índios e que, se os chefes das seis nações quisessem enviar meia dúzia de seus meninos, o governo se responsabilizaria para que eles fossem bem tratados e aprendessem todos os conhecimentos do homem branco.
        A essa oferta, o representante dos índios respondeu:
        “Apreciamos enormemente o tipo de educação que é dada nesses colégios e nos damos conta de que o cuidado de nossos jovens, durante sua permanência entre vocês, será custoso. Estamos convencidos, portanto, de que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo o coração.
        “Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa ideia de educação não é a mesma que a nossa.
        “[...] Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando voltavam para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportar o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros.
        “Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceita-la, para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores da Virgínia que nos enviem alguns dos seus jovens que lhe ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, deles, homens”.

                               (Extraído de um texto escrito por Benjamim Franklin.)
       Claudino Piletti. Didática geral. São Paulo: Ática, 1989. p. 10-1.

1 – O que o representante dos índios entende por “educação” se assemelha à ideia que Rubem Alves tenta transmitir com seu texto? Em quê?
      Sim. Ambos pensam a educação como algo natural, atrelado a um determinado contexto cultural, que faça sentido para o educando e que tenha imediata aplicação em sua vida real.

2 – Como o representante dos índios consegue recusar o convite sem ofender os brancos?
      Ele elogia a iniciativa dos brancos, o sistema de ensino deles e agradece pelo empenho do governo.

3 – Na sua opinião, os brancos aceitariam a oferta dos índios? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

4 – O que o representante dos índios pretendia ao afirmar: “Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas”.
       Foi uma estratégia de convencimento. Caso o governo se ofendesse com a recusa, seria a demonstração de que os governantes não eram sábios.

5 – Rubem Alves tem uma ideia do que seja um homem sábio. É a mesma ideia que está presente na resposta do índio à oferta dos brancos?
       Sim, ambos têm a mesma ideia. Para eles, sábio é aquele que tem o discernimento para aceitar as razões do outro e usa o conhecimento para tomar as decisões mais acertadas.

6 – Se você recebesse uma resposta como essa, ficaria convencido e daria razão ao índio? Por quê?
       Resposta pessoal do aluno.


terça-feira, 19 de setembro de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): DISPARADA (GERALDO VANDRÉ) - COM GABARITO

MÚSICA(Atividades): DISPARADA
                                                   Geraldo Vandré

 
Prepare o seu coração
Pras coisas
Que eu vou contar
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
E posso não lhe agradar

Aprendi a dizer não
Ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo
A morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar
Eu vivo pra consertar

Na boiada já fui boi
Mas um dia me montei
Não por um motivo meu
Ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse
Porém por necessidade
Do dono de uma boiada
Cujo vaqueiro morreu

Boiadeiro muito tempo
Laço firme e braço forte
Muito gado, muita gente
Pela vida segurei
Seguia como num sonho
E boiadeiro era um rei

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E nos sonhos
Que fui sonhando
As visões se clareando
As visões se clareando
Até que um dia acordei

Então não pude seguir
Valente em lugar tenente
E dono de gado e gente
Porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata
Mas com gente é diferente

Se você não concordar
Não posso me desculpar
Não canto pra enganar
Vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado
Vou cantar noutro lugar

Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe
Do que eu

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei

Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe
Do que eu

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei.

COMPREENDENDO A CANÇÃO

1 – De que fala a letra desta canção?
      Fala da alienação dos trabalhadores rurais, explorados pela opressão do latifúndio, que trata o povo da mesma forma que trata o gado.

2 – Como eu-lírico se apresenta nos primeiros versos?
      Como um sertanejo na cidade grande. É um artista, muito provavelmente um cantor de rua. E é na rua que ele está quando começa a contar sua vida. Tem conhecimento de que, durante a narração, pode não agradar algumas pessoas. Ele sabe que a verdade sempre machuca.

3 – Vandré associa o povo daquele seu sertão a uma boiada, percebemos aqui uma metáfora Explique.
      Ele considera que cada pessoa simples era um boi, e ele como integrante daquela sociedade, era também um boi em toda a boiada.

4 – Na 2ª estrofe, o nosso narrador-personagem nos remete para onde?
      À sua vida no sertão, como pobre ele era acostumado à vida difícil, pois estava face a face com a negação, sempre dizendo “não” e a morte não o assustava, era corriqueira.

5 – No momento em que o eu-lírico diz “mas um dia me montei”, que significa este verso?
      Que montar-se seria assumir definitivamente uma nova posição dentro da boiada, vindo a ter, inicialmente, atitude similar à do fazendeiro.

6 – Por fim, que conclusão chega o boiadeiro?
      De que ele sé será forte-verdadeiramente forte, se estiver em um reino onde não há mais um rei.

7 – Vandré nos apresenta subliminarmente que movimento?
      O Anarquismo, para ele a solução para acabar com a dor da sofrida gente sertaneja. Num reino sem rei, onde o poder não será centralizado nas mãos de uma única pessoa. O poder é de todos, porque são os bois que realizam, o trabalho, enquanto os reis boiadeiros nada fazem.