Mostrando postagens classificadas por data para a consulta figura de linguagem. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por data para a consulta figura de linguagem. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens

domingo, 27 de abril de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: O PORTUGUÊS DA GENTE - RODOLFO ILARI E RENATO BASSO - COM GABARITO

 ARTIGO DE OPINIÃO: O português da gente

           Rodolfo Ilari e Renato Basso

        Como se sabe, os escritores brasileiros do período romântico interpretaram o ideário de sua escola literária num contexto criado pela independência política; por isso, entenderam a exaltação da natureza como exaltação da natureza tropical e elaboraram um mito das origens da nacionalidade em que no lugar do cavaleiro medieval aparece o índio.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinAjqjQKU9GkTlv_TxmUgxdw1bd_WkXeQ2JxqRYdvQ77tty3zaG2MIPUbKy_7F0beN9TptRxVzrpc2KBmVKA4kk88uDoOn7FS91zFsMwzk8gOPiemNVzROc_SLkdglna8QICfdkEgf_MaHh0pyz8n1KpWFFyXkSpoplf973U_DOyKwlefMI7eHoYRY6FM/s320/dd44daabc094f56aad0c6ef00134f57e.jpeg


        Logo depois da Independência, surgiu no Brasil a questão de saber em que língua deveria expressar-se a literatura brasileira, e muitos intelectuais optaram por denominações como “língua nacional” ou mesmo “língua brasileira” – denominações nas quais Portugal não estava presente. Alguns escritores foram além de uma atitude meramente programática, usando uma linguagem literária em que os “brasileirismos” tinham um papel considerável.

        José de Alencar foi um desses escritores, e o melhor exemplo desse estilo é a obra Iracema, que, embora se apresentasse como romance, tem todas as características de um longo poema em prosa. Diferentemente de tudo quanto tinha aparecido até então em língua portuguesa, o estilo dessa obra não deixou de provocar reações iradas do outro lado do Atlântico: o filólogo português Pinheiro Chagas fez dele uma avaliação muito depreciativa, à qual Alencar responderia acrescentando à segunda edição de Iracema um post-scriptum que ficou célebre.

        Mas a polêmica entre Alencar e Pinheiro Chagas não foi a única em que autores brasileiros e portugueses se enfrentaram a propósito da linguagem literária. Contudo, a polêmica entre Alencar e Pinheiro Chagas permanece como um marco, pela lucidez do pensamento de Alencar e por ter lançado a ideia de que a linguagem literária deveria ser construída a partir da linguagem efetivamente usada pelos brasileiros. Trata-se de um programa que, por um lado, livra o escritor do peso dos modelos antigos e, por outro, o engaja numa pesquisa de linguagem que pode levar a resultados riquíssimos, como mostraram, bem mais tarde, as obras de alguns modernistas (particularmente os da vertente regionalista) e, acima de tudo, a linguagem literária de Guimarães Rosa, na qual o popular e o literário se confundem num constante jogo de espelhos.

ILARI, Rodolfo e BASSO, Renato. O português da gente. São Paulo: Contexto, 2006, p.214-218. Adaptado.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 2. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 210.

Entendendo o texto:

01 – De que maneira o contexto da independência política influenciou os escritores brasileiros do período romântico e como isso se refletiu em sua produção literária, segundo o texto?

      Após a independência política, os escritores românticos brasileiros interpretaram o ideário de sua escola literária exaltando a natureza tropical em vez da natureza europeia e construindo um mito de origem da nacionalidade onde o índio substituiu o cavaleiro medieval como figura central.

02 – Qual foi a questão linguística que surgiu no Brasil logo após a Independência e quais denominações foram propostas por alguns intelectuais para a língua falada no país?

      A questão linguística que surgiu foi sobre em que língua a literatura brasileira deveria ser expressa. Alguns intelectuais propuseram denominações como "língua nacional" ou "língua brasileira", excluindo a referência a Portugal.

03 – Quem foi José de Alencar e qual de suas obras é citada como um exemplo do uso de "brasileirismos" na linguagem literária?

      José de Alencar foi um escritor brasileiro que utilizou uma linguagem literária com um papel considerável de "brasileirismos". A obra citada como melhor exemplo desse estilo é Iracema, que é descrita como tendo características de um longo poema em prosa.

04 – Qual foi a reação do filólogo português Pinheiro Chagas à obra Iracema e como José de Alencar respondeu a essa crítica?

      O filólogo português Pinheiro Chagas fez uma avaliação muito depreciativa da obra Iracema. José de Alencar respondeu a essa crítica acrescentando um post-scriptum que se tornou célebre à segunda edição do livro.

05 – Qual a importância da polêmica entre Alencar e Pinheiro Chagas, de acordo com o texto, para a literatura brasileira?

      A polêmica entre Alencar e Pinheiro Chagas é considerada um marco pela lucidez do pensamento de Alencar e por ter lançado a ideia de que a linguagem literária deveria ser construída a partir da linguagem efetivamente usada pelos brasileiros.

06 – Qual o programa literário defendido por Alencar e quais são os dois aspectos desse programa destacados no texto?

      O programa literário defendido por Alencar era o de construir a linguagem literária a partir da linguagem efetivamente usada pelos brasileiros. Os dois aspectos destacados são: libertar o escritor do peso dos modelos antigos e engajá-lo numa pesquisa de linguagem que pode levar a resultados ricos.

07 – Que autores e movimentos literários posteriores são mencionados como exemplos da concretização do programa de Alencar em relação à linguagem literária?

      São mencionados como exemplos da concretização do programa de Alencar as obras de alguns modernistas (particularmente os da vertente regionalista) e, acima de tudo, a linguagem literária de Guimarães Rosa, na qual o popular e o literário se misturam constantemente.

 

 

terça-feira, 15 de abril de 2025

POEMA: ROLA A CHUVA - CECÍLIA MEIRELES - COM GABARITO

Poema: Rola a chuva

              Cecília Meireles

Arre

que arrelia!

O frio arrepia

a moça arredia.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkPUAlijwtAh-TH_N2Ev3y5Cg1PgpAZAvFFzNXPwZdcB3abZxkBFQCdf41OiKrPM-at4XE-0T_tUek4G5pRYzK_Rdy0jlJXqHJ0_ExIsnfWIsAVB25UHkLq746QhJ_uiU2j2g1qmFKdmuEAcDzjHhb3BoPSRsjySLh_L6laPA0OqNIrplvIPRHsYQrfBA/s1600/frio.jpg


 

Na rua rola a roda...

Arreda!

 

A rola arrulha na torre.

A chuva sussurra.

 

Rola a chuva,

rega a terra,

rega o rio,

rega a rua.

 

E na rua a roda rola.

 

(MEIRELES, Cecília.  Ou isto ou aquilo)

Entendendo o texto

01. Qual figura de linguagem predomina na repetição da palavra "rola" ao longo do poema?

a. Metáfora

b. Anáfora

c. Aliteração

d.  Assonância

02. A interjeição "Arre" expressa principalmente qual sentimento no contexto do poema?

a. Alegria intensa

b. Surpresa agradável

c. Impaciência ou irritação

d. Medo repentino

03. Qual das seguintes opções descreve melhor o "eu poético" presente no poema?

a. Um observador distante e objetivo da natureza.

b. Uma voz que expressa seus sentimentos de forma explícita e pessoal.

c. Um observador sensível que registra as sensações e os sons da chuva.

d. Uma entidade que interage diretamente com os elementos da natureza.

04. Na expressão "O frio arrepia / a moça arredia", qual figura de linguagem é mais evidente?

a. Metonímia

b. Personificação

c. Hipérbole

d. Comparação

05. A repetição da consoante "r" em diversas palavras ao longo do poema, como em "rola", "chuva", "arrelia", "frio", "arrepia", "arredia", "rua", "roda", "arrulha", "torre", caracteriza qual figura de linguagem? 

a. Assonância

b. Aliteração

c. Onomatopeia

d. Paranomásia

 


quarta-feira, 9 de abril de 2025

CONTO: ME RESPONDA, SARGENTO - DALTON TREVISAN - COM GABARITO

 Conto: Me responda, sargento 

            Dalton Trevisan

        Dez anos, sargento, apartada do João. Uma tarde, sem se despedir, montou no cavalinho pampa, em dez anos de espera nunca deu notícia. Com a morte do meu velho, que me deixou o sítio, quinze dias atrás lá estava eu, bem quieta, cuidando da casa e da criação, ajudada pelo meu afilhado José, esse anjo de oito aninhos. Quem vai entrando sem bater palma nem pedir licença? Chegou maltrapilho, chapéu na mão me rogou para fazer vida comigo. Mais de espanto que de saudade aceitei, bom ou mau, eu disse, é o meu João. 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1MGTFza2Tp4zynINPMNu-L5R-QUh274-oLdSYZs3dhlyBJ9-3LbpAY08T2VwXtQJ9t01Cj3DqyRlw1EtxMmfZtB4S31RGasB8rDx7X5bw4NYiyGBhDZNSsKE09EQO9gdd73MnDlJ0XBA6E8PKdPwUu_PK5YA6cBA3CcHJTklTJwsM1Ly9n2nj93mt_sw/s320/SARGENTO.jpeg


        Nos primeiros dias foi bonzinho, quem não gosta de uma cabeça de homem no travesseiro? Logo começou a beber, não me valia em nada no sítio. Eu saía bem cedo com o menino a lidar na roça, o bichão ficava dormindo. Bocejando de chinelo e desfrutando as regalias, não quer castigar o corpinho, não joga um punhado de milho para as galinhas. Só então, sargento, burra de mim, descobri o mistério: ele voltou por amor da herança. Na primeira semana vendeu o leitão mais gordo do chiqueiro, não me deu satisfação, o sargento viu algum dinheiro? Nem eu. 

        Ontem chegou bêbado e de óculos escuro, espantou o menino para o terreiro e, fechados no quarto, bradou que eu tinha um amante, o meu afilhado bem que era filho e, antes de contar até três, eu dissesse o nome do pai. Por mais que, de joelho e mão posta, negasse que havia outro homem, por mim o testemunho dos vizinhos, ele me cobriu de palavrão, murro, pontapé. Pegou da espingarda, me bateu com a coronha na cabeça. Obrigou a rezar na hora da morte e pedir louvado. Que eu abrisse a boca, encostou o cano, fez que apertava o gatilho. Não satisfeito, sacou da garrucha, apagou o lampião a bala. Disparou dois tiros na minha direção, só não acertou porque me desviei. Uma bala se enterrou na porta, a outra furou a cortina, em três pedaços a cabeça do São Jorge. 

        Cansado de reinar, deitou-se vestido e de sapato, que a escrava servisse a janta na cama. Provou uma garfada e atirou o prato, manchando de feijão toda a parede: “Quero outra, esta não prestou”. Deus me acudiu, ao voltar com a bandeja ele roncava espumando pelo dente de ouro. Agarrei meu filho, chorando e rezando corri a noite inteira, ficasse lá no sítio era dona morta. E agora, sargento, que vai ser da minha vida, que é que eu faço? 

Dalton Trevisan. Vozes do retrato. São Paulo: Ática, 1991. p. 47.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 118.

Entendendo o conto:

01 – Qual é o tema central do conto?

      O conto aborda a violência doméstica e a exploração, retratando a história de uma mulher que sofre nas mãos do marido. Dalton Trevisan explora as profundezas da crueldade humana e a fragilidade das relações interpessoais.

02 – Como a linguagem utilizada por Dalton Trevisan contribui para a atmosfera do conto?

      Trevisan utiliza uma linguagem crua e direta, com frases curtas e objetivas, que intensificam a sensação de urgência e desespero da narradora. A ausência de floreios e a precisão das descrições criam uma atmosfera sufocante e opressiva.

03 – Qual o significado da figura do sargento na narrativa?

      O sargento representa a figura da autoridade, a quem a narradora recorre em busca de ajuda e proteção. Ele é o ouvinte silencioso da história, e sua presença implícita intensifica a sensação de impotência da narradora diante da violência que sofre.

04 – Como a personagem feminina é retratada no conto?

      A personagem feminina é retratada como uma vítima da violência doméstica, mas também como uma mulher forte e resiliente. Apesar do sofrimento, ela busca ajuda e tenta proteger seu afilhado. A personagem é complexa e multifacetada, e sua voz ressoa com a dor e a esperança de muitas mulheres que sofrem com a violência.

05 – Qual a importância do cenário rural na narrativa?

      O cenário rural, com o sítio e a vida simples, contrasta com a violência e a brutalidade das ações do marido. Essa dicotomia intensifica a sensação de isolamento e vulnerabilidade da narradora, que se encontra à mercê do marido em um ambiente remoto e isolado.

06 – Como o título do conto se relaciona com a narrativa?

      O título "Me responda, sargento" expressa o apelo desesperado da narradora por ajuda e orientação. A pergunta implícita no título reflete a sua incerteza quanto ao futuro e a sua busca por respostas em meio ao caos e à violência.

07 – Qual a mensagem principal que Dalton Trevisan transmite com esse conto?

      Dalton Trevisan transmite uma mensagem de alerta sobre a violência doméstica e a necessidade de combater esse problema social. O conto expõe a crueldade e a brutalidade da violência, mas também celebra a força e a resiliência das vítimas.

 

 

CRÔNICA: O SELVAGEM - WALCR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: O selvagem

               Walcyr Carrasco

        Saía para a balada todas as noites. Pai e mãe descabelados. Dormia até tarde. Apareceu com uma tatuagem no braço. Um desenho que não parecia fazer sentido.

        -- O que é, meu filho? – gemeu a mãe.

        -- Tribal.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg94T1GHPltLpwuwNdcUENgaCMj_zBtF8_uSNKGMDfHncYmbeez0CcjUGzQJxFRb1dfekNQ8PU09QjFJm538kzoHfLxDLJ5V6Zq5-DZSdxbx2tWggdESaYxgaihdlyepB7OEgJSQ9QnsPrb49GgYhIvmK0ur8aeS5iYGAt21w3k7YJ8dTtfmPMVekL2DWg/s1600/images.jpg

        Logo a mãe descobriu que existem “escolas” de tatuagem: tribais. Étnicas, new age...

        O pai quase teve um infarto. Piorou quando soube que a turminha do prédio estava se reunindo em um apartamento vazio, com três velhos colchões jogados. O porteiro dedou:

        -- Ficam lá, a noite toda, ouvindo música...

        Foram expulsos. A tia comentou:

        -- Se ao menos ele tivesse uma boa namorada!

        Apareceu uma candidata. Tinha piercing nas sobrancelhas. A mãe tentou se conformar.

        -- Até que é bonitinho!

        Ela abriu a boca para agradecer. Também tinha piercing na língua!

        De noite, a mãe quis aconselhar.

        -- Meu filho, e se sua língua ficar presa?

        O rapaz olhou-a como se fosse marciana.

        -- Tá me tirando, mãe?

        Outra surpresa:

        -- Ah, meu filho, a traça roeu sua camiseta. Está cheia de furinhos.

        -- Comprei assim. É lançamento.

        Viu a etiqueta da grife italiana. Adquirida em dez prestações no cartão!

        -- Você pagou tanto por uma camiseta furada!

        De noite, na solidão do quarto, o pai se contorcia.

        -- O que vai ser desse rapaz?

        Prestou vestibular. Para surpresa de todos, passou. Faculdade em uma cidade próxima. Dali a alguns meses, anunciou:

        -- Arrumei trabalho!

        Alívio.

        -- Qual o salário?

        -- É voluntário. Em uma ONG para proteger os meninos de rua!

        O casal fugiu para o cinema. Durante a pizza, o pai vociferava:

        -- Pode se dar ao luxo de ser voluntário porque tem quem o sustente! No meu tempo eu só pensava em comprar um carro novo!

        A mãe refletiu. Anos a fio, trocando de carro. Seria tão bom não ter esse tipo de preocupação!

        O marido insistiu. Era o caso de chamar um terapeuta. Marcaram consulta.

        -- Para quê? Não preciso de terapia!

        -- Você precisa conversar, tem de tomar rumo na vida! – explicou o pai.

        A custo, foi convencido. Não sem alguma chantagem financeira.

        O psicólogo o recebeu em uma sala aconchegante, com poltronas.

        -- Por que veio aqui?

        -- Meu pai mandou. Eu mesmo não tinha a menor vontade.

        Péssimo começo.

        -- Não costumo receber ninguém porque o pai mandou. Estudei com sua mãe. Estou aqui coo amigo. Não considere que é uma consulta.

        -- Meus pais não me entendem.

        -- Quem sabe você possa me dizer por quê?

        -- Eu quero qualidade de vida, sabe? Não passar o tempo todo me matando para ter coisas. Quem sabe mais tarde vou morar numa praia... e trabalhar com alguma coisa de que eu goste. Sei lá, entrei numa ONG...

        O terapeuta observou as tatuagens (agora já eram cinco), o brinco ousado, a camiseta torta. Cabelos espetados. Atrás da aparência selvagem, reconheceu seu passado. Em sua época, a juventude também fora assim. Com projetos de vida. Teve uma sensação de alegria, porque afinal... a juventude continuava sendo... a juventude.

        -- O que você mais quer? – perguntou.

        -- Dividir a vida com alguém. O mundo anda complicado, tanta doença... Eu queria ter uma ralação fixa. Eu só dela, ela só minha!

        Sorriu:

        -- Quem sabe ter um filho, mais tarde.

        Despediu-se do terapeuta com um abraço. O profissional ligou.

        -- Qual o problema do meu filho? – quis saber o pai.

        -- O problema é nosso, que esquecemos como fomos. E, parafraseando a música, nos tornamos como nossos pais.

        -- Ahn?

        Quando o pai desligou, sorria. Tudo era muito diferente, mas, no fundo, igual!

        Quem disse que os jovens não têm mais sonhos?

Walcyr Carrasco. Veja São Paulo, 8/6/2005.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 158-159.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o principal conflito apresentado na crônica?

      O principal conflito é o choque de gerações entre os pais e o filho, evidenciado pelas diferenças de comportamento, valores e expectativas em relação à vida.

02 – Como os pais reagem às mudanças no comportamento do filho?

      Os pais reagem com preocupação, estranhamento e até desespero, tentando entender e controlar as atitudes do filho, que fogem do padrão que eles consideram "normal".

03 – Quais são os principais símbolos da rebeldia do filho?

      Os principais símbolos são a tatuagem tribal, o piercing na língua da namorada, as roupas rasgadas de grife e a decisão de trabalhar como voluntário em uma ONG.

04 – Qual a importância da figura do terapeuta na crônica?

      O terapeuta representa um ponto de equilíbrio entre as gerações, pois compreende tanto a angústia dos pais quanto a busca por sentido do filho. Ele ajuda os pais a perceberem que, apesar das diferenças, os jovens ainda têm sonhos e valores.

05 – Qual a crítica social presente na crônica?

      A crônica critica a superficialidade e o materialismo da sociedade moderna, representados pela obsessão dos pais em "comprar um carro novo", em contraste com o desejo do filho por "qualidade de vida" e trabalho voluntário.

06 – Como o autor utiliza o humor na crônica?

      O autor utiliza o humor para suavizar a tensão entre as gerações, através de situações cômicas como a reação da mãe ao piercing na língua da namorada e a incompreensão dos pais em relação à camiseta rasgada de grife.

07 – Qual o significado do título "O Selvagem"?

      O título é irônico, pois o filho é visto como "selvagem" pelos pais devido ao seu comportamento rebelde, mas na verdade ele busca valores mais humanos e significativos, em contraste com o "selvagem" mundo materialista dos pais.

08 – Qual a mensagem final da crônica?

      A mensagem final é que, apesar das aparências e das diferenças de comportamento, os jovens ainda têm sonhos e valores, e que é importante que os pais compreendam e respeitem as escolhas dos filhos.

09 – Qual a visão do pai sobre o trabalho voluntário do filho?

      O pai tem uma visão negativa sobre o trabalho voluntário, pois acredita que o filho deveria estar preocupado em ganhar dinheiro e ter sucesso material, como ele próprio.

10 – O que o terapeuta quis dizer com a frase "nos tornamos como nossos pais"?

      O terapeuta quis dizer que, com o tempo, os pais tendem a repetir os mesmos padrões e valores que criticavam em seus próprios pais, esquecendo-se de como eram quando jovens e de seus próprios ideais.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

CONTO: A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA - FRAGMENTO - GUIMARÃES ROSA - COM GABARITO

 Conto: A hora e a vez de Augusto Matraga – Fragmento

           Guimarães Rosa

        Mas, afinal, as chuvas cessaram, e deu uma manhã em que Nhô Augusto saiu para o terreiro e desconheceu o mundo: um sol, talqualzinho a bola de enxofre do fundo do pote, marinhava céu acima, num azul de água sem praias, com luz jogada de um para o outro lado, e um desperdício de verdes cá embaixo – a manhã mais bonita que ele já pudera ver.

 Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimtXtzrxY2ucsUMNmt5b95OMueUkTs8XGOuU5uZtLofNXYSeK8GL-AuRuOuVZXbzFksxg7rgzT5aZzSDbpg0g9D5axQuM7wvUCDaep0RMFY2zjsaW1Df0-uqC9hecVW51uZL-XV3gIvta6A35oPsEaFhZ8mpGPmj0ALf-V_gbNN4re9vSILtVDitAwmEg/s1600/images.jpg


        Estava capinando, na beira do rego.

        De repente, na altura, a manhã gargalhou: um bando de maitacas passava, tinindo guizos, partindo vidros, estralejando de rir. E outro. Mais outro. E ainda outro, mais baixo, com as maitacas verdinhas, grulhantes, gralhantes, incapazes de acertarem as vozes na disciplina de um coro.

        Depois, um grupo verde-azulado, mais sóbrio de gritos e em fileiras mais juntas.

        – Uai! Até as maracanãs!

        E mais maitacas. E outra vez as maracanãs fanhosas. E não se acabavam mais. Quase sem folga: era uma revoada estrilando bem por cima da gente, e outra brotando ao norte, como pontozinho preto, e outra – grão de verdura – se sumindo no sul.

        – Levou o diabo, que eu nunca pensei que tinha tantos!

        E agora os periquitos, os periquitos de guinchos timpânicos, uma esquadrilha sobrevoando outra ... E mesmo, de vez em quando, discutindo, brigando, um casal de papagaios ciumentos. Todos tinham muita pressa: os únicos que interromperam, por momentos, a viagem, foram os alegres tuins, os minúsculos de cabecinha amarela, que não levam nada a sério, e que choveram nos pés de mamão e fizeram recreio, aos pares, sem sustar o alarido — rrr!-rrri!! rrr!-rrri!! ...

        Mas o que não se interrompia era o trânsito das gárrulas maitacas. Um bando grazinava alto, risonho, para o que ia na frente:
— Me espera! Me espera!... — E o grito tremia e ficava nos ares, para o outro escalão, que avançava lá atrás.


        — Virgem! Estão todas assanha­das, pensando que já tem milho nas roças... Mas, também, como é que podia haver um de-manhã mesmo bonito, sem as maitacas?!...

        O sol ia subindo, por cima do voo verde das aves itinerantes. Do outro lado da cerca, passou uma rapariga. Bonita! Todas as mulheres eram boni­tas. Todo anjo do céu devia de ser mulher."

        [...]

João Guimarães Rosa, em “A hora e a vez de Augusto Matraga”.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. Faraco & Moura – 1ª edição – 4ª impressão. Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 423-424.

Entendendo o conto:

01 – Qual a transformação na paisagem que Nhô Augusto observa após as chuvas?

      Após as chuvas, Nhô Augusto se depara com uma manhã ensolarada e vibrante, com um céu azul intenso e uma profusão de verde na vegetação, descrevendo a manhã como a mais bonita que já viu.

02 – Que elementos da natureza chamam a atenção de Nhô Augusto na manhã descrita?

      Nhô Augusto fica impressionado com a quantidade e variedade de aves que cruzam o céu, como maitacas, maracanãs, periquitos e papagaios, além da beleza do sol e da paisagem verdejante.

03 – Como as aves são descritas no texto?

      As aves são descritas com uma linguagem rica em sons e cores, com referências aos seus gritos, como "tinindo guizos" e "grulhantes, gralhantes", e às suas cores, como "verdinhos" e "verde-azulado".

04 – Qual a reação de Nhô Augusto ao observar a revoada de aves?

      Nhô Augusto expressa surpresa e admiração diante da quantidade de aves, exclamando: "Levou o diabo, que eu nunca pensei que tinha tantos!".

05 – Que reflexão Nhô Augusto faz sobre as maitacas?

      Nhô Augusto comenta que as maitacas parecem estar "assanhadas", como se estivessem ansiosas pela colheita de milho, e reconhece que a beleza da manhã está intrinsecamente ligada à presença delas.

06 – Como a figura da mulher é apresentada no final do fragmento?

      A figura da mulher é idealizada e associada à beleza da paisagem e à figura angelical, com a frase: "Todas as mulheres eram bonitas. Todo anjo do céu devia de ser mulher.".

07 – Qual a importância da descrição da natureza no fragmento?

      A descrição da natureza exuberante serve como um contraponto à aridez do sertão e à violência presente em outras partes do conto, além de revelar a sensibilidade de Nhô Augusto e sua capacidade de se maravilhar com a beleza do mundo.

 

domingo, 9 de março de 2025

POEMA: MEDO - ELIAS JOSÉ - COM GABARITO

 Poema: Medo

             Elias José

Medo é uma palavra

que arrepia o corpo,

arregala os olhos,

ergue os fios do cabelo,

bate queixo e dentes,

bambeia as pernas

e molha as calças.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVfpp3ffRZSuwB0UCh5UpmIAL-nFEcO-eP3pOnKdO7vdLnKrXJSrjp_EYAGY8ix_WKeDzBjhPhZzICFbNV2iKUKe9mwfBGiQfKYz1KaISPr32R1vsVHXYpLWIjyzr5DbldZMkSZT8gK3trPvAgbyVJa6sB3nVilxd61sWf1FMOS25qd9lKkEjxT5SD3A4/s320/medo-dos-clientes.png


 

Medo é uma palavra

que tem a cara fria da morte,

olhos de mulas sem cabeça,

transparência de fantasmas

e corpo de alma

do outro mundo.

Elias José. Medo. In: _________. O jogo das palavras mágicas. São Paulo: Paulinas, 1996. p. 9.

Fonte: Português. Vontade de Saber. 6º ano – Rosemeire Alves / Tatiane Brugnerotto – 1ª edição – São Paulo – 2012. FTD. p. 115.

Entendendo o poema:

01 – Quais são as reações físicas que o medo provoca no corpo, de acordo com o poema?

      O medo, segundo o poema, arrepia o corpo, arregala os olhos, ergue os fios do cabelo, bate queixo e dentes, bambeia as pernas e molha as calças.

02 – Quais imagens o poeta utiliza para descrever o medo na segunda estrofe?

      O poeta compara o medo à cara fria da morte, olhos de mulas sem cabeça, transparência de fantasmas e corpo de alma do outro mundo.

03 – Qual é a figura de linguagem predominante na segunda estrofe do poema?

      A figura de linguagem predominante é a metáfora, onde o medo é comparado a diversas imagens assustadoras para intensificar a sensação que ele provoca.

04 – Como o poema define o medo em sua primeira estrofe?

      O poema define o medo como uma palavra que causa reações físicas intensas no corpo, como arrepios, tremores e até mesmo a perda do controle físico.

05 – Qual o efeito da repetição da frase "Medo é uma palavra" no início de cada estrofe?

      A repetição da frase "Medo é uma palavra" no início de cada estrofe serve para enfatizar a ideia central do poema, que é a força e o impacto que essa palavra e o sentimento que ela representa têm sobre as pessoas.

 

quarta-feira, 5 de março de 2025

TEXTO: A GRUTA DE LASCAUX - ALBERTO ALEXANDRE MARTINS - COM GABARITO

 Texto: A gruta de Lascaux

         Alberto Alexandre Martins

        No dia 12 de setembro de 1940, quatro garotos e um cachorro passeavam pelas colinas rochosas da região da Dordogne, na França, quando o cão subitamente desapareceu por uma fenda nas pedras provocada pela queda de um grande pinheiro. No seu encalço, Marcel Ravidar, Jacques Marsal, Georges Agnel e Simon Coencas esgueiraram-se pela passagem estreita até alcançar uma enorme sala mergulhada na escuridão.

FONTE: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhN5RMMVp776SZ-UAJRKrySZFZV5FXkKFITgedKYWGkNFTmWqJ5K1b1Pv6DMdHjAgoizG32tHCqGJL6TVsxtfakjIRPnZFVliWlnsUoo-scsWXW1Qjb8l6mj_I0L8oHawxy3dHRrNoREcX2-8RhD2KeFvv_0EGyyuDDMswq4sGWSiqRiPoryJYG2vYCHIs/s320/Arte-pre-historica-lascaux-fran%C3%A7a-france-4.jpg


        À luz trêmula de um lampião de querosene, eles distinguiram, nas imensas paredes de pedra calcária, fortes traços e pinturas coloridas de grandes animais, dispostos desordenadamente em movimentos contínuos. Vacas vermelhas, cavalos amarelos, veados e touros negros agitavam-se numa atmosfera mágica e misteriosa. Vocês podem imaginar a emoção de participar, por acaso, de uma das descobertas mais geniais do nosso século: a gruta de Lascaux, repleta de pinturas feitas há 17 mil anos.

        Logo a notícia correu mundo, atraindo milhares de especialistas, cientistas, arqueólogos, turistas e curiosos para a gruta. Formada por duas salas amplas e numerosas galerias, Lascaux revela aos visitantes cerca de 1500 gravuras e seiscentos desenhos pintados em amarelo, marrom, vermelho e preto, representando touros, bisões, cavalos, auroques (ancestrais das nossas vacas), veados, cabritos-monteses, mamutes, felinos, uma rena, um urso, um rinoceronte e um animal fantástico. Além dessa maravilha fauna pré-histórica, há vários sinais enigmáticos inscritos nas paredes: pontos, linhas pontilhadas, flexas, triângulos e outros motivos geométricos. Em meio a tantas representações de animais e sinais indecifrados, vê-se uma única figura humana, feita com traços simples, inclinada, na parede de um poço de oito metros de profundidade.

        Estudando atentamente esses desenhos e todos os vestígios encontrados na gruta: ossos, lamparinas, joias, esculturas, armas, artefatos líticos, restos de alimentos, etc., ficamos sabendo que os artistas de Lascaux foram os homens de Cro-Magnon, que viveram no período Paleolítico Superior, entre 35 mil e 10 mil anos atrás. Nessa época, o clima da Europa era muito frio e os nossos ancestrais moravam em cavernas, vestiam roupas confeccionadas compeles de animais, coletavam frutos da estação e eram exímios caçadores.

        Na condição de artistas, os homens de Cro-Magnon desenvolveram técnicas bastante requintadas. As cores têm origem em diversos pigmentos à base de óxidos minerais existentes no solo local. O óxido de ferro criou o amarelo, o vermelho e o marrom; o dióxido de manganês ou o carvão produziu o peto. Reduzidos a pó, transformados em pedras-lápis de cor ou ainda misturados a outras substâncias, esses minerais eram aplicados com os dedos, com pincéis confeccionados com pelos, crina de cavalo e fibras vegetais ou com esponjas e molde feitos de pele. Também foram empregados instrumentos de sílex para cortar, gravar e esculpir as pedras. E, para iluminar a escuridão da gruta, os homens pré-históricos utilizavam lamparinas á base de gordura animal.

        Mas qual o sentido de tudo isso? Ainda não sabemos ao certo. É bem possível que não se tratasse de um simples passatempo. Há indícios de que as imagens dos animais estavam associadas a rituais e cerimônias religiosas. Ao captar no desenho a forma ou o movimento de uma rena, de um cavalo, de um auroque, os nossos caçadores-artistas acreditavam que estavam também capturando a alma desses animais, o que lhes facilitaria as caçadas seguintes. Mas se trata apenas de uma hipótese. O fato é que os homens que desenharam em Lascaux (como aqueles que desenharam em cavernas brasileiras) viviam em estreito contato com os animais e a natureza. Observadores atentos, conheciam até mesmo as rotas e a época das migrações dos grandes rebanhos. Os grandes rebanhos encantados que povoam as paredes de Lascaux e as páginas deste livro.

MARTINS, Alberto A. In: GIRARDET, Sylvie & Salas, Nestor. A gruta de Lascaux. Trad. De Eduardo Brandão. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2000, p. 7-9.

 Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 218-219.

Entendendo o texto:

01 – Como foi descoberta a gruta de Lascaux?

      A gruta de Lascaux foi descoberta em 12 de setembro de 1940 por quatro garotos e um cachorro que passeavam pelas colinas rochosas da região da Dordogne, na França, quando o cão desapareceu por uma fenda nas pedras.

02 – O que os garotos viram ao entrarem na gruta de Lascaux?

      À luz trêmula de um lampião de querosene, os garotos viram nas paredes imensas de pedra calcária pinturas coloridas de grandes animais, como vacas vermelhas, cavalos amarelos, veados e touros negros.

03 – Qual foi a importância da descoberta da gruta de Lascaux?

      A descoberta da gruta de Lascaux é considerada uma das mais geniais do século, pois revelou pinturas feitas há 17 mil anos.

04 – Quais são as principais representações encontradas nas pinturas da gruta de Lascaux?

      As pinturas representam touros, bisões, cavalos, auroques, veados, cabritos-monteses, mamutes, felinos, uma rena, um urso, um rinoceronte e um animal fantástico.

05 – Quantas gravuras e desenhos a gruta de Lascaux contém aproximadamente?

      A gruta de Lascaux contém cerca de 1500 gravuras e seiscentos desenhos pintados em amarelo, marrom, vermelho e preto.

06 – Quem eram os artistas responsáveis pelas pinturas da gruta de Lascaux?

      Os artistas responsáveis pelas pinturas da gruta de Lascaux eram os homens de Cro-Magnon, que viveram no período Paleolítico Superior, entre 35 mil e 10 mil anos atrás.

07 – Quais técnicas e materiais foram utilizados pelos homens de Cro-Magnon nas pinturas?

      Os homens de Cro-Magnon usaram pigmentos à base de óxidos minerais, aplicados com os dedos, pincéis feitos de pelos, crina de cavalo e fibras vegetais, além de esponjas e moldes de pele. Instrumentos de sílex eram usados para cortar, gravar e esculpir as pedras.

08 – Como os homens de Cro-Magnon iluminavam a gruta durante a criação das pinturas?

      Os homens de Cro-Magnon utilizavam lamparinas à base de gordura animal para iluminar a escuridão da gruta.

09 – Qual é uma hipótese sobre o significado das pinturas na gruta de Lascaux?

      Uma hipótese é que as imagens dos animais estavam associadas a rituais e cerimônias religiosas, onde os caçadores-artistas acreditavam capturar a alma dos animais através dos desenhos, facilitando as caçadas seguintes.

10 – Como os homens de Cro-Magnon viviam e quais eram suas principais atividades?

      Os homens de Cro-Magnon viviam em cavernas, vestiam roupas de pele de animais, coletavam frutos da estação e eram exímios caçadores, vivendo em estreito contato com os animais e a natureza.

 

CONTO: E A HISTÓRIA ERA ASSIM.... MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 Conto: E a história era assim...

           Moacyr Scliar

        Em todos os tempos, sempre existiram guerreiros para defender reinos, territórios e países. Na Idade Média (500-1540), os guerreiros mais corajosos recebiam do rei o título de “cavaleiro”.

        Para ser cavaleiro, era preciso saber lutar com várias armas: espada, escudo, lança, clava e punhal. Os cavaleiros enfrentavam seus inimigos montados a cavalo e vestidos com armaduras e capacetes. Como esses equipamentos eram pesados, eles viajavam acompanhados de ajudantes: os pajens e escudeiros.

 FONTE:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpTcsWRMjgNeT1QgyNptUWOhB1cGyrpM-F4M3DukUzpmHfXlt-vS0EBPsTeWB-azOIC8woGehH9-4OeNqMoTWLOcb7Di-OiY_EvKBLK3KPlO7JtZ4ape2ymSqXPhEQhBAtgvXNmOCVrlUgrqZSgTgRZqaezL5K0L02PT36UXQtAeaiP9SeBsPgt9B-1KY/s1600/CAVLEIRO.jpg


        O dever de todo cavaleiro era proteger crianças, mulheres e pobres, obedecendo a um código de honra chamado de “leis de cavalaria”. Também caçavam e participavam de torneios, lutas organizadas nobres e reis.

        No século XVII, época em que Dom Quixote foi escrito, histórias de cavaleiros estavam na moda. Eram os romances de cavalaria.

        Na Inglaterra, quase todos conheciam “Os feitos do rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda”. Na Alemanha, havia a lenda de Rolando, o valoroso cavaleiro, e, na Espanha e na França, as aventuras de Carlos Magno, o rei guerreiro.

        Os heróis dessas aventuras eram homens maravilhosos que nasciam em lugares maravilhosos e que se apaixonavam por mulheres ainda mais maravilhosas. Possuíam armas e inimigos fantásticos, como dragões, bruxos e gigantes.

        Mas Dom Quixote era um cavaleiro trapalhão. Seu cavalo de batalha, Rocinante, era velho e magro. Seu escudeiro, Sancho Pança, não era nobre nem jovem e, ainda por cima, viajava montado num pequeno burro. Nada era mágico ou maravilhoso na vida de Dom Quixote.

        Quando ele saiu de sua casa para viajar pelo mundo em busca de aventura, tudo deu errado. Em sua primeira aventura, confundiu uma comitiva de cavalariços com guerreiros inimigos e os atacou. Foi derrotado e humilhado. Libertou, por engano, um grupo de ladrões e avançou contra moinhos de vento pensando que fossem gigantes.

        Dom Quixote, o Cavaleiro da Triste Figura, jamais conseguiu ser um herói como os dos romances que leu. E, talvez por ter sido apenas um homem simples, cheio de boas intenções e uma coragem que raramente usou, tornou-se uma das personagens mais encantadoras de toda a literatura ocidental, transformando seu criador, Miguel de Cervantes, num escritor de uma história clássica.

Scliar, Moacyr. Vice-versa ao contrário. São Paulo, Companhia das Letrinhas, 2001, p. 19.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 16.

Entendendo o conto:

01 – Qual era o título dado aos guerreiros mais corajosos na Idade Média?

a) Soldado.

b) Cavaleiro.

c) General.

d) Escudeiro.

02 – Quais armas um cavaleiro precisava saber usar?

a) Espada, escudo, lança, clava e punhal.

b) Arco e flecha, espada, lança.

c) Espada, escudo, arco e flecha.

d) Lança, clava, arco e flecha.

03 – Quem acompanhava os cavaleiros em suas viagens?

a) Soldados e generais.

b) Pajens e escudeiros.

c) Reis e rainhas.

d) Magos e bruxos.

04 – Qual era o dever de todo cavaleiro?

a) Proteger o rei.

b) Proteger crianças, mulheres e pobres.

c) Conquistar novos territórios.

d) Caçar dragões.

05 – O que eram os romances de cavalaria?

a) Histórias sobre reis e rainhas.

b) Histórias sobre cavaleiros e suas aventuras.

c) Histórias sobre magos e bruxos.

d) Histórias sobre dragões e gigantes.

06 – Qual era a lenda conhecida na Alemanha?

a) Rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda.

b) Rolando, o valoroso cavaleiro.

c) As aventuras de Carlos Magno.

d) Dom Quixote.

07 – Como era o cavalo de batalha de Dom Quixote?

a) Forte e rápido.

b) Velho e magro.

c) Pequeno e ágil.

d) Grande e poderoso.

08 – Quem era o escudeiro de Dom Quixote?

a) Rolando.

b) Sancho Pança.

c) Carlos Magno.

d) Rei Arthur.

09 – O que Dom Quixote confundiu com guerreiros inimigos em sua primeira aventura?

a) Um grupo de ladrões.

b) Moinhos de vento.

c) Uma comitiva de cavalariços.

d) Dragões.

10 – Por que Dom Quixote se tornou uma das personagens mais encantadoras da literatura ocidental?

a) Por ser um herói perfeito.

b) Por ser um homem simples, cheio de boas intenções e coragem.

c) Por derrotar todos os seus inimigos.

d) Por possuir armas mágicas.