domingo, 3 de dezembro de 2023

HISTÓRIA: DA ORIGEM DOS REMÉDIOS DA MATA - SHENIPABU MIYUI - COM GABARITO

 História: Da Origem dos Remédios da Mata

        Os índios de antigamente, com pouco tempo que apareceram no mundo, pensaram e discutiram juntos sobre a vida cicies dali para frente:

        ─ Como será quando as pessoas adoecerem: Como vamos fazer para curar os doentes?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWTc0UblC7ieRvh9tlBQ-2wRE8smwouucKjEi87AXghykWxXit0vdfjcb8-R1qjZ86fXAq5ZtEp6tlu79Wu_L9A9XnycOfjJJKIdHMnu76WyuuP7CMVSUWj5C8NzdCzXbYF1gymVpyuoYiekQSVenbm9h9ePy-vF_QxkiJhX5NTs1OSVurbhSG8CbPWn0/s1600/remedios.jpg


        ─ Um bocado de nós vai morrer para surgir como remédio da mata. Os outros poderão viver usando estes remédios em que vamos nos transformar.

        Yushã Kuru, uma mulher chamada Fêmea Roxa, falou assim:

        ─ Eu acho muito importante a ideia de vocês. Melhor é virar remédio. Vocês poderão. Eu vou ensinar a vocês. Vou ensinar aos nossos parentes.

        Os outros concordaram com essa ideia:

        ─ Isso é verdade. Se você conhece bem, você vai nos ensinar. Vai ensinar para nossos filhos e nossos netos.

        Yushã Kuru, a Fêmea Roxa, deu muitos conselhos e surgiram os remédios. Uns eram venenos para matar: olho forte, Beru Paepa . Mijo amargo, Isü Muka. Outro para coceira, Nui. A velha Fêmea Roxa observava bem as folhas e os pés das árvores:

        ─ Esse mato não é remédio forte.

        E assim foi. Surgiram muitos remédios, todos os remédios que têm na mata. Remédio bom que cura as pessoas. Bom para picada de cobra, picada de escorpião, aranha, reumatismo e fígado.

        A Fêmea Roxa, Yushã Kuru, conhecia bem todas as folhas desses remédios. Depois não ensinava vira mais ninguém. Usava todos esses remédios sempre escondida de todo mundo. Até que um dia, a velha Fêmea começou a ensinar para neto dela, o tubo de sua filha. Ensinava a ele todos os remédios da mata que sabia. Ensinava também como preparar estes remédios. Também ensinava o remédio forte e venenoso para colocar feitiço no outro. E experimentava com ele para saber se ele tinha aprendido tudo que sua avó sabia. Aprendeu a preparar o veneno para botar feitiço no outro. E, ás vezes, com mato venenoso, tirar o espírito da pessoa.

        Quando a mulher moça ou o homem rapaz crescia bonito, ela botava feitiço. Quando o homem era trabalhador, a mulher fazia artesanato e quando esculhamhava com a velha Fêmea Roxa ela também botava feitiço para essas pessoas morrerem. Na aldeia, o povo nau sabia o que a Fêmea Roxa fazia. Passou muito tempo sem ninguém perceber a situação.

        Um dia, o genro da velha Yushã Kuru foi caçar na mata. Quando saiu da caçada, resolveu ir pegar barro para fazer panela e tigela. O lugar onde pegavam barro para fazer cerâmica era o mesmo da caçada.

        Lá, o genro encontrou a velha Yushã Kuru e fez amor com ela. O genro veio escondido para pegar a velha sem avisar e fez o serviço com ela, que gritava:

        ─ Me solta. Quem é que faz esse mal comigo?

        Quando o genro acabou, botou a velha Fêmea dentro do buraco onde tiravam o barro e correu pela mata. Yushã Kuru ficou lutando para sair. Até que conseguiu. Nessa hora, ela viu as costas cio genro e falou assim:

        ─ E homem morto aquele que me fez mal.

        Voltou para sua casa chorando. E pegou o mato venenoso no caminho para matar o genro. Quando chegou em casa, foi pescar no igarapé. Pegou piaba e mandim mole, temperou com o veneno e embrulhou na palha de Sororoca para muquinhar.

        Quando o genro chegou da caçada, ela deu o peixe para ele comer. No dia seguinte, ele morreu. Todo mundo chorava de dó. Até que o filho dele, neto dela, descobriu e disse assim:

        ─ Olha, meu pai morreu porque minha avó envenenou ele. O nosso pai está morrendo por causa da minha avó. Ela é que sabe botar feitiço no outro.

        O neto foi pegar o cesto da avó. O cesto estava cheio de coração, tudo em fileirinha. Quando a velha Fêmea pegava o coração para botar feitiço e veneno, a pessoa morria. Ela colocava dentro do cesto arrumado em carreirinha. Cada um tinha um nome: um era aquele do homem trabalhador, outro da moça bem bonita. Tinha muita carreira no cesto grande da velha Femea, Yushã Kuru.

        O neto descobriu todos os segredos da velha e contou para o povo, que ficou todo assustado.

        ─ Ah, essa velha feiticeira! Desse jeito, não presta para viver com nosso povo. Se ela mesmo não morrer, vai acabar com nosso povo.

        Então, resolveram matar Yushã Kuru. Muitos homens ajeitaram suas armas. Quando a velha Fêmea soube dessa conversa, fugiu para a mata. Eles caçaram, caçaram e nada de Yushã Kuru. Falaram com outro rapaz chamado de grilo zarolho, Teima Xliii Bata, e convidaram para ajudar na caçada da velha. Este rapaz era muito danado. Ele enxergava até muito distante.

        O rapaz grilo pulou no terreiro, olhou e falou:

        ─ Lá está a velha Yushã sentada. Vocês podem ir, que vão encontrar com ela.

        As pessoas foram procurando, até que encontraram. Ela estava bem escondida, sentada. Falaram com ela. Ela acreditou na conversa e desistiu de fugir e acompanhou as pessoas no rumo da sua casa. Quando já estavam peno de sua casa, a velha Fêmea Roxa falou assim:

        ─ Eu vou no mato cagar.

        E fugiu de novo. As pessoas caçaram e procuraram novamente. Não acharam. Então, voltaram para casa.

        De novo, convidaram o rapaz grilo para dar informação sobre a velha. O rapaz sempre dizia onde ela estava. As pessoas foram buscar a velha muitas vezes e ela fugiu muitas vezes.

        Até que combinaram de enganar essa velha. O outro genro dela resolveu enganar. Quando encontrou a velha novamente, falou assim:

        ─ Olha, minha tia, eu vim buscar a senhora, porque eu vou batizar seus netos e netas e queria que cantasse as nossas músicas para eles.

        A velha Yushã Kuru animou-se. Aceitou o convite do seu genro e voltou para casa. Quando estava chegando em casa, bem na chegada, o pessoal, que já estava esperando, matou a velha Fêmea Roxa. Dizem que foi assim.

Organização dos professores indígena do Acre. Shenipabu Miyui. História dos antigos.

Entendendo a história:

01 – Quem foi Yushã Kuru na história da origem dos remédios da mata?

      Yushã Kuru, também conhecida como Fêmea Roxa, foi uma mulher indígena que conhecia profundamente as plantas e folhas da mata, sendo responsável por descobrir e ensinar os remédios naturais para curar diversas enfermidades.

02 – Como Yushã Kuru contribuiu para a medicina tradicional indígena?

      Ela ensinou aos seus pais os conhecimentos sobre as plantas medicinais e como preparar os remédios a partir delas, fornecendo uma base para o tratamento de diferentes doenças e picadas de animais venenosos.

03 – Quais foram alguns dos remédios que Yushã Kuru ensinou a seus pais?

      Entre os remédios recomendados na história estão o olho forte, Beru Paepa, mijo amargo, Isü Muka, e outros para experiências, picadas de cobra, escorpião, aranha, reumatismo e fígado.

04 – Como Yushã Kuru usava seu conhecimento sobre plantas venenosas?

      Além de ensinar sobre remédios, ela também conhecia plantas venenosas para fazer feitiços e, em alguns casos, para tirar o espírito de uma pessoa.

05 – O que aconteceu quando o genro de Yushã Kuru descobriu suas práticas?

      O genro descobriu que Yushã Kuru envenenava pessoas usando plantas venenosas, e após a morte de seu pai, revelou suas atividades ao povo da aldeia.

06 – Como Yushã Kuru armazenava os corações das pessoas sobre as quais ela lançava feitiços?

      Ela mantinha os corações das vítimas enfileiradas em um cesto, organizadas em fileiras, cada um representando alguém sobre quem ela colocou feitiço.

07 – Como a comunidade reagiu quando descobriu as práticas de Yushã Kuru?

      O povo ficou chocado e decidiu que ela não poderia mais viver entre eles, pois representava uma ameaça à comunidade devido às suas ações.

08 – O que aconteceu quando buscou capturar Yushã Kuru?

      Apesar das várias tentativas de captura, Yushã Kuru conseguiu escapar da comunidade várias vezes, graças ao seu conhecimento da mata e da região.

09 – Como a comunidade finalmente conseguiu capturar Yushã Kuru?

      Usando uma estratégia, um dos genros atraía de volta à aldeia, e quando ela retornava, era morta pela comunidade que a aguardava.

10 – Qual foi o papel do rapaz chamado Grilo Zarolho na história?

      Ele ajudou a comunidade a localizar Yushã Kuru várias vezes, fornecendo informações sobre seu paradeiro na mata, até que finalmente um dos genros conseguiu enganá-la e ela foi capturada e morta.

 

 

HISTÓRIA: DA FEITICEIRA CEGA - SHENIPABU MIYUI - COM GABARITO

 História: Da Feiticeira Cega

        Vamos contar uma história dos antigos. Em nossa fala chama-se Nete Beku nome de uma mulher cega.

        Diz que chegou um repiquete e alagou tudo. A água carregou essa mulher, que não teve por onde escapar. A alagação cobriu mato, terra, tudo. Terra alta também cobriu.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEha69k9xF53ZBnW99DScrJbDtMqWS3t9cj86CiR0L82erRPGKuofmlB9CulVq7ObSiTbZOjTBQ9A8Rty3Yq3jEaV8V1c4FEV34Wa2SigBJwHCZtRQnBlmtOwrNKp-oKKDC3XFB4bvqiA4yOHWzQ_gd4rZPbvV_2IWGEZr8835n_Mh5v706po9B_uL2YnUQ/s320/CEGA.jpg


        Quando estava passando um pau bem grosso carregado pelas águas, essa mulher conseguiu sentar em cima dele. Lá sentada, esperou a alagação baixar. Depois o rio começou a baixar, baixar, baixar... Até que findaram as águas.

        Mas a terra continuou toda molhada e não tinha canto para a mulher andar. Sozinha, ela chorava, chorava, chorava. Seu pessoal tinha morrido todinho. Chorava... Então, juntou muita abelha ao redor da mulher. As abelhas picaram seus olhos e ela ficou cega, sem poder enxergar mais nada.

        Foi passando o tempo, até quando as águas secaram. Diz que a mulher pegou duas abelhas, achou uma cabaça, furou, botou as abelhas dentro e tampou. Passada uma semana, a mulher espocou a cabaça e dela saíram dois meninos. Ela pegou esses meninos para criar. Dava de mamar num peito e no outro. Os meninos foram crescendo, pouco a pouco, até que começaram a sair na praia sozinhos. Um dia, acharam um pé de mudubim e trouxeram para a mãe de criação, que não enxergava mais nada.

        ─ Mãe, o que é isto aqui?

        ─ Cadê, meu filho?

        A mulher pegou na folha, apalpou e pegou na raiz até reconhecer:

        ─ Bem, meu filho, este aqui é um pé de mudubim, uma planta. A gente planta isso. A gente come. É nosso. Foi o repiquete que trouxe lá de cima. Vamos guardar pra nós plantarmos.

        No outro dia, andando de novo na praia, o menino achou um pé de macaxeira e mostrou para a mãe:

        ─ Mamãe, que folha é essa aqui?

        A velha pegou na folha, apalpou, mexeu e disse:

        ─ Essa daqui, meu filho, é folha de macaxeira que nós plantamos. O rio alagou e trouxe esse pau de maniva que está nascendo aqui. Vamos pegar e guardar pra gente plantar.

        Uns dias depois:

        ─ Bem, meu filho, andei pensando que melhor é nós voltarmos pra nossa terra. Aqui não é a nossa terra. Vamos andar.

        ─ E pra onde nós vamos, mamãe?

        ─ Vamos pela praia buscar um tio que mora bem longe, lá dentro, longe. Vamos encontrar com ele. Bem, vamos andar.

        Então saíram andando, andando... E acharam no caminho um pé de milho.

         ─ Mamãe, o que é isto aqui?

         ─ Esse daí, meu filho, é um pé de milho. É pé que a gente come, a gente planta. Vamos levar pra nós plantarmos. Essa é planta nossa, que a gente come assada no fogo, faz pamonha, prepara caiçuma para tomar e mistura com mudubim. Vamos embora andando, meu filho.

        Saíram andando, andando... Até que chegaram no outro rio, um igarapé de água preta que quando se andava nele ficava marca na terra. Eles foram andando e fazendo marca até chegar na outra boca.

        ─ Bem, meu filho, vamos entrar nesta água daqui. É outro do. Este daqui é de água branca.

        Eles foram andando, andando. E iam andando e fazendo aquela marca branca, e deixando a marca na areia branca do rio.

        ─ Bem, água branca, vai pra acolá. Agora vamos entrar nessa outra boca.

        Entraram, então, num rio de água verde, verdinha. Entraram no rio de água verde e foram andando e fazendo marca, outra marca. A primeira foi feita na água preta. A segunda, na água branca. A terceira, na água verde.

        E andaram, andaram, andaram.

        ─ O teu tio já está perto, meu filho. Escuta aí. Estio partindo lenha: «pou, pou, pou”... Estio partindo lenha. Taí o teu tio que já está perto. Escuta aí que estio partindo lenha.

        Então andaram, andaram... E escutaram barulho da casa do homem que estava partindo lenha.

        ─ Já está peno, meu filho. Que perto, que nada!

        Fazia mais de uma semana que eles estavam andando. Andavam e andavam. Como a velha não enxergava nada, eram os filhos que pegavam ela nos braços e iam carregando e andando, andando.

        ─ Bem, meu filho, espera aí. Suba esta terra. Tem uma escada que está em cima da terra. Pega essa escada e bota no chio pra nós descermos com ela.

        O filho dela só via terra. Diz que era uma terra que não tinha tamanho. Lá em cima, só uma escada que os homens deixaram para ninguém acertar aonde é que iam.

        ─ Pega essa escada.

        ─ Toma, mamãe.

        Então, ela fez ele subir até chegar lá em cima.

        ─ Vamos por aqui.

        E não tinha nada que cortasse. A velha era tão sabida que acertava tudo. Não enxergava, mas estava no rumo.

        ─ E para onde vamos, mamãe?

        ─ O caminho e por aqui.

        Entraram no caminho, andaram e andaram, até que saíram no outro igarapé.

        ─ E aqui, mamãe?

        ─ Espera aí. Teu tio está pra acolá.

        Andaram e chegaram em cima da terra alta.

        ─ E aqui, mamãe? Por onde nós vamos?

        ─ Vamos por aqui, todo tempo por cima da terra. Teu tio já está perto. Vamos sentar aqui para descansar. Estou cansada.

        No dia seguinte, andaram, desceram no igarapé e atravessaram até que saíram no caminho. E de lá, saíram no roçado do tio.

        ─ Está aqui. Ele mora pra acolá. Vamos embora por aqui.

        Então, chegaram na casa do tio.

        ─ Eu estou chegando, meu irmão!

        Quando a cunhada viu a mulher cega, animou-se, correu para peno dela, pegou e abraçou, chorando. Chegando em casa, gritou para o marido:

        ─ Chegou aqui nossa mãe.

        De lá mesmo, saiu o homem gritando.

        ─ Quem mandou ela vir aqui? Eu não quero ela aqui. Quem foi que trouxe? Nós vamos matar essa velha, pra não empatar nós.

        ─ Não, não faz isso com nossa mãe. É nossa mãe. Não faz isso!

        ─ Estamos morando aqui sozinhos e a velha chegou. Mas ela vai morrer nesses dias. Não vai durar tempo, não. Vai morrer.

        Passaram-se dois dias e a velha morreu. Morreu mesmo.

        Ficaram os dois rapazes que tinham vindo com ela para conhecer o tio.

        ─ Nosso tio matou nossa mãe. Como nós vamos fazer? Temos que viver com ele, pois não temos pra onde ir.

        No outro dia, o tio deles foi trabalhar. Quando estava limpando o roçado, diz que os ovos dele iam arrastando daqui para acolá. Ele ia trabalhando, limpando o roçado, e os ovos dele se arrastando daqui para acolá.

        Então esses dois rapazes passaram veneno nas flechas.

        ─ O que nós podemos fazer pra matar esse homem que matou nossa mãe?

        ─ Vamos matar ele também.

        Quando o homem ia pro roçado, com os ovos arrastando no chão, os rapazes lascaram o bico da flecha nos ovos dele.

        ─ Ai, ai! Que coisa me ferrou? Será um inseto que me ferrou aqui?

        O homem se pôs a procurar, para lá, para cá e nada. Procurava tudo e não achava nada que pudesse ter ferrado ele:

        ─ Que coisa me ferrou nos meus ovos?

        Matou o formigão e matou todos os insetos que passavam peno, achando que tinham ferrado ele.

        Voltou para casa e disse para a mulher:

        ─ Eu não sei que bicho ferrou os meus ovos. Estio doendo muito! Saiu para acolá e foi tomar um banho.

        Quando chegou de volta, não aguentou e foi deitar na rede. No outro dia, sofrendo com muita dor, morreu.

        Os dois rapazes então viveram com a mulher desse homem que matou a mãe deles. Dai para cá, eu nem sei contar mais essa história. Então, finda assim.

Organização dos professores indígena do Acre. Shenipabu Miyui. História dos antigos.

Entendendo a história:

01 – Quem é Nete Beku na história?

      Nete ​​Beku é o nome de uma mulher cega que sobreviveu a uma inundação e adota dois meninos após um evento trágico.

02 – Como Nete Beku perdeu a visão?

      Ela perdeu a visão depois de ser picada por abelhas enquanto chorava pela perda de seu povo durante uma inundação.

03 – O que Nete Beku encontrou dentro de uma cabana após uma semana?

      Ela encontrou dois meninos, que ela desenvolveu como filhos, dentro da cabaça.

04 – Para onde Nete Beku decide ir com os meninos?

      Ela decidiu voltar para sua terra natal, indo em busca de um parente que vive longe, adentrando uma jornada com os meninos.

05 – Como Nete Beku conheceu plantas como mudubim, macaxeira e milho mesmo sendo cega?

      Ela conheceu as plantas através do toque, achando as folhas e raízes para identificá-las.

06 – Como Nete Beku e os meninos atravessaram diferentes tipos de rios?

      Eles atravessaram rios de água preta, branca e verde, marcando caminho na terra enquanto caminhavam neles.

07 – Qual foi a ocorrência do tio de Nete Beku ao vê-la cega?

      Ele ficou contrariado e não queria que ela ficasse lá, afirmando que ela logo morreria e não queria ser incomodado por ela.

08 – Como Nete Beku morreu?

      Ela morreu dois dias depois de chegar à casa do tio, sofrendo com as consequências da exclusão e do tratamento hostil.

09 – Como os dois rapazes lidaram com a morte de Nete Beku?

      Eles planejaram vingança contra o tio, passando veneno nas flechas e matando após ele sofrer uma dor misteriosa.

10 – O que aconteceu com os dois rapazes depois que o tio morreu?

      Eles viveram com a mulher do tio e a história não detalha mais o que aconteceu depois desse evento.

 

NOTÍCIA: SECRETARIA DA EDUCAÇÃO, JUVENTUDE E ESPORTES - COM GABARITO

Notícia: SECRETARIA DA EDUCACAO, JUVENTUDE E ESPORTES

Tocantins

Governo do estado

Praça dos Girassóis, Esplanada das Secretarias. S/N

Palmas – Tocantins – CEP 77.001.910

Edital N°01, de 20 de fevereiro de 2020.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhckLd-S5DPzxWHik2g07jCmGjmKIHBD6LSUrcPZNEWpKT8Os9fDFiq8LA1b9MTVZ5w9DivORTg-OEPczht7P79Uxx7NL2LiD66T8U-lCfmaNsaVJWtCgjnrZ-YjdNssIaxEdo2R4NO-M-Km6E_J1LWuiT5lQB9pmrE1ypeCCkgDRsk74-Wlyn81b9eLE/s1600/reda%C3%A7%C3%A3o.jpg


CONCURSO DE REDAÇÃO “BRASÍLIA 60 ANOS DE PROGRESSO"

        A Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes, em parceria com a Secretaria de Estado de Turismo do Distrito federal — SETUR, torna público o Programa de Turismo Cívico-Pedagógico: Brasília Nossa Capital com o Concurso de Redação "Brasília 60 anos de progresso" que visa reconhecer e premiar textos produzidos por estudantes do Ensino Médio, regularmente matriculados na Rede Estadual de Ensino do Tocantins, conforme os termos estabelecidos neste Edital.

CAPITULO I

Do Objeto

        Art.1° 0 Concurso de Redação tem como objetivo principal conhecer e valorizar a História de Brasília, desde a sua fundação até os nossos dias, considerando a sua importância para o desenvolvimento do Brasil, especialmente a região central do País.

        Art.2° As produções serão para alunos do Ensino Médio na categoria Artigo de Opinião. Os alunos serão orientados por um professor de sua escola, em efetivo exercício em sala de aula em 2020.

        Art.3° São pré-requisitos:

        I – Elaboração do texto escrito em sala de aula sob a supervisão do professor orientador responsável pelo estudante;

        II – Apresentação da redação:

a)   em uma única folha com pauta;

b)   manuscrita a caneta;

c)   mínimo de 20 linhas e o máximo de 30 linhas incluindo o título;

d)   gênero textual: Artigo de Opinião

e)   os textos ilegíveis ou com rasuras serão automaticamente desclassificados.

Parágrafo único: As redações deverão ser inéditas, produzidas em consonância com a norma culta da Língua Portuguesa.

CAPITULO II

Das Estratégias Pedagógicas de Produção

        Art. 4° As Unidades Escolares participantes desenvolverão estratégias pedagógicas, conforme o disposto a seguir:

        I – Incentivar pesquisas para conhecer a história de Brasília e sua contribuição para o desenvolvimento do Brasil;

        II – Desenvolver atividades que despertem a consciência sobre a importância de Brasília como Capital Federal;

        III – Promover momentos de produção e correção de textos (gênero: artigo de opinião).

CAPITULO III

Das Etapas do Concurso

        Art. 5° O Concurso será realizado em três etapas:

        I – Primeira etapa: Unidades Escolares

        Nessa fase, a Unidade Escolar promoverá momentos para que o professor desenvolva estratégias pedagógicas para a produção textual em sala de aula.

        É de responsabilidade da escola, constituir uma Comissão Julgadora para selecionar as 3 (três) melhores redações, que serão encaminhadas, em arquivo digital, à Diretoria Regional de Educação.

        II – Segunda etapa: Diretorias Regionais de Educação

        Nessa fase, a Diretoria Regional de Educação receberá apenas 3 (três) textos de cada Unidade Escolar de sua jurisdição. Para a escolha das 3 (três) melhores redações, a DRE constituirá uma Comissão Julgadora Regional. Os textos selecionados serão encaminhados, em arquivo digital, à Secretaria de Educação, Juventude e Esportes no endereço uteppee@seduc.gov.br.

        III – Terceira etapa: Secretaria da Educação, Juventude e Esportes

        Nessa fase, a Secretaria da Educação, Juventude e Esportes receberá apenas 3 (três) textos de cada Diretoria Regional de Educação. A melhor redação do Estado do Tocantins será selecionada por meio de uma Comissão Estadual composta por técnicos desta Pasta.

CAPITULO IV

Das Comissões Julgadoras

        Art. 6° Às comissões julgadoras compete desclassificar as redações que não estiverem em consonância o previsto neste edital, especificamente quando:

        I – houver a comprovação de plágio;

        II – o gênero textual trabalhado não atender ao constante no pré-requisito;

        III – utilizar palavras natureza pornográfica, preconceituosa e ou racista bem como de caráter político partidário;

        IV – fugir ao tema proposto neste edital.

CAPITULO V

Da Premiação

        Art. 6° 0 estudante, autor do melhor texto, e o seu professor orientador serão premiados com uma viagem para passar um final de semana em Brasília, por ocasião do aniversário da Capital Federal.

        Parágrafo Único: As passagens aéreas, os vouchers de traslados, bem como hospedagem e alimentação são de responsabilidade da Secretaria de Estado de Turismo do Distrito Federal — SETUR.

        [...]

 TOCANTINS. Secretaria da Educação, Juventude e Esportes. Edital n° 1, de 20 de fevereiro de 2020. Disponível em: https://central3.to.gov.br/arquivo/493991/.  Acesso em: 9 jul. 2020.

Fonte: Práticas de Língua Portuguesa/Faraco, Moura, Maruxo. – 1.ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 253-255.

Entendendo a notícia:

01 – Considerando a leitura do edital, responda em seu caderno: que impressões você teve sobre sua forma de organização textual e suas possíveis finalidades comunicativas?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A organização textual revela uma característica do gênero que é a necessidade de expor as informações de forma clara, concisa e hierarquizada. Quanto às finalidades, trata-se de um texto cuja finalidade é a divulgação pública de um processo seletivo que pode interessar a uma dada comunidade.

02 – Para que seja válido, um edital deve ser publicado no Diário Oficial da União ou em outro jornal de grande circulação, por isso sua organização tem as características dos textos legais.

a)   A estrutura do edital é composta de algumas divisões específicas, como capítulos, artigos e parágrafos. Considerando o texto lido, qual é a função delas? Caso tenha dúvidas sobre a função dessas divisões, pesquise em sites confiáveis para responder à questão.

Resposta pessoal do aluno.

b)   Como a organização do texto contribui para o entendimento do que ele propõe?

Resposta pessoal do aluno.

03 – Cada capítulo trata de um ponto de regulação do concurso.

a)   Em seu caderno, faça um resumo do que apresenta cada capítulo. Para isso, procure identificar, no edital, a palavra-chave de cada um deles.

Resposta pessoal do aluno.

b)   Verifique, no seu resumo, se essa palavra-chave ou outra próxima dela, como uma derivação, foi usada.

Resposta pessoal do aluno.

c)   Considerando suas observações no item b, levante uma hipótese para explicar destaques como esse no edital, considerando a função de textos dessa natureza.

Resposta pessoal do aluno.

04 – Pense sobre a promoção do concurso. 

a)   Qual é a função das escolas na promoção desse concurso?

As escolas são responsáveis por orientarem as pesquisas sobre Brasília, tema do concurso, e pela organização de aulas sobre o gênero textual a ser produzido pelos candidatos: o artigo de opinião.

b)   Por que a Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes, em parceria com a Secretaria de Estado de Turismo do Distrito Federal, promoveram um concurso de redação com as características sinalizadas no edital?

A proposta é incentivar o estudo da língua portuguesa e de História possibilitando uma premiação.

c)   Na sua opinião, qual é a importância das comissões julgadoras do concurso?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Uma comissão julgadora, que deve seguir as normas já divulgadas no edital, permite um julgamento transparente do processo.

05 – A linguagem do edital é objetiva ou subjetiva? De que forma ela atua na compreensão do texto?

      A linguagem é objetiva, permitindo que o texto seja livre de ambiguidades, o que poderia gerar confusão na compreensão e prejudicaria a clareza em relação às etapas e normas do concurso.

     

 


HISTÓRIA: O SEGREDO DA COBRA - SHENIPABU MIYUI - COM GABARITO

 História: O Segredo da Cobra

        Aconteceu assim:

        A mãe e o pai do menino saíram para tirar mudubim. O menino ficou com o avô em casa, flechando cobra pequena para amansar. Ele ficou flechando e a cobra foi crescendo, levantando devagarzinho.

        ─ Ah, o menino quer me matar! Eu vou é criar ele.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPS0kPtie7VuYH8BZTKzzSu_5r_Yj81m8Th9w0J4W8A9NcIZ1ukrJUTtprwP42ehqQ6KPCmpLO9WXgy_Ty3MIczJLFxsYuuL9062F1VjwN2kG9aPLvcY_3CfxepDQrWEWNHog3RLrwj4FERUUmiprPUw8PcPKlGyjZeA9BI7rAljF5aUDf8T2WkWHtepg/s320/IGARAP%C3%89.jpg


        A cobra carregou o menino, descendo no igarapé. Lá ficou à ruma.

        Chegaram o pai e a mãe do menino, caçaram ele e não encontraram. Caçaram a cobra que tinha descido no igarapé.

        ─ Pronto, então a cobra engoliu o menino.

        Já era tarde quando a cobra chegou com o menino. Então, disse:

        ─ Bem, menino, você quer me matar? Vamos matar o Jaminawa, né? Chama Kukuxinawa. O Kukuxinawa é valente para matar. Vamos embora!

        A cobra matou cutia e comeu. Na manhã seguinte foi baixando igarapé, igarapé, igarapé. De tarde, disse:

        ─ Vamos dormir aqui!

        No dia seguinte, matou namhu e comeu mais o menino. Dormiu. Quando o dia amanheceu, partiu de novo, mais ele. E o menino ia crescendo a cada dia. E eles foram baixando, baixando até chegar na boca do igarapé.

        ─ Chegamos no rio grande. Agora está perto para matar um Jaminawa, Kukuxinawa. Eles andam de noite, assim como lanterna.

        ─ Vamos ficar aqui. E vamos fazer flecha para matar.

        E foram ajeitando flecha e prepararam arpão para matar. Três dias passaram até ajeitarem flecha.

        ─ Agora nós vamos matar Kukuxinawa.

        Eles baixaram devagarinho e pararam para dormir. Kukuxinawa, diz, que vem passando de noite mesmo, caçando de noite mesmo. Dormiram em cima do uricuri novo, sentados, atrepados no pau.

        ─ Não conversa, senão Kukuxinawa nos mata de manhã.

        ─ Vamos embora. Vamos matar Kukuxinawa.

        Chegaram lá. Kukuxinawa estava dormindo de dia. Todos nus. Mulher mijando assim, com o filho nu. Outro bocado, todos pinicando. Eles ficaram espiando. De dia mesmo, pois diz que Kukuxinawa não enxergava como de noite.

        ─ Como nós fazemos?

        ─ Deixa. Quando dormirem, nós matamos.

        Os Kukuxinawa deitaram e dormiram. Então, a cobra e o menino mataram eles com cacete e com flecha. Mataram tudinho.

        O menino já estava um homão. Cresceu, cresceu... E ficou homem.

        ─ Bom, você já está matando gente. Agora nós vamos subir no outro igarapé. Nós vamos por aqui, subindo, subindo, subindo, bem na cabeceira.

        Passaram perto da boca e depois seguiram uma perna do igarapé.

        ─ Agora, nós vamos matar rancho para levar para sua mie.

        Ficaram no tapiri, matando veado, anta, porco... todos os bichos que passaram. Então muquiaram, muquiaram bem as carnes.

        ─ Agora, vamos fazer uma peira para levar as carnes dentro.

        Fizeram uma peira bem grande.

        ─ Cadê todas as carnes muquiadas? Onde você botou?

        ─ Está tudo aqui.

        ─ Você não pode com o peso.

        A cobra botou a peira nas costas e saíram andando, andando. Até que chegaram num campo bem perto da casa da mãe do menino.

        ─ Bem, vou deixar você aqui. Agora eu dou ao meu filho um arpão para matar caça. Vou ensinar o segredo. Você não vai contar para ninguém. Vou ensinar só para você. Faz assim como eu estou ensinando, mesmo! Pegue assim!

        ─ Tá.

        ─ Não vai dizer para ninguém, senão eu tomo de volta o arpão e você fica panema.

        ─ Tá.

        ─ Eu vou ficar por aqui, escutando. Não vou sair daqui.

        ─ Tá.

        ─ Quer levar tua carne? Pode levar. Entrega a tua mãe.

        O menino pegou a peira e carregou nas costas até sua mãe.

        ─ A mãe dele andava chorando, chorando, já com a cara inchada. Chorava, chorava.

        Mamãe, mamãe!

        ─ Você não é meu filho. Eu quero meu filho mesmo.

        ─ Sou eu mesmo, mamãe!

        ─ Não, filho de outro eu não quero. Eu quero meu filho mesmo. Não sei onde foi o meu filho. Estou com saudades.

        E continuou chorando de tarde, chorando. Pouco mais, a mãe virou e disse:

        ─ E ele! Meu filho, onde você andou? Como apareceu assim, meu filho?

        ─ Ah, mãe, foi cobra que me carregou. Eu fui com ela matar Kukuxinawa e matei.

        ─ E mesmo!?

        ─ Eu trouxe carne pra senhora poder comer.

        Diz que trouxe tanta carne que a mãe dele admirou. Guisou toda a carne e, todos que quiseram, comeram. Com dois dias de festas, acabou a carne.

        ─ Bem, mamãe, eu vou matar mais caça.

        ─ Vai.

        ─ Vi um rastro de anta e de porco.

        Matou de arpão. Matou seis porcos. Não andava muito não. Só no rastro mesmo, fazendo feito folha.

        ─ Mamãe, matei porco e anta.

        ─ Então teu pai vai buscar. Eu não vou. Vou só preparar a carne.

        Então o cunhado dele, diz que era o cunhado dele, foi mais ele buscar anta, veado, porco.

        O cunhado disse:

        ─ Rá, rá!! Como eu não sou feliz assim para matar veado, anta, rá, rá!

        Mangou do menino, o cunhado dele.

        O pai do menino viu:

        ─ Como foi que você matou tanta caça?

        ─ Como foi? Foi que a cobra me deu urucum para ficar feliz.

        ─ Foi?

        ─ Foi.

        ─ Então, corno a gente faz?

        ─ A gente passa o urucum e urna ruma de folha e mata com arpão.

        ─ Então me ensina, tá? Vamos embora.

        ─ Vou ensinar.

        Ele foi na frente. Lá, encontrou rastro de anta. Passou o urucum. E, cheio de folha no corpo, atirou o arpão. A anta não morreu, não. A cobra já tinha levado dele o segredo do urucum.

Organização dos professores indígena do Acre. Shenipabu Miyui. História dos antigos.

Entendendo a história:

01 – Quem ficou responsável pelo menino quando seus pais saíram?

      O avô ficou responsável pelo menino enquanto seus pais estavam fora.

02 – Qual foi a ocorrência da cobra quando viu que o menino estava flechando?

      A cobra decidiu criar o menino, em vez de matá-lo.

03 – Para onde a cobra levou o menino?

      A cobra levou o menino para o igarapé.

04 – Quem procurou e encontrou o menino?

      Os pais do menino procuraram por ele e resgataram a cobra no igarapé.

05 – O que a cobra propôs ao menino quando finalmente o trouxe de volta?

      A cobra fez com que eles matassem Jaminawa, chamando Kukuxinawa, um caçador valente.

06 – Como a cobra e o menino mataram os Kukuxinawa?

      Eles os mataram com cacete e flecha enquanto os Kukuxinawa dormiram durante o dia.

07 – O que a cobra ensinou ao menino antes de se separarem?

     A cobra ensinou ao menino o segredo do arpão e do urucum para caçar.

08 – Qual foi a ocorrência da mãe quando o menino voltou depois de ter sido carregado pela cobra?

      Inicialmente, a mãe não conheceu o menino e decidiu que era ele. Depois, ficou emocionado ao ver que era seu filho.

09 – Como o menino conseguiu caçar tanta carne depois que a cobra partiu?

      Usando o conhecimento da cobra sobre o urucum para atrair a caça e o segredo do arpão para caçar.

10 – Por que o pai do menino não teve sucesso ao tentar usar o urucum para caçar?

      A cobra havia levado embora o segredo do urucum, então quando o pai o usou, não teve sucesso na caçada.