domingo, 19 de novembro de 2023

MÚSICA(ATIVIDADES): VIVO - LENINE - COM GABARITO

 MÚSICA(ATIVIDADES): VIVO

                                            Lenine

Precário, provisório, perecível
Falível, transitório, transitivo
Efêmero, fugaz e passageiro
Eis aqui um vivo, eis aqui um vivo

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhd5FSY-zEOV9klYoFngKZB0p8SgyPp7ILMPB8FFWCq6NZUbkb0O5NtDkHlCtwyDoOTXBUaFzW1OSROXzrTfWmMpKGV5acpEdXhMBZDFTp56_GVpRURppcCED7s0nxhMPUaOHAjSRVFhTf5Gud3IwPGlKkzPn_4U3WyzRfiCP1UUPf_BGN35NvqHHEVEE/s1600/Lenine).jpg


Impuro, imperfeito, impermanente
Incerto, incompleto, inconstante
Instável, variável, defectivo
Eis aqui um vivo, eis aqui

E apesar do tráfico, do tráfego equívoco
Do tóxico, do trânsito nocivo
Da droga, do indigesto digestivo
Do câncer vir do cerne do ser vivo

Da mente o mal do Ente coletivo
Do sangue o mal do soro positivo
E apesar dessas e outras
O vivo afirma firme afirmativo
O que mais vale à pena é estar vivo
É estar vivo

Não feito, não perfeito, não completo
Não satisfeito nunca, não contente
Não acabado, não definitivo
Eis aqui um vivo, eis-me aqui

Fonte: LyricFind

Compositores: Carlos Aparecido Renno / Lenine

Letra de Vivo © Sony/ATV Music Publishing LLC

Entendendo o texto

01. Como o eu lírico descreve a condição humana na música "Vivo"?

a) Perfeito e imutável.

b) Precária e efêmera.

c) Fixa e estável.

d) Definitiva e acabada.

02. Quais são algumas das características atribuídas ao ser vivo na música?

        a) Puro, perfeito, estável.

        b) Fugaz, transitório, imperfeito.

        c) Completo, definitivo, acabado.

        d) Fixo, estático, definitivo.

03. Que crítica social pode ser ferida na música em relação ao tráfico, tóxicos e câncer?

       a) Elogio às atividades urbanas.

       b) Denúncia de problemas urbanos e de saúde.

       c) Incentivo ao consumo de substâncias tóxicas.

       d) Desprezo pelos problemas ambientais.

04. O que o eu lírico afirma ser o mais importante, apesar das adversidades mencionadas na música?

      a) Uma perfeição.

      b) A imutabilidade.

      c) A vida.

      d) O estatuto social.

05. Como a estrutura dos versos contribui para o impacto da mensagem na música?

       a) Versos longos e complexos.

       b) Rimas perfeitas e regulares.

       c) Versos curtos e diretos.

       d) Falta de estrutura métrica.

06. Quais são algumas figuras de linguagem presentes na música que destacam a condição humana?

       a) Metáforas e comparações.

       b) Sinestesias e anacronias.

       c) Antíteses e eufemismos.

       d) Onomatopeias e pleonasmos.

07. Como a marca de oralidade está presente na música "Vivo"?

      a) Pela ausência de rimas.

      b) Pelo uso de linguagem formal.

      c) Pela utilização de gírias e expressões populares.

      d) Pela estrutura gramatical complexa.

08. Qual é o sentimento predominantemente expresso na música em relação à vida?

      a) Desprezo.

      b) Lamento.

      c) Celebração.

      d) Indiferença.

09. O que a música "Vivo" destaca como características essenciais do ser vivo?

      a) A perfeição e a estabilidade.

      b) A imperfeição e a efemeridade.

      c) A complacência e a conclusão.

     d) A inércia e a imutabilidade.

 

POEMA: LOGIA E MITOLOGIA - CACASO. LERO-LERO - COM GABARITO

 POEMA: LOGIA E MITOLOGIA

               Cacaso

 

Logia e mitologia

Meu coração

de mil e novecentos e setenta e dois

Já não palpita fagueiro

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXUTVBIGA8MmQo8GziwYsxdvXLbrdMXhALLOwKEg0jFhKKqUMMtUWY9Foe3kpAXJ7WUe5q3PHM2p4BEpDyszHFqWEhyphenhyphenM4PdIfT08fY5d-GjDFz_7lBiEQ3Hh9-or89OuQbRSxLDawTOaWtCubcdYR8OFGj_oCmWd_d7ewM5coLZOuIQzwoALDb5gp-7rI/w144-h144/CORA%C3%87%C3%83O.png


sabe que há morcegos de pesadas olheiras

que há cabras malignas que há

cardumes de hienas infiltradas

no vão da unha da alma

um porco belicoso de radar

e que sangra e ri

e que sangra e ri

a vida anoitece provisória

centuriões sentinelas

do Oiapoque ao Chui. 

CACASO. Lero-lero. Rio de Janeiro:7letrs; São Paulo: Cosac &Naify,2002.

01. O título do poema explora a expressividade de termos que representam o conflito do momento histórico vivido pelo poeta na década de 1970.Nesse contexto, é correto afirmar que 

 a. o poeta utiliza uma série de metáforas zoológicas com significado impreciso.

 b.  “morcegos” , “cabras”, e “hienas” metaforizam as vítimas do regime militar vigente.

 c. O “porco”, animal difícil de domesticar, representa os movimentos de resistência.

 d.  O poeta caracteriza o momento de opressão através de alegorias de forte poder de impacto.

 e.  “centuriões” e “sentinelas” simbolizam os agentes que garantem a paz social experimentada.

02.Como o eu poético descreveu seu coração no início do poema?  

a) Palpitando fagueiro.

b) Com pesadas olheiras.

c) Desejo de alegria.

d) Cansado de viver.

03. Que elementos sombrios são mencionados no poema como ameaças ao coração do eu poético?

a) Morcegos, cabras malignas, cardumes de hienas.

b) Borboletas, pássaros, raios de sol.

c) Flores, riachos, nuvens brancas.

d) Céu estrelado, vento suave, música tranquila.

04. Qual é a sensação transmitida pela expressão "a vida noturna provisória" no poema?

a) O otimismo diante das adversidades.

b) O lamento pela efemeridade da existência.

c) A celebrar do entardecer.

d) A esperança no novo amanhecer.

05. O que representa os "centuriões sentinelas do Oiapoque ao Chui" no poema?

a) Guardiões do mundo subaquático.

b) Soldados romanos protegendo as fronteiras do Brasil.

c) Metáfora para desafios e obstáculos da vida.

d) Nomes de cidades brasileiras.

 

FILME(ATIVIDADES): ESTRELAS ALÉM DO TEMPO - DIRETOR: THEODORE MELFI - COM GABARITO

Filme(ATIVIDADES): Estrelas além do tempo

SINOPSE

No auge da corrida espacial travada entre Estados Unidos e Rússia durante a Guerra Fria, uma equipe de cientistas da NASA, formada exclusivamente por mulheres afro-americanas, provou ser o elemento crucial que faltava na equação para a vitória dos Estados Unidos, liderando uma das maiores operações tecnológicas registradas na história americana e se tornando verdadeiras heroínas da nação.

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv3ub47O2Ku7nyYdzt1WGrfXnHkJp7Fp4X0CvnWL0TYm4mC5fC9nGUzc8v1uW0ejV51R5oryUZBGr1Ogn9SMPgLIc9sQMk42ivJ4np2INaCddbXU8DYEDrdv5R3oL8353QuErSS-6jX1S6LMnlAmiwFYzAxShGCNtEKxxFp4syoR7WkeJg5DyhdJ3FD0E/s320/Estrelas_alem_do_Tempo.jpg

Data de lançamento: 2 de fevereiro de 2017 (Brasil)

Diretor: Theodore Melfi

Indicações: Prêmio do Sindicato dos Atores: Melhor ElencoMAIS

Roteiro: Theodore MelfiAllison Schroeder

Adaptação de: Hidden Figures

Em Portugal: Elementos Secretos

Entendendo o texto

01. O que as protagonistas do filme, Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson, fazem para a NASA durante o enredo?

a) Pilotam naves espaciais.

b) Trabalham como astronautas.

c) Desenvolver tecnologias avançadas.

d) Realizam cálculos matemáticos fundamentais.

02. Qual é o clímax do filme?

      a) O lançamento do primeiro homem ao espaço.

      b) Um protesto pelos direitos civis.

      c) A resolução de um problema matemático crucial.

      d) A promoção dos protagonistas na NASA.

03. Em que década se passa a história de "Estrelas Além do Tempo"?

      a) Década de 1940.

      b) Década de 1950.

      c) Década de 1960.

      d) Década de 1970.

04. Onde se passa principalmente a história do filme?

      a) Nova Iorque.

      b) Los Angeles.

      c) Houston.

      e) Virgínia.

05. Como os protagonistas lidam com as questões de segregação racial no ambiente de trabalho?

      a) Desistindo de suas carreiras.

      b) Procurando emprego em outras áreas.

      c) Ignorando as injustiças.

      d) Enfrentando e desafiando as normas discriminatórias.

06. Qual é o desfecho para os personagens principais no final do filme?

       a) São demitidas da NASA.

       b) São promovidas a cargas de liderança.

       c) Mudam-se para outra cidade.

       d) Voltam a trabalhar em empregos comuns.

07. O que motiva os protagonistas a superar os desafios apresentados no filme?

       a) Ambição de poder.

       b) Espírito de equipe.

       c) Desejo de vingança.

       d) Busca por igualdade e reconhecimento.

08. Qual é o papel dos protagonistas no programa espacial em que trabalham?

         a) Naves espaciais piloto.

         b) Desenvolver tecnologias avançadas.

         c) Realizar experimentos científicos.

         d) Realizar cálculos cruciais para o sucesso das missões.

09.  Qual é a mensagem principal transmitida pelo filme "Estrelas Além do Tempo"?

        a) A importância da exploração espacial.

        b) A resistência contra a segregação racial.

        c) A rivalidade entre nações na corrida espacial.

        d) A busca por avanços tecnológicos.

10. Onde ocorre o estágio final da história?

        a) Na Lua.

        b) No Capitólio dos Estados Unidos.

        c) Em uma universidade renomada.

        d) Em uma conferência internacional.

 

 

CRÔNICA: HOMEM NO MAR - RUBEM BRAGA - COM GABARITO

 CRÔNICA: Homem no Mar

                   Rubem Braga

       De minha varanda vejo, entre árvores e telhados, o mar. Não há ninguém na praia, que resplende ao sol. O vento é nordeste, e vai tangendo, aqui e ali, no belo azul das águas, pequenas espumas que marcham alguns segundos e morrem, como bichos alegres e humildes; perto da terra a onda é verde.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxeK13VF-yDToqguHPqJ0OPWUN8Gv3Rd59A5FvhLxdvCKfPXgMmT8ur6ac5h2MfS1fQdvvHUBCuGMptpS3s1DJHbbQJNKKl1Hk8fsJIiSSjvD4u516Ad6cRh1nIHdTL6hewnBJm-fsx1plnVIwF4q6EN4_MbapwHt0Kbwk0lX8O7js8-YEEDpSibaZ5UQ/s1600/MAR.jpg


        Mas percebo um movimento em um ponto do mar; é um homem nadando. Ele nada a uma certa distância da praia, em braçadas pausadas e fortes; nada a favor das águas e do vento, e as pequenas espumas que nascem e somem parecem ir mais depressa do que ele. Justo: espumas são leves, não são feitas de nada, toda sua substância é água e vento e luz, e o homem tem sua carne, seus ossos, seu coração, todo seu corpo a transportar na água.

      Ele usa os músculos com uma calma energia; avança. Certamente não suspeita de que um desconhecido o vê e o admira porque ele está nadando na praia deserta. Não sei de onde vem essa admiração, mas encontro nesse homem uma nobreza calma, sinto-me solidário com ele, acompanho o seu esforço solitário como se ele estivesse cumprindo uma bela missão. Já nadou em minha presença uns trezentos metros; antes, não sei; duas vezes o perdi de vista, quando ele passou atrás das árvores, mas esperei com toda confiança que reaparecesse sua cabeça, e o movimento alternado de seus braços. Mais uns cinquenta metros, e o perderei de vista, pois um telhado a esconder? Que ele nade bem esses cinquenta ou sessenta metros; isto me parece importante; é preciso que conserve a mesma batida de sua braçada, e que eu o veja desaparecer assim como o vi aparecer, no mesmo rumo, no mesmo ritmo, forte, lento, sereno. Será perfeito; a imagem desse homem me faz bem.

       É apenas a imagem de um homem, e eu não poderia saber sua idade, nem sua cor, nem os traços de sua cara. Estou solidário com ele, e espero que ele esteja comigo. Que ele atinja o telhado vermelho, e então eu poderei sair da varanda tranquilo, pensando — "vi um homem sozinho, nadando no mar; quando o vi ele já estava nadando; acompanhei-o com atenção durante todo o tempo, e testemunho que ele nadou sempre com firmeza e correção; esperei que ele atingisse um telhado vermelho, e ele o atingiu".

       Agora não sou mais responsável por ele; cumpri o meu dever, e ele cumpriu o seu. Admiro-o. Não consigo saber em que reside, para mim, a grandeza de sua tarefa; ele não estava fazendo nenhum gesto a favor de alguém, nem construindo algo de útil; mas certamente fazia uma coisa bela, e a fazia de um modo puro e viril.

       Não desço para ir esperá-lo na praia e lhe apertar a mão; mas dou meu silencioso apoio, minha atenção e minha estima a esse desconhecido, a esse nobre animal, a esse homem, a esse correto irmão.

Janeiro, 1953.

Extraído do livro "A Cidade e a Roça", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1964, pág. 11.

Entendendo o texto

01.Qual é o elemento central da crônica "Homem no Mar" de Rubem Braga?

a) A paisagem marítima.

b) O vento nordeste.

c) A admiração pelo homem nadando.

d) Praia deserta.

02. Como o narrador descreve as espumas no mar em relação ao homem que nada?

a) Como bichos alegres e humildes.

b) Como obstáculos perigosos.

c) Como símbolos de fragilidade.

d) Como elementos perturbadores.

03. O que o narrador espera que o homem alcance para se sentir tranquilo e satisfeito em sua observação?

a) Um barco à deriva.

b) Uma ilha distante.

c) Um telhado vermelho.

d) Um banco de areia.

04. Qual é o sentimento predominante do narrador em relação ao homem que nada no mar?

a) Desprezo.

b) Admiração.

c) Indiferença.

d) Desconfiança.

05. O que o narrador destaca como importante sobre o esforço do homem nadando nos últimos cinquenta metros?

a) Sua velocidade.

b) Sua resistência.

c) Sua batida de braçada.

d) Sua interação com as espumas.

06.No primeiro parágrafo da crônica, identificamos onde o cronista se encontra ao observar o fato cotidiano que inspira o texto.

a) Que lugar é esse?

     A varanda da casa.

b) Qual é o ângulo de visão que o cronista tem do mar? Explique.

     Vê o mar de cima entre as árvores e telhados.

c) Como o clima está nesse dia?

    Ensolarado, brilhante, há muito vento.

07. No segundo parágrafo, o cronista apresenta o fato que vê no mar.

a) o que o cronista percebe ao comparar o nadador às espumas do mar?

As espumas parecem ir mais depressa do que o homem.

b) Como ele avalia e justifica essa percepção?

Considera razoável que as espumas sejam mais rápidas que o homem, e feitas de água vento e luz, enquanto o nadador tem sua carne, seus ossos, seu coração e todo o seu corpo a transportar na água. 

08. A partir do terceiro parágrafo, o cronista revela seus sentimentos em relação à cena que observa.

a) Quais são os sentimentos do cronista em relação ao nadador?

Ele sente admiração e solidariedade em relação ao homem.

b) De que forma ele justifica esses sentimentos?

O cronista não sabe porque admira o nadador, mas acompanha sua ação, como se cumprisse uma missão.

c) O interesse do cronista pelo nadador é correspondido/ Explique.

Não o cronista avalia que o nadador nem suspeita que seja observado, e admirado por ele.

d) Que pistas indicam que o cronista observa o nadador com atenção?

Ele sabe que o homem nadou cerca de 300 metros, desde que começou a observá-lo, e afirma que já o perdeu de vista duas vezes, mas esperou que ele reaparecesse. Ele também sabe que dali a 50, 60 metros o homem vai sair de seu campo de visão.

09.  No quarto parágrafo, o cronista afirma: “É apenas a imagem de um homem, e eu não poderia saber sua idade, nem sua cor, nem os traços de sua cara” Que item explica a importância desse fato na crônica?

I. Esse fato é importante porque, se o homem fosse jovem, o cronista não ficaria tão admirado por ele nadar bem.

II. A passagem comprova que a admiração do cronista pelo nadador não se prende a nenhuma característica particular daquele indivíduo.

III. de acordo com o trecho, podemos perceber que o homem nada a uma grande distância do cronista, o que justifica a sua admiração por ele.

 

10.  Ainda o quarto parágrafo, apesar de avaliar que o nadador não sabe que está sendo observado, o cronista afirma: “Estou solidário com ele, e espero que ele esteja comigo” Explique o que você entende dessa afirmação.

O cronista parece imaginar ter feito um pacto com o nadador: se o cronista continuar a observá-lo ele continuará nadando.

11.  No segundo parágrafo, o cronista admite que admira o nadador, mas não sabe o motivo desse sentimento. No quinto, ele chega a uma conclusão. Qual?

Conclui que mesmo sem realizar um grande gesto, ou construir algo útil, o homem fazia algo belo de modo puro e vigoroso.

12. Em sua opinião, a cena na praia que chamou a atenção do cronista teria tido o mesmo efeito sobre outros observadores? Por quê?

Resposta pessoal.

13.Considerando o que você observou a respeito dos sentimentos expressos na crônica, qual é a reflexão proposta no texto?

O cronista propõe uma reflexão sobre o que desperta os nossos sentimentos em relação aos outros o que nos faz admirar ou não alguém.

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

CONTO: A HÓSPEDE IMPORTUNA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Conto: A hóspede importuna

           Carlos Drummond de Andrade

        O joão-de-barro já estava arrependido de acolher em casa a fêmea que lhe pedira agasalho em caráter de emergência. Ela se desentendera com o companheiro e este a convidara a retirar-se. Não tendo habilidades de construtor, recorreu à primeira casa de joão-de-barro que encontrou, e o dono foi generoso, abrigando-a.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgexs8-36Oo5OViYO1XiEGhBa3jZdXn7xas1H5avhBa2EfDpPpwFEnUJfo0VUvZUDv0Dn63bpdq3Qjx0xhyjrhEf_aer3snxl0aS2QZG-yVepl4TJc_8Ftd8Gak-dEE_VzGeHWaO3-Z_3MnLFN-fNYOrsRO2shd6YqL_6RvT-1QXjlja98IKiwvv1kPGOI/s1600/JO%C3%83O.jpg


        Sucede que o joão-de-barro era misógino, e construíra a habitação para seu uso exclusivo. A presença insólita perturbava seus hábitos. Já não sentia prazer em voar e descansar, e sabe-se como os joões-de-barro são joviais. A fêmea insistia em estabelecer com ele o dueto de gritos musicais, e parecia inclinada a ir mais longe, para grande aborrecimento do solitário.

        Então ele decidiu pedir o auxílio de um colega a fim de se ver livre da importuna. O amigo estava justamente tomando as primeiras providências para fazer casa. “Antes de prosseguir, você vai me fazer um obséquio”, disse-lhe. “Vamos até lá em casa e veja se conquista uma intrusa que não quer sair de lá.”

        O segundo joão-de-barro atendeu ao primeiro e, no interior da casa deste, cativou as graças da ave. Achou-se tão bem lá que não quis mais sair. Para que iria dar-se ao trabalho de construir casa, se já dispunha daquela, com amor a seu lado?

        Assim quedaram os três, e o dono solteirão, sem força para reagir, tornou-se serviçal do par, trazendo-lhe alimentos e prestando pequenos serviços. Ainda bem que construíra uma casa espaçosa — suspirava ele.

Carlos Drummond de Andrade, in Contos Plausíveis.

Entendendo o conto:

01 – Qual o motivo que levou o joão-de-barro a acolher a fêmea em sua casa?

      O joão-de-barro acolheu a fêmea por um pedido de agasalho em caráter de emergência, pois ela havia se desentendido com seu companheiro e precisava de abrigo.

02 – Por que a presença da fêmea perturbava tanto o joão-de-barro?

      O joão-de-barro era misógino e havia construído a habitação para seu uso exclusivo, então a presença da fêmea perturbava seus hábitos solitários e joviais.

03 – Qual estratégia o joão-de-barro utilizou para se livrar da fêmea intrusa?

      Ele pediu a ajuda de um colega joão-de-barro que estava construindo uma casa próxima e pediu para que este conquistasse a fêmea para que ela saísse de sua casa.

04 – O que aconteceu após a intervenção do segundo joão-de-barro na casa do primeiro?

      O segundo joão-de-barro acabou se encantando com a casa do primeiro e a fêmea que lá estava, decidindo não sair mais, o que deixou o dono solteirão sem força para reagir.

05 – Qual foi o desfecho para o dono solteirão após se tornar serviçal do novo par na casa que ele havia construído?

      O dono solteirão acabou sendo dominado pelo novo par e se tornou serviçal deles, trazendo alimentos e prestando serviços na casa espaçosa que havia construído.

 

 

CONTO: A ESCOLA PERFEITA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Conto: A Escola Perfeita

           Carlos Drummond de Andrade

        A Escola de Pais, fundada em Sambaíba, no Maranhão, não deu os resultados com que se sonhava. O estabelecimento tinha pouca frequência, e os pais iam beber no botequim próximo. 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwiHzrp6RJ8uKAxVxrB6U4btrD7dJ2ceaiU0m6wrx_PHeirz-33xbq_EsUeig1C7uhCQRczfTtyoj2S3XJlT1E80F95OKL2HMGqjMUm-uGpHvvs0EI8vbq-qIKI_H_GUTvqBXA0sYISEDcvhvFS0V8-RtoVBSpzAPGLQwIZT8CyGHBQ2wjsoykID63iBQ/s1600/ESCOLA%20PAIS.png


        A direção da escola achou conveniente experimentar novos métodos, e colocou a responsabilidade do ensino nas mãos dos filhos dos alunos.

        A princípio o aproveitamento foi extraordinário, pois os adolescentes que passaram a controlar a casa exerceram disciplina severa, exigindo dos pais o máximo de aplicação, pontualidade e aproveitamento. Depois, a disciplina foi abrandando, e havia meninos que convidavam seus pais e os pais de outros meninos a trocar a aula por futebol, no que eram atendidos.

        Ao fim do semestre, a Escola de Pais tornara-se Escola de Pais e Filhos, sem programa definido, despertando imitação em outros pontos do Estado e até no Piauí.

        Era uma escola festiva, em que os macacos, as borboletas, os seixos da estrada não só faziam parte do material escolar como davam palpites sobre a matéria, por esse ou aquele modo peculiar a cada um deles. O entusiasmo foi tamanho que pais e filhos chegaram à conclusão que melhor fora transformar o estabelecimento, já então sem sede fixa nem necessidade de tê-la, numa escola natural de coisas, em que tudo fosse objeto de curiosidade, sem currículo, e surgiu a escola da natureza, sem mestres, sem alunos, sem decreto, sem diploma, onde todos aprendem de todos, na maior alegria e falta de cerimônia, até que o INCRA ou outro organismo civilizador qualquer se lembre de dividir as terras de Sambaíba em fatias burocráticas legais. Será a escola perfeita?

Contos Plausíveis, Carlos Drummond de Andrade, 1981.

Entendendo o conto:

01 – Qual era o problema inicial da Escola de Pais em Sambaíba?

    A escola tinha pouca frequência dos pais, que frequentavam um botequim próximo em vez de participarem ativamente das atividades educacionais.

02 – Quais foram os primeiros resultados após transferir a responsabilidade do ensino para os filhos dos alunos?

      Inicialmente, houve um aproveitamento extraordinário, pois os adolescentes impuseram disciplina severa, exigindo dos pais máximo de aplicação, pontualidade e aproveitamento.

03 – Como evoluiu a situação da escola após o início promissor?

      A disciplina foi diminuindo gradualmente, e alguns alunos começaram a convidar seus pais e os pais de outros alunos para trocar a aula por atividades como futebol.

04 – Qual foi a transformação final da Escola de Pais e Filhos?

      A escola evoluiu para uma Escola da Natureza, sem sede fixa, currículo ou professores, onde todos aprendiam uns com os outros, explorando a curiosidade sobre tudo.

05 – Por que a conclusão foi de que essa escola poderia ser considerada perfeita?

      A ideia de uma escola sem restrições, baseada na aprendizagem natural, sem formalidades e cerimônias, onde todos aprendem uns com os outros, foi vista como ideal até que intervenções burocráticas ou civilizatórias pudessem reestruturar o ambiente educacional.

 

 

CONTO: A FALA VEGETAL - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Conto: A fala vegetal

           Carlos Drummond de Andrade

        “Não é mistério para os entendidos que há uma linguagem das plantas, ou, para ser mais exato, que a cada planta corresponde uma linguagem. Como a variedade de plantas é infinita, faz-se impossível ao entendimento, por muito atilado que seja, captar todas as vozes de vegetais. E só os mais perspicazes entre os humanos conseguem entender a conversa entre duas plantas de espécies diferentes: cada uma usa o seu vocabulário, como por exemplo num diálogo em que A falasse em espanhol e B respondesse em alemão.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiirg8VorUJupPDhuZgUtd7y3R6_dnnWD7cWhLaPVNMALrNdXm86u3tO7vHpIPqLv5Z5V7x4ivuM9pQBJ78xw7p-5mCbXlZrK_gNq-GZByrpPtmsJUsnryI7WdJxMET44p47RRxwuGfs9Bq9HdHC3Q760lHyy59sXZM5mmkS1zGgd5N_B_zlgFv39pnIB8/s320/LINGUAGEM.jpg 


        Levindo, jardineiro experiente, chegou a dominar as linguagens que se entrecruzavam no jardim. Um leigo diria que não se escutava nada, salvo o zumbir de moscas e besouros, mas ele chegava a distinguir o suspiro de uma violeta, e suas confidências ao amor-perfeito não eram segredo para os ouvidos daquele homem.

        Até que um dia as plantas desconfiaram que estavam sendo espionadas e planejaram a conspiração de silêncio contra Levindo. Passaram a comunicar-se por meio de sinais altamente sigilosos, renovados a cada semana. Em vão o jardineiro se acocorava a noite inteira no jardim, na esperança de decifrar o código. Enlouqueceu.

        Perdendo o emprego, as coisas não voltaram à normalidade. As plantas haviam esquecido o hábito de conversar direito. Já não se entendiam, brigavam de haste contra haste, muitas se aniquilaram em combate. O jardim foi invadido pelas cabras, que pastaram o restante da vegetação.”

Carlos Drummond de Andrade, Contos plausíveis (1981).

Entendendo o conto:

01 – Por que Levindo era capaz de entender a linguagem das plantas?

      Levindo, o jardineiro experiente, desenvolveu a habilidade de compreender a linguagem das plantas ao longo do tempo. Ele dedicou-se ao jardim e, com sua experiência, sensibilidade e atenção, conseguiu sintonizar-se com as diferentes vozes vegetais.

02 – O que levou as plantas a conspirar contra Levindo?

      As plantas suspeitaram que estavam sendo espionadas por Levindo, então planejaram uma conspiração de silêncio. Elas decidiram se comunicar por meio de sinais secretos para evitar que o jardineiro entendesse suas conversas, o que levou Levindo à loucura, tentando decifrar os novos códigos.

03 – Qual foi o desfecho da história para Levindo e o jardim após a conspiração das plantas?

      Levindo enlouqueceu tentando decifrar os novos códigos das plantas e acabou perdendo o emprego. O jardim, sem a compreensão das plantas e a interação harmoniosa que existia antes, entrou em desordem, as plantas não se entendiam mais e até brigavam, resultando na destruição do jardim pelas cabras.

04 – O que representa a mudança no comportamento das plantas após a conspiração?

      A mudança no comportamento das plantas representa a perda da harmonia e da comunicação entre elas. Antes, havia uma convivência pacífica e entendimento mútuo, mas após a conspiração, houve desordem, falta de entendimento e até conflito entre as plantas.

05 – Qual é a mensagem central transmitida por esse conto?

      O conto aborda a importância da comunicação, da compreensão mútua e da harmonia para manter um equilíbrio. A perda da capacidade de entender e se comunicar levou à desordem e destruição, mostrando a fragilidade das relações quando há falta de entendimento e comunicação.

 

 

CONTO: A COR DE CADA UM - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Conto: A cor de cada um

            Carlos Drummond de Andrade

        Na República do Espicha-Encolhe cogitava-se de organizar partidos políticos por meio de cores. Uns optaram pelo partido rosa, outros pelo azul, houve quem preferisse o amarelo, mas vermelho não podia ser. Também era permitido escolher o roxo, o preto com bolinhas e finalmente o branco.

 Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiG9aTuLT3F66jJV8dcLl9hOOtz7sICMjyGLWLGvtwvyBUiUs3xARY9VA1z4uo_3-g9mdhYYX99w-oVpIbLA2atTg4WKPqivu_q3jTt8iEh0QRtibxghD09LcKVEFWGGzRfPLxeyFPrgoXrD_4vIGlw8IUafB15cEBy_RtmIVxXO1fsJpBOJbZrXBR_fKo/s1600/CORES.png


        – Este é o melhor – proclamaram uns tantos. – Sendo resumo de todas as cores, é cor sem cor, e a gente fica mais à vontade.

        Alguns hesitavam. Se houvesse o duas-cores, hem? Furta-cor também não seria mau. Idem, o arco-íris. Havia arrependidos de uma cor, que procuravam passar para outra. E os que negociavam: só adotariam uma cor se recebessem antes 100 metros de tecido da mesma cor, que não desbotasse nunca.

        – Justamente o ideal é a cor que não desbota – sentenciou aquele ali. – Quando o Governo vai chegando ao fim, a fazenda empalidece, e pode-se pintá-la da cor do sol nascente.

        Este sábio foi eleito por unanimidade Presidente do Partido de Qualquer Cor.

Carlos Drummond de Andrade, Contos Plausíveis.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a proposta política central discutida no conto "A cor de cada um" de Carlos Drummond de Andrade?

      O conto explora a ideia de organizar partidos políticos com base em cores, onde cada pessoa escolhe uma cor específica para representar suas ideias políticas.

02 – Quais são algumas das cores mencionadas no conto e como são associadas às preferências políticas dos indivíduos?

      Rosa, azul, amarelo, roxo, preto com bolinhas e branco são algumas das cores mencionadas. Cada uma representa uma escolha política distinta, refletindo a diversidade de opiniões e preferências na sociedade.

03 – Como o conceito de "cor sem cor" é discutido no conto e por que alguns a consideram a melhor opção?

      A "cor sem cor" é representada pelo branco, visto como um resumo de todas as cores. Alguns acreditam que essa escolha permite mais liberdade, pois não está associada a uma cor específica.

04 – Quais são as diferentes atitudes dos cidadãos em relação às cores e como isso reflete nas negociações políticas fictícias?

      Há cidadãos que hesitam entre escolher uma única cor ou preferir uma combinação (duas-cores, furta-cor), mostrando indecisão e preferências por opções mais complexas. Alguns tentam mudar de cor, enquanto outros negociam benefícios antes de fazer sua escolha.

05 – Quem é eleito como Presidente do Partido de Qualquer Cor e por que sua escolha reflete um consenso?

      Um sábio é eleito por unanimidade como Presidente do Partido de Qualquer Cor. Sua escolha reflete a aceitação geral, já que ele propõe uma visão flexível e inclusiva, representando aqueles que preferem não se vincular a uma única cor política.