quarta-feira, 20 de novembro de 2019

TEXTO: O HOMEM NO TETO - JULES FEIFFER - COM GABARITO

Texto: O HOMEM NO TETO
         
    Jules Feiffer

        Não me compreendam mal quando falo do Pai. Não é que ele não gostasse do Jimmy, simplesmente não tinha nenhuma pista para saber qual era a dele. Queria um filho com quem pudesse discutir sobre médias de rebates e percentagens de arremesso. Em vez do quê, tinha Jimmy. Fez o melhor que pôde, nas condições disponíveis. Quer dizer, ele não deixava de ser um pai, não deixava de pagar pela comida e pelas roupas de Jimmy, dar presentes de aniversário, presentes de Natal. Era um bom pai, visto por este ângulo. E sempre achava para dizer a Jimmy coisas educativas do tipo: “Por que você tem que deixar seus desenhos todos espalhados aí pelo chão?” ou: “Dá para abaixar essa televisão para que ela fique apenas berrando?”. Às vezes chegava a ser um disciplinador ofensivo, até.
        Mas Jimmy não achava que o Pai estivesse a fim de ofendê-lo de caso pensado. Simplesmente ele não sabia de que outra maneira tratar um filho que ficava desenhando. Os desenhos que seu pai se queixava de ver todos espalhados pelo chão eram deixados assim por Jimmy de propósito. Jimmy esperava que o Pai topasse de repente com eles como se estivessem ali por acaso, pegasse a primeira página e emendasse a leitura das dez ou quinze páginas seguintes, pasmo, estupefato. “Não posso acreditar que um garoto de dez anos e meio tenha sido capaz de desenhar isto!” eram as palavras que Jimmy imaginava o Pai dizendo. Palavras que, entretanto, ele nunca disse.
        O seu pai que era Indiana Jones teria dito essas palavras. O seu pai que era Indiana Jones estava sempre a encorajá-lo.
        E Jimmy, que não se chamava Jimmy na história por ele inventada, mas Bob, pulou no vazio…
        E o seu pai que era Indiana Jones aparou-o na queda.
        […]
        Um dia Jimmy surgiu do porão (seu lugar secreto para desenhar quadrinhos) e deu com Lisi mostrando algumas produções dele, daquelas mais antigas, realmente antigas, ao Pai. Desenhos que ele tinha feito mais de um mês atrás e de que se envergonhava. Lisi apontou para uma figura. “Este é você”, disse. E o Pai respondeu: “Este não sou eu”, e Lisi disse: “É sim, e saiu igualzinho”.
        Bem, talvez tivesse saído igualzinho, talvez não, mas era o tipo da tolice dizer isso ao Pai. Principalmente quando Lisi estava querendo provar a ele o que ela e a Mãe sabiam, mas o Pai não: que Jimmy era um artista de verdade. Não era assim que se devia conduzir a coisa. O Pai olhou meio atravessado para o quadrinho de Jimmy. Ele sabia a aparência que tinha, e decididamente não tinha nada daquele pateta metido numa jaqueta de safári. “Meu nariz não tem esse tamanhão.” O Pai, com desdém, soltou um riso que saiu justamente pelo nariz. “Cadê meu queixo?”
        Jimmy estava arrasado. […]
        Era um erro contar o que quer que fosse para Lisi. Não era para ela saber a respeito de Indiana Jones. Não era para ninguém saber exceto o Pai, o Pai que iria descobrir tudo espontaneamente quando pegasse os desenhos e dissesse: “Ei, mas o que é isso? Este cara é igualzinho a mim! Ora vejam só, e eu sou o Indiana Jones!”.
        Lisi, no entanto, estragou tudo, porque ninguém se acha parecido com um desenho quando é outra pessoa que aponta essa semelhança. A semelhança tem que ser notada pelo próprio. Esta era uma das regras de Jimmy. Jimmy teve vontade de matar Lisi.
        Indiana Jones estava liquidado como personagem de histórias em quadrinhos. Isso tinha ficado absolutamente claro. Ele havia sido um bom herói, talvez mesmo um grande herói. […]
        Mas Lisi entregara Jimmy. O Pai deixou sair um riso pelo nariz, de puro desdém. Um riso pelo nariz! Jimmy repassou a cena em sua cabeça uma dezena de vezes, e de cada vez era como se morresse. Indiana não podia continuar. Tinha que ser substituído. Mas quem poderia substituir Indiana Jones?
        Jimmy ficou remoendo o assunto nas duas tardes que se seguiram. Foi mais rude do que de costume com sua irmã menor, Susu.
        […]
        Tentou de tudo, nada funcionava. Foi se sentindo cada vez pior, minúsculo e inútil. Chateado e sem nada melhor para fazer, Jimmy desenhou a si mesmo minúsculo e inútil. Uma lâmpada acendeu- se na sua cabeça como acontece nos quadrinhos quando um personagem tem uma ideia. Acrescentou uma máscara negra e uma capa ao seu personagem minúsculo e inútil. O resultado deixava a desejar. Transformou a máscara num capuz. Olhou para o personagem que acabava de criar e ficou arrepiado. Inventara um herói com potencialidade de vir a ser o maior de todos saídos do seu traço. Tão minúsculo e inútil na aparência, faria os vilões acreditarem que poderiam matá-lo facilmente. Poderiam pegá-lo, torturá-lo, passar com carros em cima dele, até com tanques. Mas ninguém, ninguém seria capaz de derrotar Mini-man!


Jules Feiffer. O homem no teto. São Paulo: Companhia das Letras,1995. p.16-23.
Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 6ª Série – Atual Editora -2002 – p. 33-6.
Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Desdém: desprezo.
·        Estupefato: muito surpreso, pasmo.
·        Rebate e arremesso: jogadas do beisebol.

02 – O texto apresenta um problema de relacionamento entre Jimmy, protagonista e narrador dessa história, e seu pai. Um não corresponde à expectativa do outro.
a)   Segundo o texto, que tipo de garoto o pai de Jimmy gostaria de ter como filho?
Um garoto que se interessasse por esportes.

b)   Jimmy não tinha as qualidades esperadas pelo pai, mas tinha outras, para ele até mais importantes, que gostaria que o pai percebesse e valorizasse. Quais são elas?
A capacidade de desenhar muito bem, o dom de ser artista.

03 – O narrador afirma: “[…] ele não deixava de ser um pai, não deixava de pagar pela comida e pelas roupas […]. Era um bom pai, visto por este ângulo”. Esse trecho permite supor que, para Jimmy, existiam outros ângulos pelos quais a figura paterna poderia ser vista.
a)   De que ponto de vista o pai de Jimmy desempenha bem seu papel?
Do material; o papel de pai responsável pelas necessidades materiais do filho.

b)   De que ponto de vista o pai de Jimmy falha em seu papel?
Do afetivo; o papel de pai que participa dos interesses do filho.

04 – Apesar desses desencontros, Jimmy ama o pai e chega a colocá-lo como herói em suas histórias em quadrinhos. Assim, o menino tem em mente duas figuras paternas: o pai real, que é frio e indiferente ao filho, e o pai ideal, o Indiana Jones de suas histórias em quadrinhos. Observe os quadrinhos que o menino desenhou.




a)   Que tipo de sentimento o pai Indiana Jones desperta no filho Bob?
Segurança, confiança.

b)   Que diferenças há entre o pai Indiana Jones e o pai real de Jimmy?
O pai de Bob é participante e estimula o filho a confiar nele; o pai de Jimmy, ao contrário, despreza os desenhos do filho e, assim, tira-lhe a confiança.

05 – Lisi, a irmã de Jimmy, inocentemente mostra os desenhos do irmão ao pai. O que Jimmy mais desejava era que o pai os visse com carinho, mas o garoto não fica feliz.
a)   Com que o pai mais se preocupa?
Apenas com a semelhança física entre ele e Indiana Jones.

b)   Apesar de saber que é super-herói de uma história em quadrinhos feita por seu próprio filho, o pai deixa de reconhecer o mais importante: o significado que ele tem para o garoto. Qual é esse significado?
O pai representa um herói para o filho, e isso é uma demonstração de amor e carinho, própria da idade de Jimmy.

06 – Com a decepção que teve, Jimmy fica arrasado. Indiana Jones está morto e é preciso começar tudo outra vez, de forma diferente, mas ele se sente sem forças. Releia o último parágrafo do texto e responda:
a)   Jimmy faz um desenho de si mesmo. Como ele se retrata?
Minúsculo e inútil.

b)   Que relação tem a forma como ele se retrata com a reação que o pai teve diante do seu desenho?
Foi assim que Jimmy se sentiu perante o comportamento do pai: pequeno, inútil, incapaz de fazer as coisas direito.

07 – Projetando sua própria fragilidade no papel, Jimmy cria um novo herói, Mini-man, que possui semelhanças com seu criador.
a)   O que quer dizer Mini-man em português?
Mini-homem.

b)   Que semelhanças físicas há entre os dois?
Jimmy se sente diminuído, tão minúsculo quanto o herói.

c)   Mini-man não aparenta, mas possui uma grande força interior. Você acha que isso também ocorre no caso de Jimmy? Justifique sua resposta.
Sim, porque Jimmy foi capaz de superar a decepção com a atitude do pai e criou uma nova personagem, mantendo-se como artista.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

MÚSICA(ATIVIDADES): POIS É - ATAULFO ALVES - COM QUESTÕES GABARITADAS

Música(Atividades): Pois é 
     Ataulfo Alves

Falaram tanto que desta vez
A morena foi embora
Disseram que ela era a maioral
E eu é quem não soube aproveitar
Endeusaram a morena tanto, tanto
Que ela resolveu me abandonar

A maldade nessa gente é uma arte
Tanto fizeram que houve a separação, ai, ai, ai
Mulher a gente encontra em toda parte
Mas não se encontra a mulher
Que a gente tem no coração.
                                  Composição: Ataulfo Alves
Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – Atual Editora -2002 – p. 18-9.
Entendendo a canção:

01 – Como você sabe, dizemos que a voz que fala nos versos de um poema ou de uma canção pertence ao eu lírico. Nessa canção, o eu lírico se sente vítima do diz-que-diz de alguém. De acordo com o texto:
a)   O que devem ter tido à morena para que ela fosse embora?
Que ela era “a maioral”, uma deusa, isto é, que era uma mulher superior.

b)   Levante hipóteses: o que devem ter falado à morena sobre o eu lírico?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Provavelmente que ele não a merecia.

c)   Que expressão, empregada na 2ª estrofe, revela a opinião do eu lírico de que sua separação foi resultado do mau-caratismo de alguém?
A maldade dessa gente.

02 – Observe os três grupos de formas verbais da 1ª estrofe:
I – “A morena foi embora.”
     “[...] ela resolveu me abandonar.”
II – “E eu [...] não quis acreditar.”
III – “Falaram tanto [...].”
       Disseram que [...].”
       Endeusaram a morena tanto tanto.”
       “Tanto fizeram que [...].”

        Identifique e classifique, se houver, o sujeito das formas verbais destacadas:
a)   No grupo I: Foi: a morena, sujeito simples; Resolveu: ela, sujeito simples.

b)   No grupo II: Quis: eu, sujeito simples.
c)   No grupo III: Falaram, disseram, endureceram, fizeram: sujeito indeterminado.

03 – O emprego insistente da 3ª pessoa do plural revela determinada intenção por parte do eu lírico. Qual ou quais dos itens seguintes traduzem melhor essa intenção?

a)   Como o sujeito é desinencial (eles), o eu lírico, com a repetição, deseja enfatizar a maldade de alguém.
b)   Como o sujeito é indeterminado pelo emprego da 3ª pessoa do plural, cria-se uma noção vaga a respeito de quem teria influenciado a morena com ideias negativas sobre o eu lírico.
c)   A indeterminação do sujeito, nesse texto, generaliza a referência àqueles que fizeram comentários negativos sobre o eu lírico; ou seja, podem ser muitos, pode ser uma única pessoa, ele não sabe.

04 – Compare o emprego da palavra gente no 1° e no último verso da 2ª estrofe:
a)   A quem ela se refere no 1° verso?
Refere-se às pessoas que fizeram intrigas contra o eu lírico.

b)   E no último verso, essa palavra particulariza (ou seja, refere-se só ao eu lírico), generaliza (ou seja, refere-se a todos os outros homens) ou tanto particulariza quanto generaliza?
Particulariza e generaliza ao mesmo tempo, pois na visão do eu lírico tanto ele quanto os demais homens têm dificuldades para encontrar a mulher ideal.

05 – De acordo com a visão do eu lírico, qual é o maior inimigo do autor?
      A fofoca, o diz-que-diz dos outros.

POEMA: CIMENTO ARMADO - PAULO BONFIM - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: CIMENTO ARMADO
      
         Paulo Bonfim

Batem estacas no terreno morto,
No terreno morto surge vida nova,
As goiabeiras do velho parque
E os roseirais abandonados,
Serão cortados
E derrubados
Um prédio novo de dez andares,
Frio e cinzento,
Terá seu corpo de cimento-armado


Enraizado no velho parque
de goiabeiras
De roseirais
Batem estacas no terreno morto.
Século vinte…
Vida de aço…
Cimento-armado!
Batem as estacas
Um prédio novo, de dez andares,
Terraços tristes,
Pássaros presos,
Rosas suspensas,
Flores da vida,
Rosas de dor.
  Paulo Bonfim. In: Alda Beraldo. Trabalhando com poesia. São Paulo: Ática, 1990. v. 2, p. 81.
              Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – Atual Editora -2002 – p. 20-1.
Entendendo o poema:

01 – Nos versos “Batem estacas no terreno morto, / No terreno morto surge vida nova”:
a)   Qual é o sujeito da frase do 1° verso? e do 2°?
Indeterminado – vida nova: simples.

b)   Associando-se um sujeito a outro, a quem se refere a vida nova?
Aos operários que batem as estacas, aos novos moradores, ao movimento do prédio.

02 – O eu lírico refere-se a um terreno morto.
a)   O que ele era antes?
Um parque.

b)   Por que ele está morto?
Porque as goiabeiras e os roseirais estão abandonados.

03 – Depois de serem cortados e derrubados os roseirais e as goiabeiras:
a)   O que se enraizará e tomará corpo?
Um prédio de dez andares.

b)   De que material será essa nova vida?
De aço e cimento armado.

04 – O eu lírico situa o terreno morto e o corte e a derrubada das árvores no século XX.
a)   Por que, na sua opinião, o terreno está morto?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Porque provavelmente as pessoas não tem tempo para cuidar do terreno, não se importam com seu abandono ou não têm responsabilidade ecológica.

b)   Levante hipóteses: Por que, na sua opinião, nas grandes cidades, os prédios tomaram o lugar dos parques?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Aumento populacional; concentração populacional nas áreas centrais e nobres; valorização de terrenos; interesse financeiro de empresários e governo; aumento de recolhimento de impostos nas prefeituras.

05 – Podemos dizer que o poema é um lamento de um eu lírico preocupado com a vida. Que verbo e objeto parecem expressar a dor contínua do eu lírico?
      Batem (as) estacas...

NOTÍCIA: TONELADAS DE PEIXES MORTOS NA LAGOA - MURILO FIUZA DE MELO - COM GABARITO

Notícia: Toneladas de peixes mortos na Lagoa
             
Murilo Fiuza de Melo

     Rio – O Grupamento Marítimo do Corpo de Bombeiros (G-Mar) e a Companhia de Limpeza Urbana do Rio (Comlurb) retiraram 331 toneladas de peixes mortos da Lagoa Rodrigo de Freitas nos dois últimos dias. Segundo o secretário estadual de Meio Ambiente, André Corrêa, o problema foi provocado por temperatura alta e pela maré baixa, que não deixou a água da lagoa se renovar. Normalmente, a temperatura média da água é de 23°C, mas neste mês chegou a 30°C, segundo ele.
        Cerca de 80 homens do grupamento e 45 garis trabalham no trabalho de limpeza, que continua hoje. É o terceiro carnaval consecutivo em que há mortandade de peixes na lagoa. “Além de provocar mau cheiro, os peixes mortos impedem a circulação do oxigênio na água”, disse o comandante do G-Mar, tenente-coronel bombeiro Marcos Silva.
        Corrêa defendeu a qualidade da água do local e rebateu as declarações do secretário municipal do Meio Ambiente, Eduardo Paes, de que os principais motivos da mortandade seriam o despejo de esgoto e o desinteresse do Estado em realizar obras de ampliação do canal do Jardim de Alah, por onde a água da lagoa é renovada. Ontem, Corrêa determinou que a comporta do Jardim de Alah fique fechada até que a maré suba. Obras recentes também não impedem o despejo de esgoto. “Há dois dias estamos em alerta, prevendo novo acidente”, disse Corrêa.
                                            O Estado de São Paulo, 11/2/2002.
Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 6ª Série – Atual Editora -2002 – p. 145-6.
Entendendo a notícia:
01 – As notícias em geral relatam acontecimentos recentes, fatos novos, que despertam o interesse do público. Em que veículos são transmitidas as notícias?
      Em jornais, escritos ou falados, e em revistas.

02 – Uma notícia geralmente compõe-se de duas partes: lead e corpo. O lead consiste normalmente no 1° parágrafo da notícia e é a parte que apresenta um resumo de poucas linhas, fornecendo respostas às questões fundamentais do jornalismo: o quê (fatos), quem (personagens/pessoas), quando (tempo), onde (lugar), como e por quê. Na notícia em estudo, identifique:

a)   O fato principal:
A retirada de 31 toneladas de peixes mortos da Lagoa Rodrigo de Freitas.

b)   As pessoas envolvidas:
Funcionários do Grupamento Marítimo do Corpo de Bombeiros e da Companhia de Limpeza Urbana; o secretário estadual do Meio Ambiente, André Corrêa; o tenente-coronel bombeiro Marcos Silva.

c)   Quando ocorreu o fato:
Nos dois últimos dias: 9 e 10 de fevereiro de 2002.

d)   O lugar onde aconteceu o fato:
Na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.

e)   Por que o fato aconteceu:
A temperatura aumentou e a maré abaixou, não permitindo que a água da lagoa se renovasse.

03 – O corpo da notícia é a parte que amplia o lead acrescentando novas informações. Na notícia em estudo, que parágrafos constituem o corpo?
      O 2° e o 3° parágrafos.

04 – Observe a linguagem empregada na notícia. Das características relacionadas a seguir, indique aquelas verificadas na notícia em estudo:
a)   Impessoalidade, conforme demonstram o emprego de verbos na 3ª pessoa e a ausência de opiniões do jornalista.

b)   Pessoalidade, conforme demonstram o emprego de verbos na 1ª pessoa e a presença de opiniões do jornalista. 

 c)     Clareza, objetividade, precisão.

05 – Que variedade linguística é utilizada na notícia?
      A variedade padrão da língua.

06 – Observe o título da notícia: Toneladas de peixes mortos na Lagoa”.
a)   Ele anuncia o assunto que será desenvolvido na notícia?
Sim.

b)   Você acha que esse título é curto e objetivo (impessoal) ou longo e subjetivo (pessoal)?
É curto e objetivo.

07 – Reúna-se com os colegas de seu grupo e concluam: Quais são as características da notícia?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Trata-se de um texto que relata um fato novo. Apresenta geralmente uma estrutura padrão, composta de duas partes: lead e corpo. O lead deve mencionar a maior parte das informações essenciais sobre o fato ocorrido: O quê, quem, quando, onde, como e por quê. O corpo contém o detalhamento do lead. A notícia é encabeçada por um título curto e objetivo. A linguagem é impessoal, objetiva e direta e segue a variedade padrão da língua.

CRÔNICA: RITINHA DOS SONHOS DOS OUTROS - HARDY GUEDES - COM GABARITO

CRÔNICA: Ritinha dos sonhos dos outros
                     Hardy Guedes

        Quando Ritinha tinha 8 anos, sua madrinha perguntou:
        -- O que é que você vai ser quando crescer, Ritinha?
        -- Não sei ainda, Dindinha!
        -- Eu acho que você devia ser professora. Já imaginou, você ensinando uma porção de crianças a ler e escrever?
        -- É, Dindinha! Acho que vou ser professora.
        -- Depois, isso é que é profissão boa para uma moça.
        A partir desse dia, toda vez que alguém perguntava a Ritinha o que ela ia ser quando crescesse, ela respondia:
        -- Vou ser professora! A Dindinha falou que é bom.
        Mas a tia Vilma, que era professora, quando ouviu a Ritinha dizendo isso, falou:
        -- Eu acho que a sua Dindinha não sabe o que diz. Isso lá é conselho que se dê? Olhe só para a sua tia. Eu sou professora. Sou obrigada a aturar um bando de desordeiros, tenho sempre um montão de cadernos para corrigir, carrego um peso danado e, no fim do mês, ganho uma miséria. Se eu fosse você, Ritinha, ia ser artista de teatro ou de televisão.
        -- Ser artista é bom, titia?
        -- Bom, não, é ótimo! Viaja para diversos lugares, fica famosa, ganha muito dinheiro.
        -- Então, vou ser artista.
        Um dia, o pai de Ritinha pegou a menina em frente ao espelho, fazendo poses e trejeitos, usando pintura.
        -- O que é que você está fazendo, menina?
        -- Estou treinando para ser artista!
        -- E eu, por acaso, quero filha artista?
        -- A tia Vilma disse que é legal.
        -- Legal, que nada! Artista não tem paradeiro. É igual a cigano. Além do que, todo artista é malfalado. Trate de tirar essa pintura do rosto e essas ideias da cabeça.
        -- O que é que eu vou ser então?
        -- Dona de casa. Quando você crescer o bastante, vai aparecer um bom rapaz na sua vida. Você vai se casar, ter filhos e cuidar da sua casa, que é o lugar certo para a mulher.
        -- Então é isso que eu vou ser: uma boa dona de casa!
        Ritinha foi pra cozinha e começou a mexer nas panelas.
        -- Ritinha! Saia já daí! Quer se queimar?
        -- Foi o papai que mandou, mamãe. Ele quer que eu seja uma dona de casa, igualzinha à senhora.
        -- E isso lá é vida que se deseje pra alguém? A mulher, hoje em dia, tem que ser independente. Trabalhar fora, ter a sua profissão, ganhar o seu próprio dinheiro... Se eu fosse você, ia ser tudo, menos dona de casa. Olhe só para as minhas mãos! Estão ásperas de tanto lavar roupa, lavar louça...
        Ritinha se sentia perdida. Cada pessoa queria que ela fosse algo que as outras não queriam. O que fazer? A quem agradar?
        Ritinha foi ficando triste, muito triste. Sempre pensativa.
        Um dia, o vô Almir notou a sua inquietação.
        -- O que é que você tem, Ritinha?
        -- Ai, vô! Não sei o que faço da vida...
        -- Por que, queridinha?
        -- A Dindinha quer que eu seja professora! A tia Vilma quer que eu seja artista. O pai não pode nem ouvir falar nisso. Quer que eu seja dona de casa. A mãe só reclama da vida de dona de casa...
        -- E o que é que você quer ser?
        -- Agora é que eu não sei mesmo, vô.
        -- Ritinha, você é muito nova ainda para se preocupar com essas coisas. Não ligue para o que as pessoas falam ou querem. Você tem tempo para escolher.
                                                 Hardy Guedes.
Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 5ª Série - Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 109-12.
Entendendo o texto:

01 – O narrador é também personagem? Justifique.
      Não. O narrador apenas conta o fato. Ele não participa da história.

02 – “-- Depois, isso é que é profissão boa para uma moça.”
a)   Substitua a palavra boa por uma palavra ou expressão sem alterar o sentido do texto.
Adequada, ideal.

b)   Houve um tempo em que as mulheres não podiam sequer sonhar em ser médicas, engenheiras, arqueólogas, motoristas de táxi, etc. Essa ideia ainda é válida hoje? Justifique sua resposta.
Não. Esse conceito já está ultrapassado.

03 – “Já imaginou, você ensinando uma porção de crianças a ler e escrever?”.
a)   Saber ler e escrever é importante para as pessoas? Justifique sua resposta.
Sim. Porque permite a comunicação pela linguagem escrita e o acesso a inúmeras informações.

b)   O comentário da madrinha de Ritinha leva a crer que ser professor é bom ou ruim?
Leva a crer que é bom.

04 – “Eu sou professora. Sou obrigada a aturar um bando de desordeiros, tenho sempre um montão de cadernos para corrigir, carrego um peso danado e, no fim do mês, ganho uma miséria.”

a)   Qual o significado de desordeiro?
Aquele que aprecia ou cria a desordem.

b)   Todos os alunos são desordeiros? Tome como base você mesmo e a sua sala de aula.
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: nem todos os alunos são desordeiros.

c)   Com base nas respostas do exercício 2, responda: O texto mostra aspectos positivos ou negativos da profissão de professor?
De acordo com o texto, ele mostra tanto aspectos positivos e negativos da profissão. 

05 – Segundo o texto, a tia Vilma é professora, não é artista. Mas ela demonstra ter uma opinião formada sobre os artistas.
a)   Qual a opinião de tia Vilma sobre a vida de artista?
Ela acha que é uma vida boa, em que há muitas viagens, fama e dinheiro.

b)   Tia Vilma diz que, se fosse Ritinha, ia ser artista. O que podemos concluir dessa afirmação?
Podemos concluir que ser artista é o sonho de tia Vilma.

06 – O pai de Ritinha não concorda com a opinião de tia Vilma. Compare as opiniões dos dois.
·        Tia Vilma: artistas viajam muito, artistas são famosos.
·        Pai de Ritinha: artistas não têm paradeiro, artistas são malfalados.

     Observe que viajar muito é considerado bom por tia Vilma e ruim pelo pai de Ritinha. Ser uma pessoa conhecida é considerado bom por tia Vilma. Já o pai de Ritinha acha que de um artista só se pode falar mal.

a)   O que podemos concluir então sobre a profissão de artista?
Que ela pode ser boa para alguns, mas é ruim para outras.

b)   A conclusão do item a vale para outras profissões?
Sim.

07 – O pai de Ritinha sugere que ela se torne uma dona de casa. Essa sugestão pode ser comparada à sugestão de Dindinha de duas maneiras. Identifique-as:
a)   Em relação ao papel da mulher na sociedade.
Tanto a Dindinha quanto o pai de Ritinha têm opiniões ultrapassadas sobre o papel da mulher na sociedade.

b)   Em relação à opção profissional sugerida.
Assim como a Dindinha não conhece a vida de professora, o pai de Ritinha nunca esteve no papel de dona de casa.

08 – A atitude da mãe de Ritinha é semelhante à atitude de tia Vilma. O que as duas mulheres têm em comum?
      Ambas estão insatisfeitas com suas vidas.

09 – Por que cada personagem oferece um sonho para Ritinha?
      Porque cada uma oferece à menina o seu próprio sonho.

10 – Considerando-se as respostas do exercício 6, responda: Por que o sonho de uma personagem não agrada à outra?
      Porque cada um tem uma maneira diferente de ver a vida.

11 – O título, “Ritinha dos sonhos dos outros”, parece ser coerente com o texto? Justifique sua resposta.
      Sim, pois durante a narrativa cada personagem fala sobre o sonho que tinha para si mesma e que tenta transferir para Ritinha.