quinta-feira, 9 de agosto de 2018

FÁBULA: O GATO, O GALO E O RATINHO - ESOPO - COM GABARITO

Fábula: O gato, o galo e o ratinho 
                 ESOPO


        Um ratinho vivia num buraco com sua mãe. Depois de sair sozinho pela primeira vez, contou a ela:
        -- Mãe, você não imagina os bichos estranhos que encontrei! Um era bonito e delicado, tinha um pelo muito macio e um rabo elegante, um rabo que se movia formando ondas. O outro era um monstro horrível. 

         No alto da cabeça e debaixo do queixo ele tinha pedaços de carne crua, que balançavam quando ele andava. De repente os lados do corpo dele se sacudiram e ele deu um grito apavorante. Fiquei com tanto medo que fugi correndo, bem na hora que ia conversar um pouco com o simpático.
        -- Ah, meu filho! – respondeu a mãe. – Esse seu monstro era uma ave inofensiva; o outro era um gato feroz, que num segundo teria te devorado.

        Moral: Jamais confie nas aparências.
ESOPO. O gato, o galo e o ratinho. In:______. Fábulas de Esopo.
São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1994.
Entendendo a fábula:
01 – A moral adequada a essa fábula é:
A) Jamais confie nas aparências.
B) Quem tudo quer tudo perde.
C) Quem ama o feio, bonito lhe parece.
D) Uma boa ação ganha outra.

02 – Quanto ao gênero, o texto é:
(a) uma fábula    
(b) um conto tradicional 
(c) um conto moderno 
(d) uma carta

03 – No texto há quatro personagens:
(a) rato, gato, mãe rata e o gavião.
(b) Rato, gato, mãe gata e o pássaro.
(c) Rato, mãe rata, gato e o galo.
(d) Rato mãe pata, gato e o pássaro.

04 – As palavras em negrito no texto são sinônimo de:
(a) Medroso, valente e culposo.                  
(b) Valente, meigo e caridosa. 
(c) Medroso, simples e valente.  
(d) Medroso, bondosa e valente.

05 – O moral da história poderia ser:
(a) Jamais engane alguém.  
(b) Jamais confie nas aparências                       
(c) Jamais faça mal alguém.
(d) Jamais seja amigo dos animais.

06 – No trecho: “Um era bonito e delicado, tinha pelo muito macio e um rabo elegante.” As palavras sublinhadas no texto indicam:
(a) verbo                  
(b) adjetivo          
(c) advérbio  
       
07 – No trecho: “Esse seu monstro era uma ave inofensiva; o outro era um gato feroz, que num segundo teria te devorado.” Expressa que:
(a) O monstro não faria mal algum e que o gato seria o animal perigoso.
(b) O monstro seria um animal feroz e o gato um animal dócil.
(c) O monstro não traria medo e o gato também não.
(d) O monstro devoraria e o gato o trataria bem.

08 – “...ele deu um grito apavorante.” A palavra sublinha no trecho está referindo-se
(a) ao gato           
(b) ao rato
(c) a mãe rata              
(d) ao galo.

09 – “--- Ah! Meu filho! – respondeu a mãe.” Os sinais de pontuação que aparecem no trecho são respectivamente
(a) ponto final, travessão e virgula, ponto de interrogação.                 
(b) aspas, travessão, ponto de exclamação, travessão, ponto final e aspas.                                          
(c) travessão, ponto de interrogação, ponto de exclamação e aspas.




CRÔNICA: O LEITOR IDEAL - MÁRIO QUINTANA - COM INTERPRETAÇÃO E GABARITO


Crônica: O leitor ideal

       O leitor ideal para o cronista seria aquele a quem bastasse uma frase.
        Uma frase? Que digo? Uma palavra!
      O cronista escolheria a palavra do dia: “Árvore”, por exemplo, ou “Menina”.
      Escreveria essa palavra bem no meio da página, com espaço em branco para todos os lados, como um campo aberto aos devaneios do leitor.

        Imaginem só uma meninazinha solta no meio da página.
        Sem mais nada.
        Até sem nome.
        Sem cor de vestido nem de olhos.
        Sem se saber para onde ia...
        Que mundo de sugestões e de poesia para o leitor!
        E que cúmulo de arte a crônica! Pois bem sabeis que arte é sugestão...
     E se o leitor nada conseguisse tirar dessa obra-prima, poderia o autor alegar, cavilosamente, que a culpa não era do cronista.
     Mas nem tudo estaria perdido para esse hipotético leitor fracassado, porque ele teria sempre à sua disposição, na página, um considerável espaço em branco para tomar seus apontamentos, fazer os seus cálculos ou a sua fezinha...
        Em todo caso, eu lhe dou de presente, hoje, a palavra “Ventania”. Serve?

                                                          Quintana, Mário. Porta giratória.
                                                            São Paulo, Globo, 1988. p. 83.
Entendendo a crônica:
01 – O texto propõe uma forma aparentemente estranha de se escrever uma crônica. Quais as justificativas apresentadas para essa proposta?
      O autor justifica sua proposta dizendo que haveria espaço para os devaneios do leitor, que encontraria assim um mundo de sugestões e de poesia – e arte é sugestão.

02 – Que tipo de participação deve ter o leitor ideal? Comente, baseando-se nos dados apresentados pelo texto.
      O leitor deve ter disposição e sensibilidade para participar da obra criativa ao aceitar as sugestões oferecidas pelo autor.

03 – O texto nos apresenta pelo menos uma passagem bastante irônica. Aponte-a e comente-a.
      O penúltimo parágrafo é essencialmente irônico. O uso do advérbio cavilosamente, no antepenúltimo parágrafo, também.

04 – Mário Quintana nos ensina a devanear, ou seja, a deixar fluir a imaginação. Faz isso a partir da palavra-crônica menina. Devaneie agora a partir da palavra-crônica ventania. Escreva seu devaneio.
      Deve-se incentivar o aluno ao devaneio: é uma forma de desinibi-lo. Nesse caso, interessante pedir a ele que relacione a palavra ventania com sua vivência.

05 – Escolha quatro palavras para transformar em palavras-crônicas.
      Resposta pessoal do aluno.

06 – É o próprio Mário Quintana quem afirma, numa outra crônica, que “Há palavras verdadeiramente mágicas”. E acrescenta: “O que há de mais assustador nos monstros é a palavra ‘monstro’”. Você compartilha essa opinião? Há tanto poder assim nas palavras?
      Resposta pessoal do aluno.


07 – Na opinião do cronista, quem seria o leitor ideal?
      Seria aquele a quem bastasse uma frase.

08 – Transcreva o trecho em que o cronista faz uma ressalva, ou seja, uma correção no que disse anteriormente.
      Uma frase? Que digo? Uma palavra!

09 – Como o cronista escreveria para esse “leitor ideal”?
      Escreveria essa palavra bem no meio da página, com espaço em branco para todos os lados, como um campo aberto aos devaneios do leitor.

10 – Observe a palavra “devaneios”, no trecho em que ele compara a página com espaço em branco com um “campo aberto aos devaneios do leitor”. O que ele quis dizer com “campo aberto aos devaneios do leitor”?
      Espaço em branco para ser escrito o que o leitor quiser.



TEXTO: COMUNICAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO - JUAN E.DIAZ BORDENAVE - COM GABARITO


Texto: Comunicação e Socialização

        Lembre-se o leitor como se fez gente: sua casa, seu bairro, sua escola, sua patota.
        A comunicação foi o canal pelo qual os padrões de vida de sua cultura foram-lhe transmitidos, pelo qual aprendeu a ser “membro” de sua sociedade – de sua família, de seu grupo de amigos, de sua vizinhança, de sua nação. Foi assim que adotou a sua “cultura”, isto é, os modos de pensamento e de ação, suas crenças e valores, seus hábitos e tabus. Isto não ocorreu por “instrução”, pelo menos antes de ir para a escola: ninguém lhe ensinou propositadamente como está organizada a sociedade e o que pensa e sente a sua cultura. Isto aconteceu indiretamente, pela experiência acumulada de numerosos pequenos eventos, insignificantes em si mesmos, através dos quais travou relações com diversas pessoas e aprendeu naturalmente orientar seu comportamento para o que “convinha”. Tudo isto foi possível graças à comunicação. Não foram os professores na escola que lhe ensinaram sua cultura: foi a comunicação diária com pais, irmãos, amigos, na casa, na rua, nas lojas, nos ônibus, no jogo, no botequim, na igreja, que lhe transmitiu, menino, as qualidades essenciais da sociedade e da natureza do ser social.
        Contrariamente, então, ao que alguns pensam, a comunicação é muito mais que os meios de comunicação social. Estes meios são tão poderosos e importantes na nossa vida atual, que às vezes esquecemos que representam apenas uma mínima parte de nossa comunicação total.
        Alguém fez, uma vez, uma lista dos atos de comunicação que um homem qualquer realiza desde que se levanta pela manhã até a hora de deitar-se no fim do dia. A quantidade de atos de comunicação é simplesmente inacreditável, desde o “bom dia” à sua mulher, acompanhado ou não por um beijo, passando pela leitura do jornal, a decodificação de número e cores do ônibus que o leva ao trabalho, o pagamento ao cobrador, a conversa com o companheiro de banco, os cumprimentos ao colegas no escritório, o trabalho com documentos, recibos, relatórios, as reuniões e a entrevistas, a visita ao banco e as conversas com o seu chefe, os inúmeros telefonemas, o papo durante o almoço, escolha do prato no menu, conversa com os filhos no jantar, o programinha de televisão, o diálogo com sua mulher antes de dormir, e o ato final de comunicação num dia cheio dela: “boa noite”.
        A comunicação confunde-se, assim, com a própria vida. Temos tanta consciência de que comunicamos como de que respiramos ou andamos. Somente percebemos a sua essencial importância quando, por um acidente ou uma doença, perdemos a capacidade de nos comunicar. Pessoas que foram impedidas de se comunicar durante longos períodos enlouqueceram ou ficaram perto da loucura.
        A comunicação é uma necessidade básica da pessoa humana, do homem, do social.
                          BORDENAVE, Juan E. Díaz. O que é comunicação.
                          São Paulo, Nova Cultural/Brasiliense, 1986. p. 17-9.
Entendendo o texto:
01 – Releia atentamente o primeiro parágrafo e responda: qual a relação entre comunicação e cultura?
      A cultura é adquirida por meio da comunicação, numa infindável sequência de pequenos atos comunicativos cotidianos. Destacar que o texto lida com um conceito de cultura amplo: a cultura é entendida como o conjunto dos hábitos, padrões e valores de um grupo social.

02 – O segundo parágrafo nos fala em “meios de comunicação social”. O que você sabe sobre eles?
      Essa expressão se relaciona com os meios de comunicação de massa, aos quais normalmente se remete quando se pensa em comunicação.

03 – O que pensa o autor sobre os meios de comunicação social?
      O autor deixa claro que os meios de comunicação de massa, apesar de poderosos, constituem apenas uma parte mínima da nossa comunicação.

04 – O terceiro parágrafo é constituído por enumeração: uma longa série de atos de comunicação cotidianos nos é apresentada pelo autor. Como podemos relacionar esses atos com os meios de comunicação social do parágrafo anterior?
      Essa enumeração coloca em evidência aquilo que o autor havia declarado no parágrafo anterior: note-se que, nessa lista bastante extensa, a maioria absoluta dos atos de comunicação escapa do circuito dos meios de comunicação de massa, realizando-se nos níveis mais pessoais do cotidiano.

05 – O quarto parágrafo nos coloca uma conclusão sobre o assunto levantado e discutido pelo texto. Qual a frase ou passagem que sintetiza essa conclusão?
      “A comunicação confunde-se, assim, com a própria vida”. Destacar o valor da palavra assim nesse momento conclusivo do texto.

06 – Relendo cuidadosamente as questões anteriores, é possível detectar o percurso seguido pelo autor para atingir sua conclusão no quarto parágrafo. Comente esse percurso.
      O autor principia seu texto relacionando cultura e comunicação; alude aos meios de comunicação social; mostra que a comunicação vai muito além desses meios, sendo parte de cada pequeno ato cotidiano, e se encaminha assim para a conclusão de que a comunicação se confunde com a própria vida, pois é uma necessidade básica do ser humano. O aluno deve opinar sobre a eficiência argumentativa desse percurso.

07 – O último parágrafo sintetiza todo o conteúdo do texto. Reflita sobre o que ele diz e responda: sua experiência de vida comprova essa afirmação? Por quê?
      Incentivar o aluno a relacionar o conteúdo do texto estudado com sua própria vivência. É importante que ele se habitue a justificar suas posições.

08 – Cite três atos de comunicação que você realizou hoje.
      Resposta pessoal do aluno.

09 - Defina, com suas palavras, o “homem social”.
      Resposta pessoal do aluno.

10 – Para você qual a importância da comunicação para a vida em sociedade?
      Resposta pessoal do aluno.


TEXTO: O PENSAMENTO ECOLÓGICO - LAGO, ANTONIO & PÁDUA, JOSÉ AUGUSTO - COM GABARITO


Texto: O pensamento ecológico
            
                 Da Ecologia Natural ao Ecologismo


     Para entender o desenvolvimento do pensamento ecológico e a maneira como ele chegou ao seu atual nível de abrangência, é necessário partir da constatação de que o campo da Ecologia não é um bloco homogêneo e compacto de pensamento. Não é homogêneo porque nele vamos encontrar os mais variados pontos de vista e posições políticas, e não é compacto porque em seu interior existem diferentes áreas de pensamento, dotadas de certa autonomia e voltadas para objetos e preocupações específicas. 
     Podemos dizer que, a grosso modo, existem no atual quadro do pensamento ecológico pelo menos quatro grandes áreas, que poderíamos denominar Ecologia Natural, Ecologia Social, Conservacionismo e Ecologismo. As duas primeiras de caráter mais teórico-científico e as duas últimas voltadas para objetivos mais práticos de atuação social. Essas áreas, cuja existência distinta nem sempre é percebida com suficiente clareza, foram surgindo de maneira informal na medida em que a reflexão ecológica se desenvolvia historicamente, expandindo seu campo de alcance.
        A Ecologia Natural, que foi a primeira a surgir, é a área do pensamento ecológico que se dedica a estudar o funcionamento dos sistemas naturais (florestas, oceanos etc.), procurando entender as leis que regem a dinâmica de vida da natureza. Para estudar essa dinâmica de vida da natureza, a Ecologia Natural, apesar de estar ligada principalmente ao campo da Biologia, se vale de elementos de várias ciências como a Química, a Física, a Geologia etc. A Ecologia Social, por outro lado, nasceu a partir do momento em que a reflexão ecológica deixou de se ocupar do estudo do mundo natural para abarcar também os múltiplos aspectos da relação entre os homens e o meio ambiente, especialmente a forma pela qual a ação humana costuma incidir destrutivamente sobre a natureza.
    Essa área do pensamento ecológico, portanto, se aproxima mais intimamente do campo das ciências sociais e humanas. A terceira grande área do pensamento ecológico – o Conservacionismo – nasceu justamente da percepção da destrutividade ambiental da ação humana. Ela é de natureza mais prática e engloba o conjunto das ideias e estratégias da ação voltadas para a luta a favor da conservação da natureza e da preservação dos recursos naturais. Esse tipo de preocupação deu origem aos inúmeros grupos e entidades que formam o amplo movimento existente hoje em dia em defesa do ambiente natural. Por fim, temos o fenômeno ainda recente, mas cada vez mais importante, do surgimento de uma nova era do pensamento ecológico, denominada Ecologismo, que vem se constituindo como um projeto político de transformação social, calcado em princípios ecológicos e no ideal de uma sociedade não opressiva e comunitária. 
       A ideia central do Ecologismo é de que a resolução da atual crise ecológica não poderá ser concretizada apenas com medidas parciais de conservação ambiental, mas sim através de uma ampla mudança na economia, na cultura e na própria maneira de os homens se relacionarem entre si e com a natureza. Essas ideias têm sido defendidas em alguns países pelos chamados “Partidos Verdes”, cujo crescimento eleitoral, especialmente na Alemanha e na França, tem sido notável.
        Pelo que foi dito acima, podemos perceber que dificilmente uma outra palavra terá uma expansão tão grande no seu uso social quanto a palavra Ecologia. Em pouco mais de um século, ela saiu do campo restrito da Biologia, penetrou no espaço das ciências sociais, passou a denominar um amplo movimento social organizado em torno da questão da proteção ambiental e chegou, por fim, a ser usada para designar toda uma nova corrente política. A rapidez dessa evolução gerou uma razoável confusão aos olhos do grande público, que vê discursos de natureza bastante diversa serem formulados em nome da mesma palavra Ecologia. Que relação pode haver, por exemplo, entre um deputado “verde” na Alemanha, propondo coisas como a liberação sexual e a democratização dos meios de comunicação, e um conservador biólogo americano que se dedica a escrever um trabalho sobre o papel das bactérias na fixação do nitrogênio? Tanto um como o outro, entretanto, se dizem inseridos no campo da Ecologia. A chave para não nos confundirmos diante desse fato está justamente na percepção do amplo universo em que se movimenta o uso da palavra Ecologia.

LAGO, Antônio & PÁDUA, José Augusto, O que é Ecologia,
8. ed. São Paulo: Brasiliense, 1989.
Entendendo o texto:
01 – Com relação à construção do texto, é correto afirmar que:
a)   O primeiro parágrafo introduz o assunto, apresentando-o em linhas gerais;
b)   O segundo parágrafo retoma, cronologicamente, cada um dos temas apenas mencionados no primeiro parágrafo;
c) o fato de as áreas da preocupação ecológica aparecerem citadas no primeiro parágrafo serve como
argumento para afirmação de que o campo da Ecologia é um bloco homogêneo e compacto;
     d) ele não está construído logicamente, não sendo possível o   leitor reconstruir esquematicamente o caminho seguido pelos autores;
     e) N.D.A.

02 – Dentre as afirmativas a seguir, que versam sobre o uso de alguns elementos coesivos do primeiro parágrafo do texto, é incorreto afirmar que:
a)   “Ele” e “seu” (linhas 2 e 3) remetem a “pensamento ecológico”;
b) “Nele” (linha 4) e “seu” (linha 5) se relacionam a “campo da Ecologia” e “bloco homogêneo”, respectivamente;
     c) “As duas primeiras” (linha 9) se relaciona a “Ecologia Natural” e “Ecologia Social”;
     d) “as duas últimas” (linha 9) faz remissividade a “Conservadorismo” e “Ecologismo”;
     e) “Essas áreas” (linha 10) remete a “Ecologia Natural”, “Ecologia Social”, “Conservadorismo” e “Ecologismo”.

03 – Com relação aos elementos intratextuais abaixo destacados, é correto afirmar que:
a)   “Essas ideias (linha 35) faz remissividade a todo o exposto no período imediatamente anterior;
b)   “Acima” (linha 38) remete a todo o exposto anteriormente no texto, ou seja, a todo o exposto nos dois primeiros parágrafos;
c)   “Tanto um como o outro” (linha 48) deve ser preenchido com os termos “deputado verde” e “conservador verde”;
d)   “Ela” (linha 24) é um pronome pessoal do caso reto que deve ser lido como “Conservadorismo”;
e) Todas as alternativas estão corretas.

04 – Com relação aos conectivos conjuntivos abaixo destacados, é incorreto afirmar que:
a)   O “porque” (linha 4) introduz uma oração que estabelece uma relação de causa com a oração “Não é homogêneo”;
b)   O “Para” (linha 1) inicia uma oração que estabelece uma relação de finalidade com aquela a que se subordina;
c)   O “portanto” (linha 22) faz a oração em que está constituir-se uma conclusão ao exposto no período anterior;
d)   O “apesar de” (linha 16) introduz uma oração que estabelece uma relação de concessão com a principal do período em que está;
e)   O “mas” (linha 33) está interposto entre orações de sentidos contraditórios, introduzindo, portanto, uma oração adversativa.

05 – Certos elementos linguísticos contribuem para deixar pressupostos certas informações. Assim sendo, é correto afirmar que:
a)   “Nem sempre” (linha 10-11) permite deduzir que, embora muitos não percebam os limites entre as áreas do pensamento ecológico, há quem as conheça e perceba;
b)   “Apenas” (linha 34) deixa entrever que, para a atual crise ecológica possa ser resolvida, deverão ser tomadas medidas outras, que não só as de conservação ambiental;
c)   “Especialmente” (linha 36) deixa pressupor que o crescimento eleitoral dos Partidos “Verdes” tem ocorrido em outros países, além de na França e Alemanha;
d)   “Principalmente” (linha 16) permite concluir que a Ecologia Natural tem uma ligação íntima com a Biologia e com outras ciências;
e)   Todas são corretas.

06 – Divida o texto em introdução, desenvolvimento e conclusão. Justifique sua divisão.
·        Introdução: primeiro parágrafo.
·        Desenvolvimento: segundo parágrafo.
·        Conclusão: terceiro parágrafo. Em sua justificativa, o aluno deve utilizar os conceitos estudados em classe.

07 – Como se relacionam a introdução e o desenvolvimento? O que há de semelhante e de diferente esses dois momentos do texto?
      A introdução e o desenvolvimento tocam os mesmos pontos (as quatro correntes do pensamento ecológico), mas o desenvolvimento aprofunda gradualmente os dados expostos.

08 – Como se relaciona a conclusão com as outras duas partes do texto? O que ela tem de semelhante e de diferente em relação às outras duas partes do texto?
      Mais uma vez, fala-se das quatro correntes do pensamento ecológico. Na conclusão, no entanto, faz-se um resumo breve do que foi dito até então, acrescentando-se um dado novo: a afirmação de que o uso da palavra ecologia ocorre num amplo universo.

09 – Qual a orientação adotada pelos autores para expor as quatro grandes áreas do pensamento ecológico? Em que parte do texto essa orientação foi explicitada?
      Eles as relacionam duas a duas, a partir de algumas afinidades: as de caráter mais teórico-científico e as voltadas para objetivos mais práticos da atuação social. Essa orientação foi explicitada na introdução.

10 – Esquematize o texto, respeitando a divisão em parágrafos feita pelos autores.
      1° parágrafo: Ecologia não é um campo homogêneo: quatro correntes, duas a duas.
      2° parágrafo: desenvolvimento de cada uma das quatro correntes, mantendo-se o agrupamento por pares: Ecologia Natural e Ecologia Social; Conservacionismo e Ecologismo.
      3° parágrafo: Ecologia, palavra de amplo uso social (breve resumo do que foi exposto anteriormente) e reafirmação do amplo espectro de significação da palavra Ecologia.

11 – “Constituído habitualmente por um ou dois períodos curtos iniciais, o tópico frasal encerra de modo geral e conciso a ideia-núcleo do parágrafo.” Indique e comente os tópicos frasais presentes no texto.
      O primeiro e o terceiro parágrafos têm tópicos frasais: em ambos os casos, é o primeiro período. Esses tópicos frasais têm valor semelhante ao da introdução do texto: organizam o parágrafo, indicando-lhe a ordenação. O segundo parágrafo prescinde de tópico frasal porque o primeiro cumpre esse papel organizador.

12 – É possível captar a posição dos autores diante do que apresentam? Comente.
      O posicionamento dos autores se manifesta na própria disposição do assunto: tem-se a nítida impressão de que o Ecologismo é o grau mais adiantado do pensamento ecológico. Além disso, expressões aparentemente impessoais, como “tem sido notável”, “dificilmente”, “tão grande”, têm na verdade caráter avaliativo.

13 – Você julga o texto que acaba de ler bem-sucedido? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno. O aluno deve valer-se do instrumental disponível (conceitos de repetição, progressão, não-contradição e relação) para comentar o texto.

14 – O que você sabe sobre a luta dos grupos ecológicos no Brasil?
       Resposta pessoal do aluno.



CONTO: O RECITAL - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

Conto: O recital
                 
 Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUOmTHkw78bDFuehD9nf-KRDLm_rkSlcDqBt0rrIZbfU4y14UZbiCh6xKDhGmTldka6T0hUxZEvuuk9SiEOXnuqURYC_wEwXOYSES0-n0eIWO0kj4b62jRXc7hiTgfBEPkd7FQip_2OYI/s320/RECITAL.jpg
            
 Luís Fernando Veríssimo

        Uma boa maneira de começar um conto é imaginar uma situação rigidamente formal — digamos, um recital de quarteto de cordas — e depois começar a desfiá-la, como um pulôver velho. Então vejamos. Um recital de quarteto de cordas.
        O quarteto entra no palco sob educados aplausos da seleta plateia. São três homens e uma mulher.  A mulher, que é jovem e bonita, toca viola. Veste um longo vestido preto. Os três homens estão de fraque.  Tomam os seus lugares atrás das partituras. Da esquerda para a direita: um violino, outro violino, a viola e o violoncelo. Deixa ver se não esqueci nenhum detalhe. O violoncelista tem um grande bigode ruivo. Isto pode se revelar importante mais tarde, no conto. Ou não.
        Os quatro afinam seus instrumentos. Depois, silêncio. Aquela expectativa nervosa que precede o início de qualquer concerto. As últimas tossidas da plateia. O primeiro violinista consulta seus pares com um olhar discreto. Estão todos prontos, o violinista coloca o instrumento sob o queixo e posiciona seu arco. Vai começar o recital. Nisso…
        Nisso, o quê? Qual a coisa mais insólita que pode acontecer num recital de um quarteto de cordas? Passar uma manada de zebus pelo palco, por trás deles? Não. Uma manada de zebus passa, parte da plateia pula das suas poltronas e procura as saídas em pânico, outra parte fica paralisada e perplexa, mas depois tudo volta ao normal. O quarteto, que manteve-se firme em seu lugar até o último zebu — são profissionais e, mesmo, aquilo não pode estar acontecendo — começa a tocar. Nenhuma explicação é pedida ou oferecida. Segue o Mozart.
        Não. É preciso instalar-se no acontecimento, como a semente da confusão, uma pequena incongruência.  Algo que crie apenas um mal-estar, de início e chegue lentamente, em etapas sucessivas, ao caos. Um morcego que posa na cabeça do segundo violinista durante um pizzicato. Não. Melhor ainda. Entra no palco um homem carregando uma tuba.
        Há um murmúrio na plateia. O que é aquilo? O homem entra, com sua tuba, dos bastidores. Posta-se ao lado do violoncelista. O primeiro violinista, retesado como um mergulhador que subitamente descobriu que não tem água na piscina, olha para a tuba entre fascinado e horrorizado. O que é aquilo? Depois de alguns instantes em que a tensão no ar é como a corda de um violino esticada ao máximo, o primeiro violinista fala:
        — Por favor…
        — O quê? — diz o homem da tuba, já na defensiva. — Vai dizer que eu não posso ficar aqui?
        — O que o senhor quer?
        — Quero tocar, ora. Podem começar que eu acompanho.
        Alguns risos na plateia. Ruídos de impaciência. Ninguém nota que o violoncelista olhou para trás e quando deu com o tocador de tuba virou o rosto em seguida, como se quisesse se esconder. O primeiro violinista continua:
        — Retire-se, por favor.
        — Por quê? Quero tocar também.
        O primeiro violinista olha nervosamente para a plateia. Nunca em toda a sua carreira como líder do quarteto teve que enfrentar algo parecido. Uma vez um mosquito entrou na sua narina durante uma passagem de Vivaldi.   Mas nunca uma tuba.
        — Por favor. Isto é um recital para quarteto de cordas. Vamos tocar Mozart.  Não tem nenhuma parte para a tuba.
        — Eu improviso alguma coisa. Vocês começam e eu faço o um-pá-pá.
        Mais risos na plateia. Expressões de escândalo. De onde surgiu aquele homem com uma tuba? Ele nem está de fraque. Segundo algumas versões veste uma camisa do Vasco. Usa chinelos de dedo. A violista sente-se mal.   O violinista ameaça chamar alguém dos bastidores para retirar o tocador de tuba a força. Mas ele aproxima o bocal do seu instrumento dos lábios e ameaça:
        — Se alguém se aproximar de mim eu toco pof!
        A perspectiva de se ouvir um pof naquele recinto paralisa a todos.
        — Está bem — diz o primeiro violinista. — Vamos conversar.  Você, obviamente, entrou no lugar errado.   Isto é um recital de cordas. Estamos nos preparando para tocar Mozart. Mozart não tem um-pá-pá.
        — Mozart não sabe o que está perdendo — diz o tocador de tuba, rindo para a plateia e tentando conquistar a sua simpatia.
        Não consegue. O ambiente é hostil. O tocador de tuba muda de tom. Torna-se ameaçador:
        — Está bem, seus elitistas. Acabou. Onde é que vocês pensam que estão, no século XVIII? Já houve 17 revoluções populares depois de Mozart. Vou confiscar estas partituras em nome do povo. Vocês todos serão interrogados. Um a um, pá-pá.
        Torna-se suplicante:
        — Por favor, só o que eu quero é tocar um pouco também. Eu sou humilde. Não pude estudar instrumento de cordas. Eu mesmo fiz esta tuba, de um Volkswagen velho. Deixa…
        Num tom sedutor, para a violista:
        — Eu represento os seus sonhos secretos. Sou um produto da sua imaginação lúbrica, confessa. Durante o Mozart, neste quarteto anti-séptico, é em mim que você pensa. Na minha barriga e na minha tuba fálica. Você quer ser violada por mim num alegro assai, confessa…
        Finalmente, desafiador, para o violoncelista:
        — Esse bigode ruivo. Estou reconhecendo. É o mesmo bigode que eu usava em 1968. Devolve!
        O tocador de tuba e o violoncelista atracam-se. Os outros membros do quarteto entram na briga. A plateia agora grita e pula. É o caos! Simbolizando, talvez, a falência final de todo o sistema de valores que teve início com o iluminismo europeu ou o triunfo do instinto sobre a razão ou ainda, uma pane mental do autor. Sobre o palco, um dos resultados da briga é que agora quem está com o bigode ruivo é a violista. Vendo-a assim, o tocador de tuba para de morder a perna do segundo violinista, abre os braços e grita: “Mamãe!”
        Nisso, entra no palco uma manada de zebus.
                                  Verissimo, Luís Fernando. O analista de Bagé.
                                          São Paulo, Círculo do Livro, s/d. p. 59-61.
Entendendo o conto:
01 – O narrador se coloca no texto, assumindo o papel de emissor da mensagem e mostrando ao leitor vários de seus procedimentos e dúvidas. Releia atentamente essas passagens e responda: O texto é fruto de intenções? A tessitura obtida é premeditada?
      As intervenções do narrador demonstram que ele estrutura conscientemente seu texto, buscando obter efeitos premeditados (humor, suspense, surpresa) sobre o leitor.

02 – “Isto pode se revelar importante mais tarde, no conto. Ou não. (Segundo parágrafo):
a)   Qual elemento é retomado pelo pronome isto?
O fato de o violoncelista ter um grande bigode ruivo.

b)   Comente a importância desse elemento em duas passagens posteriores: depois do primeiro diálogo entre o homem da tuba e o líder do quarteto e antes da confusão que antecede a entrada dos zebus.
O violoncelista, ao ver o homem de tuba, procura esconder-se. Isso demonstra a existência de algum tipo de contato anterior entre eles. Ao ver o bigode ruivo, o homem de tuba o reconhece e nos fornece uma informação: Ele, homem de tuba, usava esse bigode em 1968 – ano particularmente sugestivo em virtude dos fatos históricos nacionais e internacionais que então ocorreram.

03 – “Nisso...” (Terceiro parágrafo) O que prepara essa palavra? Você, leitor, o que passa a esperar que a lê? E o narrador-emissor, que faz depois de enuncia-la?
      A palavra nisso prepara o leitor para o surgimento de algum fato capaz de provocar o desencadeamento da ação. Como será visto mais tarde, essa palavra prepara a complicação do texto narrativo.

04 – O quarto parágrafo parece ser uma digressão, ou seja, um momento em que o texto foge ao tema principal. Depois da leitura do texto inteiro, essa impressão continua? Qual a importância real desse parágrafo para a estrutura do texto?
      É nesse quarto parágrafo que se introduz a manada de zebus que será fundamental no encerramento caótico da história. Mais uma vez, salta aos olhos a inter-relação entre as partes do texto. Deve-se chamar a atenção do aluno para o aparente desinteresse do narrador nessa passagem, que mascara sua real importância.

05 – O quinto parágrafo nos mostra como deve ser o desenvolvimento de um conto. Relacione o que se diz nesse parágrafo com a série de acontecimentos que o seguem.
      Nesse parágrafo, o narrador tece considerações sobre o momento narrativo da complicação. É evidente a relação entre esse parágrafo e toda a série de acontecimentos desencadeados pela chegada do tocador de tuba.

06 – Aponte, no penúltimo parágrafo, o momento em que o texto avalia aquilo que está sendo narrado. Que tipo de linguagem é então utilizado?
      De “É o caos!” até “... pane mental do autor”. A linguagem utilizada é intelectualizada, típica de críticos de arte, sociólogos, psicólogos.

07 – O desfecho do texto é surpreendente? Relacione esse desfecho com o que é dito no quarto e o quinto parágrafos. Não deixe de observar o que o narrador-emissor havia definido sobre a manada de zebus.
      O desfecho foi finamente arquitetado pelo autor, que, no quarto parágrafo, numa aparente digressão, aludiu pela primeira vez à manada de zebus, e no quinto parágrafo fingiu descarta-la. O texto é, portanto, exemplar para discutir o conceito de coesão textual, reforçando a ideia de que as partes têm de se relacionar mutuamente na textura textual.

08 – O texto nos apresenta um universo em que muitas coisas se mostram diferentes do que determina a lógica do cotidiano. Pensando nisso, comente:
a)   O valor do argumento colocado pelo homem da tuba (18° parágrafo) para evitar a aproximação de quem o quisesse retirar de cena.
A ameaça só pode ser “ameaçadora” num conto em que os despropósitos são apresentados com toda a naturalidade.

b)   A linguagem utilizado pelo homem da tuba na sequência em que se torna ameaçador, suplicante e sedutor (do 23° ao 27° parágrafo).
Ele se mostra altamente intelectualizado, ao contrário do que fariam supor seus trajes e seu comportamento até então. O fato de que usava um bigode ruivo em 68 pode explicar essa nova “personalidade”.

c)   A ambiguidade da passagem “Mas nunca uma tuba” no 14° parágrafo, em que o primeiro violinista se recorda de situações difíceis anteriores.
Há contradição no texto?
Uma tuba nunca entrou no nariz? Ou no palco? O texto não é contraditório porque estabelece um universo regido por regras diferentes daquelas do cotidiano real.

09 – De que forma você utilizaria o texto “O recital” para provar a tese de que um texto é um todo estruturado e não uma mera justaposição de partes desconexas?
      Resposta pessoal do aluno. Deve-se leva-lo a analisar o fino trabalho de construção do texto, evidenciado pelas inúmeras relações de sentido analisadas durante o questionário.