sábado, 21 de julho de 2018

POEMA: TREM DE FERRO - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

Poema: Trem de Ferro
                                  Manuel Bandeira

Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isto maquinista?

Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força

Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!

Oô...
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá

Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no Sertão
Sou de Ouricuri
Oô...

Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...

Bandeira, Manuel 1886 - 1968.Antologia Poética.
Rio de Janeiro: J. Olympo, 1976, 8. ed. , p. 96.
Entendendo o poema:
01 – Você gostou do poema? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

02 – Os versos do poema lido são, na maioria, longos ou curtos? Em sua opinião, há uma razão para essa escolha? Em caso afirmativo, qual seria ela?
      Os versos do poema são, na maioria, curtos. Os versos curtos dão ritmo rápido ao poema, aludindo ao movimento do trem.

03 – Vamos reler um trecho do poema:
        “Café com pão
         Café com pão
         Café com pão
         (...)
         Muita força
         Muita força
         Muita força
         (...)
         Pouca gente
         Pouca gente
         Pouca gente...”

Agora responda as questões abaixo:
a)   Que impressão a repetição dos versos pode causar no leitor?
A repetição desses versos lembra o barulho produzido por um trem com locomotiva a vapor.

b)   Em sua opinião, a repetição dos versos da primeira estrofe dá ao leitor a impressão de que o trem está andando rápido ou devagar?
Devagar. A alternância entre sílabas tônicas e átonas e as vogais nasais dão ao leitor a impressão de que o trem está se locomovendo devagar.

04 – Volte ao poema e encontre a estrofe que sugere o som do apito do trem. Copie-o.
      “Virge Maria que foi isto maquinista?”, sugere o som do apito do trem quando ele está saindo, isto é, o apito inicial que tem o som mais longo que os emitidos quando o trem já está em curso.

05 – No poema, há alguém que fala. Quem você imagina que seja? Explique o que você observou para responder.
      Por meio dos versos: “Virge Maria que foi isto maquinista? / Ai seu foguista / Bota fogo / Na fornalha / Que eu preciso / Muita força.”, que quem fala é o próprio trem de ferro.
      Os versos: “Vou depressa / Vou correndo / Vou na toda / Que só levo / Pouca gente / Pouca gente / Pouca gente...”, também revela a fala do trem.

06 – Como é o trem de que o poema trata: a vapor ou elétrico? Explique como você descobriu.
      A vapor. É possível descobrir por meio dos versos: “Voa fumaça / Corre, cerca / Ai seu foguista / Bota fogo / Na fornalha / Que eu preciso / Muita força / Muita força.”

07 – Em sua opinião, o que significa a expressão “Oô...”?
      Resposta pessoal do aluno. Provavelmente o som do apito do trem em curso, avisando que está passando.

08 – Releia o seguinte trecho do texto:
        “Passa ponte
         Passa poste
         Passa pasto
         Passa boi
         Passa boiada
         Passa galho
         De ingazeira
         Debruçada
         No riacho.”

Você acha que a repetição da palavra passa no começo dos versos sugere que o trem está andando rápido ou devagar?
      O ritmo desses versos, a repetição do som de s e a sequência de elementos (ponte, poste, pasto, boi...) dão a ideia de que o trem está passando por eles rapidamente.

09 – No poema, aparecem algumas palavras, como:
        VIRGE   -   PRENDERO   -   CANAVIÁ
Encontre no texto outros exemplos como esses. Em seguida, anote a opção que, em sua opinião, está correta.
Possibilidades: oficiá – me dá – pra – matá – mimbora.

a)   Esse tipo de linguagem é aquela usada em livros, jornais, revistas, júris, vários programas de tevê, etc.
b)   Esse tipo de linguagem é aquela falada em certas regiões do país, por alguns grupos de pessoas.

10 – Volte ao poema e observe a maneira como ele foi pontuado. Depois, conclua se a pontuação é mais livre, informal ou mais rígida, formal.
      De acordo com o texto, a pontuação é mais livre, informal.

11 – Agora explique com suas palavras o que você entendeu do poema. Comente também se você gostou ou não dele e por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

12 – A terceira estrofe indica que o trem adquiriu maior velocidade. Que palavras desta estrofe têm a função de mostrar o aumento da velocidade?
      “Agora sim”, “voa”, “corre”.

13 – Observe o verso “Corre, cerca”. Explique como a cerca, que é elemento sem vida, pode correr.
      A ilusão de que a cerca corre é dada pelo movimento do trem.

14 – Na quarta estrofe, há dois versos iniciados com a palavra “foge” e seis com a palavra “passa”. A repetição destes verbos e o significado deles indicam que velocidade para o trem no trecho em questão?
      A repetição indica que o trem se movimenta numa velocidade bem maior, espantando animais e gente que encontra pelo caminho e deixando rapidamente para trás os pontos do seu trajeto.

15 – O ritmo do poema acompanha o ritmo do trem. Releia a 5ª estrofe e verifique: a velocidade do trem é maior ou menor do que no restante do poema? Qual a causa da mudança?
      Sua velocidade é menor. A causa é travessia de um canavial, onde ele se sente preso.

16 – Na 5ª estrofe o trem está preso num canavial e cada pé de cana lhe parece um oficial, isto é, um soldado. Quais as semelhanças entre o pé de cana e o oficial que permitem a Manuel Bandeira fazer essa comparação?
      Os pés de cana estão enfileirados, como soldados; a cor verde da cana é semelhante à cor da farda dos soldados.

17 – Quem é o eu que fala no poema? Qual o dialeto usado por ele? Que marcas linguísticas desse dialeto aparecem no texto?
      O eu que fala no poema é o trem de ferro. Ele usa o dialeto popular.
      Algumas marcas linguísticas desse dialeto: a supressão da letra final de palavras como “Virge”, “prendero”, “canaviá”, “oficiá”, “mata”, a anteposição do pronome oblíquo ao verbo em início de frase (“me dá tua boca”); a junção do pronome átono e palavra iniciada por vogal (“mimbora”); o uso de gíria (“vou na toda”).







LENDA: SACI-PURURUCA - TELMA GUIMARÃES CASTRO ANDRADE - COM GABARITO

Lenda: Saci – Pururuca


        Pururuca tem um pouco mais de 7 anos. Pra falar a verdade, tem 7 anos, 5 meses e 18 dias. Ele mora num sítio, e a escola dica bem longe. Assim que levanta, galo cocorocando até ficar rouco, Pururuca se troca, toma café e põe a botina no pé. Tem dia em que vai no lombo da égua, tem dia em que vai a pé pelas picadas da mata.
        O pai, seu Francisco, vivia falando pro filho:
        -- Dê conversa fiada pra saci, não, filho. Quando na hora de atravessar a mata encontrar rapazinho de um pé só, carapuça vermelha e cachimbo na boca, vá logo passando reto.
        A mãe, dona Jussara, fazia a mesminha coisa:
        -- Se ele pedir fumo e ensinar o caminho errado, cê não dá trela, não dá confiança. Sabe que uma vez o saci entrou aqui e revirou tudinho? Cê ainda era bem pequeno!
        Pururuca dava risada dessas histórias que só vendo. E ouvindo. Mas seus amigos, os que moravam na cidade, nem davam bola.
        Ah, mas ele acreditava em tudo. E queria porque queria muito encontrar esse saci, cara a cara, olho no olho.
        Foi aí que, numa bela tarde, teve uma ideia! Na quinta-feira, ia pedir a égua emprestada pro pai. Coisa que mais gostava era de ir à escola montado na Gerdelinda. As meninas ficavam tudo gostando! Ia levar carvão, gorro, calção vermelho, cachimbo e fumo do pai.
        “Esse saci vai ter de aparecer!”, riu da brincadeira que ia aprontar com o tal do saci.
        Pois foi na quinta, quando voltava da escola, que Pururuca tomou o caminho da mata. Procurou uma clareira, tirou a roupa, passou o carvão pelo corpo, vestiu o calção, enfiou o gorro vermelho na cabeça, encheu o cachimbo de fumo, colocou a roupa e os cadernos na sacola e a sacola no lombo da Gerdelinda, que não estava entendendo nada mesmo.
        Pururuca amarrou a égua numa árvore e sentou numa pedra, fazendo cara de quem estava um tempão ali pensando na vida... Pensando em aprontar, isso sim!
        Não demorou muito e foi logo ouvindo um barulho. Barulho de quem pula... num pé só!
        “É ele!”, pensou.
        E era.
        -- Moleque tá perdido? – perguntou o perna-só.
        Pururuca quase caiu da pedra. Era ele: gorro vermelho, cachimbo, tóim, tóim, a pular, dando risada.
        -- Moleque tá perdido? – O saci repetiu, dando uma risadinha.
        -- E saci lá se perde, primo?
        -- Primo, que primo? – o saci verdadeiro estranhou.
        -- Sou seu primo, o Saci-Pururuca! – o danado mentiu com a maior cara lavada, enxaguada e torcida.
        -- Saci-Pururuca! ... – Saci-Pererê fez uma pausa. – Nem nunca ouvi falar. Conheço todos os meus primos sacis. Nenhum deles usa calção e tem duas pernas... – apontou para Pururuca.
        -- De vez em quando dou um pulo até a cidade... Lá não se pode andar sem roupa. – Pururuca começou a inventação. – A outra perna eu ganhei num programa de televisão. Ficou bem mais fácil entrar nas casas de noite, bagunçar pra caramba, encontrar gente perdida na rua e ensinar caminho errado – finalizou.
        -- E a égua? Pra que precisa dela? – Pererê estranhou. – Saci é mais ligeiro que onça apressada!
        -- É uma mula, isso sim. E encantada! – Pururuca inventou. – É prima da mula-sem-cabeça. Ela ajuda na bagunça das casas, não sabe?
        -- Essa é boa, Pururê!
        -- Pururuca – corrigiu o saci que não era saci.
        -- Já que a coisa tá em família, te faço um convite. Eu tô indo pruma reunião de sacis. Quer conhecer a parentada? – Pererê convidou com jeito maroto.
        -- Vam’bora! – Pururuca se animou, apesar de nem saber que existiam muitos sacis mata adentro.
        (...)
                                        Telma Guimarães Castro Andrade. Saci-Pururuca.
                                                                                         São Paulo. Atual, 1998.
Entendendo a lenda:
01 – Quem são os personagens dessa história?
      Os personagens são Pururuca, Francisco, Jussara e Saci-Pererê. Podendo ser considerado os alunos e Gerdelinda.

02 – Qual deles é o principal? O que você observou para identifica-lo?
      O personagem principal da história é Pururuca, pois os acontecimentos giram em torno dele.

03 – De qual dos personagens você mais gostou? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Os acontecimentos de uma história podem ocorrer em um ou mais de um lugar. Onde se passaram os acontecimentos dessa história?
      No sítio (casa de Pururuca) e na mata.

05 – A que horas provavelmente Pururuca acorda? Explique o que você observou para responder.
        Provavelmente, Pururuca acorda bem cedo, pois o galo está cantando. Além disso precisa se arrumar para ir à escola e percorrer o longo caminho de sua casa até a escola.

06 – Vamos reler um trecho do texto: “Pururuca quase caiu da pedra. Era ele: gorro vermelho, cachimbo, tóim, tóim, a pular, dando risada.”
Que barulho a expressão tóim, tóim está representando?
      Está representando o barulho produzido pelos pulos do saci.

07 – No texto, ocorre um diálogo, isto é, uma conversa entre os personagens. Como é possível saber disso?
      É possível saber por meio do sinal de travessão e também pelo contexto.

08 – Qual foi o principal acontecimento da história? Copie em seu caderno a opção correta.
·        A ida de Pururuca à escola, montado na égua Gerdelinda.
·        O encontro de Pururuca com Saci-Pererê.

09 – Leia o trecho abaixo:
        “Pururuca começou a inventação.”
Agora, procure no dicionário a palavra inventação. Você conseguiu encontrá-la? Por que você acha que isso ocorreu?
      O aluno não encontrará a palavra indicada no dicionário, pois a autora do texto criou, inventou, a palavra inventação.

10 – Por que você imagina que Pururuca queria conhecer o saci pessoalmente?
      Resposta pessoal do aluno. Possivelmente, por curiosidade, pois seus pais falavam bastante sobre esse ser folclórico. Além disso, pelo fato de seus amigos da cidade não acreditarem na existência do Saci-Pererê.

11 – De que maneira você acha que aconteceu o encontro de Pururuca com o Saci-Pererê?
      Resposta pessoal do aluno. Ao voltar da escola, Pururuca tomou o caminho da mata, disfarçou-se de saci, sentou-se numa pedra e ficou aguardando o Saci-Pererê.

12 – Pererê, com jeito maroto, convidou Pururuca para visitar os outros sacis. Pra você, o que será que ele estava tramando?
      Resposta pessoal do aluno.
     


CONTO PARA SÉRIES INICIAIS: OS RATINHOS BAGUNCEIROS - COM GABARITO

Conto: Os Ratinhos bagunceiros

        Ted e Tod, os ratinhos, eram uns malcriados.
        No quarto maior, onde papai e mamãe tentavam colocá-los na cama, eles faziam uma algazarra sem tamanho. Foi quando passou a fada camundonga.
        Ela depositou um pouco de pó de sono no travesseiro de cada um. Rapidamente, as pálpebras ficaram pesadas, e os irmãozinhos adormeceram calmamente.
        Ted e Tod tiveram lindos sonhos.
                                                                  Publicado por Acessaber.
Entendendo o conto:
01 – Qual é o título do texto?
      O título do texto é “os ratinhos bagunceiros”.

02 – Quais são os personagens do texto?
      Os personagens são Ted, Tod, papai, mamãe e a fada camundonga.

03 – Quantos parágrafos há no texto?
      O texto tem 4 parágrafos.

04 – Como eram os irmãos?
      Os irmãos eram malcriados.

05 – Por que a fadinha colocou pó de sono no travesseiro de cada um?
      Ela colocou pó do sono pois quando papai e mamãe tentava colocá-los na cama eles faziam a maior algazarra.



CONTO PARA SÉRIES INICIAIS: ORELHINHA - GRAÇA RAMOS - COM GABARITO

Conto: Orelhinha

      Olhe o orelhinha! ele á um dos filhotes da mamãe coelha.
        Ele tem esse nome porque sua orelha é menor que as orelhas do seu irmão malhado.
        Orelhinha gosta muito de dormir. Mamãe coelha sempre arruma a caminha dele em um cestinho, ela coloca palha de milho e bastante jornal velho, até a caminha ficar bem fofinha.
        Orelhinha gosta muito e dorme bastante, no meio da palha.
        Mamãe coelho fica feliz ao ver seu filhote dormindo tão tranquilamente.
                                                                                      Graça Ramos.
Entendendo o conto:
01 – Qual é o título do texto?
      Orelhinha.

02 – Pinte no texto as palavras formadas por lh.
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Quais são os personagens principais do texto?
      Os personagens do texto são a mamãe coelho, orelhinha e seu irmão malhado.

04 – Quem é orelhinha?
      Orelhinha é um filhote de coelho, filho da mamãe coelha e irmão do coelho malhado.

05 – O que orelhinha mais gosta de fazer?
      Orelhinha gosta muito de dormir.

06 – Como a mamãe coelho arruma a cama de orelhinha?
      Ela arruma a cama dele em um cestinho com palha de milho e jornal velho, para ficar fofinha.

07 – Por que a mamãe deu a seu filhote o nome de orelhinha?
      Ele se chama orelhinha porque suas orelhas são menores do que as do seu irmão.

08 - Para que serve a palha e o jornal?
      Serve para deixar a cama fofinha. 

09 - Quantos parágrafos há no texto?
      No texto existem 5 parágrafos

CRÔNICA: FIM DE FEIRA - JOSÉ RUBINATO - COM GABARITO

   CRÔNICA: Fim de Feira
                        José Rubinato

    Quando os feirantes já se dispõem a desarmar as barracas, começam a chegar os que querem pagar pouco pelo que restou nas bancadas, ou mesmo nada, pelo que ameaça estragar. Chegam com suas sacolas cheias de esperança. Alguns não perdem tempo e passam a recolher o que está pelo chão: um mamãozinho amolecido, umas folhas de couve amarelas, a metade de um abacaxi, que serviu de chamariz para os fregueses compradores. Há uns que se aventuram até mesmo nas cercanias da barraca de pescados, onde pode haver alguma suspeita sardinha oculta entre jornais, ou uma ponta de cação obviamente desprezada.
        Há feirantes que facilitam o trabalho dessas pessoas: oferecem-lhes o que, de qualquer modo, eles iriam jogar fora. 
        Mas outros parecem ciumentos do teimoso aproveitamento dos refugos, e chegam a recolhê-los para não os verem coletados. Agem para salvaguardar não o lucro possível, mas o princípio mesmo do comércio. Parecem temer que a fome seja debelada sem que alguém pague por isso. E não admitem ser acusados de egoístas: somos comerciantes, não assistentes sociais, alegam.
        Finda a feira, esvaziada a rua, chega o caminhão da limpeza e os funcionários da prefeitura varrem e lavam tudo, entre risos e gritos. O trânsito é liberado, os carros atravancam a rua e, não fosse o persistente cheiro de peixe, a ninguém ocorreria que ali houve uma feira, frequentada por tão diversas espécies de seres humanos. 
                                                                      (Joel Rubinato, inédito)

Entendendo o texto:
01 – Nas frases parecem ciumentos do teimoso aproveitamento dos refugos e não admitem ser acusados de egoístas, o narrador do texto
(A) mostra-se imparcial diante de atitudes opostas dos feirantes.
(B) revela uma perspectiva crítica diante da atitude de certos feirantes.
(C) demonstra não reconhecer qualquer proveito nesse tipo de coleta.
(D) assume-se como um cronista a quem não cabe emitir julgamentos.
(E) insinua sua indignação contra o lucro excessivo dos feirantes.

02 – Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o sentido de um segmento do texto em:
(A) serviu de chamariz =  respondeu ao chamado.
(B) alguma suspeita sardinha = possivelmente uma sardinha.
(C) teimoso aproveitamento =  persistente utilização.
(D) o princípio mesmo do comércio =  preâmbulo da operação comercial.
(E) Agem para salvaguardar =  relutam em admitir.

03 – Atente para as afirmações abaixo.
I. Os riscos do consumo de uma sardinha suspeita ou da ponta de um cação que foi desprezada justificam o emprego de se aventuram, no primeiro parágrafo.
II. O emprego de alegam, no segundo parágrafo, deixa entrever que o autor não compactua com a justificativa dos feirantes.
III. No último parágrafo, o autor faz ver que o fim da feira traz a superação de tudo o que determina a existência de diversas espécies de seres humanos.
Em relação ao texto, é correto o que se afirma APENAS em:
(A) I. 
(B) II.
(C) III. 
(D) I e II.
(E) II e III.

04 – Está INCORRETA a seguinte afirmação sobre um recurso de construção do texto: no contexto do
(A) primeiro parágrafo, a forma ou mesmo nada faz subentender a expressão verbal querem pagar.
(B) primeiro parágrafo, a expressão fregueses compradores faz subentender a existência de “fregueses” que não compram nada.
(C) segundo parágrafo, a expressão de qualquer modo está empregada com o sentido de toda maneira.
(D) segundo parágrafo, a expressão para salvaguardar está empregada com o sentido de a fim de resguardar.
(E) terceiro parágrafo, a expressão não fosse tem sentido equivalente ao de mesmo não sendo.

05 – O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se no plural para preencher de modo correto a lacuna da frase:
(A) Frutas e verduras, mesmo quando desprezadas, não ...... (deixar) de as recolher quem não pode pagar pelas boas e bonitas.
(B) ......-se (dever) aos ruidosos funcionários da limpeza pública a providência que fará esquecer que ali funcionou uma feira.
(C) Não ...... (aludir) aos feirantes mais generosos, que oferecem as sobras de seus produtos, a observação do autor sobre o egoísmo humano.
(D) A pouca gente ...... (deixar) de sensibilizar os penosos detalhes da coleta, a que o narrador deu ênfase em seu texto.
(E) Não ...... (caber) aos leitores, por força do texto, criticar o lucro razoável de alguns feirantes, mas sim, a inaceitável impiedade de outros.

06 – A supressão da vírgula altera o sentido da seguinte frase:
(A) Fica-se indignado com os feirantes, que não compreendem a carência dos mais pobres.
(B) No texto, ocorre uma descrição o mais fiel possível da tradicional coleta de um fim de feira.
(C) A todo momento, dá-se o triste espetáculo de pobreza centralizado nessa narrativa.
(D) Certamente, o leitor não deixará de observar a preocupação do autor em distinguir os diferentes caracteres humanos.
(E) Em qualquer lugar onde ocorra uma feira, ocorrerá também a humilde coleta de que trata a crônica.



TEXTO: SOBRE ÉTICA - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


Texto: Sobre Ética

        A palavra Ética é empregada nos meios acadêmicos em três acepções. Numa, faz-se referência a teorias que têm como objeto de estudo o comportamento moral, ou seja, como entende Adolfo Sanchez Vasquez, “a teoria que pretende explicar a natureza, fundamentos e condições da moral, relacionando-a com necessidades sociais humanas.” Teríamos, assim, nessa acepção, o entendimento de que o fenômeno moral pode ser estudado racional e cientificamente por uma disciplina que se propõe a descrever as normas morais ou mesmo, com o auxílio de outras ciências, ser capaz de explicar valorações comportamentais.
        Um segundo emprego dessa palavra é considerá-la uma categoria filosófica e mesmo parte da Filosofia, da qual se constituiria em núcleo especulativo e reflexivo sobre a complexa fenomenologia da moral na convivência humana. A Ética, como parte da Filosofia, teria por objeto refletir sobre os fundamentos da moral na busca de explicação dos fatos morais.
        Numa terceira acepção, a Ética já não é entendida como objeto descritível de uma Ciência, tampouco como fenômeno especulativo. Trata-se agora da conduta esperada pela aplicação de regras morais no comportamento social, o que se pode resumir como qualificação do comportamento do homem como ser em situação. É esse caráter normativo de Ética que a colocará em íntima conexão com o Direito. Nesta visão, os valores morais dariam o balizamento do agir e a Ética seria assim a moral em realização, pelo reconhecimento do outro como ser de direito, especialmente de dignidade. Como se vê, a compreensão do fenômeno Ética não mais surgiria metodologicamente dos resultados de uma descrição ou reflexão, mas sim, objetivamente, de um agir, de um comportamento consequencial, capaz de tornar possível e correta a convivência.

                                          Adaptado do site Doutrina Jus Navigandi.

Entendendo o texto:
01 – As diferentes acepções de Ética devem-se, conforme se depreende da leitura do texto,
(A) aos usos informais que o senso comum faz desse termo.
(B) às considerações sobre a etimologia dessa palavra.
(C) aos métodos com que as ciências sociais a analisam.
(D) às íntimas conexões que ela mantém com o Direito.
(E) às perspectivas em que é considerada pelos acadêmicos.

02 – A concepção de ética atribuída a Adolfo Sanchez Vasquez é retomada na seguinte expressão do texto:
(A) núcleo especulativo e reflexivo.
(B) objeto descritível de uma Ciência.
(C) explicação dos fatos morais.
(D) parte da Filosofia.      
(E) comportamento consequencial.

03 – No texto, a terceira acepção da palavra ética deve ser entendida como aquela em que se considera, sobretudo,
(A) o valor desejável da ação humana.
(B) o fundamento filosófico da moral.
(C) o rigor do método de análise.
(D) a lucidez de quem investiga o fato moral.
(E) o rigoroso legado da jurisprudência.

04 – Dá-se uma íntima conexão entre a Ética e o Direito quando ambos revelam, em relação aos valores morais da conduta, uma preocupação
(A) filosófica.
(B) descritiva.
(C) prescritiva.
(D) contestatária.
(E) tradicionalista.

05 – Considerando-se o contexto do último parágrafo, o elemento sublinhado pode ser corretamente substituído pelo que está entre parênteses, sem prejuízo para o sentido, no seguinte caso:
(A) (...) a colocará em íntima conexão com o Direito. (Inclusão)
(B) (...) os valores morais dariam o balizamento do agir (...) (Arremate)
(C) (...) qualificação do comportamento do homem como ser em situação. (Provisório)
(D) (...) nem tampouco como fenômeno especulativo. (Nem, ainda)
(E) (...) de um agir, de um comportamento consequencial... (Concessivo).

06 – As normas de concordância estão plenamente observadas na frase:
(A) Costumam-se especular, nos meios acadêmicos, em torno de três acepções de Ética.
(B) As referências que se faz à natureza da ética consideram-na, com muita frequência, associada aos valores morais.
(C) Não coubessem aos juristas aproximar-se da ética, as leis deixariam de ter a dignidade humana como balizamento.
(D) Não derivam das teorias, mas das práticas humanas, o efetivo valor de que se impregna a conduta dos indivíduos.
(E) Convém aos filósofos e juristas, quaisquer que sejam as circunstâncias, atentar para a observância dos valores éticos.

07 – Está clara, correta e coerente a redação do seguinte comentário sobre o texto:
(A) Dentre as três acepções de Ética que se menciona no texto, uma apenas diz respeito à uma área em que conflui com o Direito.
(B) O balizamento da conduta humana é uma atividade em que, cada um em seu campo, se empenham o jurista e o filósofo.
(C) Costuma ocorrer muitas vezes não ser fácil distinguir Ética ou Moral, haja vista que tanto uma quanto outra pretendem ajuizar à situação do homem.
(D) Ainda que se torne por consenso um valor do comportamento humano, a Ética varia conforme a perspectiva de atribuição do mesmo.
(E) Os saberes humanos aplicados, do conhecimento da Ética, costumam apresentar divergências de enfoques, em que pese a metodologia usada.

08 – Transpondo se para a voz passiva a frase Nesta visão, os valores morais dariam o balizamento do agir, a forma verbal resultante deverá ser:
(A) seria dado.
(B) teriam dado.
(C) seriam dados.
(D) teriam sido dados.
(E) fora dado.