segunda-feira, 2 de abril de 2018

MÚSICA: A NOVIDADE - GILBERTO GIL - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

Música: A Novidade
                                        Gilberto Gil
Uh! Heiê! Oh!
Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô!
Ah! Aaaah!
Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô!
Ah! Aaaah!
Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô!
Ah! Aaaah! Heiê! Heiê!
Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô!
Ah! Aaaah!...

A novidade veio dar à praia
Na qualidade rara de sereia
Metade o busto
D'uma deusa Maia
Metade um grande
Rabo de baleia...

A novidade era o máximo
Do paradoxo
Estendido na areia
Alguns a desejar
Seus beijos de deusa
Outros a desejar
Seu rabo prá ceia..

Oh! Mundo tão desigual
Tudo é tão desigual
Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô!
Oh! De um lado esse carnaval
De outro a fome total
Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô!...

Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô!
Ah! Aaaah!
Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô!
Ah! Aaaah!

E a novidade que seria um sonho
O milagre risonho da sereia
Virava um pesadelo tão medonho
Ali naquela praia
Ali na areia...

A novidade era a guerra
Entre o feliz poeta
E o esfomeado
Estraçalhando
Uma sereia bonita
Despedaçando o sonho
Prá cada lado....

Oh! Mundo tão desigual
Tudo é tão desigual
Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô!
Oh! De um lado esse carnaval
De outro a fome total
Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô!...

Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô!
Ah! Aaaah!
Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô!
Ah! Aaaah! Ah! Aaaah!
Ah! Aaaah! Ah! Aaaah!
Ah! Aaaah! Ah! Aaaah!

Entendendo a canção:   

01 – Esta canção tem em seu núcleo uma série de alegorias que simbolizam o quê?
      O quanto a desigualdade e as guerras fazem com que as pessoas deixem de contemplar e valorizar as coisas simples e bonitas da vida.

02 – Que intenção teve o autor ao compô-la?
      Expor como é a percepção dos fatos através do olhar do feliz poeta (representando o rico), e do pobre faminto, traçando um paradoxo entre eles num mesmo cenário.

03 – Qual é a novidade exposta na canção?
      Fala de uma guerra traçada entre a fantasia do rico, contra a fome do pobre. E o que era para ser um sonho se torna um pesadelo.

04 – A letra da canção está correta, gramaticalmente falando? Explique.
      Não, pois o autor usa a linguagem informal em alguns versos. Ex.: “Seu rabo pra ceia...”

05 – Assinale a alternativa que ilustra a figura de linguagem destacada neste verso:
        “A novidade era o máximo
         Do paradoxo
         Estendido na areia
        Alguns a desejar
        Seus beijos de deusa
        Outros a desejar
        Seu rabo prá ceia...”

a)   “A novidade veio dar à praia / Na qualidade rara de sereia.”
b)   “A novidade que seria um sonho / O milagre risonho da sereia / Virava um pesadelo tão medonho.”
c)   “A novidade era a guerra / Entre o feliz poeta e o esfomeado.”
d)   “Metade o busto de uma deusa maia / Metade um grande rabo de baleia.”
e)   “A novidade era o máximo / do paradoxo estendido na areia.”

06 – Gilberto Gil em sua canção usa um procedimento de construção textual que consiste em agrupar ideias de sentidos contrários ou contraditórios numa mesma unidade de significação. A figura de linguagem acima caracterizada é:
a)   Metomínia.
b)   Paradoxo.
c)   Hipérbole.
d)   Sinestesia.
e)   Sinédoque.

07 – Que problemas sociais o autor está denunciando?
      Desigualdade social e a fome.


POEMA: VOLTA À CASA PATERNA - JORGE LIMA - COM GABARITO

POEMA -  Volta à casa paterna


É tarde e eu quero entrar em casa,
Que a noite vem aí, cheia dos seus espantos.
A luz foi intensa, o dia foi cálido,
O ritmo das horas é monótono e irreal.
As danças do pátio, as paisagens de fora,
Os caminhantes são falsos.
Os caminhos são errados.

Os ritmos são errados.
Os poemas são outros.
A noite aí vem cheia dos seus espantos.
Há uma rede aqui dentro que me embalou.
Há uma parede da sala uma estampa sagrada
Que por mim chorou.
Há um raio de lua no corredor.
Será a alma de meu pai que Deus mandou?
Casa, doce casa sem elevador,
Cadê o Ford que me levou?
Há sombras que passam, fantasmas que vão,
Que vem, que choram, que riem, que me beijam...
Há um livro aberto na minha mesa:
Padre Nosso que estás no céu, santificado,
Vem a nós... assim na terra...
                                       
                                       LIMA, Jorge de. In: BUENO, Alexei (Org.).
                                                      Jorge de Lima: poesia completa.
                                                  Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997.
                                                                          p. 291. (Fragmento).

Entendendo o poema:

01 – A temática abordada nesse poema foi trabalhada por outros autores, como o autor parnasiano Luís Guimarães Júnior, no soneto “Visita à casa paterna”.
     a) Releia os dois primeiros versos do texto e explique por que o eu lírico deseja voltar à casa paterna.
      O tempo passou (“é tarde”), e ele sentiu necessidade de rever seu antigo lar, enquanto isso é possível, fugindo assim de seus problemas.

     b) Como foram as experiências do eu lírico durante o tempo em que viveu distante da casa paterna.
      Difíceis, pois parece que nada deu certo na vida dele.

02 – No poema há um verso que se repete, com pequenas alterações, e que praticamente divide o texto em dois momentos: o da ida e o da volta.
     a) Qual é esse verso? Explique o sentido que ele expressa, comparando-o ao verso que lhe é similar.
      “A noite aí vem cheia dos seus espantos”. Nesse caso, o advérbio aí está antes do verbo e não há vírgula como no outro verso, na segunda linha: “que a noite vem aí, cheia dos seus espantos.”

     b) Na segunda parte do poema, o eu lírico parece buscar um refúgio, Para reencontrar-se. Como acontece, então, essa volta?
      Identifica-se com os objetos de sua infância que lhe trazem boas lembranças: a rede que o embalou, a estampa sagrada (de um santo ou talvez da mãe); e imagina a presença do pai.

03 – Na casa, o eu lírico já não se sente mais sozinho, pois retornam as lembranças e as visões da infância.
     a) Na terceira estrofe, que efeito produz a repetição do pronome relativo que?
      Realça as ações que ocorrem em uma sequência, como se o eu lírico estivesse vivendo tudo aquilo novamente.

     b) O que poderia simbolizar o livro aberto sobre a mesa e, em seguida, na quarta estrofe, a oração que se inicia?
      Pode ser que o livro aberto seja a Bíblia; em muitas casas brasileiras, é comum mantê-las abertas em prateleiras próximas da entrada.

04 – Releia estes versos:
                “É tarde e eu quero entrar em casa,
                Que a noite vem aí, cheia dos seus espantos.
                A luz foi intensa, o dia foi cálido,
                O ritmo das horas é monótono e irreal”.

     a) Qual é a oração sem sujeito e o predicado verbo-nominal encontrados nesses versos?
      “É tarde”: oração sem sujeito; “que vem aí, cheia dos seus espantos”: predicado verbo-nominal.

     b) Transcreva os núcleos dos predicados nominais em cada oração.
      Tarde, intensa, cálido, monótono, irreal.

 c)Qual o sujeito e o seu núcleo no quarto verso?
        O ritmo das horas; núcleo: ritmo.

  d)Há predicado verbal apenas em que verso?
        “E quero entrar em casa”.

     
     

FÁBULA: O PASTOR E OS LOBOS - ESOPO - COM GABARITO

FÁBULA: O PASTOR E OS LOBOS
                    ESOPO

   Um jovem pastor, cansado de cuidar o dia todo do seu rebanho, teve uma ideia: enganar os habitantes de sua aldeia para poder se divertir. Certo dia, após levar seus numerosos carneiros rumo à montanha, lá do alto, começou a berrar:
    - Socorro! Socorro! Os lobos estão nos atacando!
    Preocupados com o pastor e os pobres carneiros, os moradores da aldeia correram para o topo da montanha para conseguir agarrar os esfomeados lobos antes que eles atacassem. Chegando lá, encontraram os carneiros descansando e o pastor morrendo de rir.
          - Que mentira! Que brincadeira mais sem graça! – disseram magoados.
          Essa cena se repetiu muitas e muitas vezes.
          Eis que num belo entardecer os lobos realmente apareceram! Então, em alto e bom som, o jovem pastor deu seu grito de horror:
          - Socorro! Socorro! Os lobos estão nos atacando!
          Porém, desta vez ninguém acreditou. Nenhuma pessoa sequer atendeu ao seu chamado, pois todos estavam cansados de ser enganados. Assim, os lobos atacaram o rebanho inteiro. E o pastor, triste e sozinho na montanha, concluiu:
          - De nada adianta mentir, pois quando falamos a verdade ninguém acredita.

                        Esopo. Recontado por Felipe Torre.                  

Entendendo a Fábula:

01 – Na fábula “O pastor e os lobos” registra os seguintes aspectos.
     a) Tipo de personagem;
      O tipo de personagens é diferente, pois na fábula “O pastor e os lobos” os personagens são pessoas e animais.

     b) Extensão do texto;
      Á extensão do texto são curtas (característica própria desse gênero).

     c) Indicação do tempo e do lugar onde os fatos ocorrem:
      O tempo e o lugar não são determinados com exatidão.

     d) Quem comunica a moral da fábula;

      O responsável por apresentar a moral da fábula “O pastor e os lobos”, é apresentada pelo personagem principal.

02 – As fábulas abordam aspectos negativos do comportamento humano justamente para apontar a importância de sempre valorizarmos nossas virtudes, como amor, compaixão, lealdade, compreensão, honestidade, entre outras.
     a) Que característica relacionada ao comportamento humano a fábula “O pastor e os lobos” trabalha?
      A mentira.

     b) Que ensinamento é possível tirar da moral dessa fábula?
      Que a mentira só traz prejuízos ao ser humano.

03 – Dentre os provérbios citados abaixo, quais você relacionaria à moral da fábula “O pastor e o lobos”? Copie-os.
     a)    A mentira tem pernas curtas.
     b)    Quem mente tem de ter boa memória.
     c)    Na boca do mentiroso, o certo se faz duvidoso.



CRÔNICA: UM TEXTO A CAVALO - MARINA COLASANTI - COM GABARITO

CRÔNICA: UM TEXTO A CAVALO
                    Marina Colasanti

        Crônica, vamos dizer assim, é um texto a cavalo. Mantém um pé no estribo da literatura. E outro no do jornalismo. Bem estribada desse jeito, tem conseguido vencer belas provas mesmo correndo em pista pesada.
        Você sabe o que é pista pesada? É quando a pista de areia – ou seria saibro? – está molhada, tornando mais difícil e cansativa a corrida.
        Pois bem, a crônica corre em pista pesada porque lida ao mesmo tempo com as coisas mais ásperas, como economia e política, as mais dramáticas, como guerras, violência e tragédia, e as mais poéticas, como um momento de beleza ou uma reflexão sobre a vida. E o bom cronista é aquele que consegue o melhor equilíbrio entre esses elementos tão diferentes, entrelaçando-os e alternando-os com harmonia.
        Pode parecer que o cronista faz biscoitos, ou seja, coisinhas pequenas com algum açúcar por cima. Mas, na verdade, a crônica é uma tessitura complexa.
        Pois o cronista sabe que não está escrevendo só naquele momento, naquele dia, para aquela rápida publicação no jornal ou revista, mas está falando para um leitor que, na maioria das vezes, voltará a ele, que o acompanhará, somando dentro de si as crônicas lidas e vivendo-as, no seu todo, como uma obra maior.
        O leitor tem expectativas em relação ao “seu” cronista. Espera que diga aquilo que ele quer ouvir, e que, ao mesmo tempo, o surpreenda. Mas o cronista desconhece essas expectativas e, ao contrário do publicitário que trabalha voltado para o perfil do cliente potencial, trabalha às cegas.
        Às cegas em relação ao leitor, bem entendido. Como preencher então as expectativas? Eu, pessoalmente, acho que a melhor maneira é não pensando nelas. O leitor escolhe o cronista porque gosta do seu jeito de pensar e de escrever, e o cronista justifica mais plenamente essa escolha continuando a ser quem ele é.
        Eu comecei a fazer crônicas quando muito jovem, logo no início da minha carreira de jornalista. Mudei bastante ao longo do percurso. Antes era movida à emoção, escrevia de um jato, qualquer assunto me servia. Hoje sou mais reflexiva, afinei o olhar, preocupo-me muito com a qualidade das ideias. Mas aquela paixão que eu tinha no princípio continua igual. Hoje como ontem, toda vez que me sento para escrever uma crônica é com alegria.

            COLASANTI, Marina. A casa das palavras e outras crônicas.
            São Paulo: Ática, 2006. P. 5-6. (Para gostar de ler, 32).

     Entendendo o texto:
     01 – Muitos autores escrevem sobre o ato de escrever. Nesse texto, Marina Colasanti compara a escrita de determinado texto a um cavalo de corrida. Copie do texto um trecho que mostre essa comparação.
      Crônica, vamos dizer assim, é um texto a cavalo. Mantém um pé no estribo da literatura. E outro nodo jornalismo; bem estribada desse jeito, tem conseguido vencer belas provas mesmo correndo em pista pesada. [...] a crônica corre em pista pesada [...].

     02 – Nessa comparação, a autora também diz que o cavalo mantém os pés em dois lugares. Que lugares são esses?
      A literatura e o jornalismo.

     03 – Explique a justificativa da autora para dizer que seus textos correm em pista pesada.
      “Pois bem, a crônica corre em pista pesada porque lida ao mesmo tempo com as coisas mais ásperas, como economia e política, as mais dramáticas, como guerras, violência e tragédia, e as mais poéticas, como um momento de beleza ou uma reflexão sobre a vida. E o bom cronista é aquele que consegue o melhor equilíbrio entre esses elementos tão diferentes, entrelaçando-os e alternando-os com harmonia.”

    04 – Marina Colasanti afirma que começou a escrever muito jovem. Você costuma escrever? Com que frequência? Conhece alguém que também tenha paixão por escrever?
      Resposta pessoal.

     05 – A autora trata sempre de um texto específico, e é sobre ele que estudaremos a seguir. Que texto é esse?
      A crônica.

TEXTO: QUEM CONTROLA A TELINHA? GABRIELA ROMEU E DANIELA ARRAIS - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


TEXTO: QUEM CONTROLA A TELINHA?


        Aprenda a não extrapolar os limites com relação à televisão em casa

       O governo criou novas regras para classificar a programação da telinha. A partir do conteúdo exibido, os programas serão recomendados a idades e horários diferentes. 
       P. N. H., 9, já reparou nos símbolos que surgem na tela indicando que um programa não é recomendado para menores de dez anos. 
      M. M., 11, diz que a classificação da TV é “legal”. “… Às vezes, os pais não estão junto da gente e começa a passar um filme de terror. Se a gente não souber direito o que é aquilo, pode ficar com medo.” 
      A garota costuma passar duas ou três horas na frente da TV, todos os dias. “Gosto muito de ver televisão. Prefiro programas educativos, pois aprendo e me divirto.”

        Espiadinha

    Já B. F., 12, é diferente. “Não me importo em ver violência. Até jogo videogames violentos. Não é porque eu vejo violência que vou fazer igual. Tenho uma cabeça boa”, afirma. 
      O estudante do 7o ano costuma ficar “ligado” na telinha até 23h 30min — horário considerado impróprio para gente da idade dele. 
     C. G., 10, vê TV ao lado da mãe, inclusive na hora do noticiário. “Ela manda que eu feche os olhos quando passa algo muito forte.” V. S., 10, que é noveleira, adora ver o cabelo e a roupa das artistas. Quando vai dormir, por volta da meia-noite, dá uma espiadinha na sala. 
     J. P. S., 10, controla a curiosidade e gosta de conversar com os pais sobre o que pode e o que não pode ver. “Quando meus colegas começaram a falar do ‘Big Brother’ (TV Globo), vi o programa com minha mãe. A gente percebeu que não aprendo nada com isso.” 

     Tem hora para tudo 

   Você tem hora para ir à escola, para praticar esportes, para fazer as refeições. Para ver TV, você também segue regras. Afinal, programas diferentes são indicados para idades diferentes. 
    “Todo brinquedo traz informações sobre conteúdo e danos que pode causar. A classificação faz o mesmo com programas de TV”, diz José Elias Romão, do Ministério da Justiça. 
    Ele explica que a classificação serve para evitar que as crianças sofram com o conteúdo da TV. “Quando as emissoras mostram uma cena de forte violência, muitas crianças podem ficar com medo. Com a classificação, a criança e a família saberão se o conteúdo é adequado ou não para a idade dela”, detalha Romão. 
     Mas nem todo mundo gostou da novidade. 
    “Quem tem de definir o que as crianças podem assistir ou não são os pais e não o governo”, diz Daniel Slaviero, presidente da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão). 
    Guilherme Canela, da Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância), lembra que a criança está em desenvolvimento e, por isso, deve ter os seus direitos protegidos. “A classificação ajuda a família a escolher programas com conteúdo interessantes e produtivos.”

                                         GABRIELA ROMEU e DANIELA ARRAIS.
                                       Folha de S. Paulo, São Paulo, 3 mar. 2007.
                                                    Folhinha. P. 4-5. (Texto adaptado).

Entendendo o texto:

01 – Sobre a reportagem “Quem controla a telinha?”, pode-se afirmar que:
       A – ( ) todas as pessoas nela mencionadas são favoráveis à classificação dos programas por idade.
       B – ( ) todos os jovens e crianças, que falaram na reportagem, obedecem à classificação criada pelo governo, quando vão escolher os seus programas de televisão.
       C – (X) segundo o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, cabe aos pais a seleção e escolha dos programas apropriados aos filhos.
       D – ( ) José Elias Romão, representante do Ministério da Justiça, discorda da decisão do governo de classificar os programas televisivos por idade.
       E – ( ) apenas os brinquedos devem ter indicação de idade apropriada para o seu uso, a tevê dispensa esta necessidade de classificação, segundo as ideias defendidas por José Elias Romão, do Ministério da Justiça.

02 – “O governo criou novas regras / para classificar a programação da telinha.” Pode-se estabelecer, entre as orações em destaque, uma respectiva relação de:
       A – ( ) fato / causa.
       B – (X) fato / finalidade.
       C – ( ) fato / consequência.
       D – ( ) fato / conclusão.
       E – ( ) fato / opinião.

03 – Leia o subtítulo abaixo: “Aprenda a não extrapolar os limites com relação à televisão em casa.” O vocábulo grifado só não significa:
       A – (X) ajustar.
       B – ( ) exceder.
       C – ( ) ultrapassar.
       D – ( ) transpor.
       E – ( ) superar.


TEXTO: HERÓIS DO NOSSO TEMPO - RACHEL DE QUEIROZ - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


 TEXTO: HERÓIS DO NOSSO TEMPO
 (Rachel de Queiroz)

       Além dos erros, enganos e recados, aí está a TV possibilitando a comunicação

       A gente costuma falar mal da televisão e, na verdade, temos muito motivo para isso. Ao mesmo tempo há que reconhecer os méritos óbvios desse insuperável veículo de comunicação, há o milagre eletrônico que ele representa. 
     Mas há outros méritos de que se fala pouco e, no entanto, estão sempre visíveis e diários. Por exemplo, o acesso à informação e à comunicação, aberto a qualquer tipo de pessoa, por mais humilde que seja, por mais distante que viva. Note-se, especialmente depois que se inauguraram esses programas de consulta popular, em que o repórter sai pela rua, interpelando o transeunte a respeito de qualquer problema da comunidade. Chega a haver muita gente que, não apenas não se esquiva, mas até sai ansiosa à procura da moça do microfone, para dar o seu recado a respeito do que ela quer ou teme, do que sofre, do que precisa, do que a atormenta ou revolta. O libertador desabafo. Isso só a TV pode fazer. 
      É a comunicação direta e indireta — ao vivo — entre a pessoa da rua ou da favela, ou da enchente, ou da seca, ou da selva amazônica e o resto da população. Gente até então sepultada no anonimato, que se diria inviolável e, de repente, aparece à luz do sol, para dezenas de milhões de brasileiros seus irmãos e mostra a sua face, diz que está viva, que tem um coração no peito batendo igual ao teu, que da sua boca podem sair palavras de sabedoria, importantes pedidos de socorro e — por que não? — até brados de revolta.
       Esse, um dos triunfos da TV: dar imagem e voz aos que ninguém pensava que tinham rosto ou soubessem falar. Essas meninas, esses rapazes que, com seu microfone e a sua câmera, saem pelos cafundós do sertão ou pelas selvas de pedra das cidades, são mesmo os heróis do nosso tempo. Passou a fase pioneira em que o repórter fazia as suas entradas por mata e rio apenas como esportista aventureiro. Hoje, eles têm sua função social, dirigem- -se a um ponto específico, informando acerca de cada circunstância específica. Com a atual expansão das redes nacionais de TV, mal acontece um fato social importante — calamidade ou descoberta de ouro — há sempre uma equipe deles próximo ao local, onde é necessária para o indispensável testemunho.
      Outro mérito da moderna TV: a democratização do acesso à comunicação, através de certos programas de auditório, especialmente as chamadas “mesas-redondas”. Numa mesma mesa-redonda podem estar presentes, ombro a ombro, o alfa e ômega da sociedade. Num programa sobre higiene sanitária comparecem tanto o cientista de renome internacional quanto o representante dos lixeiros, debatendo os problemas de sua especialidade. Uma princesa e uma favelada, uma estrela de teatro e um figurante, todos com direitos à intervenção e ao debate. 
     Perdoem-se, portanto, à TV os seus grandes e vários pecados, por amor do muito que ela também pode fazer. Aquela câmera que fotografa em ângulo escandaloso os remelexos da sambista pode ser a mesma câmera que, ao lado dos bombeiros, se afunda pelas crateras dos desmoronamentos e dá a identidade das vítimas e pede com urgência socorro. 
     Ah, meninas e rapazes que, às vezes, nos impacientam um pouco quando disparam aquela ingênua, infalível e impiedosa pergunta: “Como é que você se sente vendo seu filho assassinado, ou seu barraco em chamas, ou seu pai sequestrado, ou sua mãe sumida debaixo dos escombros?” 
   Eles não perguntam por mal. São tão jovens que nunca passaram por experiência assim terrível; e querem realmente saber o que acontece com outro ser humano, atingido pela desgraça, daquela forma esmagadora.

                          (O Estado de São Paulo, São Paulo, 15 mar. 1988).
Vocabulário:
alfa – primeira letra do alfabeto grego
anonimato – desconhecido
cafundó – lugar distante
escombro – ruína, destroço
- esquivar-se – escapar, livrar-se
interpelar – perguntar, questionar
- mérito – valor, importância
ômega – última letra do alfabeto grego.

Entendendo o texto:
01 – O texto menciona algumas pessoas e destaca-as como “heróis do nosso tempo”. Estas pessoas são:
       A – (X) os câmeras e os repórteres.
       B – ( ) os apresentadores de tevê.
       C – ( ) os esportistas aventureiros.
       D – ( ) as vítimas dos desabamentos.
       E – ( ) os transeuntes em geral.

02 – As opções abaixo apresentam diferentes méritos da televisão, exceto:
       A – ( ) Permite que a informação chegue a diferentes lugares independentemente da distância.
       B – ( ) Leva ao debate assuntos específicos e de interesse da sociedade em geral.
       C – ( ) Torna o acesso à comunicação mais democrático.
       D – (X) Conta apenas com profissionais bastante experientes em suas transmissões.
       E – ( ) Transmite os acontecimentos em tempo real.

03 – Indique o vocábulo cuja acentuação gráfica pode ser justificada tanto pela regra dos proparoxítonos quanto pela regra dos hiatos:
       A – ( ) óbvios 
       B – (X) veículo 
       C – ( ) visíveis 
       D – ( ) heróis 
       E – ( ) específico 


CONTO: CASO DE SECRETÁRIA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

Conto: Caso de secretária
         Carlos Drummond de Andrade


    Foi trombudo para o escritório. Era dia de seu aniversário, e a esposa nem sequer o abraçara, não fizera a mínima alusão à data. As crianças também tinham se esquecido. Então era assim que a família o tratava? Ele que vivia para os seus, que se arrebentava de trabalhar, não merecer um beijo, uma palavra ao menos!
      Mas, no escritório, havia flores à sua espera, sobre a mesa. Havia o sorriso e o abraço da secretária, que poderia muito bem ter ignorado o aniversário, e entretanto o lembrara. Era mais do que uma auxiliar, atenta, experimentada e eficiente, pé-de-boi da firma, como até então a considerara; era um coração amigo.
Passada a surpresa, sentiu-se ainda mais borocoxô: o carinho da secretária não curava, abria mais a ferida. Pois então uma estranha se lembrava dele com tais requintes, e a mulher e os filhos, nada? Baixou a cabeça, ficou rodando o lápis entre os dedos, sem gosto para viver.
        Durante o dia, a secretária redobrou de atenções. Parecia querer consolá-lo, como se medisse toda a sua solidão moral, o seu abandono. Sorria, tinha palavras amáveis, e o ditado da correspondência foi entremeado de suaves brincadeiras da parte dela.
        --- “O senhor vai comemorar em casa ou numa boate?”
        Engasgado, confessou-lhe que em parte nenhuma. Fazer anos é uma droga, ninguém gostava dele neste mundo, iria rodar por aí à noite, solitário, como o lobo da estepe.
        --- “Se o senhor quisesse, podíamos jantar juntos”, insinuou ela, discretamente.
        E não é que podiam mesmo? Em vez de passar uma noite besta, ressentida – o pessoal lá em casa pouco está me ligando -, teria horas amenas, em companhia de uma mulher que – reparava agora – era bem bonita.
        Daí por diante o trabalho foi nervoso, nunca mais que se fechava o escritório. Teve vontade de mandar todos embora, para que todos comemorassem o seu aniversário, ele principalmente. Conteve-se no prazer ansioso da espera.

        – Onde você prefere ir? – perguntou, ao saírem.
        – Se não se importa, vamos passar primeiro no meu apartamento. Preciso trocar de roupa.
        Ótimo, pensou ele; faz-se a inspeção prévia do terreno e, quem sabe?
        – Mas antes quero um drinque, para animar – ela retificou. Foram ao drinque, ele recuperou não só a alegria de viver e de
fazer anos, como começou a fazê-los pelo avesso, remoçando. Saiu bem mais jovem do bar, e pegou-lhe do braço.
        No apartamento, ela apontou-lhe o banheiro e disse-lhe que o usasse sem cerimônia. Dentro de quinze minutos ele poderia entrar no quarto, não precisava bater – e o sorriso dela, dizendo isto, era uma promessa de felicidade.
        Ele nem percebeu ao certo se estava se arrumando ou se desarrumando, de tal modo que os quinze minutos se atropelaram, querendo virar quinze segundos, no calor escaldante do banheiro e da situação. Liberto da roupa incômoda, abriu a porta do quarto. Lá dentro, sua mulher e seus filhos, em coro com a secretária, esperavam-no atacando “Parabéns para você”.

Carlos Drummond de Andrade. Poesia e Prosa,
Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1988.
Entendendo o conto:

01 – Considerando as diferenças que existem entre o conto e a crônica, responda:
a)    A qual classificação lhe parece corresponder o texto lido? Justifique.
O texto lido parece ser uma crônica, já que nele predomina a leveza, ou seja, o descomprometimento com intenções que transcendam os fatos narrados.

b)    Que característica fundamental existente no texto é comum tanto ao conto quanto à crônica?
O fato de se tratar de uma narrativa curta.

02 – Transcreva o trecho do texto em que reside o seu clímax, explicando a resposta escolhida.
      Trata-se de parte do último parágrafo: “Ele nem percebeu ao certo se estava se arrumando ou se desarrumando, de tal modo que os quinze minutos se atropelaram, querendo virar quinze segundos, no calor escaldante do banheiro e da situação. Liberto da roupa incômoda, abriu a porta do quarto”.
      Este trecho pode ser considerado o clímax do texto, na medida em que nele chega ao auge a expectativa do protagonista (e do leitor) de que haja uma aventura entre ele (o protagonista) e a secretária.

03 – Considerando o enredo da narrativa, responda:
a)    Que história o leitor imagina que será contada?
A história de um adultério de um chefe de família com sua secretária.
b)    Que história, de fato, é contada?
A história da surpresa que uma família faz a seu chefe, no dia de seu aniversário.
c)    Que elemento do enredo permite perceber a diferença entre o que se diz em a e b, tornando interessante e envolvente a leitura do texto.
Trata-se de seu desfecho inesperado.

04 – O título do texto sugere alguns sentidos. Quais?
      Primeiro: “caso” se refere a um episódio corriqueiro, cotidiano, narrado por uma “secretária” (agente da ação central do texto);
      Segundo: um caso (amoroso) vivido por uma secretária (com o seu chefe).

05 – Sabemos que a principal matéria-prima do texto narrativo é o fato, o acontecimento, razão pela qual nele predominam os verbos de ação, os quais se combinam com elementos descritivos. A partir de tais informações, aponte pelo menos uma frase narrativa e uma frase descritiva nos dois parágrafos iniciais da história.

      1º parágrafo:
      Frase narrativa: “Foi trombudo para o escritório”.
      Frase descritiva: “Era dia de seu aniversário, e a esposa nem sequer o abraçara…”;

      2º parágrafo:
      Frase narrativa: “Mas, no escritório, havia flores à sua espera, sobre a mesa. Havia o sorriso e o abraço da secretária…”.
      Frase descritiva: “Era mais do que uma auxiliar, atenta, experimentada e eficiente, pé-de-boi da firma, como até então a considerara; era um coração amigo”.

06 – No trecho – “Pois então uma estranha se lembrava dele com tais requintes, e a mulher e os filhos, nada? Baixou a cabeça, ficou rodando o lápis entre os dedos, sem gosto para viver” -, que tipo de discurso predomina? Por quê?
      O tipo de discurso predominante no referido trecho é o indireto livre, pois nele há um obscurecimento de fronteiras entre a voz do narrador e a do protagonista.