domingo, 18 de março de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): PERFEIÇÃO - LEGIÃO URBANA - COM GABARITO

Música(Atividades): Perfeição

                                    Legião Urbana
Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso Estado, que não é nação
Celebrar a juventude sem escola
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião
Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade.

Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras e sequestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda hipocrisia e toda afetação
Todo roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias:
É a festa da torcida campeã.

Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo o que é gratuito e feio
Tudo que é normal
Vamos cantar juntos o Hino Nacional
(A lágrima é verdadeira)
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão.

Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isso - com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção.

Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão.

Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera -
Nosso futuro recomeça:
Venha, que o que vem é perfeição.

Entendendo a canção:
01 – Que crítica é abordada na canção?
      É uma crítica a sociedade brasileira em concreto e às imperfeições do ser humano em geral.

02 – O título “Perfeição” corresponde a letra da canção?
      Não. Pois ela aborda as imperfeições que existem no mundo.

03 – Na letra, o autor cita vários problemas no Brasil, quais são?
·        Uma sociedade assolada pela criminalidade;
·        Falta de oportunidades para os jovens que não tem acesso à educação;
·        Graves falhas na justiça brasileira, o analfabetismo e o mau uso do voto;
·        Comportamentos imprudentes no trânsito e a falta de hospitais que aumentam;
·        A exploração da classe operária;
·        O sentimento de inveja e a falta de compreensão que culmina no desamparo aos aposentados.

04 – Nos versos: “Vamos celebrar / Nosso castelo de cartas marcadas”, qual o significado?
      Celebrar os problemas e respostas que já são obvias e o trabalho escravo.

05 – Em que versos o autor fala em renovação/futuro?
      “E vem chegando a primavera / Nosso futuro recomeça:/ Venha, que o que vem é perfeição.”

06 – Na canção são citados personagens da mitologia grega. Quem são esses deuses?
·        EROS = deus do amor e que busca a vida.
·        THANATOS = deus da morte.
·        PERSEPHONE = é a deusa rainha do mundo inferior.
·        HADES = é o rei do mundo dos mortos.

07 – O verbo celebrar, segundo o dicionário eletrônico Houaiss, significa: acolher com festejos ou com exaltação. No entanto, na canção, perfeição, sugere-se a celebração de coisas ruins, como a estupidez humana, a juventude sem escolas, o nosso estado que não é nação:
a)   Qual a figura utilizada pelo poeta nessas frases?
Ironia.

b)   Como você entende essas afirmações?
Resposta pessoal do aluno.

08 – Qual a mensagem da canção?
      Que nosso país, há muitos problemas, em relação à educação, saúde, política, entretanto a maioria da população vive como se tudo estivesse às mil maravilhas, pela falta de senso crítico e pela influência de uma má educação de conformismo político.

09 – Essa canção foi escrita na década de 90. Você diria que sua mensagem ainda é atual? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

10 – Por que essa música é considerada de protesto?
      Porque para a maioria das pessoas é uma forma de expressar sentimentos, desejos, frustações, ou seja, “abrir os olhos da humanidade” para as questões que afligem a sociedade.

11 – Na estrofe “Vamos comemorar como idiotas / A cada fevereiro e feriado / Todos os mortos nas estradas / Os mortos por falta de hospitais...”, a que se refere a expressão “a cada fevereiro”?
      A expressão se refere a tudo que tem em fevereiro e nisso está implícito o carnaval e o problemas que ele traz.

12 – A quem se referem os versos “E esquecer a nossa gente / Que trabalhou honestamente / A vida inteira / E agora não tem mais / Direito a nada...”.
      Referem-se aos aposentados.

13 – Qual é a estrofe que traz uma mensagem otimista e de esperança?
      A última estrofe, onde existe um sentimento de esperança que é transmitido pela afirmação que a primavera está chegando, juntamente com a perfeição.

14 – Que características da 2ª geração do Romantismo, também conhecida como o mal do século, encontramos nesta canção?
      Percebemos que o autor se refere a covardia das pessoas que roubam e que entram em guerras, assim como na época da escravidão, retratada no condoreirismo.





TEXTO: A FORÇA DA PALAVRA NA PUBLICIDADE - NELLY DE CARVALHO - COM GABARITO


Texto: A FORÇA DA PALAVRA NA PUBLICIDADE


       A palavra tem o poder de criar e destruir, de prometer e negar, e a publicidade se vale desse recurso como seu principal instrumento. Bolinger [...] destaca que, com o uso de simples palavras, a publicidade pode transformar um relógio em joia, um carro em símbolo de prestígio e um pântano em paraíso tropical.
       Assim, quando um congressista norte-americano ameaçou processar os fabricantes de determinados produtos por promessas não cumpridas – iniciativa que, aliás, se repetiria no Brasil -, um publicitário respondeu: “Então será necessário processar todos os fabricantes de cosméticos e perfumes, pois eles vendem à mulher um frasco de promessas”.
         Por suas propriedades semânticas, o texto publicitário informa que “O sabonete palmolive é feito com as mais finas essências de oliva e palma” e que “Diet Coke traz o prazer de viver em forma”. A palavra deixa de ser meramente informativa, e é escolhida em função de sua força persuasiva, clara ou dissimulada. Seu poder não é simplesmente o de vender tal ou qual marca, mas integrar o receptor à sociedade de consumo. Pode-se, eventualmente, resistir ao imperativo (“compre”), mas quase sempre se atende ao indicativo. E mesmo que eu não acredite no produto, “creio na mensagem publicitária que quer me fazer crer” [Baudrillard]. Pode-se dizer que é algo parecido com a crença em Papai Noel: mesmo que não se acredite no mito, todos o aceitam como símbolo de amor e proteção.
         A função persuasiva na linguagem publicitária consiste em tentar mudar a atitude do receptor. Para isso, ao elaborar o texto o publicitário leva em conta o receptor ideal da mensagem, ou seja, o público para a qual a mensagem está sendo criada. O vocabulário é escolhido no registro referente a seus usos. Tomando por base o vazio interior de cada ser humano, a mensagem faz ver que falta algo para completar a pessoa: prestígio, amor, sucesso, laser, vitória. Para completar esse vazio, utiliza palavras adequadas, que despertam o desejo de ser feliz, natural de cada ser. Por meio das palavras, o receptor “descobre” o que lhe faltava, embora logo após a compra sinta a frustação de permanecer insatisfeito.

  Nelly de Carvalho. Publicidade – A linguagem da sedução.
                                                    São Paulo: Ática, 1996, p. 18-9.

Entendendo o texto:
01 – De acordo com o texto, as palavras têm o poder de criar e destruir. Na linguagem publicitária, elas deixam em segundo plano sua função informativa e assumem outra função. Qual é essa função?
     A função persuasiva.

02 – A construção da linguagem publicitária está vinculada a uma intensão.
     a) O que o anunciante pretende em relação ao interlocutor?
     Pretende mudar a atitude do interlocutor, ou seja, leva-lo ao consumo.

     b) Por que a escolha do vocabulário na linguagem publicitária auxilia na persuasão do interlocutor?
     Porque as palavras são escolhidas para dar uma ideia do que pode estar faltando para a pessoa se sentir mais completa.

     c) Frases como
     “O sabonete Palmolive é feito com as mais finas essências de oliva e palma” e “Diet Coke traz o prazer de viver em forma” ilustram bem esse princípio de seleção do vocabulário? Por que?
     Sim, pois as expressões “as mais finas essências” e “prazer de viver” transmitem ao interlocutor a ideia de que ele é especial e pode ser feliz.

03 – A conclusão do texto confirma a afirmação feita no 1º parágrafo a respeito do poder da palavra? Justifique sua resposta.
      Sim. De acordo com o 1º parágrafo, as palavras têm poder de criar e destruir; logo, elas levam o interlocutor a uma ideia de felicidade (que supostamente é alcançada por meio de compra do produto anunciado), que logo é destruída.

04 – Para que um texto apresente coerência e coesão, é necessário que suas partes sejam articuladas umas com as outras. Observe o texto quanto à sua organização em parágrafos.
     a) Qual o sentido da palavra assim no 2º parágrafo? Que ideias do 1º e do 2º parágrafos ela liga?
     Tem o sentido de “portanto, logo” (conjunção conclusiva). Liga a ideia de que as palavras têm o poder de criar um mundo fictício (exposta no 1º parágrafo) à iniciativa de um congressista norte-americano (referida no 2º parágrafo); a referência à iniciativa do congressista ilustra e comprova a afirmação feita anteriormente.

     b) Que ideia, apresentada no 1º e no 2º parágrafos, é retomada no 3º parágrafo?
     O 3º parágrafo também desenvolve a ideia, apresentada no 1º e no 2º parágrafos, de que a linguagem cria mundos imaginários.

     c) Que ideia, apresentada no 3º parágrafo, é retomada e desenvolvida no 4º parágrafo?
     A ideia do caráter persuasivo da linguagem.

05 – A articulação de um texto também ocorre no interior dos parágrafos. Observe o último parágrafo do texto.
     a) A que se refere o pronome isso na expressão para isso?
     Refere-se à tentativa de mudar a atitude do receptor.

     b) A que palavra anteriormente expressa se refere o pronome seus em “referente a seus usos”?
     Refere-se aos usos do vocabulário.

     c) A que se refere a expressão esse vazio?
     Refere-se ao conjunto das coisas que supostamente faltam ao receptor: prestígio, amor, sucesso, lazer, vitória.



ANEDOTA: OS PARENTES - ALMANAQUE BRASIL - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


ANEDOTA: Os parentes


        O casal vem pela estrada sem dizer uma palavra. Brigaram, nenhum dos dois quer dar o braço a torcer. Ao passar por uma fazenda em que há mulas e porcos, o marido pergunta, sarcasticamente:
        - Parentes seus?
        - Sim, responde ela, cunhados.
                                                         Almanaque Brasil, abril de 2001.

Entendendo a anedota:
01 – A intenção do marido ao fazer a pergunta à mulher era:
a) ofender a mulher, chamando-a de porca ou mula.
b) agradar a esposa elogiando-a.
c) manter um diálogo com a esposa.
d) fazer com que a mulher seguisse em outra direção.

02 – A reação da esposa mostra que o marido foi mal sucedido em sua pergunta, pois:
a) ela contestou revidando o argumento: é ele o porco ou o burro.
b) ele conseguiu o que pretendia, ofender a mulher.
c) não se importou com a pergunta que o marido lhe fez.
d) ela realmente é uma porca.

03 – Com a resposta dada pela esposa, ela tem a pretensão de:
a) fazer com que o marido seguisse em outra direção.
b) defender-se da ofensa e, por sua vez, ofender o marido.
c) manter um diálogo com o marido.
d) pedi desculpas ao marido.

04 – O aparente conflito de opiniões não prejudica a argumentação do diálogo por que:
a) um não queria ofender o outro.
b) um aceita a validade da argumentação do outro, apesar de revidar e torcer o argumento para seu lado.
c) tanto o marido quanto a esposa seguiam caminho sem trocarem uma palavra se quer.
d) ambos se desculparam e seguiram caminho calmos e quietos.


05 – A reação da esposa mostra que ele foi bem-sucedido? Por quê?
      Não. Ela contestou, revidando o argumento: é ele o porco ou o burro.

06 – Que intenção tem a esposa com a resposta?
      Defender-se da ofensa e, por sua vez, ofender.

07 – Por que o aparente conflito de opiniões não prejudica a argumentação do diálogo?
      Porque um aceita a validade da argumentação do outro, apesar de revidar e torcer o argumento para seu lado.

08 – Experimente substituir a última fala por algo como “Está louco! Você sabe que humanos não têm parentes animais.”
a)   O que mostra essa resposta, em termos de argumentação?
A intenção de ofensa do marido surtiria efeito, sem dar possibilidade à esposa de reverter a ofensa.
b)   Que efeito essa resposta teria no humor do texto?
O texto perderia o humor, pois a quebra de expectativa, que resulta em humor, desapareceria.







CONTO: O REFORMADOR DO MUNDO - MONTEIRO LOBATO - COM GABARITO

CONTO: O reformador do mundo
              Monteiro Lobato

   Américo Pisca-Pisca tinha o hábito de pôr defeito em todas as coisas. O mundo para ele estaria errado e a natureza só fazia asneira.

        — Asneira, Américo?
         — Pois então? ... Aqui mesmo, neste pomar, você tem a prova disso. Ali está uma jabuticabeira enorme sustentando frutas pequeninas, e lá adiante vejo uma colossal abóbora, presa ao caule de uma planta rasteira. Não era lógico que fosse justamente o contrário? Se as coisas tivessem de ser reorganizadas por mim, eu trocaria as bolas, passando as jabuticabeiras para a aboboreira e as abóboras para a jabuticabeira.
          Não tenho razão?
         Assim discorrendo, Américo provou que tudo estava errado e só ele era capaz de dispor com inteligência o mundo. Mas o melhor, concluiu, é não pensar nisto e tirar uma soneca à sombra destas árvores, não acha?
         E Pisca-Pisca, piscando que não acabava mais, estirou-se de papo para cima à sombra da jabuticabeira.
       Dormiu. Dormiu e sonhou. Sonhou com um mundo novo, reformado inteirinho pelas suas mãos.
          Uma beleza!
         De repente, no melhor da festa, plaft! Uma jabuticaba cai do galho e lhe acerta em cheio o nariz.
      Américo desperta de um pulo. Pisca-Pisca medita sobre o caso e reconhece, afinal, que o mundo não era tão mal feito assim. E segue para a casa refletindo:
        — Que coisa! ... Pois não é que se o mundo fosse arrumado por mim, a primeira vítima teria sido eu? 
        Eu, Américo Pisca-Pisca, morto pela abóbora por mim posta no lugar da jabuticaba? Hum!
       Deixemo-nos de reformas. Fique tudo como está que está tudo muito bem.
       E Pisca-Pisca continuou a piscar pela vida à fora mas já sem a cisma de corrigir a natureza.
                                                                                         Monteiro Lobato 

Entendendo o texto:

01 – A primeira prova de que o mundo estava errado foi apresentada:
a)   Por correção.
b)   Pela evidência.
c)   Pela ilusão.
d)   Pela revolução.

02 – Ele procurou justificar que o mundo estava errado com o exemplo:
a)   Caule e abóbora.
b)   Planta e caule.
c)   Jabuticabeira e abóbora.
d)   Galho e raiz.

03 – Os adjetivos que confirmam a resposta anterior são respectivamente:
a)   Enormes – pequeninas.
b)   Enorme – colossal.
c)   Pequeninas – colossal.
d)   Grandes - beleza.

04 – A prova de que Américo Pisca-Pisca poderia melhorar o mundo aparece na frase.
a)   “Américo Pisca-Pisca tinha hábito de pôr defeito em todas as coisas”.
b)   “O mundo para ele estava errado”.
c)   “Não era lógico que fosse justamente o contrário”.
d)   “...só ele era capaz de dispor com inteligência o mundo”.

05 – A frase que melhor traduz a conclusão a que Pisca-Pisca chegou sobre a reforma do mundo é:
a)   Que coisa! ... Pois não é que se o mundo fosse arrumado por mim, a primeira vítima teria sido eu? 
b)   Deixemo-nos de reformas. Fique tudo como está que está tudo muito bem
c)   Dormiu. Dormiu e sonhou.
d)   O mundo para ele estaria errado e a natureza só fazia asneira.

06 – Indique a palavra que pode substituir a grifada na frase sem alterar o sentido:
“O mundo para ele estaria errado e a natureza só fazia asneira.”
a)   Bom trabalho.
b)   Tolice.
c)   Inimizade.
d)   Amizade.

07 – A palavra ELE grifada na frase substitui: 
“Assim discorrendo, Américo provou que tudo estava errado e só ele era capaz de dispor com inteligência o mundo”.
a)   Tudo.
b)   Errado.
c)   Américo.
d)   Inteligência.

08 – Onomatopeia é o emprego de palavras que imitam o ruído ds coisas. No texto vem representada por:
a)   Uma beleza.
b)   Platf!
c)   Eu.
d)   Pulo.

09 – O reconhecimento de que o mundo não era tão mal feito foi uma atitude:
a)   Material.
b)   De raciocínio.
c)   Adquirido em sonho.
d)   Sentimental.

10 – A palavra que confirma o item anterior é:
a)   Medita.
b)   Desperta.
c)   Acenta.
d)   Pisca piscando.

11 – A conclusão que Pisca-Pisca tirou de suas ideias reformadas foi:
a)   Que o mundo realmente estava errado.
b)   Que as abóboras estavam fora do lugar.
c)   Que ele próprio seria a primeira vítima.
d)   Que é bom dormir à sombra das jabuticabeiras.

12 – Evidenciando o apego que todos têm a vida, podemos dizer que a segunda conclusão de Pisca-Pisca foi:
a)   Fique tudo como está, que está tudo muito bem.
b)   Pisca-Pisca continuou a piscar.
c)   É bom tentar, apesar de tudo, modificar o mundo.
d)   Nada nos resta a não ser dormir.



POEMA: SE EU NÃO A TENHO, ELA ME TEM - AUGUSTO DE CAMPOS - COM GABARITO

Poema: Se eu não a tenho, ela me tem

Se eu não a tenho, ela me tem
O tempo todo preso, Amor,
E tolo e sábio, alegre e triste,
Eu sofro e não dou troco.
É indefeso quem ama.
Amor comanda
À escravidão mais branda

E assim me rendo,
Sofrendo,
À dura lida
Que me é deferida.
[...]

É tal a luz que dela vem
Que até me aqueço nessa dor
Sem outro sol que me conquiste,
Mas no sol ou no fogo
Não digo quem me inflama.
O olhar me abranda,
Só os olhos têm vianda,
E a ela vendo
Vou tendo
Mais distendida
Minha sobrevida.
[...]

Eu sei cantar como ninguém
Mas meu saber perde o sabor
Se ela me nega o que me assiste.
Vejo-a só, não a toco,
Mas sempre que me chama
Para ela anda
Meu corpo, sem demanda,
E sempre atendo,
Sabendo
Que ela me olvida
A paga merecida.
[...]
                                            Daniel, Arnaut. In: Campos, Augusto de.
                    Invenção. São Paulo: Arx, 2003. p. 90-93. (Fragmento).

Deferida: concedida.
Vianda: alimento.
“O que me assiste”: aquilo a que tenho direito.
Olvidar: esquecer.

Entendendo a poesia:
01 – O primeiro verso resume a relação existente entre o eu lírico e a dama sobre a qual ele fala. Que relação é essa?
      Uma relação de devoção amorosa. Ele declara sua total dependência em relação à mulher sobre a qual fala.

a)   Com base no texto, como você caracterizaria o eu lírico? E a dama?
      Alguns elementos indicam que o eu lírico é masculino. Ele se apresenta como submisso à “escravidão branda” a que foi destinado pelo amor. A dama sobre quem fala é apresentada de modo idealizado, distante.

02 – O termo destacado no trecho a seguir assume dois sentidos diferentes: Quais são eles? Explique:

                   “É tal a luz que dela vem
                   Que até me aqueço nessa dor
                   Sem outro sol que me conquiste,
                   Mas no sol ou no fogo
                   Não digo quem me inflama.”

      Um trovador, denominação de quem compunha cantigas, não poderia nunca revelar o nome da dama a quem dedicava suas canções. Transcreva no caderno os versos do trecho acima que mostram que isso foi cumprido.
      A primeira ocorrência do termo sol é uma referência metafórica à dama. Ela é o único “sol” que aquece o coração do trovador, não corre o risco de ser substituída por outra mulher.
      Na segunda ocorrência, a referência parte do sentido literal, para construir uma nova representação metafórica: nem sob tortura o trovador revela o nome da dama que o aquece.

03 – Quais as três metáforas presentes na segunda estrofe?
      As metáforas são: luz e sol, que se referem à dama como ser que dá calor e em torno do qual o eu lírico gravita, e vianda, que se refere a ela como alimento.

a)   Como essas metáforas ajudam a caracterizar a posição de submissão do eu lírico em relação à dama?
      Por meio das metáforas o eu lírico caracteriza sua total dependência da dama: ela é a luz que o ilumina, o sol que o aquece, o alimento que garante sua sobrevivência.

04 – Na terceira estrofe, o eu lírico afirma sua superioridade. Transcreva no caderno o verso em que isso ocorre.
      O verso é o primeiro: “Eu sei cantar como ninguém.”

     a)   Sua condição superior é tratada como algo positivo ou negativo? Por quê?
      O eu lírico trata sua condição superior como algo negativo, porque não está lhe trazendo a recompensa esperada.

     b)   Em dois momentos, nessa estrofe, o eu lírico fala do papel que a mulher deve exercer no jogo do amor. Transcreva-os no caderno e explique em que consiste esse papel.
      Os momentos em que o eu lírico faz referência ao papel da mulher são: “se ela me nega o que me assiste” e “ela me olvida / a paga merecida”. Nos dois casos, ele afirma ter direito a algum tipo de recompensa, ou reconhecimento, por cumprir bem o seu papel. A dama, portanto, deveria reconhecer que ele foi cortês, que canta melhor que todos os outros e garantir a ele “a paga merecida”, mas isso não ocorre.