sexta-feira, 7 de julho de 2017

INTERTEXTUALIDADE EM POEMAS E MÚSICAS - COM GABARITO

INTERTEXTUALIDADE EM POEMAS E MÚSICAS - COM GABARITO


1)   (Uff 2011)  Modinha do exílio
           
            Os moinhos têm palmeiras
            Onde canta o sabiá.
            Não são artes feiticeiras!
            Por toda parte onde eu vá,
            Mar e terras estrangeiras,
            Posso ver mesmo as palmeiras
            Em que ele cantando está.
            Meu sabiá das palmeiras
            Canta aqui melhor que lá.
            Mas, em terras estrangeiras,
            E por tristezas de cá,
            Só à noite e às sextas-feiras.
            Nada mais simples não há!
            Canta modas brasileiras.
            Canta – e que pena me dá!
                                  
                                               (Ribeiro Couto)

 Os versos dos poetas modernistas e românticos apresentam relação de intertextualidade com o poema de Ribeiro Couto, EXCETO em uma alternativa. Assinale-a.
    a) “Vou-me embora pra Pasárgada / Lá sou amigo do rei / Lá tenho a mulher que eu quero / Na cama que escolherei” (Manuel Bandeira)   
    b) “Dá-me os sítios gentis onde eu brincava / Lá na quadra infantil; / Dá que eu veja uma vez o céu da pátria, / O céu do meu Brasil!” (Casimiro de Abreu)   
    c) “Minha terra tem macieiras da Califórnia / onde cantam gaturamos de Veneza. / Os poetas da minha terra / são pretos que vivem em torres de ametista,” (Murilo Mendes)   
   d) “Ouro terra amor e rosas / Eu quero tudo de lá / Não permita Deus que eu morra / Sem que volte para lá” (Oswald de Andrade)   
   e) “Em cismar, sozinho, à noite, / Mais prazer eu encontro lá; / Minha terra tem palmeiras, / Onde canta o Sabiá.” (Gonçalves Dias)   
  

2)  (Fuvest 2010) 
 Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um “libertas quae sera tamen”*
Que um dia traduzi num exame escrito:
“Liberta que serás também”
E repito!
 (Vinícius de Moraes, “Pátria minha”, Antologia poética.)

*A frase em latim traduz-se, comumente, por “liberdade ainda que tardia”.

Considere as seguintes afirmações:
 I. O diálogo com outros textos (intertextualidade) é procedimento central na composição da estrofe.
II. O espírito de contradição manifesto nos versos indica que o amor da pátria que eles expressam não é oficial nem conformista.
III. O apego do eu lírico à tradição da poesia clássica patenteia-se na escolha de um verso latino como núcleo da estrofe.

Está correto o que se afirma em:
       a) I, apenas.   
       b) II, apenas.   
       c) I e II, apenas.   
       d) II e III, apenas.   
       e) I, II e III.   


3) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Você sabia que com pouco esforço é possível ajudar o planeta e o seu bolso?
Ao usarmos a energia elétrica para aparelhos eletrônicos e lâmpadas também emitimos gás carbônico, um dos principais gases do efeito estufa. Atitudes simples como trocar lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes e puxar da tomada os aparelhos que não estão em uso reduzirão a sua conta de luz e as nossas emissões de CO2 na atmosfera.
(Planeta sustentável: conhecimento por um mundo melhor)

 (Mackenzie 2010) Assinale a alternativa que indica recurso empregado no texto.
    a) Intertextualidade, já que se pode notar apropriação explícita e marcada, por meio de citações, de trechos de outros textos.   
    b) Conotação, uma vez que o texto emprega em toda a sua extensão uma linguagem que adota tom pessoal e subjetivo.   
    c) Ironia, observada no emprego de expressões que conduzem o leitor a outra possibilidade de interpretação, sempre crítica.   
   d) Denotação, pois há a utilização objetiva de palavras e expressões que destacam a presença da função referencial.   
   e) Metalinguagem, uma vez que a linguagem adotada serve exclusivamente para tratar da própria linguagem.   
  


4) Ideologia

Meu partido
É um coração partido
E as ilusões estão todas perdidas
Os meus sonhos foram todos vendidos
Tão barato que eu nem acredito
Eu nem acredito
Que aquele garoto que ia mudar o mundo
(Mudar o mundo)

Frequenta agora as festas do “Grand Monde”

Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver
Ideologia
Eu quero uma pra viver

O meu prazer
Agora é risco de vida
Meu sex and drugs não tem nenhum rock ‘n’ roll
Eu vou pagar a conta do analista
Pra nunca mais ter que saber quem eu sou
Pois aquele garoto que ia mudar o mundo
(Mudar o mundo)
Agora assiste a tudo em cima do muro

Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver
Ideologia
Eu quero uma pra viver

(CAZUZA e ROBERTO FREJAT - 1988)

 E as ilusões estão todas perdidas (v. 3)

Esse verso pode ser lido como uma alusão a um livro intitulado Ilusões perdidas, de Honoré de Balzac.
Tal procedimento constitui o que se chama de:
    a) metáfora   
    b) pertinência   
    c) pressuposição   
    d) intertextualidade   
  

5) (Ueg 2008) Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta.
            (Disponível em: Acesso em: 19 set. 2007.)

Durante a Ditadura Militar, a censura política funcionou como uma mordaça à liberdade de expressão no Brasil. Em função disso, artistas de diversas tendências usaram a sua criatividade na produção de obras de forte apelo político, mas que, ao mesmo tempo, preservavam a beleza estética. Um exemplo é a canção "Cálice", composta por Chico Buarque e Gilberto Gil, em 1973.

Sobre a expressividade poética e política dessa canção, é INCORRETO afirmar:
    a) Ela explora o duplo sentido que se pode verificar na leitura do vocábulo "cálice", em razão da identidade fônica entre esta palavra e a forma verbal do verbo "calar", na terceira pessoa do imperativo.   
    b) Percebe-se a manifestação de uma intertextualidade entre os três primeiros versos e o contexto bíblico da crucificação de Cristo.   
   c) "Bebida amarga", no contexto da canção, metaforiza o contexto sócio histórico em que ela foi composta.   
  d) A canção é um exemplo da bossa nova, um gênero musical que tentou extirpar qualquer influência norte-americana na música popular brasileira.   
  
6) (Uff 2007)  A modernidade tem-se utilizado de meios expressionais que dialogam com diversas linguagens, produzindo pela intertextualidade novos sentidos e novos diálogos.
Identifique o comentário pertinente sobre a ressignificação promovida pela intertextualidade dos fragmentos que se seguem.


a)         Amor é fogo que arde sem se ver.
            É ferida que dói e não se sente.
            É um contentamento descontente.
            É dor que desatina sem doer.
            Luís Vaz de Camões

            O amor é o fogo que arde sem se ver.

            É ferida que dói e não se sente.
            É um contentamento descontente.
            É dor que desatina sem doer.
            Ainda que eu falasse a língua dos homens.
            E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
            Legião Urbana, "Monte Castelo"

   Os versos de "Monte Castelo" retomam três fontes distintas que remetem ao local de resistência (título da canção), à necessidade imperiosa do sentimento fraterno (Apóstolo Paulo) e ao caráter contemplativo e dócil da vivência amorosa (Camões). 
  

b)         Quando nasci, um anjo torto
            desses que vivem na sombra
            Disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
            Carlos Drummond de Andrade, "Poema das sete faces"

      
            Quando nasci um anjo esbelto,
            desses que tocam trombeta, anunciou:
            vai carregar bandeira.
            Cargo muito pesado pra mulher,
            esta espécie ainda envergonhada.
           Adélia Prado, "Com licença poética"

   Os versos de Adélia Prado retomam a imagem do "anjo", reproduzindo o caráter de aceitação do papel da mulher no contexto social.   


c)         Nosso céu tem mais estrelas,
            Nossas várzeas têm mais flores
            Nossos bosques têm mais vida,
            Nossa vida mais amores.
            Gonçalves Dias





            Nossas várzeas têm mais flores
            nossas flores mais pesticidas.
            Só se banham em nossos rios
            Desinformados e suicidas.
           Luiz Fernando Veríssimo

   O fragmento retomado por Veríssimo - versos de "Canção do Exílio" - situa a realidade em que se insere, sob o ponto de vista crítico, confrontando-se à visão ufanista do Romantismo.   

d)         Conselho se fosse bom, as pessoas
            não dariam, venderiam.
            Vá dormir que a dor passa.
            Quem espera sempre alcança.
            Provérbios e ditos populares.

            Ouça um bom conselho
            Que eu lhe dou de graça
            Inútil dormir que a dor não passa
            Espere sentado
            Ou você se cansa
            Está provado, quem espera nunca alcança.
           Chico Buarque, "Bom conselho"

   O fragmento de "Bom conselho" reforça pela linguagem poética o caráter moralista e educativo desses provérbios.   

e) A feição deles é serem pardos, maneira d'avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como também em mostrar o rosto  Trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha a el-rei d. Manuel

            Senhor: Escrevo esta carta para vos dar conta dos sucessos da terra de Vera Cruz desde o dia de seu achamento até a construção desta Brasília onde agora me encontro. Eu a tenho, Senhor, por derradeiro feito e última louçania da gente de cepa e me empenharei em bem descrevê-la, nada pondo ou tirando para aformosear nem para enfear, mas só praticando do que vi, ouvi ou me pareceu.
            Segunda Carta de Pero Vaz de Caminha, a El Rei, escrita da Novel Cidade de Brasília com a data de 21 de abril de 1960. (Por Darcy Ribeiro)

   O fragmento da carta de Darcy Ribeiro retoma o estilo detalhista e inventivo de Pero Vaz de Caminha, ao construir a imagem do Brasil segundo o olhar europeu.   
  
7) (Pucpr 2006)  Leia o poema:

podem ficar com a realidade
esse baixo astral
em que tudo entra pelo cano

eu quero viver de verdade
eu fico com o cinema americano

O poeta Paulo Leminski neste poema usa de procedimento redundante em sua obra. Assinale a alternativa que identifica esse procedimento:

     a) intertextualidade.   
     b) ironia.   
     c) crítica à sociedade de massa.   
     d) fuga à realidade.   
     e) desejo de viver intensamente.   

8) Clonagem

Parabenizo o jornalista Marcelo Leite pelo artigo "O conto das células de cordão" (Mais!, p. 18,18/7).

A tecnologia de congelamento de células de cordão é muito bem dominada por alguns serviços médicos no Brasil há vários anos. Logo, seria natural que migrássemos para esse campo. Mas, mesmo sendo factível a sua introdução, ficamos convencidos de que essa seria uma área que só deveria ser implantada por instituições (preferencialmente públicas) responsáveis pelo tratamento de um grande contingente de pacientes, pois só com um cadastro nacional abrangente poderiam ser atendidos aqueles com indicação de transplante de medula óssea que não tivessem doadores relacionados disponíveis.
Infelizmente, foi com muito pesar que vi a proliferação de bancos de cordão voltados ao possível atendimento dos próprios doadores do cordão (crianças saudáveis e provenientes de famílias com bons recursos financeiros), uma prática totalmente desnecessária com pouca repercussão do ponto de vista da saúde pública.
Foi por esse motivo que nunca nos aventuramos nessa área.
Silvano Wendel, diretor médico do banco de sangue do Hospital Sírio-Libanês (São Paulo-SP)
FOLHA DE S. PAULO, São Paulo, 23 jul. 2004, p. A3, Painel do Leitor.

 O título do artigo de Marcelo Leite "O conto das células de cordão" resume a tese de que a prática de doação de cordão umbilical não tem favorecido aqueles que realmente necessitam de transplante de medula. O sentido construído no título é alcançado pelo recurso de:

    a) inversão, construída pelo emprego das palavras "células" e "conto".   
     b) oposição, provocada pelo uso da palavra "cordão" que tem duplo sentido.  
    c) paródia, construída pela explicação do que vêm a ser as células de cordão.
    d) intertextualidade, marcada pelo uso de termos que recuperam elementos dos contos de fadas.   
   e) contradição, provocada pelo uso dos termos "cordão" e "células" que remetem a domínios diferentes.   
  
9)  (Pucmg 2003)  Leia os versos abaixo, parte do "Poema de Sete Faces", de "Alguma Poesia":

"Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração."

Se considerarmos que Tomás Antônio Gonzaga é autor do verso "Eu tenho um coração maior que o mundo", podemos afirmar que, nos dois versos de Drummond acima transcritos, existe:

      a) mera cópia do verso de Tomás Antônio Gonzaga.   
      b) plágio visível do verso de Tomás Antônio Gonzaga.   
      c) intertextualidade flagrante com o verso de Tomás Antônio Gonzaga.   
     d) apropriação indevida do verso de Tomás Antônio Gonzaga.   
  

10)  (Fuvest 2001)  Chega!
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos.
Minha boca procura a "Canção do Exílio".
Como era mesmo a "Canção do Exílio"?
Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que tem palmeiras
onde canta o sabiá!
            (Carlos Drummond de Andrade, "Europa, França e Bahia", ALGUMA POESIA)

Neste excerto, a citação e a presença de trechos.............. constituem um caso de..............

Os espaços pontilhados da frase acima deverão ser preenchidos, respectivamente, com o que está em:
      a)  do famoso poema de Álvares de Azevedo / discurso indireto.   
      b)  da conhecida canção de Noel Rosa / paródia.   
      c)  do célebre poema de Gonçalves Dias/ intertextualidade.   
     d)  da célebre composição de Villa-Lobos/ ironia.   
     e)  do famoso poema de Mário de Andrade / metalinguagem.   
  





quinta-feira, 6 de julho de 2017

POEMAS DE MANUEL BANDEIRA (LIBERTINAGEM) COM GABARITO

POEMAS DE MANUEL BANDEIRA COM INTERPRETAÇÃO

1. (FUVEST) Leia o poema de Manuel Bandeira e responda.

Não sei dançar

Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.
   Tenho todos os motivos menos um de ser triste.
   Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria...

  Sim, já perdi pai, mãe, irmãos.
  Perdi a saúde também.
  É por isso que sinto como ninguém o ritmo do jazz-band.

   Uns tomam éter, outros cocaína.
   Eu tomo alegria!
   Eis aí por que vim assistir a este baile de terça-feira gorda.

  Sobre os versos transcritos, assinale a alternativa incorreta:
  (A) A melancolia do eu-lírico é apenas aparente: interiormente ele se    identifica com a atmosfera festiva do carnaval, como se percebe no tom   exclamativo de "Eu tomo alegria!"
   (B) A perda dos familiares e da saúde são aspectos autobiográficos do autor presentes no texto.
   (C) A alegria do carnaval é meio de evasão para eu-lírico, que procura alienar-se de seu sofrimento.
   (D) O último verso transcrito associa-se ao título do poema, pois o eu-lírico não participa, de fato, do baile de carnaval.
   (E) O eu-lírico revela, em tom bem-humorado e descompromissado, ser uma pessoa exageradamente sensível.

   2. (FUVEST) Em Libertinagem, Manuel Bandeira manifesta profunda simpatia pelos marginalizados, que, por razões históricas ou condição econômica, representam os desvalidos. Assinale a alternativa em que o poema indicado não serve de exemplo para essa afirmação:
(A) “ Irene no céu”.
(B) “Camelôs”.
(C) “ Mangue”.
(D) “Profundamente”.
(E) “Poema retirado de uma notícia de Jornal”.



3. (FUVEST) Macumba de Pai Zusé

Na macumba do Encantado
Nego véio pai de santo fez mandinga
No palacete de Botafogo
Sangue de branca virou água
Foram vê estava morta!
(Libertinagem, Manuel Bandeira)

É correto afirmar que, neste poema de Manuel Bandeira,
(A) emprega-se a modalidade do poema-piada, típica da década de 20, com o fim de satirizar os costumes populares.
(B) usam-se os recursos sonoros (ritmo e metro regulares, redondilha menor) para representar a cultura branca, e os recursos visuais (imagens, cores), para caracterizar a religião afro-brasileira.
(C) mesclam-se duas variedades linguísticas: uma que se aproxima da língua escrita culta e outra que mimetiza uma modalidade da língua oral, popular.
(D) manifesta-se a contradição entre dois tipos de práticas religiosas, representadas pelas oposições negro x branco, macumba x pai de santo, nego véio x Encantado.
(E) expressa-se a tendência modernista de encarar a cultura popular como manifestação do atraso nacional, a ser superado pela modernização.



4. (FUVEST) Teresa

A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna

Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo



(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que
[o resto do corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.

 (Libertinagem, Manuel Bandeira)

Em relação às imagens que compõem a figura feminina, no texto de Bandeira, só não se pode afirmar que:
(A) acentuam realisticamente os aspectos grotescos da mulher.
(B) destacam o estranhamento sentido pelo eu-lírico diante de uma visão surpreendente.
(C) constituem deliberado deboche das imagens consagradas pela literatura tradicional.
(D) dessacralizam o ideal de amor arrebatador.
(E) podem ser atribuídas à postura iconoclasta dos modernistas de 22.

5. (POLI) Leia, abaixo, um poema de Manuel Bandeira. 



Poema tirado de uma notícia de jornal


João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão [sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

A respeito do poema e da proposta poética que o autor assume em Libertinagem não podemos afirmar:
(A) O poema assume apenas a proposta de libertação da forma poética, em versos livres e brancos.
(B) A partir do título notamos uma proposta de redimensionar o assunto da poesia, uma vez que o cotidiano pode assumir uma dimensão poética, na medida em que é reinventado em linguagem e ritmo.
(C) O segundo verso do poema, iniciado pela construção uma noite, sugere que o que João Gostoso viveu naquela noite, Bebeu/ Cantou/ Dançou, foi uma exceção em sua rotina.
(D) Podemos entender que o tamanho do primeiro e do último versos do poema exprimem um grande número de dificuldades vividas pelo personagem e contrastam com os versos curtos Bebeu/ Cantou/ Dançou que apontam os momentos de alívio como raros na vida dele.
(E) A omissão do número do barracão em que João Gostoso morava confere a ele um caráter de personagem tipo, isto é, representa várias pessoas que vivem em mesma situação.



6. (FUVEST) ORAÇÃO A TERESINHA DO MENINO JESUS

Perdi o jeito de sofrer.
Ora essa.
Não sinto mais aquele gosto cabotino da tristeza.
Quero alegria! Me dá alegria,
Santa Teresa!
Santa Teresa não, Teresinha…
Teresinha... Teresinha…
Teresinha do Menino Jesus.
(…) (Manuel Bandeira, Libertinagem)

Sobre este trecho do poema, só NÃO é correto afirmar o que está em:

(A) Ao preferir Teresinha a Santa Teresa, o eu-lírico manifesta um desejo de maior intimidade com o sagrado, traduzida, por exemplo, no diminutivo e na omissão da palavra “Santa”.
(B) O feitio de oração que caracteriza estes versos não é caso único em Libertinagem nem é raro na poesia de Bandeira.
(C) Embora com feitio de oração, estes versos utilizam principalmente a variedade coloquial da linguagem.
(D) Em “do Menino Jesus”, qualificativo de Teresinha, pode-se reconhecer um eco da predileção de Bandeira pelo tema da infância, recorrente em Libertinagem e no conjunto de sua poesia.
(E) Apesar de seu feitio de oração, estes versos manifestam intenção desrespeitosa e mesmo sacrílega em relação à religião estabelecida.

7. (FUVEST) PROFUNDAMENTE



Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Náo ouvi mais vozes nem risos
(...)
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente

Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totânio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?

— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente. (Manuel Bandeira, Libertinagem.)

No conhecido poema de Bandeira, aqui parcialmente reproduzido, a experiência do afastamento da festa de São João:
(A) é de ordem subjetiva e ocorre, primordialmente, no plano do sonho e da imaginação.
(B) reflete, em chave saudosista, o tradicionalismo que caracterizou a geração modernista de 1922.
(C) se dá predominantemente no plano do tempo e encaminha uma reflexão sobre a transitoriedade das coisas humanas.
(D) assume feição abstrata, na medida em que evita assimilar os dados da percepção sensível, registrados pela visão e pela audição.
(E) é figurada poeticamente segundo o princípio estético que prevê a separação nítida de prosa e poesia.



8. (FUVEST) Leia os versos de Poética, de Manuel Bandeira:

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e
[manifestações de apreço ao Sr. diretor
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho
[vernáculo de um vocábulo

Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barabarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
(...)

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

— Não quero saber do lirismo que não é libertação.

Nos versos transcritos de Poética, de Manuel Bandeira, pode-se identificar a:
I. afirmação de um novo conceito estético, que propõe a rejeição de todos os métodos tradicionais de composição poética.
II. condenação da linguagem acadêmica, erudita, beletrista, valorizada pelo Parnasianismo.
III. proposição de substituição de fórmulas poéticas tradicionais por formas livres, espontâneas que garantam harmonia e comedimento de expressão.
IV. recusa à dissociação entre a espontaneidade do sentimento e da expressão lingüística.

Está correto o que se afirma em:
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) I e IV.
(D) II e IV.
(E) III e IV.




9. (PUC-SP) Pensão Familiar

Jardim da pensãozinha burguesa.
Gatos espapaçados ao sol.
A tiririca sitia os canteiros chatos.
O sol acaba de crestar as boninas que murcharam.
Os girassóis
amarelo!
resistem.
E as dálias, rechonchudas, plebéias, dominicais.
Um gatinho faz pipi.
Com gestos de garçom de restaurante — Palace
Encobre cuidadosamente a mijadinha.
Sai vibrando com elegância a patinha direita:
— É a única criatura fina na pensãozinha burguesa.

O poema acima é de Manuel Bandeira e integra a obra Libertinagem. Do ponto de vista de sua construção, NÃO se pode afirmar que:
(A) é enfaticamente descritivo na primeira parte e caracteriza o cenário natural, valendo-se, principalmente de frases nominais.
(B) sugere atmosfera afetuosa e terna caracterizada pelo uso expressivo do diminutivo.
(C) opera o procedimento narrativo de tal forma a conciliá-lo com o descritivo, sem, no entanto, reduzi-lo a um mero pano de fundo.
(D) carece de exploração visual e perde poeticidade em deslizes semânticos e sintáticos.
(E) ilumina e colore o poema e a página, que se contaminam pela força invasora do amarelo.

10. Poética ressalta e propõe:
(A)a liberdade de expressão;
(B)a construção poética por meio da sintaxe normativa;
(C)a vida versus a morte;
(D)a descrição do cotidiano;
(E)as reminiscências da infância.


quarta-feira, 5 de julho de 2017

APOSTO E VOCATIVO- QUESTÕES OBJETIVAS - COM GABARITO

APOSTO E VOCATIVO

1 – (UNAERP) – Na oração: “Pássaro e lesma, o homem oscila entre o desejo de voar e o desejo de arrastar”, Gustavo Corção empregou a vírgula.
a)     Por tratar-se de antítese.
b)    Para indicar a elipse do verbo.
c)     Para separar o vocativo.

d)    Para separar uma oração adjetiva de valor restritivo.
e)     Para separar o aposto.
Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiynOYq2usYYt42ZsrsPfVQptbx4AdyNkKmoaz7Xy2T3TPuptVo9mfi43kHbZ2ejM9kArD-tvXA3Ol5sYmn5y5-1OMWvXcfeZpgpiljeg02NJW8EPJZVOmBAsC-o3PWA0evPWCGlof_Nr9riAUJRKJWeYUoqXjaFZNJEgo_dIyg1UxVgahpbT6BToet2Oc/s320/VOCATIVO.jpg



2 – (FEBASP) – No exemplo de período simples: Santos, cidade paulista, é um importante porto, as vírgulas estão separando:
a)     O aposto.
b)    O vocativo.
c)     A elipse do verbo.
d)    Termos coordenados.

3 – Coloque (A) para aposto e (V) para vocativo.
a)     ( A ) Este escritor, como romancista, nunca foi superado.
b)    ( V ) Mestres de todas as horas, os livros nos ensinam e divertem.
c)     ( V ) Dize, meu filho, quem te fez chorar?
d)    ( A ) Jerônimo, nosso vizinho, montou uma oficina.
e)     ( V ) Ó Vitória, por que não varre esta casa direito?
f)      ( V ) Essa moçarada é teimosa, seu doutor!

4 – Indique a função sintática dos termos destacados. Trago-te flores, restos arrancados da terra, que nos viu passar unidos e ora mortos nos deixa e separados.
a)     Sujeito.
b)    Objeto indireto.
c)     Objeto direto.
d)    Vocativo.
e)     Aposto.

5 – Assinale a alternativa sem aposto:
a)     O Dr. Aquiles, médico, é homem de estatura meã.
b)    Ah! eu lhe agradeço muito.
c)     Não os detêm ou amedrontam barreiras e contratempos: Chuvas, secas, frios.

6 – (FEFASP) – Em que alternativa não existe aposto?
a)     Homens, animais e árvores, tudo é terra e da terra.
b)    A cidade do Rio comove aos mais duros de sentimentos.
c)     Antão só pensava na linda Thereza, Filha de Theodoro.
d)    Aves brancas e delicadas enfeitavam a beira da lagoa.

7– (UFMG) – A propósito do trecho que segue aponte a resposta correta.
     Minha bela Marília, tudo passa/ A sorte deste mundo é mal segura/ Se vem depois dos males a ventura/ Vem depois dos prazeres e desgraça/ Estão os mesmos deuses/ Sujeitos ao poder do ímpio fado:/ Apolo á fugiu do céu brilhante/ já foi pastor de gado. (T. A. Gonzaga).
Minha bela Marília é:
a)     Vocativo.
b)    Sujeito.
c)     Aposto.
d)    Adjunto adnominal.

8– Em que alternativa as vírgulas separam um aposto?
      a) Filho meu, onde estás?
      b) A vida, respondeu ele, é uma loteria.
      c) Bem-vindo seja o estrangeiro aos campos dos tabajaras, senhores das aldeias, e à cabana de Araquém... (J. Alencar).
      d) Tristeza, angústia, melancolia eram o seu pão de cada dia.

9 – (UNIP) – Em: Abaixe a cabeça, leitor, faça todos os gestos de incredulidade. (Machado de Assis), o tempo leitor é ____________ e os verbos são ___________.
a)     Vocativo – intransitivos.
b)    Aposto – intransitivo.
c)     Vocativo – transitivos diretos.
d)    Aposto – transitivos diretos.
e)     Sujeito simples – transitivos diretos.

10– Assinale a alternativa que contenha vocativo.
      a) Choraram amargamente o seu destino.
      b) Nós, os verdadeiros patriotas...
      c) Eu vou!
      d) Os doces comi, as frutas e algo mais.
      e) Beijo-vos as mãos, senhor rei.