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quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

CONTO: O VELHO E O SÍTIO - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

CONTO: O velho e o sítio
                  Chico Buarque

   Encontrar aberta a cancela do sítio me perturba… Penso nos portões dos condomínios, e por um instante aquela cancela escancarada é mais impenetrável. Sinto que, ao cruzar a cancela, não estarei entrando em algum lugar, mas saindo de todos os outros. Dali avisto todo o vale e seus limites, mas ainda assim é como se o vale cercasse o mundo e eu agora entrasse num lado de fora. Após a besta hesitação, percebo que é esse mesmo o meu desejo. Piso o chão do sítio e caio fora. Piso o chão do sítio, e para me garantir decido fechar a cancela atrás de mim. Só que ela está agarrada ao chão, incrustada e integrada ao barro seco. Quando deixei o sítio pela última vez, há cinco anos, devo ter largado a cancela aberta e nunca mais ninguém a veio fechar.

(…) o velho sentado no tamborete faz um grande esforço para erguer a cabeça, e é o tempo que necessitava para reconhecer nosso antigo caseiro. Deixou crescer os cabelos que, à parte as raízes brancas, parecem ter mergulhado num balde de asfalto. A pele do seu rosto resultou mais pálida e murcha do que já era, e ele me fita com um ar interrogativo que não consigo interpretar; talvez se pergunte quem sou eu. Penso em lhe dar um tapa nas costas e dizer “há quantos anos, meu tio”, mas a intimidade soaria falsa. Meu pai entraria soltando uma gargalhada na cara do velho, passaria a mão naquele cabelo gorduroso, talvez chutasse o tamborete e dissesse “levanta daí, sacana!”. Meu pai tinha talento para gritar com os empregados; xingava, botava na rua, chamava de volta, despedia de novo, e no seu enterro estavam todos lá. Eu, se disser “há quantos anos, meu tio”, pode ser que o ofenda, porque é outro idioma. Sem aviso, o velho dá um pulo de sapo e vai para o centro da cozinha, apontando para mim. Usa o calção amarrado com barbante abaixo da cintura, e suas pernas cinzentas ainda são musculosas, as canelas finas; é como se ele fosse de uma raça mista, que não envelhecesse por igual. Aproxima-se com molejo de jogador, mas com o tórax cavado e os braços caídos, papeira, a boca de lábios grossos aberta com três dentes, os olhos azuis já encharcados. E abraça-me, beija-me, recua um passo, fica me olhando como um cego olha, não nos olhos, mas em torno do meu rosto, como que procurando minha aura. “Deus lhe abençoe, Deus lhe abençoe”, diz. Depois pergunta “que é de Osbênio? Que é de Clair?” e entendo que ele esperava outra pessoa, algum parente, quem sabe.
Um cacho de bananas verdes no chão da cozinha lembra-me que passei o dia a chá e bolacha. Na geladeira, que é um móvel atarracado de abrir por cima, encontro um jarro d’água, uma panela com arroz e uma tigela de goiaba em calda. Instalo-me com a tigela à mesa, onde antigamente os empregados comiam. O velho adivinha que pretendo passar uns tempos no sítio, e emociona-se novamente. Cai sentado na cadeira ao lado, e seus olhos voltam a se encharcar, desta vez com lágrimas azedas. Conta o velho que a mulher morreu há dois anos, que ele mesmo está muito doente, que os filhos sumiram no mundo. Tapa uma narina para assuar a outra, e conta que com ele só restaram as crianças. Que os outros, os de fora, foram chegando e dominando tudo, o celeiro, a casa de caseiro, a casa dos hóspedes, e contrataram gente estranha, e derrubaram a estrebaria e comeram os cavalos. E que os outros, os de fora, só estão esperando ele morrer para tomar posse da casa, por isso que ele dorme ali na despensa, e os netos espalhados na sala e pelos quartos. Conta que os patrões nunca aparecem, mas, quando aparecerem, vão ter um bom dum aborrecimento.

(BUARQUE, Chico. Estorvo. São Paulo: Companhia das Letras, 1991, p 24-27)

1. Qual das alternativas abaixo apresenta um objeto não escrito no texto?
a) tigela         b) geladeira        c) panela           d) mesa    
e) fogão

2. Assinala a alternativa correta, que corresponde ao primeiro parágrafo do texto:
a) A cancela que se encontra aberta, está agarrada no chão, incrustada e integrada ao barro seco…
b) A cancela do sítio perturba o narrador, porque ela representa o limite entre o que está dentro e o que está fora do mundo.
c) A cancela escancarada ficou assim por menos de cinco anos.
d) Cancela e portões de condomínio são similares, isto é, custam a fechar.
e) A cancela aberta é impenetrável, conforme desejo expresso do narrador.

3. Assinala a alternativa correta, que corresponde à descrição física do velho:
a) Seus cabelos têm cor igual à cor dos olhos.
b) Suas pernas, que já foram musculosas, agora são finas.
c) O seu tórax é cavado, tem papeira, e a sua boca de lábios grossos permitem ver três dentes.
d) Usa barbante para amarrar seus cabelos brancos.
e) A pele de seu rosto é morena, e os braços estão caídos.

4. Com relação ao vocabulário empregado no texto, assinala a alternativa correta:
a) A palavra incrustada significa fragmentada.
b) O adjetivo atarracado equivale a encurvado.
c) O emprego da palavra velho tem sentido conotativo, figurado.
d) A expressão “pulo de sapo” equivale à expressão “pulo de gato”.
e) Na frase: “…por isso ele dorme ali na despensa“, o termo destacado significa dependência da casa onde se guardam mantimentos.

5. Com relação ao último parágrafo, assinala a alternativa que demonstra a apreensão do antigo caseiro com o futuro do sítio:
a) “Na geladeira, que é um móvel atarracado de abrir por cima, encontro um jarro d’água, uma panela com arroz e uma tigela de goiaba em calda.”
b) “O velho adivinha que pretendo passar uns tempos no sítio…”
c) “Cai sentado na cadeira ao lado, e seus olhos voltam a se encharcar, desta vez com lágrimas azedas.”
d) “…e conta que com ele só restaram as crianças.”
e) “Conta que os patrões nunca aparecem, mas, quando aparecerem, vão ter um bom dum aborrecimento.”


domingo, 26 de novembro de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): COTIDIANO - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

Música(Atividades): Cotidiano

                                         Chico Buarque
Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã

Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher
Diz que está me esperando pro jantar
E me beija com a boca de café

Todo dia eu só penso em poder parar
Meio dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão

Seis da tarde como era de se esperar
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão

Toda noite ela diz pra eu não me afastar
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pra eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.


Interpretação da letra:
1 – Como é a rotina diária do personagem da música?
      A rotina de um trabalhador na década de 70, contexto da ditadura militar, onde a mulher era associada ao espaço privada.

2 – Como a mulher e retratada pelo compositor na canção? Retire do texto uma frase que mostre essa imagem da mulher.
      Como uma mulher dedicada e apaixonada.
      “Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar” / “E me beija com a boca de hortelã.”

3 – Qual seria o papel do homem na sociedade, de acordo com a canção? Retire do texto uma frase da canção que mostre o papel masculino.
      O papel do homem nesta época era ser o único provedor de uma família.
      “Me sacode as seis horas da manhã.”

4 – Os papéis do homem e da mulher mudaram em nossa sociedade, da data de lançamento da canção até hoje? Explique sua resposta e dê exemplos.
      Sim, a música foi composta na década 70, período da ditadura militar, nesta época era impossível para o autor pensar em uma música em que a mulher tivesse papel “ativo” ou “independente”. Já nos dias atuais cresce o número de mulheres chefes de família no país, segundo IBGE em 2014, 27,7 milhões de lares eram chefiados por mulheres.

5 – Em sua opinião, os papéis feminino e masculino são iguais na sociedade? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

6 – Como o personagem da música viveria a rotina?
      Como natural, pois não conhece uma outra forma.

7 – Em um texto literário, geralmente apresenta-se uma reflexão sobre a realidade. O autor recaia, através da linguagem, determinados fatos reais. Qual foi a realidade recriada pelo autor do texto?
      Recriou a rotina de um casal em que a mulher fica em casa, acorda o marido e o espera no portão no final do dia.

8 – Observe a forma como o texto como o texto se organiza. A primeira estrofe se repete no final, ou seja, o texto termina onde começou, como um círculo se fechando. Qual a relação entre essa estrutura circular, o título e o tema do poema?
      A relação com a vida que o casal tem, a rotina fazendo tudo igual na primeira estrofe e termina tudo se repetindo, por isso o título cotidiano.

9 – Quem é o “eu” do poema? E o “ela”?
      Um homem simples, levando uma vida de trabalhador. E “ela”, uma mulher dona de casa e apaixonada pelo seu marido.

10 – Comente a rotina do casal, apresentada na 1ª estrofe.
      Todo dia ela fazia tudo igual, acordava o marido as seis horas da manhã, sorri e o beija.

11 – A rotina do casal vai além da casa deles, isto é, é comum a outros casais. Transcreva um verso do poema que comprove esta afirmação.
  "  Todo dia eu só penso em poder parar
      Meio dia eu só penso em dizer não
      Depois penso na vida pra levar
      E me calo com a boca de feijão "

12 – O “eu” do poema se rebela diante a situação rotina. Em que momento isso acontece? Por quê?
      Ele se rebela todos os dias ele pensa em poder parar. “Todo dia eu só penso em poder parar” / “Meio dia eu só penso em dizer não.”

13 – Identifique no poema expressões ou palavras que expressam a ideia de rotina. Transcreva-as.
      “Acordar as seis horas da manhã” / “Diz que está me esperando pro jantar” / “Ela pega e me espera no portão”.

14 – O autor aproveita de outros dados, como o feijão que é um hábito alimentar comum no Brasil, para reforçar a ideia de rotineiro. Comente.
      Além de citar o feijão, também fala do café que faz parte da cultura do brasileiro.

15 – A linguagem coloquial escolhida pelo autor reforça a imagem de pessoa do povo. Comprove essa afirmação com exemplos do texto.
      Exemplos: pra/(para) e inicia vários versos com os pronomes (o, as, lhe, nos, te, me...) segundo as normas gramaticais não se inicia frases com os pronomes oblíquos.


segunda-feira, 20 de novembro de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): O CIO DA TERRA - MILTON NASCIMENTO/CHICO BUARQUE - COM GABARITO

Música(Atividades): O Cio da Terra
                   Milton Nascimento e Chico Buarque

                                    
Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão
E se fartar de pão

Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel
Se lambuzar de mel

Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, propícia estação
E fecundar o chão.

Interpretação da música:
01 – “O Cio da Terra” é considerado como?
      Um trabalho agrário, sagrado, pois constitui de um milagre, um ato de intervenção Divina, a arte de transformar a natureza (trigo) em cultura (pão).

02 – Segundo, os autores em que se inspiraram para compor a canção?
      Segundo Milton compôs inspirado no canto das mulheres camponesas na colheita do algodão; já Chico diz que foi feita como: “Homenagem ao árduo Trabalho Agrário”.

03 – Segundo o dicionário Aurélio a palavra forjar significa “aquecer e trabalhar na forja; caldear, fabricar, fazer (...)”. O que o significa o verso do poema “forjar do trigo o milagre do pão”?
      Significa fazer do trigo o milagre do pão.

04 – Que críticas podemos perceber na canção?
      Críticas entre os ciclos da vida vegetal, trigo e cana-de-açúcar, deixando implícita a comparação entre o ciclo da reprodução vegetal e da reprodução humana.

05 – UEL 2009:
        Os quatro últimos versos da música referem-se a importância do solo para a agricultura. Nas regiões tropicais do Brasil, os solos que perdem sua cobertura vegetal para permitir o cultivo ficam sujeitos a uma elevada pluviosidade. A grande infiltração de água no solo desencadeia dois processes importantes:
1 – O surgimento de crostas formadas a partir da concentração de hidróxidos de ferro e alumínio em certos tipos de solo, o que pode impedir a penetração das raízes, e.
2 – A remoção do solo, de sais minerais hidrossolúveis, o que diminui a sua fertilidade.
Assinale a alternativa que respectivamente identifica os processos descritos.
a)   Desidratação e compactação.
b)   Laterização e lixiviação.
c)   Compactação e lixiviação.
d)   Salinização e desidratação.
e)   Laterização e salinização.

06 – A música remete a alguns elementos e fenômenos biológicos.
Sobre eles é correto afirmar:
a)   “Recolher cada bago do trigo”, refere-se à baga, tipo de fruto do trigo, cujo tegumento da semente fica totalmente ligado ao pericarpo.
b)   “Forjar no trigo o milagre do pão” remete à utilização de lactobacillus, sendo que as pequenas bolhas formadas pelo oxigênio eliminado pelo levedo na massa contribuem para tornar o pão leve e macio.
c)   “Roubar da cana a doçura do mel”; assim como a produção do álcool etílico, o açúcar é resultado da fermentação pela  saccharomyces cerevisae.
d)   “Cio da terra, a propícia estação” refere-se às estratégias de polinização dos insetos, associados a problemas ecológicos existentes em seus hábitats.
e)   “E fecundar o chão”, remete à semeadura, porém existem sementes ditas dormentes que não germinam, mesmo quando em condições ambientais favoráveis.

07 – Na letra da música, a expressão “Cio da Terra” é utilizada para indicar.
a)   A fertilidade da terra.
b)   O momento da colheita.
c)   Que estão própria de colher os grãos.
d)   O momento adequado para colher.

08 – Nesse poema, porque os compositores escolheram os verbos no Infinitivo?
      Para exprimir a ação no sentido genérico ou indefinido, pois dá mais sentido ao poema.


quinta-feira, 14 de setembro de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): OLÊ, OLÁ - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

Música(Atividades): Olê, Olá
                                             Chico Buarque


I
 Não
 Não chore ainda não
 Que eu tenho um violão
 E nós vamos cantar,
 Felicidade aqui
 Pode passar e ouvir,
 E se ela for de samba
 Há de querer ficar.

II
 Seu padre, toque o sino
 Que é pra todo mundo saber
 Que a noite é uma criança,
 Que o samba é um menino,
 Que a dor é tão velha
 Que pode morrer,
 Olê, olê, olê, olá
 Tem samba de sobra,
 Quem sabe sambar
 Que entre na roda,
 Que mostre o gingado
 Mas muito cuidado,
 Não vale chorar.

III
 Não chore ainda não
 Que eu tenho uma razão
 Pra você não chorar.
 Amiga, me perdoa
 Se eu insisto à toa
 Mas a vida é boa
 Para quem canta.

IV
 Meu pinho, toca forte
 Que é pra todo mundo acordar,
 Não fale da vida
 Nem fale da morte
 Tem dó da menina,
 Não deixe chorar.
 Olê, olê, olê, olá,
 Tem samba de sobra,
 Quem sabe sambar
 Que mostre o gingado,
 Mas muito cuidado,
 Não vale chorar.
V
 Não chore ainda não
 Que eu tenho a impressão
 Que um samba vem aí,
 É um samba tão imenso
 Que eu às vezes penso
 Vai parar pra ouvir.
VI
 Luar, espere um pouco
 Que é pro meu samba poder chegar.
 Eu sei que o violão
 Está fraco, está rouco,
 Mas a minha voz
 Não cansou de chamar.
 Olê, olê, olê, olá,
 Tem samba de sobra,
 Ninguém quer sambar,
 Não há mais lugar,
 O sol chegou antes
 Do samba chegar
 Quem passa nem liga
 Já vai trabalhar
 E você, minha amiga,
 Já pode chorar.

(Francisco Buarque de Hollanda – Chico Buarque)

01. Na primeira estrofe, o poeta pede a alguém que não chore. Para convidar essa pessoa a cantar ele diz que:
a) tem um violão.
b) a vida é triste.
c) cantar traz felicidade.
d) as pessoas gostam de samba.

02. Leia os versos retirados do texto.
      “Que é pra todo mundo saber”.
      “Que é pra todo mundo acordar,”.
Esses versos indicam:
a) por qual motivo o padre deve tocar o sino, e o pinho deve tocar forte.
b) as condições impostas para que o padre toque o sino.
c) a comparação entre o que ocorre quando o padre toca o sino e quando o pinho toca forte.
d) por qual motivo as pessoas devem cantar.

03. Com base na leitura, qual estrofe o eu-lírico insiste que a vida é boa para quem canta?
a) a primeira estrofe.
b) a segunda estrofe.
c) a terceira estrofe.

d) a quinta estrofe.

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): HOMENAGEM AO MALANDRO- CHICO BUARQUE- COM GABARITO

 Música(Atividades): HOMENAGEM AO MALANDRO

                                                                 CHICO BUARQUE

Eu fui fazer um samba em homenagem
À nata da malandragem
Que conheço de outros carnavais
Eu fui à lapa e perdi a viagem,
Que aquela tal malandragem
Não existe mais
Agora já não é normal
O que dá de malandro regular, profissional
Malandro com o aparato de malandro oficial
Malandro candidato a malandro federal
Malandro com retrato na coluna social
Malandro om contrato, com gravata e capital
Que nunca se dá mal
Mas o malandro pra valer
- não espalha
Aposentou a navalha
Tem mulher e filho e tralha e tal
Dizem as más-línguas que ele até trabalha,
Mora lá longe e chacoalha
Num trem da Central.
                              HOLLANDA, Chico Buarque de. Homenagem ao malandro.
       By MAROLA Edições Musicais Ltda. 1977. Todos os direitos reservados.

1 – De acordo coma canção, a malandragem tradicional não existe mais.
        a)   O que aconteceu a esse malandro? Quem seria ele atualmente?
Não existe mais. É um trabalhador pobre, com família para sustentar, morador de bairros afastados, humildes.

     b)  Quem é esse “novo” malandro? Justifique sua resposta com trechos do texto.
O novo malandro é aquele que, mesmo aplicando grandes golpes ou participando de esquemas de corrupção, não é perseguido nem punido.

    c)    Que práticas são costumeiramente realizadas por esse “novos” malandros para eles serem considerados, pelo autor, como “malandros”?
O “novo” malandro é aquele que, mesmo aplicando grandes golpes ou participando de esquemas de corrupção (crime do colarinho branco), não é perseguido nem punido, mantendo-se aparentemente como um “digno cidadão”: tem capital, participa da política e ocupa uma posição social de resposta. Trecho:  “Malandro com o aparato de malandro oficial [...] Malandro com contrato, com gravata e capital”.

   d)   De acordo com a impressão passada pela canção, qual dos malandros parece oferecer mais “perigo” à sociedade: o tradicional ou o novo malandro?
O “novo” malandro.

   e)     Você concorda com a visão do autor? Por quê?
Resposta pessoal.

2 – explique a ironia presente no seguinte verso:
       Dizem as más-línguas que ele até trabalha.
       Trabalhar gera má fama ao malandro. Um malandro tradicional não trabalharia para sustentar a família. Isso seria comprometer para sua figura, diminuiria sua dignidade como malandro.

3 – Observe o título da canção e estabeleça relações com o texto.
       O título refere-se à primeira intenção do autor, que era fazer um samba em homenagem ao malandro, aquele que não existe mais. O título é irônico, à medida que o malandro aí “cantado” acaba sendo principalmente, o corrupto da atualidade.

4 – A expressão “conhecer de outros carnavais” é bastante popular e significa conhecer “há bastante tempo”.
        Você saberia mencionar outra expressão que indique tempo decorrido? Com seus colegas, tente se lembrar de uma ou mais.
        - Fazer (tantas) primaveras.      – passar (tantas) luas.


MÚSICA(ATIVIDADES): QUEM TE VIU, QUEM TE VÊ - CHICO BUARQUE- COM GABARITO

MÚSICA: (Atividades)  QUEM TE VIU, QUEM TE VÊ

                                                              CHICO BUARQUE
Você era a mais bonita das cabrochas dessa ala
Você era a favorita onde eu era mestre-sala
Hoje a gente nem se fala mas a festa continua
Suas noites são de gala, nosso samba ainda é na rua
Refrão
Hoje o samba saiu procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece não pode reconhecer
Quando o samba começava você era a mais brilhante
E se a gente se cansava você só seguia adiante
Hoje a gente anda distante do seu gingado
Você só dá chá dançante onde eu não sou convidado
O meu samba assim marcava na cadência os seus passos
O meu sonho se embalava no carinho dos seus braços
Hoje de teimoso eu passo bem em frente ao seu portão
Pra lembrar que sobra espaço no barraco e no cordão
Todo ano eu lhe fazia uma cabrocha de alta classe
De dourado eu lhe vestia pra que o povo admirasse
Eu não sei bem com certeza porque foi que um belo dia
Quem brincava de princesa acostumou na fantasia
Hoje eu vou sambar na pista, você vai de galeria
Quero que você me assista na mais fina companhia
Se você sentir saudade por favor não de na vista
Bate palma com vontade, faz de conta que é turista.

            BUARQUE, Chico. Quem te viu, quem te vê. Disponível em: http://vagalume.uol.com.br/
                                     

  1)     A canção apresenta uma série de palavras que fazem referência ao universo do carnaval. Comprove essa afirmativa com elementos do texto.
Cabrocha, ala, mestre-sala, samba, cordão, fantasia, pista, galeria.

   2)     De um modo geral, o eu lírico parece bastante ressentido com as mudanças pelas quais passou a mulher. Como você resumiria tais mudanças?
A mulher deixou de frequenta eventos menos populares, como chás dançantes. O eu lírico chega a afirmar que ele sambará o carnaval na pista, mas ela apenas assistirá á festa da galeria, como se fosse um turista.

   3)       No refrão da canção, o eu lírico usa dois pronomes oblíquos diferentes para se referir á mulher Quais são eles?
“Te” e “a”.

   4)      O provérbio popular que aparece no refrão, “quem te viu, quem te vê”, é bastante usado quando se quer marcar uma mudança súbita pela qual alguém passou. Você acredita que ele se aplica ao texto lido?
Sim, já que a mulher está bastante mudada e, segundo se pode inferir, agora pertence a uma classe social mais alta, não quer mais frequentar o samba.

  5)     Segundo a gramática normativa, é preciso haver uniformidade no uso dos pronomes, ou seja, deve-se escolher entre usar pronomes da 2ª pessoa ou usar pronomes da 3ª pessoa. A partir do que você respondeu no item c é possível afirmar que isso ocorre na canção?
Não. Isso não ocorre, já que o eu lírico mistura a segunda pessoa (Te) com a terceira pessoa (a).

  6)     Levando em consideração que o provérbio tem papel fundamental na canção, justifique a escolha dos pronomes oblíquos usados no refrão.
O pronome oblíquo “Te” aparece, pois faz parte do provérbio, enquanto que o pronome oblíquo “a” é o mais coloquial e mais sonoro para comprar o restante da canção. Daí a opção pela não uniformidade no uso dos pronomes oblíquos.




segunda-feira, 14 de agosto de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): A BANDA - CHICO BUARQUE DE HOLLANDA- COM GABARITO

MÚSICA(Atividades):A BANDA

                                   (Chico Buarque de Hollanda)
 Estava à toa na vida   
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem
A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela
A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor
Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou

ANALISANDO A CANÇÃO
1-   Tomando a música de Chico Buarque, que fatos, até então não corriqueiros para aquela cidade, ocorreram a partir da passagem da banda? Cite pelo menos três deles.
·        A minha gente sofrida despediu-se da dor.
·        O homem sério que contava dinheiro parou.
·        A moça triste que vivia calada sorriu.

2- Sabendo-se ser o texto acima uma conhecida canção da MPB (Música Popular Brasileira), que elementos nele presentes nos permitem visualizar sua musicalidade?
a) O fato de a maioria dos versos serem iniciados pelas vogais “O” ou “A”.
b) A presença de termos “românticos” como “Amor”, “Lua”, “Rosa” e “Estrelas”.
c) Por falar de uma banda.
d) O uso de versos rimados.
e) Por afirmar cantar coisas de amor.

3- Apesar de sua força transformadora, a banda não foi capaz de manter a alegria e o vigor dos habitantes, após sua passagem. Porquê?
a) Pelo fato de a música por ela tocada não ser convincente aos ouvidos do povo.
b) Pelo fato de o povo não se interessar mais por bandas.
c) Por a gente do lugar ser predominantemente sofrida.
d) Pelo fato de tal alegria ter sido apenas passageira e logo após tudo voltou a ser como era.
e) Por a moça feia não ter conseguido arrumar um namorado.

4- Utilizando-se de um ditado popular, o autor expressa o fim do encanto produzido pela passagem da banda. Que alternativa nos revela tal fato?
a) “Tudo tomou seu lugar…”
b) “A minha gente sofrida despediu-se da dor…”
c) “Estava à toa na vida…”
d) “A rosa triste que vivia fechada se abriu…”
e) “O que era doce acabou…”

5- Você considera a música ser algo capaz de modificar a vida de uma pessoa, alegrando-se o espírito? Explique.

Sim, a música tem vários papéis na vida dos seres humanos, pois lembram momentos, expressam sentimentos, têm o poder de mudar o nosso humor, entre outros. Cada música tem seu sentido e seu modo de mexer com as pessoas. Ela faz parte da cultura dos países, identifica e molda pessoas e pensamentos, revoluciona, marca fatos históricos, motiva, dá apoio, enfim, participa da vida de toda humanidade.


06 – Há exemplos de oralidade nessa letra de música? Se sim, copie-o(s):
      Sim, há exemplos de oralidade: Pra.

07 – Na segunda estrofe, há um mesmo verbo utilizado com sentidos diferentes. Que verbo é esse? Explique esses dois sentidos.
      É o verbo contar.
      No verso: “O homem sério que contava dinheiro parou.”
      O sentido é de operação aritmética (conta de somar).
      Já no verso: “O faroleiro que contava vantagem parou.”
      O sentido é de contar histórias fantasiosas.

08 – No verso: “Despediu-se da dor”. Que figura de linguagem encontramos?
      Metáfora.

09 – Que mensagem a música lhe transmitiu? Comente.
      Ela é uma metáfora de alegria na época da repressão. Percebe que quando a banda entra na cidade é motivo de euforia, de imensa alegria, estase total, onde toda cidade para ver a banda passar.