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quarta-feira, 9 de abril de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: A MEMÓRIA DA VELHICE - (FRAGMENTO) - DRÁUZIO VARELLA - COM GABARITO

 Artigo de opinião: A memória da velhice – Fragmento

           Dráuzio Varella

        [...]

        Estímulos intelectuais e atividade física

        Ao comentar essas pesquisas, o pesquisador Robert Friedland concluiu que não apenas a leitura, mas simples passatempos como a montagem de quebra-cabeças ou a prática de palavras cruzadas são atividades capazes de proteger o cérebro. No final, acrescentou que vários trabalhos demonstram que assistir à televisão está associado ao efeito contrário: aumenta a probabilidade de Alzheimer. Num inquérito conduzido entre 135 portadores da doença, comparados a 331 de seus familiares saudáveis, cada hora diária adicional diante da TV multiplicou o risco de Alzheimer por 1,3.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKMDfeaTcqZC3BlUZ8XwyjSVgu_102YM7MLbHIfrQ_YwVPfNO12kBPKShhAzTEHwUxZSBsBGc5uksM3-knjmqOVVLmj2g4hrHFT3cETgDnXXe33S5fgDCvYh1bvk9LUDyCQPLc1Z_bBpRKlc2pVLQyJ-sgdc8sP4SoxiyzwtGalBl-PnMXUluWx17FfBY/s1600/DRAUZI.jpg


        Vários estudos apresentados na conferência reforçam a ideia de que nem só do intelecto vive o cérebro: o exercício físico também é capaz de torná-lo mais resistente.

        [...]

        Trabalhos experimentais confirmam essa conclusão: o exercício físico melhora o fluxo sanguíneo cerebral através da formação de novos capilares no córtex -área essencial para a cognição – e induz a produção de proteínas que estimulam o crescimento e favorecem a formação de novas conexões entre os neurônios.

        [...].

Folha de São Paulo, 3/9/2005.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 141.

Entendendo o artigo:

01 – Qual é a principal conclusão do pesquisador Robert Friedland sobre atividades que protegem o cérebro?

      Robert Friedland concluiu que atividades como leitura, montagem de quebra-cabeças e palavras cruzadas são capazes de proteger o cérebro. Ele também destacou que assistir à televisão está associado ao efeito contrário, aumentando o risco de Alzheimer.

02 – Como o hábito de assistir à televisão pode influenciar o risco de desenvolver Alzheimer, de acordo com o estudo mencionado no artigo?

      Um estudo com portadores de Alzheimer e seus familiares saudáveis revelou que cada hora diária adicional diante da TV aumentou o risco de Alzheimer em 1,3 vezes.

03 – Além dos estímulos intelectuais, que outro fator é destacado no artigo como benéfico para a saúde do cérebro?

      O artigo destaca que o exercício físico também é capaz de tornar o cérebro mais resistente. Estudos mostram que o exercício melhora o fluxo sanguíneo cerebral e estimula a produção de proteínas que favorecem novas conexões entre os neurônios.

04 – Quais são os benefícios do exercício físico para o cérebro, segundo os trabalhos experimentais mencionados no artigo?

      Os trabalhos experimentais confirmam que o exercício físico melhora o fluxo sanguíneo cerebral através da formação de novos capilares no córtex, área essencial para a cognição. Além disso, induz a produção de proteínas que estimulam o crescimento e favorecem a formação de novas conexões entre os neurônios.

05 – Qual a principal mensagem que Dráuzio Varella transmite neste fragmento do artigo?

      Dráuzio Varella transmite a mensagem de que a saúde do cérebro na velhice pode ser preservada através de uma combinação de estímulos intelectuais e atividade física. Ele alerta para os riscos do sedentarismo intelectual, representado pelo excesso de televisão, e destaca a importância de manter o cérebro ativo e o corpo em movimento para uma vida mais saudável e com menor risco de doenças neurodegenerativas.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: NOVOS ÓDIOS - (FRAGMENTO) - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Novos ódios – Fragmento

           Luís Fernando Verissimo

        O racismo cresce e assusta na Europa, onde estive durante o último mês e pouco. Acontece um tétrico torneio de violência entre etnias e grupos – brancos contra negros e árabes, árabes contra negros e judeus, neonazistas contra negros, árabes, judeus e o que estiver pela frente. Racismo não é novidade no continente, e nem é preciso invocar a velha tradição anti-semita e o seu paroxismo nazista. Na Europa desigual que emergiu da II Guerra Mundial, portugueses, espanhóis, italianos, gregos e outros em fuga das regiões mais pobres eram discriminados onde procuravam os empregos que não tinham em casa, e o problema dos magrebinos na França é anterior à II Guerra. Mas todos integraram-se de um jeito ou de outro no país escolhido ou voltaram aos seus próprios países economicamente recuperados, e o velho racismo foi solucionado, ou pelo menos amenizado, pelo tempo e o progresso. 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiASj1l8ro-iAZ3-U2KDEhksm_y_gyBbjRHPpAeVPkWlAGAv6ghC8XxehqlXxWr2KG5xSxRnxY3wGFTZRqvKQgfdx2bPRL4pGqzZ9OtTee5TD-oPFZa2uyAx8HplA2G8g5-ThJBozwTL3zLufsE3JZ63poH2aJ6amZ2_t02vjPUanBABpmjhbG5SKRgCJQ/s320/NEGRO.jpg


O que assusta no novo racismo é a ausência de qualquer solução parecida à vista. Ele é econômico como o outro, claro. Existe na sua grande parte entre jovens marginalizados e sem perspectiva. Mas envolve cor e religião e ódios culturais novos, ou – no caso de judeus e muçulmanos – ódios antigos importados. E o tempo só piora o novo racismo. Caso curioso é o do futebol, que deveria estar contribuindo para o entendimento racial, mas ajuda a deteriorá-lo. Não há grande clube europeu que não tenha um bom número de jogadores negros, que são ídolos das suas torcidas, mas alvos dos insultos raciais das torcidas adversárias – que esquecem seus próprios ídolos negros na hora do xingamento. É nos estádios de futebol que tem havido os piores incidentes raciais. Na França fazem campanhas contra o preconceito e a violência, e contra as novas manifestações do anti-semitismo, que tem sido uma infecção recorrente na história da Europa cristã. A luta parece em vão num mundo que, quanto mais cosmopolita fica, mais se retribaliza.

        [...]

Luís Fernando Veríssimo. O Estado de São Paulo, 31/3/2005.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 183.

Entendendo o artigo:

01 – Qual a principal preocupação de Luís Fernando Verissimo ao observar a Europa?

      A principal preocupação é o crescimento do racismo e da violência entre diferentes grupos étnicos e religiosos, um fenômeno que ele chama de "tétrico torneio de violência".

02 – Como o autor compara o racismo atual na Europa com o racismo do passado?

      Verissimo aponta que o racismo na Europa não é novidade, mas que o racismo do passado, que discriminava imigrantes europeus, foi amenizado pelo tempo e pelo progresso econômico. O novo racismo, por outro lado, envolve ódio racial e religioso, e não apresenta soluções óbvias.

03 – Qual o papel do futebol nesse contexto, segundo o autor?

      O futebol, que deveria ser um espaço de união e entendimento racial, paradoxalmente, tem se tornado palco de manifestações racistas, com torcidas insultando jogadores negros, mesmo quando seus próprios times contam com ídolos negros.

04 – Quais são os fatores que contribuem para o "novo racismo" na Europa?

      O novo racismo é impulsionado por fatores econômicos, como a marginalização de jovens sem perspectiva, e por ódios culturais e religiosos, tanto novos quanto antigos, como o antissemitismo.

05 – Qual a conclusão do autor sobre a luta contra o racismo na Europa?

      Verissimo expressa uma visão pessimista, sugerindo que a luta contra o racismo parece em vão em um mundo que, apesar de se tornar mais cosmopolita, também se retribaliza, ou seja, se divide em grupos com identidades fechadas e hostis a outros grupos.

 

 

ARTIGO DE OPINIÃO: SEGURANÇA E MEDO - FRAGMENTO - BORIS FUSTO - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Segurança e medo – Fragmento

           BORIS FAUSTO

        Nas últimas décadas, muitos indicadores sociais do Brasil melhoraram. Entre eles, os índices de mortalidade infantil, de expectativa de vida, de pessoas alfabetizadas, de crianças e jovens cursando o ensino fundamental. Mas, em matéria de segurança do cidadão e, portanto, de avanço da criminalidade, chegamos a níveis insuportáveis. É preciso insistir no tema, mesmo com o risco de repetir coisas sabidas, quando mais não fosse para enfrentar a resignação e a banalização da violência na vida cotidiana.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoYBUNXthN3bqzn5ua1aGpjDVpsKK7B2ZE4sTduQ_b0RkG39pls_fp4Kp43trfyLppfx8WDk1JmdKSq91RilnKLSyvqUxQ9vbUy82Yj32d17mTIe4hdJdU-SsktyTRo65YD9_pOm1SDGMLqKUJGilk6rFfYkGd3nnTx3VaNUGEzFzmjTTQx_ISumebzuQ/s320/SEGURAN%C3%87A.png


        [...]

        Por que chegamos a essa situação? [...] À desigualdade – uma constante da nossa história – veio se juntar a crise da instituição familiar, a quebra generalizada de valores, a busca de "felicidade imediata", a qualquer preço, tendo por objeto do desejo os bens de consumo multiplicados – dos tênis de marca numa ponta aos carrões de luxo, na outra.

        O crescimento econômico, se associado à ampliação do emprego, pode melhorar o quadro aqui sumariamente descrito. Mas não há automatismo entre o que ocorre na área da economia e na área da criminalidade. Basta lembrar um dos aspectos mais graves do problema – o tráfico e consumo de drogas, opção tentadora de ganhos vultosos, em que não só gente de favela como de classe média está envolvida pesadamente.

        [...] É justo reconhecer que medidas vêm sendo tomadas no sentido de reverter o quadro atual. [...] algumas experiências que combinam medidas preventivas e repressivas com uma constante atuação social, numa associação entre prefeituras, polícia e ONGs, têm produzido efeitos localizados muito positivos, [...].

        As indicações positivas não pretendem significar, nem de longe, que o quadro geral de insegurança está em franca desaparição. Se muitas distorções sociais e muitos erros levaram ao cenário atual, sua reversão demandará um leque variado de iniciativas, em macro e microescala, envolvendo redução do desemprego, oportunidades educativas atraentes, medidas policiais eficazes, preventivas e repressivas, como sabem os especialistas melhor do que eu. Mas as indicações positivas demonstram que é possível atuar eficazmente, tendo como meta garantir a tranquilidade dos cidadãos, entregues muitas vezes à descrença e ao desespero.

       [...].

Boris Fausto. Folha de São Paulo, 7/10/2005.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 242.

Entendendo o artigo:

01 – Apesar da melhora em alguns indicadores sociais no Brasil nas últimas décadas, qual área específica apresenta níveis considerados insuportáveis pelo autor?

      A área de segurança do cidadão, relacionada ao avanço da criminalidade, atingiu níveis insuportáveis, contrastando com as melhorias em mortalidade infantil, expectativa de vida, alfabetização e acesso ao ensino fundamental.

02 – Quais fatores o autor aponta como contribuintes para a grave situação da segurança pública no Brasil?

      O autor menciona a desigualdade histórica do país, a crise da instituição familiar, a quebra generalizada de valores e a busca por "felicidade imediata" através do consumo de bens materiais como fatores que contribuem para o aumento da criminalidade.

03 – O autor acredita que o crescimento econômico, por si só, é capaz de solucionar o problema da criminalidade? Justifique sua resposta.

      Não, o autor não acredita em um automatismo entre economia e criminalidade. Ele cita o exemplo do tráfico e consumo de drogas, que envolve tanto pessoas de baixa renda quanto de classe média, como um problema complexo que não se resolve apenas com crescimento econômico e geração de empregos.

04 – O autor reconhece que alguma ação está sendo tomada para tentar reverter o quadro de insegurança? Se sim, qual tipo de iniciativa ele destaca?

      Sim, o autor reconhece que medidas estão sendo tomadas. Ele destaca experiências que combinam ações preventivas e repressivas com uma atuação social constante, envolvendo a colaboração entre prefeituras, polícia e ONGs, que têm apresentado resultados positivos em nível local.

05 – Qual a mensagem principal que o autor busca transmitir ao citar as "indicações positivas" de algumas iniciativas na área de segurança?

      A mensagem principal é que, apesar do cenário geral de insegurança e da descrença e desespero da população, é possível atuar eficazmente para garantir a tranquilidade dos cidadãos. As experiências bem-sucedidas demonstram que, com um conjunto variado de iniciativas em diferentes escalas, a situação pode ser melhorada.

 

terça-feira, 8 de abril de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: O BRASIL ARMADO - (FRAGMENTO) - SÉRGIO LÍRIO - COM GABARITO

 Artigo de opinião: O Brasil armado – Fragmento

           Sérgio Lírio

        [...] Extenso e inédito levantamento do Instituto de Estudos da Religião (Iser), a pedido do Movimento Viva Rio, revela que há muito tempo pequenos e médios municípios deixaram de ser oásis de tranquilidade e segurança. Segundo a pesquisa, nas últimas décadas, o número de assassinatos com armas de fogo cresceu em ritmo semelhante tanto nos grandes centros quanto nas cidades menores.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjz8RZGeUezUh5HS0xzJkHWrb-GiVZ5gV8wE7vo7fZKe7lEp_puROV4lOwy0ZlabpEX_pGW6QmhRhqae7ezLyz7o2PCtEHpTX9M7xR8uDfB-gFaPGk5XSNOXlTsVQkl7UlLAJaTnXxSoKSLRxjc9aQtBjcCscpdnIkMiBrh_qtoVLi-4xWxVsov3xIqLnY/s1600/iser.jpg

        Além disso, a violência atingiu índices preocupantes em regiões do interior controladas pelo crime organizado ou localizadas no entorno de rodovias usadas par escoar drogas e contrabando, a exemplo do polígono da maconha, em Pernambuco, e das áreas de fronteira no Mato Grosso e no Rio Grande do Sul. Nesses lugares, os percentuais de assassinatos rivalizam com os índices registrados nos maiores centros urbanos.

        [...] uma das conclusões possíveis a partir do trabalho coordenado pela pesquisadora Luciana Phebo é que a proliferação das armas de fogo pelo território brasileiro torna frágil a esperança da classe média, que vê na fuga das grandes cidades o método mais eficiente para se proteger da violência. Na mesma velocidade da criminalidade cresce a sensação de insegurança.

Sérgio Lírio. Carta Capital, 15/12/2004.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 241.

Entendendo o artigo:

01 – Qual a principal revelação da pesquisa do Instituto de Estudos da Religião (Iser) mencionada no artigo?

      A pesquisa revela que o aumento de assassinatos com armas de fogo nas últimas décadas ocorreu em ritmo semelhante tanto nos grandes centros urbanos quanto em pequenos e médios municípios, indicando que a violência se disseminou para além das metrópoles.

02 – Que regiões específicas do interior do Brasil apresentam índices preocupantes de violência, segundo o artigo?

      Regiões controladas pelo crime organizado ou localizadas próximas a rodovias utilizadas para o tráfico de drogas e contrabando, como o polígono da maconha em Pernambuco e as áreas de fronteira no Mato Grosso e no Rio Grande do Sul, exibem altos percentuais de assassinatos.

03 – Qual a conclusão do estudo coordenado por Luciana Phebo sobre a proliferação de armas de fogo no Brasil?

      A conclusão é que a ampla disseminação de armas de fogo em todo o território brasileiro enfraquece a esperança da classe média que buscava segurança ao se mudar das grandes cidades, pois a violência também cresce no interior.

04 – Qual a relação estabelecida no artigo entre o crescimento da criminalidade e a sensação da população?

      O artigo aponta que a sensação de insegurança cresce na mesma velocidade em que a criminalidade se expande pelo país, afetando tanto os moradores de grandes centros quanto os de cidades menores.

05 – Qual a implicação da pesquisa para a estratégia de fuga das grandes cidades como forma de proteção contra a violência?

      A pesquisa sugere que a estratégia da classe média de buscar refúgio da violência em cidades menores se torna cada vez mais frágil, pois o aumento de assassinatos com armas de fogo ocorre de maneira similar em diferentes portes de municípios.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: NÃO HÁ COMO FICAR PIOR - (FRAGMENTO) - RONALDO FRANÇA - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Não há como ficar pior – Fragmento

            Ronaldo França

        Chacina na Baixada Fluminense expõe a face mais cruel da violência no país: a polícia organizada para matar inocentes

       A corrupção policial é o inimigo número 1 da segurança pública. É ela que alimenta os bandidos com uma encorajadora sensação de impunidade e esteriliza a ação do Estado. É também ela a porta de entrada dos próprios policiais no mundo do crime. O exemplo extremo dessa realidade foi visto na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, há duas semanas, quando trinta pessoas foram assassinadas em menos de duas horas. O crime foi de uma brutalidade nunca vista no país. Não apenas pelo número de vítimas, mas porque foram contados nos corpos mais de sessenta tiros dados principalmente na cabeça, no pescoço e na região do coração. Entre os mortos, adolescentes e crianças. Todos absolutamente inocentes. A investigação inicial tem provas de que os autores são policiais suspeitos de envolvimento em atividades de segurança privada.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjH8g0aE_gcnayGXMQRpBHMBy8vqWQG0Ln7NsNWIGxVZJjRo7YSLlrruGGl3sG4awm6k0PqNy5MHH_yGkDeWc52ZFA9KrfRamzIS9k5f81Iw_V3aluLVuoeNeBemIxgITg3YvvAZkQLXOJoyZm2UUsmdJxh3YEjnuN_Sy8KW3ZbSxL3x_Sa2LC66MkK-34/s320/POLICIAIS.jpg


        [...] O envolvimento de policiais com o crime não é novidade e acontece em todo o país. Mas a frequência com que tem ocorrido cresce assustadoramente. Especialista em supervisão de policiais, o americano Paul Whisenand escreveu que a integridade faz parte da infraestrutura da segurança pública. Quando ela se esvai, a polícia perde credibilidade e eficiência. Várias cidades do mundo já se defrontaram com esse problema e a experiência mostra que a faxina é inevitável quando se pretende construir uma política de segurança eficaz.

        [...] Em Nova Orleans, nos Estados Unidos, um terço da força policial foi afastada com a implantação de uma política de tolerância zero semelhante à de Nova York, onde o mesmo ocorreu. Em Los Angeles, centenas de policiais foram postos para fora de seus distritos. Nessas cidades os índices de criminalidade foram reduzidos em até um terço do que eram, o que não se teria conseguido sem a limpeza na polícia.

        A experiência americana mostra que o expurgo dos policiais criminosos é vital, mesmo quando se sabe que no dia seguinte à expulsão haverá um bandido a mais à solta. “É melhor um bandido na rua, monitorado, do que disfarçado de policial e com sua ação criminosa custeada pelo estado”, afirma o ex-secretário nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva Filho.

Ronaldo França. Veja, n° 1900.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 241.

Entendendo o artigo:

01 – Qual o evento trágico que motiva a reflexão do autor no artigo?

      A chacina ocorrida na Baixada Fluminense, onde trinta pessoas foram assassinadas com extrema brutalidade, sendo muitas vítimas atingidas na cabeça e no coração, incluindo adolescentes e crianças inocentes.

02 – Segundo o autor, qual é o principal inimigo da segurança pública no Brasil?

      A corrupção policial é apontada como o inimigo número um da segurança pública, pois alimenta a impunidade dos criminosos, impede a ação eficaz do Estado e serve como porta de entrada para policiais no mundo do crime.

03 – Qual a principal implicação da perda de integridade na polícia, de acordo com o especialista Paul Whisenand citado no artigo?

      A perda de integridade na polícia leva à perda de credibilidade e eficiência da instituição, prejudicando a segurança pública como um todo.

04 – Quais exemplos de cidades americanas são mencionados no artigo como casos de sucesso na redução da criminalidade através da "faxina" na polícia?

      Nova Orleans e Los Angeles, nos Estados Unidos, são mencionadas como cidades que implementaram políticas de tolerância zero e afastaram um grande número de policiais, resultando na redução significativa dos índices de criminalidade.

05 – Qual o argumento apresentado pelo ex-secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho, sobre a importância de expurgar policiais criminosos da corporação?

      Ele argumenta que é preferível ter um bandido na rua, mesmo que monitorado, do que um criminoso disfarçado de policial, cuja ação criminosa é financiada pelo próprio Estado.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: O ESPELHO - MARCELO MIGLIACCIO - COM GABARITO

 Artigo de opinião: O espelho

                MARCELO MIGLIACCIO

        Falar mal da TV virou moda. É "in" repudiar a baixaria, desancar o onipresente eletrodoméstico. E, num país em que os domicílios sem televisão são cada vez mais raros, o que não falta é especialista no assunto. Se um dia fomos uma pátria de 100 milhões de técnicos de futebol, hoje, mais do que nunca, temos um considerável rebanho de briosos críticos televisivos.

Fonte https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-UNiE09OlPdDgnXOEp1NxlqtgDCsUY4ekxrafClLnD27JfxrsJ5kcx9vO2YGumv0otERn-RVV4EIaeCj0pZhM2D-OmubDEcb0U_MMeSI8h9H-K2Tgxmf9R8LzyKUqbeBSMH8Dt-4cQnGneop1jOp57INXQUm7fdbDfTmhHhyGVYCy49gatfahg4nX460/s320/TV.jpg

        Depois de azular as janelas das grandes e das pequenas cidades, os televisores ganharam as ruas. Hoje não se encontra um boteco, padaria ou consultório dentário que não tenha um. Há até taxistas que trabalham com um olho no trânsito e outro na novela. E, nas esquinas escuras onde se come o suspeitíssimo cachorro-quente, pode-se assistir ao "Jornal Nacional" e ser assaltado em tempo real.

        Mas, quando os "especialistas" criticam a TV, estão olhando para o próprio umbigo. Feita à nossa imagem e semelhança, ela é resultado do que somos enquanto rebanho globalizado. Macaqueia e realimenta nossos conceitos e preconceitos quando ensina, diariamente, o bê-á-bá a milhões de crianças.

        Reclamamos que, na programação, só vemos sexo, violência e consumismo. Ora, isso é o que vemos também ao sair à rua. E, se fitarmos o espelho do banheiro com um pouco mais de atenção, levaremos um susto com a reprise em cartaz. Talvez por isso a TV nos choques, por nos mostrar, sem rodeios, a quantas anda o inconsciente coletivo. E não adianta dourar a pílula; já tentaram, mas não deu ibope.

        Aqui e ali, alguns vão argumentar que cultivam pensamentos mais nobres e que não se sentem representados no vídeo. Mas a fração que lhes cabe está lá, escondidinha como é próprio às minorias. Está nos bons documentários, nas belas imagens dos eventos esportivos, na dramaturgia sensível, no humorismo que surpreende, nos desenhos e nas séries inteligentes, no entrevistador que sabe ouvir o entrevistado, nas campanhas altruístas.

        Reclama-se muito que, nas novelas, os negros fazem, quase sempre, papéis de subalternos. Mas é essa condição que a sociedade reserva à maioria deles, e também à maior parte dos nordestinos, na vida real. O que a televisão fornece é um retrato da desigualdade no país.

        E, quando explora a mulher, estigmatiza gays, restringe o mercado para o ator idoso ou vende cerveja, maledicência e atrocidade na programação vespertina, ela reflete o mundo dominado pelo macho-adulto-branco-capitalizado.

        A televisão mostra muita violência o dia inteiro, gritam os pacifistas na sala de estar. Como se não houvesse milhões de Stallones, Gibsons, Bronsons, Van Dammes e Schwarzeneggers armados até os dentes no Afeganistão, Golfo Pérsico, Colômbia, Mianmar, favelas brasileiras ou trincheiras angolanas.

        É natural que uma parte de nós se revolte, o que parece tão compreensível quanto inócuo. Campanhas contra a baixaria televisiva lembram a piada do marido traído que encontra a mulher com o amante no sofá da sala e, no dia seguinte, vende o móvel para solucionar o problema. Garrotear a TV é tapar o sol com a peneira.

        Enquanto a discussão ganha adeptos, continuamos devorando nosso tubo de imagem de estimação. Depois, de barriga cheia, saímos à rua para ratificar, legitimar com pensamentos, palavras e atitudes, que as coisas são mesmo assim e que, pelo jeito, a reprise continuará.

        Aquele repórter sensacionalista que repete à exaustão a cena de linchamento, o apresentador que tripudia sobre o drama do desvalido, a loura que vê na criança um consumidor a mais, o jovem que tem num "reality show" desumano a alternativa para sua falta de horizonte, a menina precocemente erotizada, no fundo, somos todos nós.

Folha de São Paulo, 19/10/2003.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 238-239.

Entendendo o artigo:

01 – Qual a crítica inicial do autor em relação à atitude comum sobre a televisão no Brasil?

      O autor critica a "moda" de falar mal da TV e repudiar sua suposta "baixaria", apontando que, em um país com poucos lares sem televisão, há muitos "especialistas" em criticá-la.

02 – Qual a metáfora central utilizada pelo autor para descrever a relação entre a televisão e a sociedade?

      A metáfora central é a do "espelho". O autor argumenta que a televisão reflete a sociedade, sendo "feita à nossa imagem e semelhança" e reproduzindo nossos conceitos e preconceitos.

03 – Segundo o autor, por que a programação da televisão frequentemente exibe sexo, violência e consumismo?

      Ele afirma que esses temas são prevalentes na programação porque também são elementos presentes na vida cotidiana e no "inconsciente coletivo" da sociedade. A televisão, ao mostrá-los, apenas reflete a realidade.

04 – O autor nega que haja conteúdo de qualidade na televisão? Justifique sua resposta.

      Não, o autor não nega. Ele argumenta que, embora muitas críticas se concentrem nos aspectos negativos, existem conteúdos de qualidade direcionados a minorias, como bons documentários, eventos esportivos bem filmados, dramaturgia sensível, humor inteligente, entrevistas relevantes e campanhas altruístas.

05 – Como o autor interpreta a representação de minorias, como negros e nordestinos, nas telenovelas?

      Ele entende que a representação de negros em papéis subalternos e a marginalização de nordestinos nas novelas refletem a desigualdade existente na sociedade brasileira na vida real. A televisão, nesse aspecto, funciona como um retrato da injustiça social.

06 – Qual a crítica do autor em relação aos que se indignam com a violência mostrada na televisão?

      O autor ironiza os "pacifistas na sala de estar" que se chocam com a violência televisiva, como se essa violência não fosse uma realidade presente em diversos conflitos e situações ao redor do mundo e dentro do próprio país.

07 – Qual a conclusão do autor sobre a eficácia das campanhas contra a "baixaria" televisiva e o comportamento da sociedade em relação à TV?

      O autor considera as campanhas contra a "baixaria" inócuas, comparando-as à atitude de vender o sofá onde ocorreu uma traição em vez de lidar com o problema real. Ele conclui que a sociedade continua consumindo a televisão e, ao sair às ruas, ratifica e legitima o tipo de conteúdo que é exibido, perpetuando o ciclo.

 

 

domingo, 23 de março de 2025

ARTIGO: FORÇA ESTRANHA - FRAGMENTO - RICARDO B. DE ARAÚJO - COM GABARITO

 Artigo: Força estranha – Fragmento

           Ricardo B. de Araújo

        [...]

        A torcida possui a propriedade de reunir, “na mesma massa”, pessoas situadas em posições sociais diversas, homogeneizando, em torno de clubes, as suas diferenças. Nesse processo, um mecanismo extremamente importante é o uniforme de cada clube: ao mesmo tempo em que separa e distingue cada uma das torcidas, ele “despe” cada torcedor da sua identidade civil, e o integra em um novo contexto, profundamente indiferenciado.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiReZJAO84KWQsf2N4TbSRL1PoDTpja0PVdhlm53jpxOQCemxsD1Ltdc1HPQoq71gV6k_ZzsaK20RfNPxNCaInP1eRHcrugPDgBIqHCsRY7tOTjQymwabsbJanLpjVyS8M9nghGVtVOmOiwuJo-5_alh0rRlT6YTSshLyTNbDR94ryQ2TCe0i9YqQe2DMA/s320/UNIFORME.png


        Nesse contexto de massa que é a torcida, inexistem desigualdades, pelo menos em princípio. Todos estão ali reunidos pela paixão, para torcer por um dos clubes e, portanto, cada torcedor tem, nesse momento, os mesmos direitos que qualquer outro.

        Este último ponto é de grande importância, pois nos leva, de certa forma, da igualdade à liberdade. Com efeito, se todos os torcedores são considerados moralmente iguais, abre-se, então, a possibilidade para que cada um deles possa, com toda a legitimidade, ter uma visão inteiramente pessoal do andamento da partida, da escalação dos times, enfim, de qualquer aspecto relacionado ao mundo do futebol.

        Qualquer torcedor pode, inclusive, discordar das “autoridades” em futebol, os técnicos, dirigentes ou comentaristas, sem que sua interpretação seja considerada insolente ou descabida. Este é um contexto em que, de alguma forma, todo mundo tem opinião, e todos têm o direito de exprimi-la, ou seja, são livres para explicitá-la sem sofrer qualquer constrangimento. É exatamente por isso que as discussões sobre o futebol são consideradas “intermináveis”. Na verdade, esta impressão é causada pela própria dificuldade de se chegar a algum consenso num ambiente tão pluralista e democrático.

        Existe, portanto, no futebol, uma área de decisão privada, na qual cada torcedor tem liberdade para julgar e escolher segundo suas próprias inclinações, sem ter que sofrer qualquer interferência. Lembremo-nos de que a própria opção por se torcer por determinado clube, de trocá-lo por outro, ou mesmo de se desinteressar do futebol, são resoluções de “foro íntimo”, que não interessam a ninguém, e que devem, assim, ser tomadas com toda a independência.

Araújo, R.B. Força Estranha. Ciência Hoje, ano I, v.1, jul./ago. 1982.

Fonte: Lições de texto. Leitura e redação. José Luiz Fiorin / Francisco Platão Savioli. Editora Ática – 4ª edição – 3ª impressão – 2001 – São Paulo. p. 260-261.

Entendendo o artigo:

01 – Qual o papel do uniforme na homogeneização da torcida?

      O uniforme, ao mesmo tempo em que distingue as torcidas, "despe" os torcedores de suas identidades civis, integrando-os em um contexto comum e indiferenciado.

02 – Como a paixão pelo clube iguala os torcedores?

      A paixão pelo clube cria um contexto de massa onde as desigualdades sociais são minimizadas, dando a todos os torcedores os mesmos direitos e voz.

03 – Qual a relação entre igualdade e liberdade na torcida?

      A igualdade moral entre os torcedores abre espaço para que cada um expresse sua visão pessoal sobre o futebol, exercendo sua liberdade de opinião.

04 – Por que as discussões sobre futebol são consideradas "intermináveis"?

      As discussões são intermináveis devido à pluralidade de opiniões e à dificuldade de se chegar a um consenso em um ambiente democrático.

05 – Qual a "área de decisão privada" no contexto do futebol?

      A área de decisão privada refere-se à liberdade de cada torcedor julgar e escolher suas preferências futebolísticas, sem interferências externas.

06 – Como o autor descreve a liberdade de opinião do torcedor?

      O autor enfatiza que o torcedor tem a liberdade de expressar suas opiniões sobre o futebol, discordando até mesmo de autoridades, sem ser considerado insolente.

07 – Qual a importância da escolha do clube para o torcedor, segundo o autor?

      A escolha do clube é uma decisão de "foro íntimo" e pessoal, que deve ser tomada com independência, sem interferência de terceiros.

 

 

domingo, 9 de março de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: UM PROCESSO DIRECIONAL NA VIDA - CARL ROGERS - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Um processo direcional na vida

          Carl Rogers

        Quer falemos de uma flor ou de um carvalho, de uma minhoca ou de um belo pássaro, de uma maçã ou de uma pessoa, creio que estaremos certos ao reconhecermos que a vida é um processo ativo, e não passivo. Pouco importa que o estímulo venha de dentro ou de fora, pouco importa que o ambiente seja favorável ou desfavorável. Em qualquer uma dessas condições, os comportamentos de um organismo estarão voltados para a sua manutenção, seu crescimento e sua reprodução. Essa é a própria natureza do processo a que chamamos vida. Esta tendência está em ação em todas as ocasiões. Na verdade, somente a presença ou ausência desse processo direcional total permite-nos dizer se um dado organismo está vivo ou morto.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhssICJWtN5dT1NhPu88eRnkiozJ4fRJtG1qyKprFix-IyrE8hXIES2N6a0jAvHbGjVAQFPGk6OsOcltAcvXzenq92WXSdvc6g8OGLgx8EG4uzezrhWo2YJZL-HR9AMeijbisto8IuwwDYWIofBkEboUIQVMzi_QONp24Zsm4kVnveSn5hkhRnknOE5QBU/s320/PROCESSO.jpg


        A tendência realizadora pode, evidentemente, ser frustrada ou desvirtuada, mas não pode ser destruída sem que se destrua também o organismo. Lembro-me de um episódio da minha meninice, que ilustra essa tendência. A caixa em que armazenávamos nosso suprimento de batatas para o inverno era guardada no porão, vários pés abaixo de uma pequena janela. As condições eram desfavoráveis, mas as batatas começavam a germinar – eram brotos pálidos e brancos, tão diferentes dos rebentos verdes e sadios que as batatas produziam quando plantadas na terra, durante a primavera. Mas esses brotos tristes e esguios cresceram dois ou três pés em busca da luz distante da janela. Em seu crescimento bizarro e vão, esses brotos eram uma expressão desesperada da tendência direcional de que estou falando. Nunca seriam plantas, nunca amadureceriam, nunca realizariam seu verdadeiro potencial. Mas sob as mais adversas circunstâncias, estavam tentando ser uma planta.

        A vida não entregaria os pontos, mesmo que não pudesse florescer. Ao lidar com clientes cujas vidas foram terrivelmente desvirtuadas, ao trabalhar com homens e mulheres nas salas de fundo dos hospitais do Estado, sempre penso nesses brotos de batatas. As condições em que se desenvolveram essas pessoas têm sido tão desfavoráveis que suas vidas quase sempre parecem anormais, distorcidas, pouco humanas. E, no entanto, pode-se confiar que a tendência realizadora está presente nessas pessoas. A chave para entender seu comportamento é a luta em que se empenham para crescer e ser, utilizando-se dos recursos que acreditam ser os disponíveis. Para as pessoas saudáveis, os resultados podem parecer bizarros e inúteis, mas são uma tentativa desesperada da vida para existir. Esta tendência construtiva e poderosa é o alicerce da abordagem centrada na pessoa.

        Em resumo, os organismos estão sempre em busca de algo, sempre iniciando algo, sempre “prontos para alguma coisa”. Há uma fonte central de energia no organismo humano. Essa fonte é uma função do sistema como um todo, e não de uma parte dele.  Maneira mais simples de conceitua-la é como uma tendência à plenitude, à autorrealização, que abrange não só a manutenção, mas também o crescimento do organismo.

Carl Rogers. Um jeito de ser. São Paulo: E.P.U., 1983. 

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 603-604.

Entendendo o artigo:

01 – Qual a ideia central do artigo de Carl Rogers?

      A ideia central é que a vida é um processo ativo e direcional, impulsionado por uma tendência inata à realização, presente em todos os organismos, desde plantas até seres humanos.

02 – Como Carl Rogers define a "tendência realizadora"?

      Rogers define a tendência realizadora como uma força interna que impulsiona os organismos a buscar a manutenção, o crescimento e a reprodução, mesmo em condições adversas.

03 – Qual o exemplo utilizado por Carl Rogers para ilustrar a "tendência realizadora"?

      Rogers utiliza o exemplo de brotos de batata que crescem em um porão escuro, buscando a luz de uma pequena janela, para ilustrar como essa tendência se manifesta mesmo em condições desfavoráveis.

04 – Como a "tendência realizadora" se manifesta em seres humanos, de acordo com o autor?

      Em seres humanos, a tendência realizadora se manifesta como uma busca constante por crescimento pessoal e autorrealização, mesmo diante de dificuldades e experiências traumáticas.

05 – Qual a importância da "tendência realizadora" na abordagem centrada na pessoa, desenvolvida por Carl Rogers?

      A tendência realizadora é o alicerce da abordagem centrada na pessoa, que reconhece o potencial de cada indivíduo para o crescimento e a mudança, independentemente de suas circunstâncias.

06 – O que o autor quis dizer com a frase “A vida não entregaria os pontos, mesmo que não pudesse florescer”?

      Essa frase significa que, mesmo em situações muito difíceis e sem condições favoráveis para o pleno desenvolvimento, a vida sempre buscará existir e se manifestar de alguma forma.

07 – O que o autor quis dizer com a frase “Em resumo, os organismos estão sempre em busca de algo, sempre iniciando algo, sempre “prontos para alguma coisa”. Há uma fonte central de energia no organismo humano.”?

       Essa frase resume a ideia de que os seres vivos, especialmente os humanos, possuem uma energia interna que os impulsiona a agir, crescer e buscar a realização, independentemente das circunstâncias. Essa energia é a força motriz da vida.

 

 

quinta-feira, 6 de março de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: NÃO SE PODE SER SEM REBELDIA - PAULO FREIRE - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Não se pode ser sem rebeldia 

                             Paulo Freire

        Eu acho que os adultos, pais e professores, deveriam compreender melhor que a rebeldia, afinal, faz parte do processo da autonomia, quer dizer, não é possível ser sem rebeldia. O grande problema está em como amorosamente dar sentido produtivo, dar sentido criador ao ato rebelde e de não acabar com a rebeldia. Tem professores que acham que a única saída para a rebelião, para a rebeldia é a punição, é a castração. Eu confesso que tenho grandes dúvidas em torno da eficácia do castigo.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS8Pfd49J8-MLjEWypDIBhXh0J0u-otsnmvkkQv2K4qd4I3Ad-V1v0tNlw6nMaBRYR8pXLm9VyhjuAo1LXnz3e3WI9coVVQaK36zAQNO9bsSKnfrVCbf-FsdH9STaYSlcsUvn2SU-FjYCWx5U4VlXcSdJWZb7q4oVOXO9x3A3OHwYaoDpE5-xPjNlzbmY/s320/Limite.jpg


        Eu acho que a liberdade não se autentica sem o limite da autoridade, mas o limite que a autoridade se deve propor a si mesma, para propor ao jovem a liberdade, é um limite que necessariamente não se explicita através de castigos. Eu acho que a liberdade precisa de limites, a autoridade inclusive tem a tarefa de propor os limites, mas o que é preciso, ao propor os limites, é propor à liberdade que ela interiorize a necessidade ética do limite, jamais através do medo. 

        A liberdade que não faz uma coisa porque teme o castigo não está “eticizando-se”. É preciso que eu aceite a necessidade ética, aí o limite é compromisso e não mais imposição, é assunção. O castigo não faz isso. O castigo pode criar docilidade, silêncio. Mas os silenciados não mudaram o mundo. 

Paulo Freire, Pedagogia dos sonhos possíveis. Org. Ana M. A. Freire. Editora Unesp.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 591.

Entendendo o artigo:

01 – Qual a visão de Paulo Freire sobre a rebeldia na formação da autonomia?

      Paulo Freire acredita que a rebeldia é uma parte essencial do processo de desenvolvimento da autonomia. Ele defende que adultos, pais e professores devem compreender que a rebeldia é natural e necessária.

02 – Qual a crítica de Paulo Freire em relação ao uso do castigo como forma de lidar com a rebeldia?

      Freire expressa dúvidas sobre a eficácia do castigo, argumentando que ele pode levar à docilidade e ao silêncio, mas não promove a mudança genuína ou a internalização de limites éticos.

03 – Como Paulo Freire vê a relação entre liberdade e autoridade?

      Freire acredita que a liberdade precisa de limites estabelecidos pela autoridade, mas esses limites devem ser propostos de forma que a liberdade interiorize a necessidade ética deles, e não por meio do medo ou do castigo.

04 – O que significa "eticizar-se" no contexto do artigo de Paulo Freire?

      "Eticizar-se" significa internalizar a necessidade ética de um limite, de modo que a pessoa aceite e compreenda a importância desse limite como um compromisso, e não apenas como uma imposição externa.

05 – Qual a diferença entre limites impostos pelo medo e limites internalizados eticamente, segundo Paulo Freire?

      Limites impostos pelo medo geram apenas conformidade externa e temporária, enquanto limites internalizados eticamente levam a uma mudança genuína de comportamento e à construção de uma consciência ética.

 

quarta-feira, 5 de março de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: É ÍNDIO OU NÃO É ÍNDIO? DANIEL MUNDURUKU - COM GABARITO

 Artigo de opinião: É índio ou não é índio?

                            Daniel Munduruku

        Certa feita tomei o metrô até a praça da Sé. Eram os primeiros dias que estava em São Paulo e gostava de andar de metrô e ônibus. Tinha um gosto especial em mostrar-me para sentir a reação das pessoas quando me viam passar. Queria poder ter a certeza de que as pessoas me identificavam como índio a fim formar minha autoimagem.

 FONTE:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5tBiSmGlvXtl4DUGNxY6rdEUDQKD6BgOOa_6ImP6rTIM2FFqj80Mid2zdHSp8I-l2jRt5G00x7NhheYQVXKWgV-ZyiMNs8aFKTyfToyNb7PkoJOYkDiNEnMiAw9edXwgHXq74oNPBw4WvghdZ1aS6RyI1seCTNuRomzQpAdklEgXnOzaKEKm4HVCT0Ag/s1600/SE.jpg


        Nessa ocasião a que me refiro, ouvi o seguinte diálogo entre duas senhoras que me olharam de cima a baixo quando entrei no metrô:

        -- Você viu aquele moço que entrou no metrô? Parece que é índio – disse a primeira senhora.

        -- É, parece. Mas eu não tenho tanta certeza assim. Viu que ele usa calça jeans? Não é possível que ele seja índio usando de branco. Acho que não é índio de verdade – retrucou a outra senhora.

        -- É poder ser. Mas você viu o cabelo dele? É lisinho, lisinho. Só índio tem cabelo assim, desse jeito. Acho que ele é índio, sim – defendeu-me a primeira.

        -- Sei não. Você viu que ele usa relógio? Índio vê a hora olhando para o tempo. O relógio do índio é o sol, a lua, as estrelas… Não é possível que ele seja índio – argumentou a outra.

        -- Mas ele tem o olho puxado – disse a primeira senhora.

        -- E também usa sapatos e camisa – ironizou a segunda.

        -- Mas tem as maçãs do rosto muito salientes. Só os índios tem rosto desse jeito. Não, ele não nega. Só pode ser um índio, e parece ser dos puros.

        -- Não acredito. Não existem mais índios puros – afirmou cheia de sabedoria a segunda senhora. – Afinal, o que um índio estaria fazendo andando de metrô? Índio de verdade mora na floresta, carrega arco, flecha, caça, pesca, planta mandioca. Acho que não é índio coisa nenhuma…

        -- Você viu o colar que ele está usando? Parece que é de dentes. Será que é de dentes de gente?

        -- De repente até é. Ouvi dizer que ainda existem índios que comem gente medrou a segunda senhora.

        -- Você não disse que achava que ele era índio? Por que está com medo?

        -- Por via das dúvidas...

        -- O que você acha de falarmos com ele?

        -- E se ele não gostar?

        -- Paciência… Ao menos nós teremos as informações mais precisas, você não acha?

        -- É, eu acho, mas confesso que não tenho muita coragem de iniciar um diálogo com ele. Você pergunta? – Isto dito pela segunda senhora que, a esta altura, já se mostrava um tanto constrangida.

        -- Eu pergunto.

        Eu estava ouvindo a conversa de costas para as duas e de vez em quando ria com vontade. De repente, senti um leve toque de dedos. Virei-me. Infelizmente, elas demoraram a chamar-me. Meu ponto de desembarque estava chegando. Olhei para elas, sorri e disse:

        -- Sim!

MUNDURUKU, Daniel. Histórias de índio. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1997, p. 34.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 95-96.

Entendendo o artigo:

01 – Por que Daniel Munduruku gostava de andar de metrô e ônibus em São Paulo?

      Ele gostava de andar de metrô e ônibus para sentir a reação das pessoas ao vê-lo e para formar sua autoimagem.

02 – O que as duas senhoras discutiam sobre Daniel no metrô?

      Elas discutiam se Daniel era ou não índio, baseando-se em sua aparência e nas roupas que ele usava.

03 – Quais características físicas de Daniel foram mencionadas pelas senhoras como indicativas de que ele poderia ser índio?

      Elas mencionaram seu cabelo liso, olhos puxados e maçãs do rosto salientes.

04 – Por que uma das senhoras duvidava que Daniel fosse índio?

      Ela duvidava porque ele usava calça jeans, relógio, sapatos e camisa, itens que ela não associava com a imagem de um índio.

05 – O que uma das senhoras sugeriu fazer para confirmar se Daniel era índio?

      Ela sugeriu falar com ele para obter informações mais precisas.

06 – Qual foi a reação de Daniel ao ouvir a conversa das senhoras?

      Ele ria com vontade enquanto ouvia a conversa de costas para as duas senhoras.

07 – Como Daniel respondeu quando as senhoras finalmente o abordaram?

      Ele sorriu e disse "Sim" quando elas o chamaram, pouco antes de seu ponto de desembarque chegar.