terça-feira, 16 de abril de 2024

POESIA: A TERRA QUE SE ABRE COMO FLOR - SÉRGIO COHN - COM GABARITO

 Poesia: A terra que se abre como flor

            Sérgio Cohn

Vamos nessa vamos partir desta terra

Vamos nos mandar 

Para que os filhos desta terra

Terra de sofrimentos 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfpSdRbYp_CG0wE11y0ThstzHn5LiHUQylaRkggKFmcONzyW_YoK7HzbfFZ0S_nXilIl5jl9gUIVHjh9M0qN1YohrFyoKaUkm_xV9biOg3wrl1_TTEpr1C2tIdbl8gB88XcGMJg7Pgs3t1GkZq_c1DsdtL6VOYHewbqgHYZ3aWkRfnL7a36MRylWIlYps/s320/Guarani_girl.jpg  


Os poucos Mbyá que sobrem sobre ela

Fiquem numa boa. 

Eles dirão:

Ficamos numa boa.

Estamos numa boa.

A terra se abre como flor.

Todos podem ver

Nossa pequena família numa boa.

Alimentos brotam por encantamento para nossas bocas.

Queremos  

Encher a terra de vida

Nós os poucos (Mbyá) que sobramos

Nossos netos todos

Os abandonados todos

Queremos que todos vejam

Como a terra se abre como flor.

COHN, Sérgio (Org.). poesia.br: Cantos ameríndios. Trad. Douglas Diegues e Guilhermo Sequera. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2012. p. 46.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 68.

Entendendo a poesia:

01 – Sabendo que a história do povo Guarani, do qual faz parte o grupo Mbyá, é marcada por sucessivas perdas territoriais desde a presença dos colonizadores europeus no século XVI, como você interpretaria o verso: “Os poucos Mbyá que sobrem sobre ela “?

      O povo indígena Mbyá, entre outros grupos, foi, ao longo dos séculos, desaparecendo por ação do homem branco.

02 – O que você acha que significa ficar “numa boa”, tendo em vista sua compreensão global da canção?

      Significa ter a possibilidade de “encher a terra de vida” e vê-la se abrir “como flor”, ou seja, significa os Mbyá poderem ocupar sua terra, falar sua língua, perpetuar sua história.

03 – O que inspirou Sérgio Cohn a escrever o poema "A terra que se abre como flor"?

      O poema foi inspirado na luta e na esperança dos Mbyá, um povo indígena do Brasil, em preservar sua terra e cultura diante de desafios e adversidades.

04 – Qual é o tema central abordado no poema "A terra que se abre como flor"?

      O poema aborda a conexão entre o povo Mbyá e sua terra ancestral, expressando a esperança por uma vida próspera e harmoniosa no ambiente natural.

05 – Como a imagem da terra se abrindo como flor é usada no poema?

      A metáfora da terra se abrindo como flor simboliza a renovação, fertilidade e abundância que o povo Mbyá deseja para sua terra e comunidade.

06 – Quais são os sentimentos expressos pelos poucos Mbyá que restam na terra, conforme descrito no poema?

      Os Mbyá expressam sentimentos de resiliência, paz e contentamento, apesar das dificuldades enfrentadas, mostrando-se determinados a preservar seu modo de vida.

07 – Que papel desempenham os alimentos na narrativa do poema?

      Os alimentos representam a conexão vital entre o povo Mbyá e sua terra, simbolizando a sustentabilidade e a prosperidade que buscam alcançar em seu ambiente natural.

08 – Como a poesia de Sérgio Cohn destaca a importância da preservação da cultura indígena?

      O poema destaca a importância da preservação da cultura indígena ao retratar a luta do povo Mbyá em manter suas tradições, língua e vínculo com a natureza.

09 – Qual é a mensagem final transmitida pela imagem da "terra que se abre como flor"?

      A imagem da terra se abrindo como flor transmite a ideia de renovação e esperança, evidenciando a busca do povo Mbyá por um futuro próspero e harmonioso em sua terra ancestral.

 

POEMA: OS LUSÍADAS - CANTO V - (FRAGMENTO ESTROFES 40 A 42) - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Poema: Os Lusíadas canto V – (Fragmento estrofes 40 a 42)

              Luís de Camões

Tão grande era de membros que bem posso

Certificar-te que este era o segundo

De Rodes estranhíssimo Colosso,

Que um dos sete milagres foi do mundo.

Cum tom de voz nos fala, horrendo e grosso,

Que pareceu sair do mar profundo.

Arrepiam-se as carnes e o cabelo,

A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo!

 

E disse: – Ó gente ousada, mais que quantas

No mundo cometeram grandes cousas,

Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,

E por trabalhos vãos nunca repousas,

Pois os vedados términos quebrantas

E navegar meus longos mares ousas,

Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,

Nunca arados de estranho ou próprio lenho;

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjekIOdrFuSD0RZWEAsmNAwEMoglMLr2RJ5AF_oZ8D2AOEGxSg0qIbtGb9vlH-rMsYUzqabWTxTGcD_3DGTDs-pZjoeRdx53K7I8j2yO8Iz4cXQ2koi-__DXitGhlTcbOsLmFZD5juy567WTc-w96L8jWzvIJJ5NyQYcpWyarj_ST5lY0r9GErHPdIO9co/s320/O_mundo_das_%C3%A1rvores.jpg 

Pois vens ver os segredos escondidos

Da natureza e do húmido elemento,

A nenhum grande humano concedidos

De nobre ou de imortal merecimento,

Ouve os danos de mi que apercebidos

Estão a teu sobejo atrevimento,

Por todo o largo mar e pela terra

Que inda hás de sojugar com dura guerra.

CAMÕES, Luís de. In: SALGADO JÚNIOR, Antônio (Org.). Luís de Camões: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008. p. 123. Fragmento.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 66.

Entendendo o poema:

01 – Quem é descrito como "o segundo de Rodes estranhíssimo Colosso" no poema?

      O gigante Adamastor.

02 – Qual a característica marcante da voz de Adamastor, de acordo com o poema?

      A voz de Adamastor é descrita como horrenda e grossa, parecendo sair do mar profundo.

03 – Por que as carnes e o cabelo se arrepiam ao ouvir e ver Adamastor?

      As carnes e o cabelo se arrepiam ao ouvir e ver Adamastor devido ao tom de sua voz e à sua aparência assustadora.

04 – Que tipo de pessoas Adamastor se dirige como "gente ousada"?

      Adamastor se dirige àqueles que cometem grandes feitos no mundo, especialmente por meio de guerras e trabalhos árduos.

05 – Qual é o aviso dado por Adamastor aos navegantes intrépidos?

      Adamastor alerta sobre os perigos que aguardam aqueles que se aventuram além dos limites naturais, quebrando as barreiras do mar.

06 – Quais são os "segredos escondidos da natureza e do húmido elemento" mencionados por Adamastor?

      Os segredos são referentes às áreas desconhecidas dos mares e terras que os navegadores estão prestes a explorar.

07 – O que Adamastor prevê para aqueles que continuarão suas jornadas de conquista por mar e terra?

      Adamastor prevê que os navegantes enfrentarão duros desafios e guerras ao longo de suas jornadas de conquista por mar e terra.

 

 

POEMA: OS LUSÍADAS CANTO IV - ESTROFES 95 A 97 (FRAGMENTO) - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Poema: Os Lusíadas canto IV – estrofes 95 a 97 (Fragmento)

             Luís de Camões

        [...]

-- Ó glória de mandar, ó vã cobiça

Desta vaidade a quem chamamos Fama!

Ó fraudulento gosto, que se atiça

C’uma aura popular, que honra se chama!

Que castigo tamanho e que justiça

Fazes no peito vão que muito te ama!

Que mortes, que perigos, que tormentas,

Que crueldades neles experimentas!

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHiFUUyVh2xK26CL0Q_HW8Q3cNsR7sbA75DbUdUVIbtpu6UyMiwa1YBZwy03JGPL-kA4YTUeMMvVBK7uetKp0wW8w_pJYCv3QS5NlzgwGKFhZm6-AUzLU2dJ5b5vupO7wjd5z1iTNV4QX9bJ4u5VArmLiRjLAsiKu2uRuRFZv5HpPVyuVsTOsyuWAY9TM/s320/INQUIETA%C3%87%C3%83O.jpg

Dura inquietação da alma e da vida,

Fonte de desamparos e adultérios,

Sagaz consumidora conhecida

De fazendas, de reinas e de impérios:

Chamam-te ilustre, chamam-te subida,

Sendo dina de infames vitupérios;

Chamam-te Fama e Glória soberana,

Nomes com quem se o povo néscio engana!

 

A que novos desastres determinas

De levar estes Reinos e esta gente?

Que perigos, que mortes lhe destinas,

Debaixo dalgum nome preminente?

Que promessas de reinos e de minas

De ouro, que lhe farás tão facilmente?

Que famas lhe prometerás? Que histórias?

Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?

[...]

CAMÕES, Luís de. In: SALGADO JUNIOR, Antônio (Org.). Luís de Camões: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008. p. 112. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 62.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o poema, qual o significado das palavras abaixo:

·        Aura: prestígio.

·        Peito vão: homens ambiciosos.

·        Neles: nos homens de “peito vão”.

·        Vitupérios: insultos, afrontas.

·        Néscio: ignorante.

·        Preminente: com aparência importante; proeminente.

02 – Qual o vocativo presente na primeira estrofe do fragmento?

      É a “glória de mandar”, a “vã cobiça”, o “fraudulento gosto”.

03 – A que personagens esses vocativos estão relacionados?

      Aos navegantes portugueses (nobres ou não) ambiciosos que se lançaram ao mar em busca de glórias e riquezas particulares.

04 – Do que o velho acusa esses personagens?

      De serem vaidosos, de buscarem somente fama e de serem ambiciosos (“peito vão”).

05 – Quem é o sujeito do período formado pelos dois primeiros versos da última estrofe?

      É o “tu”, ligado ao vocativo “glória de mandar”.

06 – A quem se refere o pronome lhe, presente no terceiro verso da última estrofe?

      Refere-se a “esta gente”.

07 – Qual a crítica feita pelo Velho do Restelo nas estrofes transcritas? Justifique sua resposta utilizando versos do poema.

      O Velho critica os homens ambiciosos que fingem lançarem-se nas aventuras marítimas em nome de ideais nobres, quando, na verdade, buscam apenas riquezas, triunfos e vitórias pessoais. Esses homens estariam pensando na nação, como se pode ver nos versos: “Que promessas de reinos e de minas / De ouro, que lhe farás tão facilmente?”

 

VERSOS: O MOSTRENGO - (FRAGMENTO - IV) - FERNANDO PESSOA - COM GABARITO

 Versos: O MOSTRENGO – (Fragmento – IV)

             Fernando Pessoa

O mostrengo que está no fim do mar

Na noite de breu ergueu-se a voar;

À roda da nau voou três vezes,

Voou três vezes a chiar,

E disse: «Quem é que ousou entrar

Nas minhas cavernas que não desvendo,

Meus tectos negros do fim do mundo?»

E o homem do leme disse, tremendo:

«El-Rei D. João Segundo!»

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPFFtBouHuCUusdlzTUiGI_VULXmFKMW922dxcDnv76l_bCJ7heYTO9qCnw1F09AOg2xDGA5TZUSLmbfl36K6rnGG8ZO2VBZUsrnpyxgkqBBw0CXzOjAOPsiQaXTJpGkVer7mkoBKK8vkd1jFpRezjVTZRtMbJT_1NHhtFti7V3G3K7N9eaFNMhilwZs8/s1600/Dom%20Jo%C3%A3o.jpg


 

«De quem são as velas onde me roço?

De quem as quilhas que vejo e ouço?»

Disse o mostrengo, e rodou três vezes,

Três vezes rodou imundo e grosso,

«Quem vem poder o que só eu posso,

Que moro onde nunca ninguém me visse

E escorro os medos do mar sem fundo?»

E o homem do leme tremeu, e disse:

«El-Rei D. João Segundo!»

 

Três vezes do leme as mãos ergueu,

Três vezes ao leme as reprendeu,

E disse no fim de tremer três vezes:

«Aqui ao leme sou mais do que eu:

Sou um Povo que quer o mar que é teu;

E mais que o mostrengo, que me a alma teme

E roda nas trevas do fim do mundo,

Manda a vontade, que me ata ao leme,

De El-Rei D. João Segundo!»

Mensagem. Fernando Pessoa. In: GALHOZ, Maria Aliete (Org.). Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1999. p. 79 – 80.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 65 – 66.

Entendendo os versos:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Tectos: tetos.

·        Quilhas: peças de um navio localizadas na parte inferior de sua estrutura às quais se prendem as grandes partes que formam o casco da embarcação.

02 – “O mostrengo” é um intertexto que dialoga com o hipotexto Os Lusíadas.

a)   Com que episódio se estabelece esse diálogo intertextual?

Com o episódio do Gigante Adamastor.

b)   Que elementos presentes no texto tornam claro esse diálogo?

O eu lírico se refere a um “mostrengo que está no fim do mar” e que dialoga com um homem do leme.

03 – Quem se dirige aos marinheiros de Vasco da Gama?

      O Gigante Adamastor.

04 – É possível afirmar que o personagem já conhecia os portugueses, a quem chama de “gente ousada”? Justifique sua resposta.

      Sim, o Gigante Adamastor já conhecia os portugueses. Isso fica claro em sua fala, pois reconhece textualmente que os lusitanos “cometeram grandes cousas” e que eles “nunca repousam” diante dos limites e das adversidades.

05 – A fala do mostrengo do poema de Pessoa evidencia que o personagem já conhecia os portugueses? Justifique a resposta com um trecho do texto.

      O mostrengo do poema de Fernando Pessoa, diferentemente do Gigante Adamastor, não se sabe quem é o povo que ousou entrar em seu mar, por isso faz uma pergunta na primeira estrofe: «Quem é que ousou entrar / Nas minhas cavernas que não desvendo / Meus tectos negros do fim do mundo?»

06 – Qual das vítimas que morreram no Cabo das Tormentas poderia ser o “homem do leme”, com quem o mostrengo fala no poema de Pessoa?

      Bartolomeu Dias, que descobriu o Cabo das Tormentas em 1487.

07 – Em nome de quem fala o “homem do leme”?

      Em nome d’El Rei D. João II.

08 – O que o “homem do leme” quer dizer ao afirmar: “Aqui ao leme sou mais do que eu”?

      O “homem do leme”, Bartolomeu Dias, reconhece-se como representante não somente dele mesmo ou do rei que o financiou (“mandou”), D. João II. Ele representa o povo português, que deseja dominar o mar.

domingo, 14 de abril de 2024

MÚSICA(ATIVIDADES): AS CANTIGAS DE AMOR - D.DINIS - COM GABARITO

 Música(ATIVIDADES): As cantigas de amor

             D. Dinis

Que prazer havedes, senhor,

de mi fazerdes mal por ben

que vos quis' e quer' e por en

peç'eu tant'a Nostro Senhor

que vos mud'esse coraçon.

que mi havedes tan sen razon.

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqs9kFh6e1SmJdIB7DZSBSYgavwg5dtT6qc-325hQ9euZHyBxTF0sEbYseBQfH-ETo1skC0E3AXtP9M0cdZImQgrAhnXJRsGQkLnz0cuv-ugv7JN82eG-LRkdsySjeYrKEK6JC1rVAv02eFJzNO27-o8yaEmcIvigSp5oj-pT-dRTCnZYbGN488aEtCkk/s1600/CANTIGA.jpg

Prazer havedes do meu mal,

pero vos amo mais ca mi;

e poren peç'a Deus assi,

que sabe quant'é o meu mal,

que vos mud'esse coraçon

que mi havedes tan sen razon.

 

Muito vos praz do mal que hei,

lume d'aquestes olhos meus:

e por esto peç'eu a Deus,

que sab'a coita que eu hei.

que vos mud'esse coraçon,

que m'havedes tan sen razon.

 

E, se vo-lo mudar, enton

poss'eu viver, (e) senon, non. 

D. DINID. In: SPINA, Segismundo. Era medieval. 11. ed. Rio de Janeiro: Difel, 2006. v. 1, p. 59. (Coleção Presença da literatura portuguesa).

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 50.

Entendendo a música:

01 – Ainda que a cantiga tenha sido registrada numa escrita bastante diferente da nossa, é possível compreendê-la com uma leitura atenta.

a)   A quem se dirige o eu lírico?

Ele se dirige a sua senhora (“senhor”).

b)   Do que ele se queixa?

O eu lírico se queixa do fato de a amada ter prazer em fazê-lo sofrer.

c)   A quem o eu lírico apela?

Ele apela a Deus (“Nostro Senhor”).

d)   Que pedido faz o eu lírico?

Ele pede a Deus que mude o coração da amada (sua postura).

02 – No dístico (estrofe composta de dois versos) que fecha a cantiga, o eu lírico chega a uma sofrida conclusão. Que conclusão é essa?

      Ele conclui que, se a amada não mudar sua postura, ele não mais poderá viver.

03 – Que canções você conhece que apresentam temática semelhante à da cantiga de amor em estudo?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Para ampliar o repertório, temos: “Mentiras”, de Adriana Calcanhotto; “Vento do litoral”, Legião Urbana; “Apenas mais um amor”, de Lulu Santos; etc.

MÚSICA(ATIVIDADES): FEZ-SE MAR - MARCELO CAMELO - COM GABARITO

 Música (Atividades): Fez-se Mar

                                 Marcelo Camelo

Fez-se mar,
Senhora, o meu penar
demora não, demora não.

Vai ver, o acaso entregou
alguém pra lhe dizer
o que qualquer dirá.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCktTrLDKMskWsftws9YaTrus05_t6yY-ie-jX8On5NJblSgbDjmtn6lRDY3J89TjGMfrZcvaU6MXKy4bBgTPhihc2suddbUUG7qd074jkVCqHU3-K-_2XokM5MJF1JUkiddFYFNyyYE3fs3DPRG4gz4ACsd8KTdbDgU9X1_u8y22Ycjly2CoAkxmjpAA/s1600/mARCELO.jpg


Parece que o amor chegou aí
parece que o amor chegou aí.

Eu não estava lá, mas eu vi
eu não estava lá, mas eu vi

Clareira no tempo
cadeia das horas
eu meço no vento
o passo de agora.

E o próximo instante, eu sei, é quase lá
peço não saber até você voltar.

Composição: Marcelo Camelo. Fez-se mar. Intérprete: Los Hermanos. In: Los Hermanos. 4. São Paulo: Sony/BMG. 2005. 1 CD. Faixa 3. Disponível em: http://www2.uol.com.br/loshermanos/ventura/letras/quatro1.htm. Acesso em: 4 fev. 2016.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 47.

Entendendo a música:

01 – A letra da música “Fez-se mar” estrutura-se com base em uma metáfora principal, proposta logo no primeiro verso. Em que consiste essa metáfora?

      Consiste na comparação feita pelo eu lírico entre a intensidade de seu sofrimento (“penar”) e a imensidão e profundidade do “Mar”.

02 – O eu lírico fala diretamente à sua musa já no primeiro verso da canção.

a)   Que pronome de tratamento ele utiliza?

Ele utiliza o pronome de tratamento “senhora”.

b)   Em sua opinião, por que ele se dirige à amada dessa forma?

Para manter com ela uma relação de respeito e distanciamento.

c)   Você se imagina dirigindo-se assim à pessoa amada?

Resposta pessoal do aluno.

03 – Em relação à primeira estrofe.

a)   Qual é o apelo feito pelo eu lírico?

O eu lírico pede à amada que não demore.

b)   Explique a hipótese levantada por ele.

O eu lírico levanta a hipótese de uma outra pessoa ter surgido na vida da amada.

04 – Releia o trecho a seguir.

        E o próximo instante, eu sei, é quase lá
         peço não saber até você voltar.”

        Por que o eu lírico prefere não saber se a amada voltará ou não?

      Porque prefere viver na ilusão de que ela, talvez, volte a vê-lo.

 

 

POEMA: UM MOVER DE OLHOS, BRANDO E PIEDOSO - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Poema: Um Mover de Olhos, Brando e Piedoso

             Luís de Camões

Um mover de olhos, brando e piedoso,
Sem ver de quê; um riso brando e honesto,
Quase forçado; um doce e humilde gesto,
De qualquer alegria duvidoso;

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOVM4RlVhICpM3Wf2zNYZX2IqS2TYGWQiGdxWjX2ZBz2SBpSiUllD913wdiPTno_o0FMzW-WCalZObt3O61HEdMUrvufimg7c4x01B0TawqJ-WQ-f5GJ-XlbxQUaYSyOMzcFahOwnxpBOZOf3SIqLlCG_T511K-OvDHgfS8-L3YMboiSNaYDnIf00S8ko/s1600/CALMA.jpg


Um despejo quieto e vergonhoso;

Um repouso gravíssimo e modesto;
Uma pura bondade, manifesto
Indício da alma, limpo e gracioso;

Um encolhido ousar; uma brandura;
Um medo sem ter culpa; um ar sereno;
Um longo e obediente sofrimento:

Esta foi a celeste fermosura
Da minha Circe, e o mágico veneno
Que pôde transformar meu pensamento.

CAMÕES, Luís de. In: Salgado Júnior, Antônio (Org.). Luís de Camões: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008, p. 301.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 56.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o poema, qual o significado das palavras abaixo.

·        Gesto: rosto, face.

·        Despejo: ausência de pejo (vergonha); desinibição, descontração.

·        Brandura: ternura.

·        Circe: divindade da mitologia grega que atraía com seu canto os marinheiros e dava-lhes poções que os transformavam em porcos.

02 – Como é a mulher caracterizada no poema?

      No poema, a mulher tem olhar “brando e piedoso”, seu riso é “brando e honesto”, seus gestos são doces e humildes, sua postura é serena e recatada, sua alma é cheia de bondade, além de ser firme e constante – características mais interiores que exteriores.

03 – Que elemento descritivo faz referência direta à beleza da mulher citada no poema? Onde ele aparece?

      O elemento descritivo que faz referência direta à beleza da moça aparece somente no final (“fermosura”).

04 – Com base nas análises que você fez nos itens 2 e 3, o que é possível concluir: no poema predomina a caracterização interior ou exterior da mulher?

      Camões segue os ideais petrarquistas nesse poema (primazia da caracterização interior da mulher amada sobre a exterior.

05 – A poesia trovadoresca e a palaciana utilizaram com frequência os redondilhos (versos de 5 ou 7 sílabas poéticas), típicos da poesia popular. No classicismo, introduziu-se em Portugal a chamada “medida nova”, versos decassílabos de tradição italiana. Camões utilizou em sua lírica tanta a medida nova quanto a medida velha, da tradição medieval. Agora, releia o poema.

a)   Que medida o poeta português adota?

Camões utiliza versos decassílabos.

b)   Arrisque uma hipótese: que efeito tem o uso dessa métrica no poema?

Os decassílabos do poema, em comparação com a popular métrica do redondilho, evidenciam a sofisticação proposta pelo classicismo.

POESIA: VOSSA GRANDE CRUELDADE - FRANCISCO DA SILVEIRA - COM GABARITO

 Poesia: Vossa grande crueldade

             Francisco da Silveira 

Vossa grande crueldade, 

Minha gram desaventura, 

vossa pouca piadade, 

com minha gram lealdade, 

de mestura, 

fezaram minha trestura. 

 

A qual já dentro em mim jaz 

tanto nos bofes metida, 

que m’entristece, e me faz 

que me pese co’a vida. 

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4LsfMUpvL73e19pPla7kOO5QMJ7JY9j6JehJwSMpmPs-WSdBJ-zDKHTrrq2J2mMxLxN1WKPNo9yYOHIp9K-y7_V7h7H4QFujkDW_uHsCnuEbeY25bjHCKgOujq-HZGyEZg_vwhFsGZ_HhsXHosaY7Wf9TpXPGew_RGxkdRpeSoarWIGYvSSQa6dsoKsc/s320/POESIA.jpg

Cesse vossa crueldade, 

Mude-se minha ventura, 

que, pois tendes fermosura, 

tende também piadade 

de mestura, 

nam me mate esta tristura. 

Garcia de Resende e o Cancioneiro geral. In: ROCHA, André e Crabbé. Lisboa: Instituto de Cultura Portuguesa, Presidência do Conselho de Ministros, Secretaria de Estado da Cultura, 1979. v. 31, p. 29 (Biblioteca Breve).

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 53-54.

Entendendo a poesia:

01 – De acordo com a poesia, qual o significado das palavras abaixo.

·        Desaventura: desventura, falta de sorte.

·        Piadade: piedade.

·        De mestura: misturada, junta.

·        Trestura: tristeza.

·        Jaz: está sepultado.

·        Bofes: (sentido figurado) coração.

·        Tristura: tristeza.

02 – A primeira estrofe da poesia é marcada pela presença dos pronomes vossa e minha. A quem eles se referem?

      “Vossa” refere-se à amada; “Minha” refere-se ao eu lírico sofredor.

03 – Na alternância entre minha e vossa constrói-se na poesia uma relação de causa e consequência. Explique essa afirmação.

      A crueldade da amante (causa) provoca no eu lírico “desaventura” (consequência) e a “pouca piadade” dela (causa) tem como consequência a “trestura” do sujeito lírico. Finalmente, o cessar da crueldade da amada (causa) fará a “ventura” do eu lírico mudar (consequência).

04 – A poesia apresenta uma organização temporal bem definida.

a)   Que tempo verbal predomina em cada uma das estrofes?

O tempo que predomina na primeira estrofe é o passado; na segunda estrofe, predomina o presente; na terceira estrofe, sugere-se o futuro.

b)   Explique de que forma essa diferenciação dos tempos verbais se relaciona com os sentimentos do eu lírico.

Na primeira estrofe, encontram-se as causas do sofrimento do eu lírico; na segunda estrofe, estão as consequências do sofrimento; na terceira estrofe, o eu lírico faz um pedido à amada.

05 – Ao longo dos versos, o eu lírico acusa a amada de ser cruel e de ter pouca piedade diante de sua “desaventura”.

a)   Que substantivo quebra essa caracterização negativa da mulher?

O substantivo “fermosura”.

b)   O que essa ruptura representa no contexto da poesia?

Representa que o eu lírico não resiste à “fermosura” de sua amada, por isso submete-se à sua crueldade e pouca piedade.