terça-feira, 25 de outubro de 2022

ARTIGO DE OPINIÃO: EVENTO ESPORTIVO NÃO É LUGAR DE MANIFESTAÇÃO POLÍTICA - TIAGO LEIFERT - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Evento esportivo não é lugar de manifestação política

               Um evento como um jogo de futebol serve a manifestações políticas? Eu acho que não

        Eu não gosto da obrigação de tocar o Hino Nacional antes de eventos esportivos. Na Copa São Paulo de Futebol Júnior, no mês passado, os caras tocavam o hino inteiro antes do jogo. Tipo cinco minutos de música. Não vejo necessidade, não acho que patriotismo funciona enfiando um hino goela abaixo de torcedores. Me incomoda também saber que o hino é uma lei estadual, uma interferência da Assembleia Legislativa no rito esportivo.

        Quando política e esporte se misturam dá ruim. Vou poupá-los dos detalhes, mas basta olhar nossos últimos grandes eventos para entender que essas duas substâncias não devem ser consumidas ao mesmo tempo. O que me leva à minha primeira grande preocupação de 2018: é ano eleitoral.

        Nos Estados Unidos, Colin Kaepernick, jogador da NFL, a liga de futebol americano, resolveu se ajoelhar durante o hino americano para protestar contra a forma como a polícia trata os negros. Trump ficou pistola, os torcedores conservadores também, considerando um desrespeito ao hino. Independentemente do que você, leitor, ache, Kaepernick está desempregado. Nenhum time quis esse “troublemaker” no elenco. Como eu estava dizendo, quando esporte e política se misturam…

        Será que o evento esportivo é um local apropriado para manifestações políticas? Eu acho que não. Olhando por todos os lados, não vejo motivos para politizar o esporte.

        Do ponto de vista do atleta: ele veste uma camisa que não é dele (que, aliás, ele largará por um salário melhor), uma camisa que representa torcedores que caem por todo o espectro político. A câmera e o microfone só estão apontados para aquele jogador por causa da camisa que ele está vestindo e de sua performance esportiva.

        Não acho justo ele hackear esse momento, pelo qual está sendo pago, para levar adiante causas pessoais. É para isso que existe a rede social: ali, o jogador faz o que quiser. No campo? Ele está para entreter e representar até mesmo os torcedores que votam e pensam diferente.

        Acho também que temos de respeitar os espaços destinados à diversão, senão nosso mundo vai ficar ainda mais maluco. Imagine só: você chega em casa cansado, abre uma garrafa de vinho e ela grita “Fora, Temer!”. O catupiry da pizza veio em forma de letras “Lula preso amanhã”, e ainda usaram uma calabresa para fazer a letra O. A gente precisa respirar.

        Você liga no basquete, no vôlei, no futebol para ter umas duas horas de paixão, suspense, humor.

        Do mesmo jeito que você escolhe uma série no Netflix ou assiste a uma novela. É um desligamento da realidade; nosso cérebro precisa dessa quase meditação para aguentar o dia seguinte. E aí você senta para ver um jogo e esfregam um hino na sua cara, como se aqui fosse uma “república popular”, e seu jogador favorito resolve lacrar na hora de comemorar o gol do título do seu time. É justo? Não.

        Tem muita coisa contaminada por aí. Precisamos imunizar o pouco espaço que ainda temos de diversão. Textão é no Facebook. Deixem o esporte em paz.

LEIFERT, Tiago. GQ Brasil, 226 fev. 2018. Disponível em: https://gq.globo.com/Colunas/Tiago-Leifert/noticia/2018/02/evento-esportivo-não-e-lugar-de-manifestacao-politica.html. Acesso em: 27 mar. 2020.

Fonte: Língua Portuguesa – Se liga nas linguagens – Área do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias – Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2020 – Moderna – p. 36-8.

Entendendo o artigo de opinião:

01 – Tiago Leifert defende a tese de que “quando política e esporte se misturam dá ruim”.

a)   Você concorda com a tese defendida pelo autor? Por quê?

Resposta pessoal do aluno.

b)   Como argumento para reafirmar sua tese, o autor sugere aos leitores que se lembrem de eventos esportivos anteriores. Considerando o momento histórico em que o texto foi escrito (ano de 2018), faça uma pesquisa rápida e descubra: a quais grandes eventos o autor estaria se referindo?

Á Copa do Mundo FIFA de futebol masculino, realizada em 2014 no Brasil, e aos Jogos Olímpicos, realizados no Rio de Janeiro (RJ) em 2016.

c)   Por qual motivo o autor elege esses eventos como ilustrações de sua tese de que política e esporte não devem se misturar?

Por se tratarem de eventos esportivos caracterizados por decisões políticas que levaram a denúncias de superfaturamento e desvios de recursos.

d)   Elabore uma contra argumentação a essa tese, buscando estabelecer contrapontos que indiquem aspectos positivos da realização dos megaeventos esportivos no país.

Resposta pessoal do aluno.

02 – No quinto parágrafo, o autor afirma que o atleta “veste uma camisa que não é dele [...], uma camisa que representa torcedores que caem por todo o espectro político”.

a)   Em sua opinião, o fato de o atleta representar torcedores com diferentes posições políticas justifica a negação de sua manifestação política em campo? Por quê?

Resposta pessoal do aluno.

b)   Colin Kaepernick se manifestou, em campo, contra a violência policial dispensada aos negros de seu país. Qual é a sua opinião sobre esse tipo de protesto?

Resposta pessoal do aluno.

c)   Tiago Leifert se posiciona contrariamente à manifestação política do atleta estadunidense. Quais são os argumentos utilizados pelo jornalista para sustentar sua opinião?

O autor defende que o atleta é contratado para entreter torcedores de todas as posições políticas, incluindo aqueles que votam e pensam diferente dele, e que, por isso, não deve se aproveitar da exposição midiática para expor ou defender causas próprias ou pessoais.

d)   Levando em consideração os motivos de Kaepernick para realizar o protesto, como você avalia a opinião do jornalista?

Resposta pessoal do aluno.

03 – O artigo de opinião de Tiago Leifert expressa seu posicionamento sobre as relações entre política e esporte. Retome a leitura e identifique expressões que estejam introduzindo juízos de valor.

      Sugestão: “Eu não gosto da”, “Não vejo necessidade”, “Me incomoda também", “minha primeira grande preocupação”, “Não acho justo”.

04 – Analise a posição social ocupada por Tiago Leifert. Qual é o impacto dessa posição no poder de convencimento de sua argumentação e na formação da opinião pública?

      O autor era apresentador de um programa esportivo de grande audiência e, dessa forma, suas declarações acabam tendo muita repercussão e poder de convencimento na formação da opinião pública.

05 – Leifert afirma que o presidente americano Donald Trump “ficou pistola” e que considerou o protesto de Kaepernick um desrespeito ao hino do país.

a)   Qual é o significado dessa gíria no texto?

“Ficar pistola”, no texto, tem o significado de “ficar bravo”, “reprovar o protesto”.

b)   Identifique outras gírias ou expressões informais usadas pelo autor. Em sua opinião, qual é o papel delas no texto?

“Os caras”; “goela abaixo”; “dá ruim”, “hackear”; “mais maluco”; “lacrar”; “textão”; entre outras. O uso das gírias estabelece um vínculo afetivo com o leitor e cria uma imagem de um locutor descolado, menos careta e informal.

06 – Identifique a relação de causa e consequência estabelecida por Leifert ao relator o caso do protesto de Kaepernick.

      O jogador protestou, o presidente e os torcedores conservadores desaprovaram e consideraram um desrespeito ao hino e, por isso, Kaepernick foi demitido.

07 – Com qual propósito Leifert construiu essa relação?

      Ao estabelecer uma relação direta entre a empregabilidade do atleta e a expectativa de atuação acrítica, Leifert confirma sua opinião de que não é boa a mistura entre política e esporte e legítima a punição.

08 – No sexto parágrafo, o autor faz a seguinte afirmação: “Não acho justo ele hackear esse momento, pelo qual está sendo pago, para levar adiante causas pessoais”.

a)   Qual é o significado, no contexto, atribuído à expressão “hackear esse momento”?

Refere-se ao ato de sequestrar dos espectadores e torcedores a possibilidade de apreciarem o esporte de uma forma tida como legítima.

b)   Qual é a sua opinião a respeito dessa afirmação?

Resposta pessoal do aluno.

c)   Suponha, por exemplo, que as manifestações políticas dos atletas sejam proibidas para evitar esse “hackeamento”. Tente imaginar quais seriam as consequências dessa proibição para os atletas.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Uma suposta censura política, no sentido de coibir o “hackeamento” da experiência do “consumidor” do espetáculo esportivo, implicaria o apagamento das identidades políticas desses atletas, de sua liberdade de expressão e do exercício de sua plena cidadania.

ARTES VISUAIS: O MURALISMO E O GRAFITE - AMANDA NAHU - COM GABARITO

 Artes visuais: O muralismo e o grafite

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhq9J44QkQWZxBmfCqAMeeyx5O6_spxjXYo2lPrnRqw4cdOKx0nCS-qwQyo4Pj0YiA0wa3OoD8aw8zFfKyIsRkxlNXe_dseFRcTmhAfJFyPyhUzChs4uWv5zYKZELNHOJXaRPiBcCHLi0aX0gUovifbtL7jhD5UQ50ppYieds-mG6NkIVj8SSk7qWF1/s1600/muralismo.jpg

Obra de Amanda Nahu, integrante do projeto Xalabas, realizado na cidade de Praia, em Cabo Verde, 2018. Dimensões: 7m x 2m.

Fonte: Língua Portuguesa – Se liga nas linguagens – Área do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias – Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2020 – Moderna – p. 10-11.

        A fotografia reproduzida é de um mural pintado na paisagem urbana da cidade de Praia, pela artista baiana Ananda Nahu, em parceria com o projeto Xalabas, iniciativa local que visa ampliar e diversificar a oferta turística nesse território africano.

        Observe atentamente a imagem e analise os elementos gráficos e estéticos que a compõem.

Entendendo as Artes Visuais:

01 – Pense no suporte em que está inserida a obra da artista baiana.

a)   Onde o mural foi pintado?

O mural foi pintado em um muro de uma edificação que dá para a rua.

b)   O que o suporte escolhido possibilitou ao público?

A escolha desse suporte possibilitou um maior acesso à obra de arte, tornando-a pública e ampliando seu alcance.

02 – Você já ouviu falar em intervenção urbana? Pense nos sentidos dessa expressão e conclua: Por que a obra de Ananda poderia ser um exemplo de intervenção urbana?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A pintura de Ananda Nahu é um exemplo de intervenção urbana, já que representa uma interferência no espaço físico preexistente de um bairro de uma cidade, alterando inclusive a relação que as pessoas têm com o local, que é público.

03 – Em sua opinião, o mural de Ananda pode colaborar para o aumento d turismo local, como objetiva o projeto Xalabas?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A ação do projeto Xalabas colabora para o aumento do turismo ao criar novos roteiros de visitação que promovem mais pontos de interação e apreciação na cidade, seja pelo estímulo visual com a arte urbana, seja por meio da gastronomia e do artesanato locais, de serviços de entretenimento e da constituição de uma rede local de base comunitária.

04 – Ananda Nahu gosta de se apresentar como uma artista “grafiteira”. Com base em seus conhecimentos, tente explicar por que ela se denomina assim. Não se esqueça de levar em conta aspectos como o suporte da obra que ela produziu, o lugar onde está exposta, o material usado em sua composição e sua função social.

      Resposta pessoal do aluno.

05 – Ananda Nahu considera que sua obra de Cabo Verde tem uma função social. Você concorda com a artista? Conhece outros projetos artísticos que também têm cunho social?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Sim, já que a obra de Ananda Nahu valoriza os habitantes locais, dialoga com o entorno de forma democrática – uma vez que está na rua – e está inserida em um projeto de incentivo ao turismo que extrapola a simples fruição estética de um mural.

06 – Agora, observe atentamente os aspectos estéticos do mural de Ananda Nahu, e responda:

a)   Qual é a personagem que está retratada no mural? Que idade você acha que ela tem?

A personagem retratada é uma menina negra, tem entre 7 e 10 anos de idade.

b)   De onde você acha que e essa personagem? Onde ela vive?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Conte aos alunos que Ananda Nahu, junto com líderes comunitários do bairro da Achada Grande Frente, da cidade de Praia, e produtores do projeto Xalabas, escolheu algumas crianças do bairro para fotografar. Dentre elas, a artista escolheu Joyce, uma menina de 7 anos, para pintar a lateral do edifício.

c)   Caracterize fisicamente a personagem.

A menina foi retratada de perfil, tem uma expressão séria e um olhar altivo. Ela usa adornos no cabelo e está envolta por um tecido que apresenta um padrão específico, com a cor branca e diferentes tonalidades de azul. A mão dela parece segurar o tecido e estar apoiada sobre o ombro.

d)   Observe com atenção o tecido que envolve a personagem. Pesquise na internet que tecido é esse e arrisque interpretar: Que simbologia importante ele traz para a obra?

Os padrões do tecido em que a menina está envolvida são tradicionais de Cabo Verde, resultado da tessitura de fios de algodão de diferentes cores. O uso desse tecido tem um significado simbólico para a população, pois se relaciona com a afirmação da identidade da cultura cabo-verdiana.

e)   Tente explicar de que forma o olhar da personagem é retratado e que efeito ele produz em você ou nos passantes.

O olhar da menina está voltado para o espectador, opção que reforça o protagonismo da personagem e a empodera.

f)    Atente para o fundo da imagem. Descreva-o.

O fundo da imagem é bastante colorido, com diferentes motivos e formas. Ele é composto de um céu vermelho, delicado e estilizado. É um céu noturno, porque há estrelas e uma lua cheia. Abaixo do céu, há três faixas com texturas diferentes: a primeira tem um padrão floral, a segunda apresenta uma sequência de faixas com diferentes tonalidades de verde e, por último, há uma textura que lembra os padrões dos pelos de uma zebra.

g)   Note que há diferenças entre a personagem retratada em primeiro plano e o fundo pintado atrás dela. Aponte essas diferenças. Para isso, retome a questão do olhar da personagem, além da luz, da sombra, do volume e da perspectiva.

A figura da menina apresenta maior realismo devido à técnica de luz e sombra utilizada na pintura, responsável por dar volume ao retrato. Já o fundo é uma composição de superfícies planas e, por isso, não apresenta perspectiva nem realismo. O mural mistura diferentes técnicas de perspectiva e volume.

h)   Quais cores predominam na composição e que efeito elas produzem?

As cores que predominam são tonalidades de vermelho, azul e verde. São cores fortes e contrastantes que fazem a pintura chamar atenção em meio à paisagem.

 

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

CRÔNICA: TESTEMUNHA TRANQUILA - STANISLAW PONTE PRETA - COM GABARITO

 CRÔNICA: TESTEMUNHA TRANQUILA

                   Stanislaw Ponte Preta

O camarada chegou assim com ar suspeito, olhou pros lados e — como não parecia ter ninguém por perto — forçou a porta do apartamento e entrou. Eu estava parado olhando, para ver no que ia dar aquilo. Na verdade eu estava vendo nitidamente toda a cena e senti que o camarada era um mau-caráter.

E foi batata. Entrou no apartamento e olhou em volta. Penumbra total. Caminhou até o telefone e desligou com cuidado, na certa para que o aparelho não tocasse enquanto ele estivesse ali. Isto — pensei — é porque ele não quer que ninguém note a sua presença: logo, só pode ser um ladrão, ou coisa assim.

Mas não era. Se fosse ladrão estaria revistando as gavetas, mexendo em tudo, procurando coisas para levar. O cara — ao contrário — parecia morar perfeitamente no ambiente, pois mesmo na penumbra se orientou muito bem e andou desembaraçado até uma poltrona, onde sentou e ficou quieto:

— Pior que ladrão. Esse cara deve ser um assassino e está esperando alguém chegar para matar — eu tornei a pensar e me lembro (inclusive) que cheguei a suspirar aliviado por não conhecer o homem e — portanto — ser difícil que ele estivesse esperando por mim. Pensamento bobo, de resto, pois eu não tinha nada a ver com aquilo.

De repente ele se retesou na cadeira. Passos no corredor. Os passos, ou melhor, a pessoa que dava os passos, parou em frente à porta do apartamento. O detalhe era visível pela réstia de luz, que vinha por baixo da porta.

Som de chave na fechadura e a porta se abriu lentamente e logo a silhueta de uma mulher se desenhou contra a luz. Bonita ou feia? — pensei eu. Pois era uma graça, meus caros. Quando ela acendeu a luz da sala é que eu pude ver. Era boa às pampas. Quando viu o cara na poltrona ainda tentou recuar, mas ele avançou e fechou a porta com um pontapé… e eu ali olhando. Fechou a porta, caminhou em direção à bonitinha e pataco… tacou-lhe a primeira bolacha. Ela estremeceu nos alicerces e pimba… tacou outra. Os caros leitores perguntarão:— E você? Assistindo àquilo tudo sem tomar uma atitude?

— a pergunta é razoável. Eu tomei uma atitude, realmente. Desliguei a televisão, a imagem dos dois desapareceu e eu fui dormir.

https://contobrasileiro.com.br/testemunha-tranquila-cronica-de-stanislaw-ponte-preta/

Fonte: Figueiredo, Adriana Giarola Ferraz-Sistema Maxi de Ensino: ensino médio: língua portuguesa 2º ano: cadernos de1 a 4: manual do professor/Adriana Giarola Ferraz Figueiredo, Denise Silveira Silva Barros, Alberto Luís Pugina Silva. 1.ed. São Paulo: Maxiprint Editora,2018. p.26-7.

 

Entendendo o texto

01. A crônica de Stanislaw Ponte Preta apresenta que tipo de narrador? Explique.

Trata-se de um narrador-personagem, pois apesar de o narrador contar a história de um homem suspeito, em 3ª pessoa, ele também é um personagem, ele participa da história, como demonstra o trecho a seguir: “Eu estava parado olhando, para ver no que ia dar aquilo”, por exemplo.

02. O texto lido tem um desfecho inusitado. O que acontece de inesperado no fim da crônica? Justifique a sua resposta.

O desfecho da crônica esclarece que o narrador está apenas assistindo à televisão. Trata-se de um telespectador, portanto, o que é narrado nada mais é do que parte de um programa televisivo.

03. Analisando o título da crônica e o desfecho apresentado, é possível concluir que há uma crítica implícita nesse contexto. Qual é essa crítica? Fundamente a sua resposta com um trecho do texto.

O título “Testemunha tranquila” remete-nos ao fim da crônica, quando o leitor descobre que o narrador é somente, um telespectador de algum programa de tevê. Diante disso e do enredo, é possível inferir que há uma crítica a esse tipo de espectador que, mesmo diante de um fato um tanto quanto questionável, o homem misterioso bater em uma mulher, mesmo que dentro de um programa de tevê, a única atitude do telespectador foi desligar a tevê e esquecer o que tinha visto: “Eu tomei uma atitude, realmente. Desliguei a televisão, a imagem dos dois desapareceu e eu fui dormir.”

04. Releia este período: “Na verdade eu estava vendo nitidamente toda a cena e senti que o camarada era um mau-caráter.” O vocábulo que, destacado no texto, apresenta que classificação morfológica? Explique a sua resposta.

Nesse período, o vocábulo “que” corresponde a uma conjunção integrante, pois ele está ligando uma oração principal a uma oração subordinada substantiva objetiva direta.

05. No excerto “Se fosse ladrão estaria revistando as gavetas, mexendo em tudo, procurando coisas para levar. O cara – ao contrário – parecia morar perfeitamente no ambiente, pois mesmo na penumbra se orientou muito bem e andou desembaraçado até uma poltrona, onde sentou e ficou quieto: “há duas incidências da palavra se.

a)   Qual é a função morfológica exercida pelo se nesses dois contextos distintos?

Na primeira ocorrência, “se” é uma conjunção subordinada condicional, pois introduz uma oração subordinada adverbial condicional e pode ser substituído por “caso”. Na segunda ocorrência, trata-se de um pronome reflexivo, pois o sujeito pratica e sofre a ação ao mesmo tempo.

b)   Na segunda incidência do vocábulo se, qual é a função sintática exercida?

Nessa ocorrência, “se” exerce a função de objeto direto do verbo “orientar”, que é transitivo direto pronominal, pois nesse contexto quem orienta, orienta alguém, o homem suspeito orientou a si mesmo.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: O MITO DO TEMPO REAL - LULI RADFAHER - CRASE - COM GABARITO

 ARTIGO DE OPINIÃO: O MITO DO TEMPO REAL

                                              Luli Radfahrer

         O descompasso entre a velocidade das máquinas e a capacidade de compreensão de seus usuários leva a um quadro de ansiedade social sem precedentes. Em blogs, redes sociais, podcasts e mensagens eletrônicas diversas todos pedem desculpas pela demora em responder às demandas de seus interlocutores, impacientes como nunca. E-mails que não sejam atendidos em algumas horas acabam encaminhados para outras redes, em um apelo público por uma resposta.

        No desespero por contato instantâneo, telefones chamam repetidamente em horas impróprias, mensagens de texto são trocadas madrugada adentro, conversas multiplicam-se por comunicadores instantâneos e toda ocasião – do trânsito ao banheiro, do elevador à cama, da hora do almoço ao fim de semana – parece uma lacuna propícia para se resolver uma pendência.

        A resposta imediata a uma requisição é chamada tecnicamente de “tempo real”, mesmo que não haja nada verdadeiramente real nem humano nessa velocidade. O tempo imediato, sem pausas nem espera, em que tudo acontece num estalar de dedos é uma ficção. Desejá-lo não aumenta a eficiência. Pelo contrário, pode ser extremamente prejudicial.

         O contato estabelecido com o mundo real é marcado por demoras e esperas, tempos aparentemente perdidos em que boa parte da reflexão e do aprendizado acontecem. Entupir cada pausa com textos, músicas, jogos, vídeos e atividades multitarefa leva a uma sobrecarga cognitiva que só aumenta o estresse e a frustração. Conectados por tempo integral, todos parecem estar cada vez mais tensos, divididos, esquartejados entre várias demandas, muitas delas desnecessárias.

         A dependência da conexão é tamanha que leva usuários de smartphones a sofrerem uma espécie de síndrome de abstinência cada vez que são submetidos ao extremo desconforto cada vez que os esquecem ou veem sua bateria esgotar.

         Muitos combatem a superficialidade nas relações digitais pelos motivos errados, questionando a validade dos “amigos” no Facebook ou “seguidores” no Twitter ao compará-los com seus equivalentes analógicos. O problema não está na tecnologia, mas na intensidade dispensada em cada interação. Seja qual for o meio em que ele se dê, o contato entre indivíduos demanda tempo, e nesse tempo não é só a informação pura e simples que se troca. Festas, conversas, leituras, relacionamentos, músicas e filmes de qualidade não podem ser acelerados ou resumidos a sinopses. Conversas, ao vivo ou mediadas por qualquer tecnologia, perdem boa parte de sua intensidade com a segmentação. O tempo empenhado em cada uma delas é muito valioso, não faz sentido economizá-lo, empilhá-lo ou segmentá-lo. O tempo humano (que talvez seja irreal, se o “outro” for provado real) é bem mais devagar. Nossas vidas são marcadas tanto pela velocidade quanto pela lentidão.

         Acelerado, multitarefa e disponível em páginas e bases de dados cada vez maiores e interligadas, o conteúdo da rede é congelado em prateleiras cada vez maiores e mais complexas. Se por um lado essa compilação FÁCILita o acesso à informação, por outro ela achata a percepção de continuidade, tempos e processos. Na grande biblioteca digital tudo acontece no presente contínuo. O passado é achatado, o futuro vem por mágica.

        Essa quebra da sequência histórica faz com que muitos processos pareçam herméticos ou misteriosos demais. Quando não há uma compreensão das etapas componentes de um processo, não há como intervir nelas, propondo correções, adaptações ou melhorias. Tal impotência leva a uma apatia, em que as condições impostas são aceitas por falta de alternativa. Escondidos seus processos industriais, os produtos adquirem uma aura quase divina, transformando seus usuários em consumidores vorazes, que se estapeiam em lojas à procura do último aparelho eletrônico que se proponha a preencher o vazio que sentem.

        Incapazes de propor alternativas ou sugerir mudanças, os consumidores bovinos são estimulados pela publicidade a um gigantesco hedonismo e pragmatismo. A FÁCILidade de acesso à abundância leva a uma passividade e a um pensamento pragmático que defende a ideia de “vamos aproveitar agora, pois quando acontecer um problema alguém terá descoberto a solução”, visível na forma com que se abordam problemas de saúde, obesidade, consumo, lixo eletrônico, esgotamento de recursos e poluição ambiental.

        Em alta velocidade há pouco espaço para a reflexão. Reduzidos a impulsos e reflexos, corremos o risco de deixar para trás tudo aquilo que nos diferencia das outras espécies.

 (Luli Radfahrer. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luliradfahrer/1191007-o-mito-do-tempo-real.shtml.)

Fonte: Figueiredo, Adriana Giarola Ferraz-Sistema Maxi de Ensino: ensino médio: língua portuguesa 2º ano: cadernos de1 a 4: manual do professor/Adriana Giarola Ferraz Figueiredo, Denise Silveira Silva Barros, Alberto Luís Pugina Silva. 1.ed. São Paulo: Maxiprint Editora,2018. p.17-9.

 

01) O tema de um texto é o seu tópico central, em torno do qual todas as informações convergem para que o texto tenha unidade. Em vista desse aspecto, assinale a alternativa que apresenta o tema sobre o qual o texto versa.

a) A falta de paciência em esperar por respostas.

b) A dinâmica das interações na contemporaneidade.

c) O excesso de informações disponíveis no mundo virtual.

d) O esvaziamento das relações humanas nos dias de hoje.

 

02)(UTFPR) Analise o uso da crase no fragmento:

     Escondidos seus processos industriais, os produtos adquirem uma aura quase divina, transformando seus usuários em consumidores vorazes, que se estapeiam em lojas à procura do último aparelho eletrônico.

 

Assinale a alternativa em que o emprego da crase se justifica pelo mesmo uso que no fragmento acima.

a)   Ela ficou parada à espera de uma oportunidade para dar sua opinião.

b)   Os imigrantes sírios voltaram à terra de seus antepassados.

c)   Todos os funcionários do jornal foram à Lapa inaugurar a gráfica.

d)   Dirigia-se àquela população como seu reduto eleitoral.

e)   A placa indicava que era proibido virar à esquerda nesta rua.

 

 

03. (PUC-PR) Leia as sentenças e assinale o que se pede a seguir.

      I. Em 2014, os brasileiros, confiantes e crédulos, saíram a consumir, como se consumo fosse investimento. E o Estado agora nos convoca à pagar também suas dívidas, que não são nossas. (Veja. São Paulo: Abril, p.23, 10 jun.2015. Adaptado).

     II.  Pode-se dizer que as gerações da Idade Média falam às gerações atuais por meio das grandes obras de arquitetura que exprimem a devoção e o espírito da época. (WHITNEY, W. A vida da linguagem. Petrópolis: Vozes, 2010. p.17).

    III. À linguagem é uma expressão destinada a transmissão do pensamento.

    IV. O atendimento a gestantes foi suspenso ontem à tarde e a Prefeitura pouco pode fazer a curto prazo para amenizar a situação.

     V. Transmita a cada um dos pacientes às instruções necessárias à continuidade do tratamento.

 

O sinal indicativo de crase está adequadamente empregado na(s) alternativa(s):

a)   IV somente.

b)   I, III e V.

c)   II, III e IV.

d)   I e IV.

e)   II e IV.

 

04. (Fatec-SP) Assinale a alternativa que apresenta o correto emprego da crase.

     a) Alguns atletas olímpicos irão à São Paulo fazer exames médicos periódicos.

     b) À um ano dos jogos Olímpicos do Rio, é impossível adquirir alguns ingressos.

     c) Nossos atletas, à partir dessa semana, serão submetidos a novos treinamentos.

     d) Nenhum atleta dessa delegação pode comer o que deseja o tempo todo, à vontade.

      e) A homenagem à João Carlos de Oliveira, o João do Paulo, resgata a nossa história olímpica.

 

05. (Acafe-SC) Assinale a alternativa correta quanto ao acento indicador da crase.

       a) Em tempos de doenças transmitidas à seres humanos pelo mosquito Aedes aegypti, médicos de todo o país dirigem-se à Curitiba para estudar temas transversais relacionados a dengue, a Chikungunya e ao zika.

       b) Convém não confundir a habitação voltada a moradia própria, mesmo que irregular, com a ação de especuladores, que, às vezes, invadem às áreas de preservação permanente e vendem até barracos prontos.

       c) Temos que aprender à punir com o voto todos os corruptores, da direita a esquerda, ano a ano, independentemente da cor partidária.

       d) Rosamaria recebeu do Juizado Militar a opção da liberdade vigiada e pôde sair da cadeia, embora a liberação tivesse fortes limitações como proibição de deixar a cidade, de chegar a casa após as 22h e de trabalhar.

CARTA A UM ADOLESCENTE - RUBEM ALVES - COM GABARITO

 CARTA A UM ADOLESCENTE

          Rubem Alves

Você pediu que eu escrevesse sobre a maldade. Foi a primeira vez que uma pessoa me pediu isso. Você foi corajoso porque falar sobre a maldade é falar sobre nós mesmos. A maldade é algo que mora dentro de nós, à espera do momento certo para se apossar do nosso corpo. Ao pedir que eu falasse sobre a maldade você me pediu que o ajudasse a entender o lado escuro de você mesmo.

Para a gente entender a maldade é preciso entender, antes, os dois poderes de que somos feitos. Somos feitos de uma mistura de amor e poder. Amor é um sentimento que nos liga a determinadas coisas, e vai desde o simples gostar até o estar apaixonado. O amor quer abraçar, ficar perto, proteger. Amo meu cachorrinho: quero brincar com ele, tenho saudade dele. Se ele morrer eu vou chorar. Gosto da minha casa. Dói muito – dá raiva – se alguém picha de preto o muro que tinha justo sido pintado de branco. Gosto muito de uma pessoa: pode ser o pai, a mãe, o avô, a namorada. Por causa desse sentimento fico triste vendo que aquela pessoa está triste. O amor faz isso: coloca o outro dentro da gente. O que o outro sente, a gente sente também. Um amigo meu, pedreiro, senhor João, a primeira coisa que fazia quando me visitava em minha casa era salvar, com um peneira, as abelhas que estavam morrendo afogadas na piscina. Ele sofria com as abelhas.
Por isso, muitas pessoas são vegetarianas. Elas não suportam pensar na dor por que passam os bichos para que nós nos lambuzemos com a carne deles. Uma pessoa muito querida, que não é vegetariana, não consegue comer frango ao molho pardo. O molho pardo desse frango se faz com sangue – e ela se lembra de haver visto frangos de pescoço cortado, pendurados num gancho, agonizantes, seu sangue vagarosamente pingando num prato. Agora, sempre que ela vê frango ao molho pardo, ela se lembra do sofrimento daquela ave inocente. Os bichos também sofrem.

O amor nos liga à natureza toda. Eu amo a natureza – os riachos de água limpa, as cachoeiras frias, as matas com suas samambaias, avencas, orquídeas, bananeiras, as borboletas, cigarras, pássaros. Nós humanos, temos olhos deformados – não percebemos a beleza dos seres que são diferentes da gente. Mas todos eles, inclusive os besouros (que alguns chamam de “bisorros”), as rãs, os lagartos, as marias-fedidas, as taturanas, os urubus – todos eles querem viver, sofrem, fazem parte desse nosso mundo e são necessários à sua existência. Todos eles são nossos irmãos – porque todos nós teremos o mesmo fim. Um dia nós voltaremos à terra e, quem sabe, renasceremos como besouro ou galinha…

Aquilo que eu amo eu quero proteger. Proteger o cachorrinho, o muro de casa, a natureza… Às vezes, a gente quer algo anterior ao proteger: a gente crer criar. Você ainda não é pai. Não tem, portanto nenhum filho para proteger. Chegará um dia, entretanto, em que você desejará ter um filho que você ainda não tem. Para isso é preciso que você tenha os poderes de homem – para semear no ventre de uma mulher a semente do filho que você ama, mas ainda não tem. Você deseja ser (ainda não é) administrador de empresa, cozinheiro, médico ou flautista: você ama essas coisas; mas ainda não é. O amor sozinho, não faz milagres. Para ser qualquer dessas coisas você terá que, devargazinho, ir desenvolvendo poderes no seu corpo, poderes que tornarão a forma ou de conhecimentos ou de habilidades.

Quando você tem essas duas coisas juntas o amor e o poder, coisas muito bonitas acontecem. O poder torna possível a existência daquilo que a gente ama: gero um filho, planto um jardim, construo uma casa.
O poder, assim está a serviço da alegria. Pelo poder eu posso contribuir para que o mundo seja melhor. O poder e o amor juntos, estão a serviço da preservação da vida.

Acontece, entretanto que a vida anda devagar. Leva tempo para uma criança ser gerada. Leva tempo para uma árvore crescer. Por vezes, ao plantar uma árvore, a gente sabe que nunca se assentará à sua sombra.
Já a morte anda rápido. Mata-se numa fração de segundo. Basta puxar um gatilho. Ou pisar o bicho. Ou quebrar o ovo. Corta-se uma árvore que levou cem anos para crescer em poucos minutos: se for uma bananeira, basta um golpe de facão.

Você me perguntou sobre a maldade: a maldade é isso – quando as pessoas sentem prazer no ato de destruir, isto é quando as pessoas sentem prazer no exercício puro do poder, sem que esse poder tenha um objetivo de vida. Bondade é o poder usado para a vida. Maldade é o poder usado para a morte.

A adolescência é o momento da vida quando se descobrem as delícias do poder. Criança tem amor mas não tem poder. Ela quer sorvete mas não tem o dinheiro. A mãe segura, põe de castigo, dá palmada. A criança é impotente. Na adolescência o corpo se desenvolve. Fica maior que o corpo da mãe, o corpo do pai. Ganha força. Juntos, então os adolescentes se constituem num exército poderoso. É por isso que os adolescentes gostam de estar juntos: isso lhes dá um sentimento de poder. Há coisas que nunca fariam sozinhos. Mas, em grupo, tudo é permitido. As pessoas mais mansas podem se tornar monstruosas em grupo. No grupo a gente perde o senso da responsabilidade moral.

Como eu já disse, o poder, como fim em sim mesmo, sem um propósito de amor, dá prazer rápido. Quebrar, pichar, arrancar, bater, cortar esmagar, derrubar – todas essas são formas do poder-prazer a serviço da morte. É uma coisa demoníaca.
Por isso, meu amigo, adolescente, quero confessar uma coisa que nunca confessei: “Tenho medo de vocês”. O fascínio que vocês têm pelo poder me assusta. É isso que é maldade: poder sem amor.
Eu queria poder dar para vocês, como herança, o ovo onde moram os meus sonhos, na esperança de que vocês continuassem a chocá-lo, depois da minha partida. Sim, o mundo que eu amo se parece com um ovo: está cheio de vida mas é muito frágil. Dentro dele estão coisas delicadas, fáceis de serem destruídas: plantas, insetos, ninhos, aves, músicas, poemas, memórias, livros, peixes, muros brancos, crianças, velhos, jardins…
Mas eu tenho medo que vocês não resistam à tentação de quebrar o ovo onde eu e o meu mundo moramos. Como é fácil quebrar um ovo! Fácil e irreversível: nunca mais! Assim, por enquanto, o ovo onde moram meus sonhos fica sob a minha guarda. Até encontra os herdeiros que eu espero.

Rubem Alves,
In Correio Popular, Campinas, 24.II.96

https://alforje.wordpress.com/2013/06/05/carta-a-um-adolescente-rubem-alves/

Fonte: Figueiredo, Adriana Giarola Ferraz-Sistema Maxi de Ensino: ensino médio: língua portuguesa 2º ano: cadernos de1 a 4: manual do professor/Adriana Giarola Ferraz Figueiredo, Denise Silveira Silva Barros, Alberto Luís Pugina Silva. 1.ed. São Paulo: Maxiprint Editora,2018. p.15-7.

Entendimento do texto

01. O Texto “Carta a um adolescente” foi escrito a partir de uma condição especial. Que condição é essa? Justifique a sua resposta.

Trata-se de um texto que foi escrito a partir de um pedido, um pedido feito por um adolescente que solicitou que o autor escrevesse sobre o tema maldade. Esse pedido pode ser comprovado já no título do texto, que nos remete a uma carta, uma resposta destinada a um destinatário definido.

02.  É possível perceber, ao longo do texto, que o autor formula a sua argumentação para defender um ponto de vista em relação ao tema abordado, a maldade.

a)   Qual é a estratégia escolhida pelo autor para se posicionar diante desse tema?

Para se posicionar diante do tema maldade, o autor opta por fazer uma reflexão acerca dos “poderes” que, segundo ele, circundam o ser humano, o amor e o poder.

b)   E qual  é a tese do autor a respeito da maldade? Exemplifique a sua resposta com um trecho do texto.

Para o autor, a maldade é uma atitude ruim, que destrói e que condena  o mundo e as pessoas aos caos: “[...] a maldade é isso – quando as pessoas sentem prazer no ato de destruir; isto é quando as pessoas sentem prazer no exercício puro do poder, sem que esse poder tenha um objetivo de vida.[...] Maldade é o poder usado para a morte.”

c)   Em certo momento do texto, o autor confessa que tem medo dos adolescentes. Em que alicerces ele fundamenta esse medo? Explique.

O autor fundamenta o medo que tem dos adolescentes no fato de perceber que estes têm um fascínio muito grande pelo poder. Mais que isso, ele teme que o poder seja usado, pelos adolescentes, desvinculado do amor, que é o grande problema apontado pelo escritor na carta.

03.  Observe os trechos retirados do texto e justifique a presença da crase nos contextos destacados.

a)   “A maldade ´algo que mora dentro de nós, à espera do momento certo para se apossar do nosso corpo”.

Trata-se da crase empregada em locução prepositiva.

b)   “O amor nos liga à natureza toda”.

Trata-se da crase empregada na junção da preposição “a”, pedida pelo verbo “ligar”, + o artigo “a” que acompanha o substantivo “natureza”.

c)   Às vezes, a gente quer algo anterior ao proteger: a gente quer criar”.

Trata-se da crase em uma locução adverbial de tempo.

04. Releia este período: “Um dia nós voltaremos à terra e, quem sabe, renasceremos como besouro ou galinha...”. O uso do acento indicativo da crase, na expressão destacada, está correto? Por quê?

O uso do acento indicativo da crase, na expressão “à terra”, nesse contexto, está adequado, pois aqui não está se referindo à terra em oposição à água ou ao mar, mas sim à terra como um lugar de origem.