domingo, 9 de dezembro de 2018

CRÔNICA: O NÃO, O SIM E A FELICIDADE - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO - COM GABARITO

CRÔNICA: O NÃO, O SIM E A FELICIDADE
                               
 Ignácio de Loyola Brandão

        — Às dez horas em casa!
        — Pai, tenho 18 anos!
        Surpreso com o que podia ser interpretado como provável contestação, ele batia o martelo:
        — Dez em ponto! Nem um minuto mais.
        Chegar de volta às dez da noite, em ponto, era arriscado. O relógio do pai podia estar adiantado e o dele comandava a operação. Mesmo que o dele batesse com o da Matriz corria-se o risco da interpretação. “Essa igreja! Sempre atrasada”. Exatamente igual à bola de futebol. Na risca, ela está fora ou dentro? Depende da disposição do juiz. Ou seja, aos 18 anos, tínhamos de chegar em casa no máximo às dez para as dez da noite, se não quiséssemos encontrar a porta fechada. Não adiantava bater na janela do irmão, o pai ficava acordado por algum tempo, à espreita. Dormia-se na rua? Não, batia-se na porta, sabendo do caminhão que seria despejado em cima, das ameaças de cortar a mesada (no meu caso nem era mesada, ele me dava um dinheiro de vez em quando, para um refrigerante, um sanduíche. Não que fosse avarento, não tinha mesmo). Empregos? Numa cidade do interior, década de 50? Que emprego? Caixeiro do comércio? E o estudo?
        Não havia científico noturno ainda. Claro que existiam permissões para se ficar até mais tarde. Raras. Em finais de semana, dias de baile. Chave de casa? Por que um jovem de 18 anos não tinha a chave de casa? Não era costume, não se dava, e pronto. Parece pré-história para o jovem de hoje, e no entanto tais coisas aconteciam há 40 anos, o que é nada histórica e sociologicamente. As relações pais e filhos eram mistos de respeito e terror. Ninguém chamava o pai de você, a não ser um ou outro colega, invejado. De qualquer modo, soava estranho, era o mesmo que um deputado não se referir ao outro como vossa excelência, mesmo sendo inimigo mortal. Pai era senhor. Assim como se cumprimentava pedindo a bênção, beijando a mão. E palavrão? Coisa de rua, de gente desclassificada, de marginal, de filho de lavadeira. Filho de lavadeira? Havia preconceito, de todos os lados, havia intolerância, levava-se uma existência cinza. Quanto amigo meu levou tapa na boca, porque o pai, ao virar a esquina, deu com o filho, de 21 anos, fumando. Exageros? Totalitarismo? Em parte sim, em parte não.
        Pode parecer ridículo, mas havia nisso um cerimonial de civilização. Ainda que existisse animosidade, cumpria-se um protocolo de educação, de reverência por alguém que nos colocou no mundo, deu educação, sustentou. No fundo, eles, os pais, continuavam com ritual de despotismo trazido pela tradição, transmitindo o que tinham aprendido. O mundo andava devagar, não havia por que romper com o estabelecido. As coisas funcionavam, e se funcionavam mal, não havia ainda suficiente clareza e lucidez para quebrar normas que começavam a ficar obsoletas. Enfim, não se colocava em questão. Era ruim para nós? Era. Uma camisa-de-força, um cerco apertado constituído por nãos. Era bom? Era. Ali aprendemos que a vida era assim, uma camisa-de-força, composta por um conjunto de nãos. Tínhamos de conhecê-los, aprender a driblá-los pela vida afora, despistá-los, superá-los com capacidade, inteligência, esforço. Evidente que o não favorecia a mentira, a hipocrisia.
        Atualmente, sorrimos, quando filhas de 13 anos nos comunicam:
        — Hoje vou dar uma festinha à noite!
        — Saiu um livro de educação sexual. Quem pode comprar para mim?
        — P…q…p, pô…*** grtfhun #$% trá-lá-lá!
        — Podem me buscar na festa à uma hora!
        Este uma é da madrugada, é claro. E quando se vai apanhá-las, vê-se que existem meninas que ainda vão ficar até mais tarde, porque há filhas sempre reclamando:
        — Sou a primeira a deixar as festas!
        Quando chegam em casa, abrem a porta, porque têm chave. Todas as meninas de sua idade têm chaves de casa, mesadas semanais, ficam lendo à noite até a hora que querem, contestam os pais, marcam festas em casa, ligam o som no máximo do volume. Sabem tudo sobre sexo, perguntam para os pais e professores coisas que fariam um jovem — não de 13, mas de 18 — ser expulso de casa no nosso tempo (ao menos, espera-se que não cometam erros infantis). Namoram, telefonam sem parar, pedem aos pais um cigarro para experimentar (e o pai, dentro da escola moderna do consentimento para não traumatizar, não reprimir, dá).
        Nossas angústias eram simples, menos existenciais. E bem definidas. Concretas. Doíam do mesmo modo. Havia aquela intolerância, contra a qual brigávamos. Mas nosso problema maior era o futuro, o que seremos, o que queremos. Vão dar certo nossos sonhos? Era a grande pergunta, porque havia sonhos. Na permissividade atual, neste final de século do sim, estas angústias se complicaram extremamente para os adolescentes e jovens. São abstratas, metafísicas, sem soluções, porque indefinidas, tênues. Nossos filhos, vivendo em meio a violência e caos, são superprotegidos, defendidos, confundiu-se liberdade com permissividade, romperam-se os limites e eles desconhecem os nãos que poderiam torná-los mais lutadores, preparados, até mesmo raivosos. Nem existem sonhos ou utopias, o que se quer é ter dinheiro, status, vida confortável. O não levou minha geração a uma reação de raiva e ao mesmo tempo perigosa. O não que nos traumatizou, nos conduziu a dizer um sim complexo para nossos filhos. Quem sabe eles não se sintam perdidos, sem condução, soltos no mundo, circulando sem que alguém dê um toque no cordão que nos liga, ajudando a dizer: cuidado, aí tem areia movediça?
        Nós não acreditávamos que nossos pais sabiam. Nossos filhos acreditam que não nos incomodamos com eles, que os abandonamos no mundo. Uma geração teve o não. A outra teve o sim. Somos felizes? Nossos filhos serão?
                   (Ignácio de Loyola Brandão. Pais & Teens, ano 1, nº 2.)

Entendendo o texto:
01 – O texto põe em discussão a mudança de atitudes e valores que ocorreu nas últimas décadas, opondo duas gerações: a geração de quarenta anos atrás, quando o narrador era jovem, e a geração dos jovens de hoje.
Observe o título do texto. Qual é a geração do "sim" e qual é a do "não"?
      A geração do NÃO é a de quarenta anos atrás e a do SIM dos dias de hoje.

02 – Nos primeiros parágrafos do texto, o autor descreve como era a educação familiar no passado. Nos parágrafos seguintes, compara-a com a educação atual. Comente as diferenças nas situações vividas pelos jovens quanto aos seguintes aspectos:

a)   Horário para voltar e acesso a casa após saídas à noite;
Antigamente o horário de voltar para casa dos meninos de 18 anos era dez pras dez da noite. E os de hoje as meninas de 13 anos não tem nem horários para chegar em casa.

b)   Dinheiro dado pelos pais;
Antigamente os pais, davam dinheiro apenas para um refrigerante ou um sanduíche, e mesmo assim de vez em quando, hoje os filhos recebem mesadas semanais, e dinheiro quando querem.

c)   Consumo de coisas proibidas, como cigarro;
Hoje eles podem namorar, gastarem o quanto quiserem, pedir cigarro até mesmo para os pais.

d)   Forma de tratar os pais;
Antigamente ninguém contestava com as coisas que os pais falavam, eles falavam e pronto; hoje em dia não, filhos contestam, e ainda saem ganhando.

e)   Uso de palavrões na linguagem.
Antes palavrões era para pessoas mal-educadas, hoje qualquer jovem fala.

03 – Segundo o narrador, no passado o relacionamento entre pais e filhos era difícil e autoritário, e o jovem tinha pouca liberdade. Apesar disso, o narrador, hoje, não vê apenas o lado negativo daquele tipo de relacionamento. Releia estes trechos:
• "Totalitarismo? Em parte sim, em parte não." (6º parágrafo)
• "Era ruim para nós? Era. Uma camisa-de-força, um cerco apertado constituído por nãos. Era bom? Era." (7° pará­grafo)

De acordo com as ideias gerais do texto, explique:
a)   Por que era ruim aquele tipo de educação familiar?
Porque o jovem não tinha muita liberdade.

b)   E por que era bom?
Era bom, pois assim ele podia seguir o “caminho certo” e não tomar o “errado” com a finalidade de hoje.

04 – Muitas vezes, o não gerava a mentira e a hipocrisia.
a)   Com que finalidade se mentia naquela época?
As pessoas chegavam a mentir para fugirem um pouco do autoritarismo da época.

b)   Nesse contexto, mentir era bom ou ruim?
Naquela época era bom.

05 – Segundo o texto, os jovens de hoje sabem de muitas coisas e "perguntam para os pais e professores coisas que fariam um jovem — não de 13, mas de 18 — ser expulso de casa no nosso tempo (ao menos, espera-se que não cometam erros infantis)".
Levante hipóteses: O que possivelmente são, para o narrador, "erros infantis"?
      Perguntar sobre sexo e namoro.

06 – No penúltimo parágrafo, o narrador opõe as angústias dos jovens de antes às dos jovens de hoje e afirma que, no passado, essas angústias eram mais bem definidas e concretas. Por que o narrador vê as angústias dos jovens atuais como mais complexas que as dos jovens do passado?
      Porque os jovens do passado respeitavam os pais e os de hoje não respeitam.

07 – No mesmo parágrafo, o narrador afirma que o futuro era a grande preocupação dos jovens: "Vão dar certo nossos sonhos? Era a grande pergunta, porque havia sonhos".
a)   Qual é o ponto de vista do narrador a respeito dos sonhos dos jovens atuais?
O sonho dos jovens de hoje é ganhar muito dinheiro.

b)   Em contraposição aos sonhos, alimentados pela geração de antes, qual é o projeto da geração atual, segundo o narrador?
Pessoas mais atualizadas.

c)   Comparada à geração atual, que qualidade o narrador vê nos jovens da sua geração?
Eles não dão ouvidos ao que os pais dizem.

08 – Para o narrador, "confundiu-se liberdade com permissividade". Qual é a diferença entre elas?
      Liberdade é a independência com responsabilidade; a autonomia. E permissividade é a pessoa que dá permissão, tolerante e indulgente.

09 – Ao afirmar "O não que nos traumatizou, nos conduziu a dizer um sim complexo para nossos filhos", o narrador revela estar seguro ou inseguro quanto ao modo como os pais de hoje têm educado os filhos?
      Inseguro, porque através do sim os jovens confundiram a liberdade com permissividade, e se tornaram jovens mais angustiados do que os de antes.

10 – O texto põe em discussão duas formas de educar os filhos e, em vez de apresentar respostas na sua conclusão, termina com perguntas: "Uma geração teve o não. A outra teve o sim. Somos felizes? Nossos filhos serão?”.
a)   O narrador deixa clara sua posição sobre qual a melhor maneira de educar os jovens?
Sim, a de antigamente.

b)   O fato de o texto ser encerrado com perguntas confirma ou nega sua resposta anterior?
Confirma.

c)   Observe o título do texto. De acordo com as ideias gerais apresentadas pelo narrador, que sentido ele tem.
De nos mostrar que nem sempre o NÃO necessariamente era causa da infelicidade da mesma forma que os SIM nem sempre é a causa da felicidade.



quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

CRÔNICA: CHUVA COM LEMBRANÇAS - CECÍLIA MEIRELES - COM GABARITO

Crônica: Chuva com Lembranças


        COMEÇAM a cair uns pingos de chuva. Tão leves e raros que nem as borboletas ainda perceberam, e continuam a pousar, às tontas, de jasmim em jasmim. As pedras estão muito quentes, e cada gota que cai logo se evapora. Os meninos olham para o céu cinzento, estendem a mão — e vão tratar de outra coisa. (Como desejariam pular em poças d’água! — Mas a chuva não vem...)


        Nas terras secas, tanta gente, a esta hora, estará procurando também no céu um sinal de chuva! E, nas terras inundadas, quanta gente a suspirar por um raio de sol!
        Penso em chuvas de outrora: chuvas matinais, que molham cabelos soltos, que despencam as flores das cercas, entram pelos cadernos escolares e vão apagar a caprichosa caligrafia dos exercícios.
        Chuvas de viagens: tempestades na Mantiqueira, quando nem os ponteiros dos para-brisas dão vencimento à água; quando apenas se avista, recortada na noite, a paisagem súbita e fosfórea mostrada pelos relâmpagos. Catadupas despenhando sobre Veneza, misturando o céu e os canais numa água única, e transformando o Palácio dos Doges num imenso barco mágico, onde se movem, pelos tetos e paredes, os deuses do paganismo e os santos cristãos. Chuva da Galileia, salpicando as ruas pobres de Nazaré, regando os campos virentes, toldando o lago de Tiberíades coberto ainda pelo eterno olhar dos Apóstolos. Chuva pontual sobre os belos campos semeados da França, e na fluida paisagem belga, por onde imensos cavalos sacodem, com displicente orgulho, a dourada crina...
        Chuvas antigas, nesta cidade nossa, de perpétuas enchentes: a de 1811, que, com o desabamento de uma parte do morro do Castelo, soterrou várias pessoas, arrastou pontes, destruiu caminhos e causou tal pânico que durante sete dias as igrejas e capelas estiveram abertas, acesas, com os sacerdotes e o povo a implorarem a misericórdia divina. Uma, de 1864, que Vieira Fazenda descreve minuciosamente, com árvores arrancadas, janelas partidas, telhados pelos ares, desastres no mar e “vinte mil Lampiões da iluminação pública completamente inutilizados”.
        Chuvas modernas, sem trovoada, sem igrejas em prece, mas com as ruas igualmente transformadas em rios, os barracos a escorregarem pelos morros, barreiras, pedras, telheiros a soterrarem pobre gente. Chuvas que interrompem estradas, estragam lavouras, deixam na miséria aqueles justamente que desejariam a boa rega do céu para a fecundidade de seus campos.
        Por enquanto, caem apenas algumas gotas daqui e dali. Nem as borboletas ainda percebem. Os meninos esperam em vão pelas poças d’água onde pulariam contentes. Tudo é apenas calor e céu cinzento, um céu de pedra onde os sábios e avisados tantas coisas liam outrora:
        "São Jerônimo, Santa Bárbara Virgem, lá no céu está escrito, entre a cruz e a água benta:
        Livrai-nos, Senhor, desta tormenta!”
Cecília Meireles, Escolha o seu sonho, 7ª ed. Rio de Janeiro: Record.
Entendendo a crônica:

01 – As informações do primeiro parágrafo – “Começam a cair uns pingos de chuva. Tão leves e raros… – e – Os meninos olham para o céu cinzento…” – mostram que a chuva:
a) está por vir.    
b) será passageira.       
c) não é esperada.       
d) trouxe estragos.

02 – Ainda no primeiro parágrafo o narrador destaca:
a) A natureza, com suas flores e borboletas raras.   
b) As crianças ansiosas que esperam pela chuva.
c) O calor que havia naquele momento.                     
d) Uma tímida ameaça de chuva.

03 – Por que depois de olhar para o céu e estender a mão, os meninos vão fazer outra coisa?
      Porque não vai chover.

04 – A que época da vida do narrador corresponderiam “as chuvas de outrora”?
      Na época em que ele ia para a escola. Na parte da manhã.

05 – A intenção do texto é:
a) mostrar que ninguém se importa com a chuva.
b) comentar como é a chuva na sua velhice.
c) registrar com sensibilidade os efeitos da chuva.
d) combater a ideia de que a chuva seja importante.

06 – A expressão “chuvas matinais” significa:
a) Chuvas constantes.                                    
b) Chuvas de maio  
c) Chuvas de domingo.                                  
d) Chuvas da manhã.

07 – As informações do segundo parágrafo – “Nas terras secas, tanta gente a esta hora está procurando, também, no céu um sinal de chuva! E nas terras inundadas, quanta gente estará suspirando por um raio de sol!” – deixam claro que o mundo convive com:
a) a satisfação com o clima em diferentes regiões.       
b) a invariabilidade climática.
c) um padrão climático equilibrado.                       
d) as contradições das condições climáticas.

08 – No 4º parágrafo qual o significado do trecho “quando nem os ponteiros do para-brisa dão conta do vencimento à água”?
      Por ser tratar de uma tempestade, nem o limpador vence tirar a água.

09 – A expressão “um céu de pedra”, no penúltimo parágrafo do texto, está empregada em sentido:
a) figurado, indicando a chegada de uma chuva rápida.
b) figurado, indicando a possibilidade de uma chuva intensa.
c) próprio, indicando a probabilidade de uma chuva forte.
d) figurado, indicando a certeza de uma chuva leve e passageira.

10 – As informações do texto mostram que, na cidade da autora:
a) não chove por causa do frio.                       
b) as enchentes ainda acontecem.
c) deixou de chover depois de 1811.              
d) as chuvas destruíram as igrejas.

11 – Assinale a alternativa que apresenta erro de grafia:
a) Depois de um dia chuvoso, as crianças puderam sair de casa.
b) Havia, na sua lembrança, uma chuva muito fina que caía sobre a grama do jardim.
c) Os estragos causados pela tempestade foram terríveis.
d) A chuva não vinha, mais ele não perdia as esperanças.

12 – De acordo com o texto, as chuvas antigas inspiravam nas pessoas:
a) a revolta imediata.                                    
b) a descrença generalizada.
c) o desejo de se mudarem.                         
d) o conforto da religião.

13 – No período – “… nem as borboletas ainda perceberam, e continuam a pousar” – (1.º parágrafo), a conjunção “e” expressa sentido de:
a) adição.    
b) oposição.    
c) finalidade.       
d) condição.

14 – Com que finalidade as pessoas pediam ajuda aos santos como Santa Bárbara e São Jerônimo?
      Santa Barbara é a protetora das tempestades, trovoadas.
      São Jerônimo que imortalizou pelos estudos da Santa Bíblia, é considerado “Doutor máximo das Escrituras”.


POEMA: ADORMECIDA - CASTRO ALVES - COM GABARITO

Poema: Adormecida
            
                 Castro Alves

Uma noite, eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberta o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.

‘Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, um pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.

De um jasmineiro os galhos encurvados,

Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos – beijá-la.

Era um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...

Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!

E o ramo ora chegava ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio,
P’ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...

Eu, fitando esta cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
“Ó flor! – tu és a virgem das campinas!
“Virgem! – tu és a flor da minha vida!...”

                                     Castro Alves, Espumas Flutuantes.

Entendendo o poema:
01 – Em relação ao poema “Adormecida”, explique de que modo se dá a identificação entre sujeito e natureza, comum no Romantismo.
      Ele se apaixonava no lugar da flor.

02 – O poema descreve uma cena presenciada pelo eu lírico: sua amada adormecida em uma rede. Como a jovem é caracterizada?
      Ela está recostada “molemente” na rede, tem o roupão aberto, o cabelo solto e os pés descalços roçam o tapete.

03 – Essa caraterização sugere uma imagem de mulher mais sensual, diferente daquela apresentada pelos poetas da segunda geração romântica. Justifique, exemplificando suas afirmações com expressões do texto.
      As referências ao roupão “quase aberto”, aos cabelos soltos e aos pés descalços sugerem a sensualidade dessa mulher. Além disso, o uso da expressão “molemente” para caracterizar a maneira languidez que também denota sensualidade.

04 – Além da moça, outra “personagem” aparece: o jasmineiro. Que papel ele desempenha?
      O jasmineiro age como um amante que, sorrateiramente, afaga a jovem, beija sua face e depois se afasta quando ela tenta beijá-lo. Quando parece que a jovem vai se irritar com suas ações, o jasmineiro derrama-lhe uma “chuva de pétalas no seio”.

05 – Transcreva as expressões que indicam a personificação desse elemento da natureza.
      As expressões usadas para qualificar os galhos: “indiscretos”; “trêmulos”; “alegre”.
      Os verbos que se referem às suas ações: “beija-la”; “fugia”; “brincava”; “chegava”; “afastava-se”.
      E a comparação da planta a uma criança cândida: “Dir-se-ia [...] / Brincavam duas cândidas crianças...”.

06 – A personificação do jasmineiro e as reações da jovem aos seus “beijos” contribuem para reforçar a sensualidade da cena. Explique por quê?
      Toda a descrição que faz o eu lírico da cena sugere uma espécie de dança amorosa entre a jovem e a natureza, repleta de sensualidade. Os estremecimentos da moça a cada “afago” do jasmineiro, suas tentativas de retribuir os “beijos” e a chuva de pétalas sobre o seu seio reforçam esse clima sensual.

07 – Releia:
        “Ó flor! – tu és a virgem das campinas!
        “Virgem! – tu és a flor da minha vida! ...”.
De que maneira, nesses versos, o eu lírico estabelece uma relação de identificação entre a mulher e a natureza?
      No primeiro verso transcrito, o eu lírico chama o jasmineiro de “flor”, caracterizando-o como a “virgem das campinas”.
      No seguinte, dirige-se a sua amada usando a expressão “virgem” e a define como a flor de sua vida. A natureza e a jovem são denominados pelas mesmas expressões, promovendo-se, dessa forma, a identificação entre elas.


FÁBULA : A FORMIGA E A MOSCA - ESOPO - COM GABARITO

Fábula: A Formiga e a Mosca
           Esopo


        Entre a Mosca e a Formiga houve grande discussão sobre pontos de honra. Dizia a Mosca:
        — Eu sou nobre, vivo livre, ando por onde quero, como refeições saborosas, sento-me à mesa com o Rei e beijo as mais formosas damas. Tu, mal-aventurada, andas sempre a trabalhar.
        Respondeu a Formiga:
        — Tu és uma doida preguiçosa. Se pousas uma vez em prato de bom manjar, mil vezes comes sujidades e imundícies desprezadas por todos; se te pões no rosto da dama ou à mesa com o Rei, não é por sua vontade, mas porque és enfadonha e importuna.
        Moral da história: Com esta Fábula aprendamos o pouco que valem homens ociosos e importunos como moscas, que se gabam difamando mulheres e pessoas honradas e contam feitos que nunca lhes aconteceram, desprezando os que como a formiga vivem do seu labor, mas quando veem a ocasião, não fazem nada e ficam afrontados e tidos por cobardes.

                                                                 Fábula de Esopo.
Entendendo a fábula:
01 – Quais são as personagens da fábula?
      A formiga e a mosca.

02 – Por que a mosca e a formiga discutiram?
      Porque a mosca se achava superior a formiga que vivia trabalhando, e ela dizia ser nobre porque comia refeições saborosas.

03 – Como o autor caracterizou a mosca?
      Como preguiçosa, enfadonha e importuna.

04 – O texto que você acabou de ler é:
a)   Uma crônica em que o autor trata de um assunto do dia-a-dia.
b)   Uma fábula, isto é, uma pequena história com ensinamento moral.
c)   Um conto de fadas.

05 – A mosca e a formiga sendo insetos, são personagens do texto por quê?
a)   Antigamente os animais falavam.
b)   Na história, eles agem, falam e raciocinam como se fossem pessoas.
c)   O texto fala sobre eles.

06 – O autor caracteriza a formiga como um inseto:
a)   Agente transmissor de doenças.
b)   Polinizador.
c)   Trabalhador que cumpri diferentes tarefas.

07 – As respostas e os argumentos que a mosca apresentou a formiga:
a)   Eram sem fundamentos.
b)   Eram respostas que a formiga não se convencia.
c)   Foram respostas com fundamentos, válidos e justas.

08 – O autor quis sugerir no final da história, quando a formiga chamou a mosca d preguiçosa, que:
a)   Vale a pena comer manjares dos outros.
b)   Deve se desprezar o labor.
c)   Pouco valem homens ociosos e importunos como a mosca.

09 – Explique, com suas palavras, a moral da história.
      Resposta pessoal do aluno.


ARTIGO DE OPINIÃO: O CARIOQUÊS E PAULISTAS - FREDERICO BRANCO - COM GABARITO

Artigo de Opinião: O Carioquês e Paulistas
         Frederico Branco


 Quem quer ser imediatamente identificado no Rio como paulistano fala em semáforo. Ou farol, como vulgarmente se diz em São Paulo. Lá, a designação que prevalece é sinal luminoso.
        E as diferenças estão longe de ficar nisso.
        Aqui, um simples encanador é convocado quando se trata de reparar vazamento ou infiltração; já no Rio, o profissional chamado é nada menos que um grandiloquente bombeiro. Os zeladores de edifício, como cá os denominamos, lá são os porteiros. No Rio não há manobristas de automóvel, pois no balneário os que exercem essas funções às portas dos restaurantes, teatros, hotéis e afins são chamados de manobreiros. Pivete é a tradução carioca dos nossos trombadinhas. Já os nossos guardadores, lá são carinhosamente alcunhados de flanelinhas. E com relação ao próprio estacionamento na rua junto à calçada como se diz aqui, ou ao passeio, como se prefere no Rio – a manobra é feita da mesma maneira, mas lá se estaciona junto ao composto meio-fio, ao passo que aqui alinhamos o veículo a uma prosaica guia.
        E em caso de trombada, com danos à lataria? Em São Paulo, o jeito é procura um funileiro, ao passo que no balneário o procurado deve ser um lanterneiro, ainda que um e outro nada tenham a ver com a fabricação de funis ou de lanternas.
        A paulistana carta de motorista no balneário vira carteira. Já a carteira de cigarros, lá vendida, aqui é um simples maço.
        Também é inútil procurar no Rio presunto para o lanche – ou para a merenda, como lá se chama. Deve-se pedir fiambre. Presunto fica restrito no balneário aos que partem desta para melhor, abandonados na rua indevidamente.
BRANCO, Frederico. Carioquês e paulistas. Jornal da Tarde, Rio de Janeiro, p.4, 8 jan.1992.

Entendendo o texto:

01 – O Brasil é um país riquíssimo em sotaques. Uma grande parte da população não vê com “bons olhos” essas diferenças linguísticas. Preconceito à parte, até o momento foram enumerados cerca de 16 sotaques brasileiros. Onde são falados os:

·        Sotaque carioca: Toda a cidade do Rio de Janeiro.

·        Sotaque Paulistano: Cidade de São Paulo e regiões metropolitanas próximas.

02 – Por que existe esta variedade de sotaque em nosso país?
      Veio da colonização no país feita por diferentes povos em momentos diversos de nossa história.

03 – Segundo pesquisadores linguísticos que influência conseguiram identificar no Estado de São Paulo, e no Rio de Janeiro?
      No Estado de São Paulo influência dos italianos, já no Rio de Janeiro o sotaque tem influência ao original falado em Portugal.

04 – Carioquês, sotaque carioca, mas particularmente o s chiado ao final da sílaba, é uma herança direta de que língua?
      Do português de Lisboa, já que a corte portuguesa veio em grande contingente para o Rio de Janeiro, em 1808, e a cidade se torna Capital da República em 1889. O som do s ficou, então, prestigiado por ser o sotaque da realeza, e por isso muito difundido na então capital. Além do s, o fonema r mais sussurrado também é bem característico da forma de falar do 

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

FILME(ATIVIDADES): X-MEN: DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO - COM SINOPSE E QUESTÕES GABARITADAS

Filme(ATIVIDADES): X-MEN: DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO


Data de lançamento 22 de maio de 2014 (2h 12min)
Criador(es): Bryan Singer
Nacionalidades EUAReino UnidoCanadá

SINOPSE E DETALHES
Não recomendado para menores de 12 anos
        No futuro, os mutantes são caçados impiedosamente pelos Sentinelas, gigantescos robôs criados por Bolívar Trask (Peter Dinklage). Os poucos sobreviventes precisam viver escondidos, caso contrário serão também mortos. Entre eles estão o professor Charles Xavier (Patrick Stewart), Magneto (Ian McKellen), Tempestade (Halle Berry), Kitty Pryde (Ellen Page) e Wolverine (Hugh Jackman), que buscam um meio de evitar que os mutantes sejam aniquilados. O meio encontrado é enviar a consciência de Wolverine em uma viagem no tempo, rumo aos anos 1970. Lá ela ocupa o corpo do Wolverine da época, que procura os ainda jovens Xavier (James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender) para que, juntos, impeçam que este futuro trágico para os mutantes se torne realidade.

Entendendo o filme:
01 – Qual é o nome dos robôs que exterminaram os mutantes no filme X-Men: Dias de um Futuro Esquecido?
      Eram os Sentinelas.

02 – Complete: Bolivar Trask é o criador dos Sentinelas.

03 – Complete: Professor X, Fera e Wolverine tentam impedir Magneto de matar os refugiados.

04 – Blink tem o poder de:
      Criar Portais.

05 – Qual mutante foi o último a morrer?
      Foi o Homem de Gelo.

06 – Para tentar mudar o futuro, Erik tenta fazer o quê?
      Ele tenta matar Mística.

07 – Complete: Kitty Pride e Homem de Gelo tem um relacionamento no filme X-Men: Dias de um Futuro Esquecido.

08 – Quem determinou Sentinelas vindo até o mosteiro na China?
      Foi o Apache.

09 – Quem mudou o futuro?
      Foi mudado por Mística.

10 – Colossus, Mancha Solar e Homem de Gelo tem Sentinelas que se adaptam a suas habilidades. Verdadeiro ou falso?
      É verdadeiro.