sábado, 30 de junho de 2018

CRÔNICA: TUDO MAIS BARATO - FERNANDO SABINO - COM GABARITO

Crônica: Tudo mais barato
            Fernando Sabino


        Naquela manhã, quando o carro oficial o conduzia ao Ministério, lembrou-se do supermercado na Praça da Bandeira:
        -- Você precisa dar um pulo lá um dia desses – um amigo lhe havia recomendado: – É tudo mais barato.
        -- Siga para a Praça da Bandeira – ordenou ao motorista.
        Depois de se embaraçar nas filas que se formavam à entrada, disputando gêneros de primeira necessidade, perdeu-se por entre as prateleiras de mercadorias menos procuradas, pegue e pague.
        Tudo realmente mais barato – sua mulher ficaria satisfeita. Foi pegando o que lhe ocorria levar: latas de conserva, queijos, vinho, azeite, biscoito, balas para as crianças. Logo precisou de um dos carrinhos de arame enfileirados na porta. Estranhou que ninguém ali os usasse. Não seria costume da casa?
      Encaminhou-se afinal para a saída, formando na longa fila dos que passavam pela caixa: meio quilo de arroz, um quilo de farinha, meio quilo de açúcar.
        Olhou para os que já aguardavam atrás dele: as mesmas caras sérias, encardidas de pobreza, cada um com sua comprinha humilde na mão. E ele ali, o único de paletó e gravata, atravessado no caminho com seu carrinho repleto. Era tão chocante o contraste, que a cada passo parecia estar sendo empurrado para frente, em estocadas de muda acusação. Pensou ainda se não seria o caso de desistir, recolocar a mercadoria no lugar, ou abandonar ali mesmo o carrinho e ir saindo displicente, como quem não quer nada.
        -- Cinquenta cruzeiros.
        -- Trinta e dois cruzeiros.
        Quando chegasse a sua vez, estaria perdido: uma semana de ordenado, no mínimo, daquela gente que o cercava. Enxugou o suor da testa. Atrás dele alguém comentava:
        -- Esse aí vai levar pelo menos meia hora, está comprando a casa inteira.
        -- Cruz credo! – soltou uma voz de mulher.
        E outra ainda:
        -- Até parece uma babá, empurrando carrinho.
        Ouviram-se risos, já de franca hostilidade. E chegou enfim a sua vez. Procurou ser o mais expedito possível:
        -- Isto... isto... e mais isto...
        A moça ia registrando, espantada e aborrecida.
        -- Cinco mil, oitocentos e cinquenta cruzeiros – contou afinal, implacável, para ele e para quem mais quisesse ouvir.
        Correu pela fila um murmúrio de admiração.
        -- Agora tire daí, por favor.
        Ele desfolhava atabalhoadamente um maço de notas de quinhentos que retirara do bolso da calça para pagar a mercadoria. Nunca aquela gente tinha visto tanto dinheiro junto.
        -- Tirar como? – já desesperado, olhou em torno: – A mocinha ali não tem um saco de papel?
        -- Em saco de papel não cabe tudo isso. O próximo, por favor.
        Na fila já se avolumava um resmungo de impaciência. Sem saber o que fazer, ele tentou recolher as coisas com os dois braços, deixou cair uma lata, o pacote de biscoitos se arrebentou. Já se dispunha a largar tudo e sair correndo, quando viu um caixote de papelão a um canto. Arrastou-o com a ponta do pé, despejou tudo dentro dele. Ao erguê-lo pela tampa, viu, agoniado, que o fundo se abria e a mercadoria se espalhava pelo chão. Uma garrafa de vinho tinto se espatifou no cimento. Agachou-se apanhando freneticamente o que podia e atirando de novo dentro do caixote. Depois ergueu-o a custo, contendo com os braços as abas do fundo.
        -- Com licença. Com licença.
        Abriu caminho aos tropeços, precipitou-se até o carro que o aguardava, pediu auxílio ao motorista:
        -- Vamos, me ajude aqui. E siga para casa, depressa.
        Despejada a mercadoria no banco de trás, conseguiu, enfim, abandonar o local do crime, seguindo para a Zona Sul. Se percebessem que se tratava de carro oficial, a agressiva curiosidade que o acompanhou até a porta se transformaria em depredação e até mesmo linchamento.
        Não perceberam; pôde, assim, regressar ao seu mundo farto e repousante, até onde não chegavam ainda os atropelos, apertos e aflições dos que estão do outro lado.
        Mas não por muito tempo – pensou, preocupado.

                                      Fernando Sabino. In: A falta que ela me faz.
                                                  7ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1981.
Entendendo a crônica:
01 – Reescreva as frases, substituindo as palavras destacadas por sinônimos:
a)   Ouviram-se risos, já de franca hostilidade.”
Escutaram-se risos, já de sincera inimizade.

b)   “Ele desfolhava atabalhoadamente um maço de notas...”
Ele desfolhava atrapalhadamente um maço de notas.

c)   “Na fila se avolumava um resmungo de impaciência.”
Na fila aumentava um resmungo de impaciência.

02 – Complete as frases com as palavras abaixo:
Linchamento – murmúrio – farto – atropelo – displicente – freneticamente.
a)   As garotas aplaudiam freneticamente seu ídolo.
b)   Naquele atropelo todo perdi as chaves do carro.
c)   Ele pouco ligava para as recomendações dos pais e continuava sendo o aluno displicente de sempre.
d)   O linchamento é uma forma injusta de justiça popular.
e)   Ouvia-se, naquele momento, um murmúrio de protesto no fundo do salão.
f)    Ela vivia naquele mundo farto; nunca conheceu as dificuldades da pobreza.

03 – O texto “Tudo mais barato” é narrado em terceira pessoa. Nele, o autor desempenha o papel de:
(  ) Narrador-personagem.
(X) Narrador-observador.

04 – Quem é a personagem principal do texto? A que classe social pertence? Comprove sua informação com elementos do texto.
      É um funcionário do Ministério. A personagem pertence a uma classe social elevada. Trata-se de um funcionário do governo que utiliza carro oficial com motorista.

05 – O funcionário do Ministério pretendia comprar gêneros de primeira necessidade?
      Não. Pois se dirigiu às prateleiras de mercadorias menos procuradas.

06 – O funcionário do Ministério contrastava com as demais pessoas que faziam compras no supermercado. Em que consistia esse contraste?
      Era o único de paletó e gravata, com carrinho repleto, ostentando uma situação econômica invejável. As demais pessoas estavam malvestidas e carregavam poucos produtos, porque eram muito pobres.

07 – Podemos considerar o protagonista uma pessoa insensível e indiferente à pobreza das pessoas que faziam compras naquele supermercado? Por quê?
      Não. Em certo momento, ele ficou tão perturbado com a pobreza daquela gente que pensou em recolocar as mercadorias na prateleira e desistir da compra.

08 – O funcionário do Ministério pensou em abandonar o carrinho e deixar o supermercado por que:
(   ) Ficou irritado com os comentários dos fregueses na fila.
(X) Percebeu que sua situação econômica contrastava enormemente com a pobreza daquela gente.

09 – Assinale o CORRETO:
O funcionário do Ministério foi invadido pelos sentimentos de:
(   ) Compreensão e solidariedade.
(X) Constrangimento e pânico.
(   ) Agressividade.

10 – Por que se criou um clima de hostilidade em relação ao funcionário do Ministério?
      Suas atitudes provocaram um sentimento de injustiça nas pessoas e, também, por incomodar os presentes.

11 – Por que o fato de ele estar usufruindo do carro oficial poderia provocar depredação e linchamento?
      O povo não aprovaria essa mordomia, à custa do dinheiro público.

12 – A que conclusão o funcionário do Ministério chegou depois dos acontecimentos no supermercado?
      Refletindo sobre a enorme diferença social e econômica que o distanciava daquela gente humilde, concluiu que sua situação privilegiada não duraria para sempre.

13 – Nesta crônica, Fernando Sabino denuncia principalmente:
(   ) A utilização indevida de carros oficiais.
(X) As desigualdades sociais.

14 – Você acha correto usar bens públicos, como carros oficiais, em proveito pessoal? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

15 – Na sua opinião, por que existem desigualdades sociais?
      Resposta pessoal do aluno.

16 – Pra você, como podem ser combatidas as desigualdades sociais para se construir um mundo mais justo?
      Resposta pessoal do aluno.


CONTO: UNU NILE - TODOS VOCÊS (CONTO AFRICANO) - COM GABARITO

Conto: UNU NILETodos Vocês (Conto africano)

        Depois de formar a Terra, o Criador, todos os meses, realizava uma festa no céu para as aves, pois a mãe-terra ainda era jovem e não havia árvores frutíferas suficientes para alimentar a todas. Ele também aproveitava a ocasião para agradecer as aves pelos seus lindos cantos, dia e noite. Nesses tempos, a tartaruga vivia se queixando, pois fora criada com muito peso nas costas, suas pernas eram tão curtas que quase não conseguia se locomover e, ainda por cima, precisava andar muito atrás de comida. Todos os dias, queixava-se:
        — Se eu tivesse asas, tudo seria diferente... A minha vida seria mais fácil.
 Enquanto as aves, do alto das árvores, comiam frutas, a tartaruga, embaixo, lamentava a sua sorte, pois tinha que se contentar com os restos que caíam dos bicos delas.
        De tanto ouvirem as lamentações da tartaruga, as aves fizeram uma reunião e decidiram ajudá-la. Cada uma doou uma de suas penas para confeccionar o melhor par de asas para o pobre réptil e ensiná-lo a voar.
        A partir daquele dia, a vida da tartaruga mudou. Passou a fazer tudo que sempre havia desejado: voava de árvore em árvore, comendo as melhores frutas. Ela zombava dos animais que não tinham asas, pois não se considerava mais um réptil, mas uma ave. Deixou-se dominar pelo orgulho.
        Na véspera da viagem para o céu, as aves convidaram a tartaruga para a festa do Criador, reservada só para os animais que voavam.
        Egoísta e ingrata, a tartaruga ficou matutando um modo de comer o melhor da festa.
        Antes da viagem, ela disse às aves que o céu era um lugar especial e, portanto, deveriam entrar lá de um modo especial. Propôs que cada uma escolhesse um novo nome. As aves aceitaram e todas escolheram um novo nome, cada um mais bonito do que o outro. A tartaruga ficou por último e disse que seu novo nome era Todos Vocês. As aves acharam aquele nome muito estranho, mas ninguém se importou.
        Durante a viagem, a tartaruga fez questão que cada uma repetisse seu novo nome muitas vezes para que não se esquecessem. Chegando ao céu, todas assinaram o livro de presença com seu nome novo. Sentaram-se à mesa, o Criador agradeceu a todas pelos seus belos cantos e mostrou-lhes as iguarias preparadas para elas. Terminado o discurso, a tartaruga levantou e perguntou ao Criador para quem ele fizera todas aquelas delícias. Ele respondeu:
        — Para todos vocês!
        Nesse momento, a tartaruga lembrou as aves do seu novo nome: Todos Vocês; portanto, a mesa posta era só para ela. Que esperassem a vez delas.
        Ela comeu e bebeu, enquanto as aves só olhavam. Elas ficaram muito decepcionadas com a atitude da tartaruga.
        Quando chegou a hora de voltarem à Terra, cada uma delas tratou de pegar sua pena de volta e, num instante, a tartaruga ficou sem asas.
        Ao entrarem para limpar o salão, os empregados encontraram a tartaruga escondida e lançaram-na para a Terra; a queda foi tão forte que o seu casco duro e brilhante quebrou-se em pedaços.
        A formiga e seus filhotes acharam o casco da tartaruga todo quebrado e pensaram que o pobre animal estivesse morto. Então juntaram e emendaram o casco para construir um formigueiro.
        Passados alguns dias, a tartaruga se sentiu melhor, levantou-se e saiu andando.
        E foi assim que a tartaruga ganhou o casco emendado que tem até hoje.

SUNNY. Ulomma. A casa da beleza e outros contos.
São Paulo: Paulinas, 2006, p. 23-28
Entendendo o conto:
01 – Como era a vida da tartaruga no início do conto? O que mudou?
      Vivia cansada e tinha muito trabalho para conseguir comida. Sua vida muda ao receber um par de asas.

02 – Que estratégia a tartaruga adota para que ocorra uma mudança em sua vida?
      Reclama todo o tempo da dificuldade que é sua vida. Faz-se de vítima do mundo.

03 – Qual foi a “jogada” da tartaruga para, chegando à festa, ter direito a desfrutar do banquete primeiro?
      Escolheu para si um nome que, provavelmente, seria a resposta que receberia para a pergunta que faria.

04 – Qual o sentimento das aves em relação à tartaruga?
      Decepção.

05 – No trecho “Egoísta e ingrata, a tartaruga ficou matutando um modo de comer o melhor da festa”, que palavras indicam a opinião do narrador sobre a tartaruga?
      Egoísta e ingrata.

06 – E você, o que pensa da atitude da tartaruga?
      Resposta Pessoal do aluno.

07 – Considerando a atitude da tartaruga, que outras palavras a descreveriam?
      Resposta pessoal do aluno.

08 – Releia o início do conto “Todos Vocês” e observe os verbos destacados nos primeiros parágrafo. Pra você em que tempo estão?
      Resposta pessoal do aluno.

09 – Você diria que essas ações aconteceram uma vez ou aconteciam sempre (por exemplo, aconteceu de as aves comerem fruta e de a tartaruga lamentar sua sorte só uma vez ou elas faziam isso sempre)?
      Aconteciam sempre.

10 – Agora destaque os verbos destacados no quarto parágrafo. Essas ações aconteciam sempre ou aconteceram só uma vez?
       Aconteceram só uma vez.

11 – Qual dos dois tempos verbais descreve a situação inicial do conto, caracterizando o cenário e as personagens e dizendo como era a vida deles? 
      Os destacados nos primeiros parágrafos (pretérito imperfeito).

12 – Qual dos dois tempos verbais indica uma ação pontual que situa o início da ação principal da história (seu problema)?
      Os destacados no quarto parágrafo (pretérito perfeito).



POEMA: A DANÇA DA NATUREZA - GLORETE RESZENDE - COM GABARITO

Poema A dança da natureza


No balé das árvores sopradas pelo vento
Vento suave de uma tarde de verão
Pequenas bailarinas folhas dançam com graça e movimento.
Tendo ao fundo azul da imensidão.

Os fachos de luz que atravessam por entre as árvores
Aproveitam o acontecimento
Enfeitam e dão ar de magia com emoção
Ao belo palco da natureza neste momento.

Vez ou outra, pequenas bailarinas se soltam
E com liberdade e graça vão dançando até o chão
Felizes, embora saibam que será a última apresentação
E que, no seu lugar, pequenas novas bailarinas nascerão.

                                      Glorete Reszende, artista plástica

Entendendo o poema:
01 – O que o título do texto quer dizer com “A dança da natureza”?
      É o balança das folhas das árvores com o vento.

02 – Você gostou do poema? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Que detalhe original usou a artista plástica nas folhas?
      Figuras de bailarinas nas folhas (folha-bailarina).

04 – A quem se refere o adjetivo “felizes” no penúltimo verso?
      Às folhas-bailarinas.

05 – Que diferença há entre: “Novas bailarinas nascerão” e “Novas bailarinas nasceram”?
      A 1ª frase está no tempo futuro. A 2ª frase está no pretérito.

06 – A que se refere o pronome “seu” no último verso?
      Às bailarinas (folhas).

07 – Em: “E com liberdade e graça vão dançando até o chão”, o que representa esta frase?
      É o movimento das folhas quando se soltam do galho e caem.

08 – Na frase: “E que, no seu lugar, pequenas novas bailarinas nascerão”. O que significa?
      Que nascerão novas folhas, e serão as novas bailarinas.



TEXTO: UM HERÓI DO MAR - MARIA YVONNE ATALÉCIO DE ARAUJO - COM GABARITO

Texto: Um herói do mar

        Paula era filha de pescadores e já completara seus nove anos.
        Vivia na praia. Uma praia grande a perder de vista – larga faixa de areia, contornando o azul do mar.
        Coqueiros altos, elegantes e esguios cobriam toda aquela extensão e, entre eles, aqui e ali, as casinhas pobres dos pescadores.
        Pela manhã, bem cedinho, a menina já se punha de pé. Ao longe, o sol luzia nas águas, cobrindo-as de ouro.
        As ondas corriam apressadas, encrespando o mar, desfazendo-se em espumas claras e brilhantes.
        Paula até se esquecia de tudo... Então uma vela branca apontava longe, bem longe...
        Quem será? Perguntava a menina para si mesma. Será papai?
        Seu coraçãozinho tremia de aflição: olhava firme aquele ponto branco recortado no horizonte. (...)
        Ela já podia ler “Esperança” em letras vermelhas bem grandes, no casco da barquinha.
        (...) Era papai de volta com o barco cheio de peixes.
        Uma tarde, quase à noitinha, papai saiu como de costume. Tudo parecia calmo.
        Anoiteceu. O céu ficou escuro, muito escuro... Paula rezou suas orações e adormeceu depressa.
        Um barulho forte acordou-a. Paula assentou-se na cama, assustada.
        O vento açoitava os coqueiros. E soprava e zumbia entre as palmas que se agitavam em desordem. De minuto em minuto, as ondas, na praia, se atropelavam com estrondo.
        Paula teve medo pelo pai ausente. Levantou-se e acendeu uma vela à Senhora dos Navegantes. (...)
        O vento abrandava. Um murmúrio apenas. No mar, quase silêncio.
        Paula saiu depressa. Papai já estava na praia. Vencera o vento, vencera o mar!
        -- Como papai e valente, pensou. Como Deus é bom!
        E, com os olhos brilhantes de lágrimas, correu para abraçá-lo.

                         Maria Yvonne Atalécio de Araújo. Crianças, sempre crianças.
                                                                      3. ed. Belo Horizonte: Vigília, 1979.
Entendendo o texto:

01 – Explique, com suas palavras, o significado das expressões destacadas nas frases:
a)   “Uma grande praia a perder de vista”.
A vista (quase) não alcançava o fim da praia, extensa.

b)   “... o sol luzia nas águas, cobrindo-as de ouro.
O sol dourava as águas (deixava-as cor de ouro).

02 – Consulte um dicionário ou pesquise o significado das seguintes palavras, de acordo com o sentido que têm no texto.
·        Zumbia = zunia, assobiava.
·        Murmúrio = sussurro, som surdo, som brando.

03 – Que parágrafos descrevem a praia, isto é, nos transmitem uma imagem de como ela era?
      Parágrafos 2 e 3.

04 – Pela leitura do texto podemos concluir que:
(X) Se tratava de gente simples, com equipamento de pesca modesto.
(  ) O pai realizava pesca industrial em grande escala.

05 – Que conceito Paula formou do pai ao vê-lo de volta à praia, após o mau tempo?
      Que o pai é valente.

06 – Você concorda com o título atribuído ao texto? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

07 – Complete as frases, fazendo as concordâncias.
A menina perguntava para si mesma.
As meninas perguntavam para si mesmas.
Os meninos perguntavam para si mesmos.
O menino perguntava para sim mesmo.
Nós perguntávamos para nós mesmos.

08 – Observe o efeito que a repetição da palavra traz para as frases: “Então uma vela branca apontava longe, bem longe...”
            “O céu ficou escuro, muito escuro...”

Agora, complete as frases, repetindo a palavra para reforçar a ideia:

(Linda) A praia era linda, muito linda.
(Distante) Via-se um navio distante, muito distante.
(Valente) Os pescadores são valentes, muito valentes.
(Violento) As ondas estão violentas, muito violentas.

09 – Escreva (P) para a frase em que a palavra aparece em sentido próprio, real, e (F) para a que aparece em sentido figurado.
(F) As ondas corriam apressadas.
(P) As pessoas corriam pelas ruas.
(P) O cavaleiro açoitava o cavalo bravo.
(F) O vento açoitava os coqueiros.
(F) As ondas se atropelavam com estrondo.
(P) Maus motoristas atropelam pessoas nas ruas.

10 – Observe a formação do diminutivo:
Coração + zinho = coraçãozinho.
Agora, reescreva as frase colocando as palavras destacadas no diminutivo e prestando atenção na grafia delas.
a)   O cão latia, latia a noite inteira.
O cãozinho latia, latia a noite inteira.

b)   Pela manhã a menina já se punha de pé.
Pela manhãzinha a menina já se punha de pé.

c)   A ave ficou assustada.
A avezinha ficou assustada.


CRÔNICA: UM MURO NO MEIO DO CAMINHO - RAIMUNDO MATOS - COM GABARITO

CRÔNICA: Um muro no meio do caminho
                Raimundo Matos

      -- Tá na hora de ir para a escola. Vamos com esse café que você está atrasado!
        Juca deu um pulo da mesa, pegou a pasta com os livros e cadernos, pendurou de um lado e lá se foi porta afora. “—Cuidado quando atravessar a rua!” Foram as últimas palavras que ouviu vindas da sala, antes de sair pra pegar o elevador.
        “Essa rua é tão chata, tão conhecida, tão sem graça, tão boba, tão igualzinha todos os dias, que eu posso fazer o caminho de olhos fechados e não vai acontecer nada. Aposto! Se pelo menos tivesse que tomar ônibus, metrô, outro ônibus, mas não, todos os dias a mesma coisa. Todas as portas fechadas, as cortinas cerradas, os portões com cadeado, os jardins com cachorros, cachorros não, feras! Será que não tem um jeito de modificar esse caminho? ... Tem que ter”!
        Pensando assim, nem notou que o elevador estava parado, esperando. Entrou. Apertou o botão para o térreo, mas lá se foi a geringonça para cima. Foi subindo, subindo, subindo e breck. A porta se abriu e entrou a moça do oitavo, aquela do nariz bem fino. Zuuuuuuuuuuuum!
        Quando a porta abriu no térreo, pulou pra fora esbarrando no zelador.
        -- Que menino mal-educado – falou a moça de nariz fino quando passou pelo zelador.
        Juca estava na calçada. A barulheira dos carros era infernal. Na sua frente, a rua. Comprida e chaaaaaaaaata! Suspirou, arrastando-se até a escola.
        Tudo igual o ano inteiro.
        Na entrada da escola, foi logo de colega em colega. Quero um muro no meio do caminho! Quero um muro no meio DO CAMINHO! Quero um muro NO MEIO CAMINHO! Quero UM MURO NO MEIO DO CAMINHO! QUERO UM MURO NO MEIO DO CAMINHO!
        Alguns colegas arregalavam os olhos e não entendiam nada, nem queriam entender. Outros iam logo fazendo perguntas, querendo detalhes. Uma menina, do terceiro B, deu a maior força.
        Durante a aula de História, passou um bilhete pro Chico, que foi passando de mão em mão. Alguém perguntou: -- PRA QUÊ? Alguém respondeu: -- EU TAMBÉM QUERO! O mais comportado da sala, que sentava na frente, nem se deu conta do que estava acontecendo. Só tinha olhos para a professora Teresa. Os papéis iam e vinham como formiga no formigueiro. Pra lá e pra cá, bem ligeirinhos. Uma beleza responder aqueles bilhetes.
        -- Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil em 1500. Os habitantes da nova terra eram os índios. Na terra descoberta tinha muita madeira, o pau-brasil. Quando as caravelas foram embora ficaram dois ladrões. Na nova terra tudo cresce e floresce. Tudo isso entrava por um ouvido e saia por muitos. A maioria da classe não prestava atenção em nada. Os bilhetes iam e vinham. Alguém levantou a mão e pediu para fazer pipi, quando voltou, trouxe muitos bilhetes apoiando a ideia do Juca. Uma menina de maria-chiquinha passou pela porta e gritou.
        -- Queremos um muro no meio do caminho!
        Em seguida, passou um cartaz dizendo a mesmíssima coisa.
        A carteira do Juca estava branquinha de papel. Chega mais um bilhete e junto com ele, uma grande mão de unhas vermelhas.
        -- Me dê esses papéis, João Luiz.
        Silêncio profundo como um poço profundo.
        -- Que história é essa de um muro no meio do caminho? A professora Teresa, parada na frente, tentava controlar a sua irritação.
        -- O que é que você anda lendo, João Luiz?
        Novamente o silêncio. Muitos olhos arregalados, uns tantos ouvidos atentos. Um silêncio profundo.
        -- RESPONDA!!!
        -- Ora, professora, um muro no meio do caminho para tornar a rua mais interessante! – disse Juca com ar inocente.
        -- O muro é uma barreira, retrucou a professora Teresa.
        -- Depende de como se faz o muro, ora.
        -- Um muro é um empecilho! O dedo em riste da professora saltou na frente do Juca.
        -- Mas ele pode ser um trilho, professora. Um brinquedo!
        -- Isso são coisas de criança!
        -- Criança é gente de cara e dente e nariz pra frente!
        A professora respirou fundo, passou a mão nos cabelos bem arrumados e num tom de voz firme pôs fim naquela conversa.
        -- Vamos continuar a aula!
        Ouviu-se um grande e único bocejo na sala. A professora Teresa continuou a sua aula, mas muito perturbada: refletia na ideia do Juca. “Onde já se viu?! Um muro no meio do caminho, impossível!”.    
    
                              Raimundo Matos. Um muro no meio do caminho.
                                           Editora Salesiana Dom Bosco (excertos).
Entendendo o texto:
01 – Qual o significado das palavras abaixo:
·        Cerradas: fechadas.
·        Retrucou: respondeu.
·        Infernal: insuportável.
·        Empecilho: obstáculo.
·        Detalhes: pormenores.
·        Refletia: pensava.
·        Apoiando: aprovando.

02 – As palavras cerrado e serrado, tem significados diferentes, faça uma frase empregando as palavras, de acordo com o seu significado.
a)   Cerrado: resposta pessoal do aluno.
b)   Serrado: resposta pessoal do aluno.

03 – Quem é o protagonista, isto é, a personagem principal do texto?
      É o Juca.

04 – Que ideia a rotina despertou em Juca?
      A ideia de construir um muro no meio da rua.

05 – Como os amigos acolheram essa ideia?
      Eles gostaram da ideia.

06 – A professora aderiu à ideia? Por quê?
      Não. Ela achava que o muro seria uma barreira.

07 – Quais as características do Juca?
      Criativo, novidadeiro, animado, líder.

08 – E da professora? Como você a caracterizaria? Como moderna? Tradicional? Exigente? Boazinha?
      Resposta pessoal do aluno.

09 – Relacione os nomes próprios que aparecem no texto “Um muro no meio do caminho”:
      Juca, Teresa, João Luiz, Chico, Pedro Álvares Cabral, Brasil.

10 – Escreva um nome próprio de acordo com o que se pede abaixo:
·        Nome de sua cidade: Resposta pessoal do aluno.
·        Nome de sua escola: Resposta pessoal.
·        Nome de um rio de sua região: resposta pessoal.
·        Nome de um jornal: resposta pessoal.
·        Nome do seu time de futebol: resposta pessoal.
·        Nome de um animal de estimação: resposta pessoal.

11 – Dê o plural destes substantivos abaixo:
·        Nariz: narizes.
·        Rapaz: rapazes.
·        Cartaz: cartazes.
·        Luz: luzes.
·        Voz: vozes.
·        Cruz: cruzes
·        Noz: nozes.
·        Vez: vezes.