terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

CONTO: ADMIRÁVEL MUNDO LOUCO - RUTH ROCHA - COM GABARITO

CONTO: ADMIRÁVEL MUNDO LOUCO
                  Ruth Rocha
                
   Eles moram, quase todos, amontoados nuns lugares muito feios, que eles chamam de cidades.
       Esses lugares cheiram muito mal por causa de umas porcarias que eles fabricam e de umas nuvens escuras que saem de uns tubos muito grandes que por sua vez saem de dentro de umas caixas que eles chamam de fábricas.
        Parece que eles vivem dentro de outras caixas. Algumas dessas caixas são grandes, outras são pequenas.
        Nem sempre moram mais freguetes nas caixas maiores. Às vezes acontece o contrário: nas caixas grandes moram pouquinhos freguetes e nas caixas pequenininhas moram um monte deles.
        Nas cidades existem muitas caixas amontoadas umas nas outras.
        Parece que dentro desses amontoados há um tubo, por onde corre um carrinho na direção vertical, chamado elevador, porque eleva a pessoas para o alto dos amontoados. Não ouvi dizer que eles tenham descedores, o que me leva a acreditar que eles pulem lá de cima até embaixo, de alguma maneira que eu não sei explicar.
        Quando fica claro, eles saem das caixas deles e todos começam a ir pra outro lugar e ficam nisso de ir daqui pra lá o tempo todo, até que fica escuro e todos voltam pro lugar de onde vieram.
        Não sei como é que eles encontram o lugar de onde eles saíram, mas encontram; e entram outra vez nas caixas.
        Assim que eu cheguei era um pouco difícil compreender o que eles diziam. Mas logo, logo, graças aos meus estudos de flóbitos, consegui aprender uma porção das línguas que eles falam.
        Ah, porque eles falam uma porção de línguas diferentes.
        E como é que eles se entendem?
        E quem disse que eles se entendem?

                                          ROCHA, R. Este admirável mundo louco
                                                            São Paulo: Salamandra, 2003.

Entendendo o texto:                                              
01 – Afinal, a partir das informações sobre o conto Admirável mundo louco, podemos identificar 3 autores presentes, de alguma forma, no texto. Quais são eles?
       Os três “autores” são: Ruth Rocha, o visitante e o pesquisador que achou o documento.

02 – Que sugere a você essa quantidade de “vozes”, que passam a palavra de uma pessoa para outra?
       Resposta pessoal. Tantas vozes dão a impressão de que não se trata de invenção de cada um deles. O texto é feito como se fosse um relato, ou exatamente para das a impressão de verdade. E é como se Ruth e o pesquisador não se “responsabilizassem” pelas opiniões do visitante.

03 – A descrição feita pelo jovem visitante mostra uma visão negativa da “cidade”.
     a)     Essa visão evidencia-se claramente, por meio de expressões usadas pelo autor. Que expressões dão esse sentido ao texto?
      Vários termos têm significado negativo. Como os adjetivos e advérbios: “muito feios”; “cheiram mal”, ou substantivos, com artigo com intenção pejorativa: “umas porcarias”, “amontoados”. A própria interrogação final é muito negativa.

     b)    Há também situações apresentadas que, mesmo sem um claro julgamento do autor, podemos entender como negativas. Quais são elas, na sua percepção?
      A informação sobre quantos moram nas caixas grandes e pequenas e a descrição dos freguetes indo de um lado pera o outro. Nessas informações, há uma crítica à má distribuição de renda e a certa inutilidade da correria humana.

04 – O autor do relato parece não entender bem a vida na Terra.
     a)     Que recursos linguísticos sugerem isso?
      Há muitos verbos na forma negativa: “não sei”, “não sei dizer”, “não ouvi dizer”, “não sei como”, além do “parece”.

     b)    A que se deve essa dificuldade de entendimento, se ele compreendia as línguas dos freguetes?
      A incompreensão vem do fato de o visitante vir de uma cultura totalmente diferente. Como acontece conosco, ele teve dificuldade de entender o diferente, ainda mais quando contraditório.

05 – O autor dos escritos inventa palavras, como “freguetes”; “flóbitos” e “descedores”. Neste último caso, usa o mesmo processo que qualquer criança usa para inventar palavras. Em que consiste tal processo?
      “Descedor” é criado de forma analógica com “elevador”. A criança usa fartamente a analogia, que consiste em criar uma palavra ou proceder segundo palavras ou dados já conhecidos.

 06 – Na sua opinião, que tipo de cidade o visitante conheceu? Justifique sua opinião.
       O visitante parece ter chegado a uma cidade grande, o que está sugerindo nos muitos edifícios e nas fábricas do lugar.

07 – Como já lembramos, Ruth Rocha é famosa pelo humor que dá a suas histórias, ainda que de crítica. Você vê humor nesse trecho? Justifique sua posição.
       Resposta pessoal. Como lembramos em outras unidades, o humor é percebido de modos diferentes. Em todo caso, você pode ter considerado cômica a descrição da cidade, com seus amontoados, a hipótese sobre a forma de descer das caixas grandes.

08 – Qual é o significado do texto para você?
       Resposta pessoal. Uma compreensão provável seria: nossa cultura tem características contraditórias e até desagradáveis, que o extraterrestre vê com muita clareza.

09 – Qual a sua opinião sobre o texto?
       Resposta pessoal. Seria interessante que as respostas pessoais fossem objeto de discussão, na reunião quinzenal.

TEXTO: CINZAS DA INQUISIÇÃO - AFFONSO R. SANT'ANNA - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

TEXTO: CINZAS DA INQUISIÇÃO


    Até agora fingíamos que a Inquisição era um episódio da história europeia, que tendo durado do século XII ao século XIX, nada tinha a ver com o Brasil. No máximo, se prestássemos muita atenção, íamos falar de um certo Antônio José – o Judeu, um português de origem brasileira, que foi queimado porque andou escrevendo umas peças de teatro.
       Mas não dá mais para escamotear. Acabou de se realizar um congresso que começou em Lisboa, continuou em São Paulo e Rio, reavaliando a Inquisição. O ideal seria que esse congresso tivesse se desdobrado por todas as capitais do país, por todas as cidades, que tivesse merecido mais atenção da televisão e tivesse sacudido a consciência dos brasileiros do Oiapoque ao Chuí, mostrando àqueles que não podem ler jornais nem frequentar as discussões universitárias o que foi um dos períodos mais tenebrosos da história do Ocidente. Mas mostrar isso, não por prazer sadomasoquista, e sim para reforçar os ideais de dignidade humana e melhorar a debilitada consciência histórica nacional.
      Calar a história da Inquisição, como ainda querem alguns, em nada ajuda a história das instituições e países. Ao contrário, isto pode ser ainda um resquício inquisitorial. E no caso brasileiro essa reavaliação é inestimável, porque somos uma cultura que finge viver fora da história.
      Por outro lado, estamos vivendo um momento privilegio em termos de recons-trução da consciência histórica. Se neste ano (1987) foi possível passar a limpo a Inquisição, no ano que vem será necessário refazer a história do negro em nosso país, a propósito dos cem anos da libertação dos escravos. E no ano seguinte, 1989, deveríamos nos concentrar para rever a “república” decretada por Deodoro. Os próximos dois anos poderiam se converter em um intenso período de pesquisas, discussões e mapeamento de nossa silenciosa história. Universidades, fundações de pesquisa e os meios de comunicação deveriam se preparar para participar desse projeto arqueológico, convocando a todos: “Libertem de novo os escravos”, “proclamem de novo a República”.
       Fazer história é fazer falar o passado e o presente, criando ecos para o futuro.
      História é o anti-silêncio. É o ruído emergente das lutas, angústias, sonhos, frus-tações. Para o pesquisador, o silêncio da história oficial é um silêncio ensurdecedor. Quando penetra nos arquivos da consciência nacional, os dados e os feitos berram, clamam, gritam, sangram pelas prateleiras. Engana-se, portanto, quem julga que os arquivos são lugares de poeira e mofo. Ali está pulsando algo. Como um vulcão aparentemente adormecido, ali algo quer emergir. E emerge. Cedo ou tarde. Não se destrói totalmente qualquer documentação. Sempre vai sobrar um herege que não foi queimado, um judeu que escapou ao campo de concentração, um dissidente que sobreviveu aos trabalhos forçados na Sibéria. De nada adiantou àquele imperador chinês ter queimado todos os li-vros e ter decretado que a história começasse por ele.
       A história começa com cada um de nós, apesar dos reis e das inquisições.

SANT’ANNA, Affonso R. de. A raiz quadrada do absurdo. 
Rio de Janeiro, Editora Rocco, 1989.

Entendendo o texto:

01 – Tendo em vista o desenvolvimento do texto, assinale a opção que justifica o título “Cinzas da Inquisição”:
a. (   ) A Inquisição se transformou em cinzas e deve ser arquivada.
b. (   ) A valorização da dignidade do ser humano é ponto básico da história da Inquisição.
c. (   ) A Inquisição deixou marcas que devem levar a uma reflexão.
d. (   ) A discussão dos fatos relacionados à Inquisição tem se  mostrado infrutífera.
e. (   ) A lembrança dos fatos da Inquisição não conseguiu melhorar o futuro.

02 – Assinale a opção em que há erro na relação entre a ideia e o parágrafo indicado entre parênteses:
a. (   ) Os brasileiros supunham que a Inquisição pertencesse somente à história da Europa.
b. (   ) Foi realizado um congresso com o intuito de reavaliar a Inquisição.
c. (   ) A História estabelece relações entre o passado e o futuro.
d. (   ) O momento é propício para fazermos uma reflexão sobre importantes fatos de nossa história.
e. (   ) A história tem sua força própria, ela grita e aparece, apesar de todos os obstáculos.

03 – Com relação aos cem anos da libertação dos escravos e aos cem anos da Proclamação da República, pode-se afirmar, de acordo com o texto, que:
a. (   ) é necessário comemorar as várias conquistas feitas ao longo desses anos.
b. (   ) tanto a libertação dos escravos quanto a Proclamação da República precisam ser revistas e repensadas.
c. (   ) têm sido convocados mais pesquisadores para estudar esse período de nossa história.
d. (   ) esses assuntos vêm sendo constantemente abordados nas universidades brasileiras.
e. (   ) o governo deve dar a essas datas históricas a mesma importância que dá a outras.

04 – O paradoxo da expressão “um silêncio ensurdecedor” indica que o silêncio:
a. (   ) provoca alienação e torpor
b. (   ) leva à paralisação e à inércia
c. (   ) gera atos de violência e loucura
d. (   ) atordoa e aflige
e. (   ) causa temor e respeito.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): PODRES PODERES - CAETANO VELOSO - COM GABARITO

Música(Atividades): Podres Poderes

                                      Caetano Veloso
Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Motos e fuscas avançam
Os sinais vermelhos
E perdem os verdes
Somos uns boçais

Queria querer gritar
Setecentas mil vezes
Como são lindos
Como são lindos os burgueses
E os japoneses
Mas tudo é muito mais

Será que nunca faremos senão confirmar
A incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos
Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que esta minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir
Por mais zil anos

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Índios e padres e bichas
Negros e mulheres
E adolescentes
Fazem o carnaval

Queria querer cantar afinado com eles
Silenciar em respeito ao seu transe num êxtase
Ser indecente
Mas tudo é muito mau

Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades
Caatingas e nos gerais

Será que apenas os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais

Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo e mais fundo
Tins e bens e tais

Será que nunca faremos senão confirmar
Na incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos
Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que essa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir
Por mais zil anos

Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades
Caatingas e nos gerais

Será que apenas
Os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais

Enquanto os homens
Exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais

Eu quero aproximar
O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!

Entendendo a canção:
01 – O título da música, se refere a que?
      Refere-se aos modelos políticos vigentes.

02 – Nos versos:
      “Queria querer gritar
       Setecentas mil vezes
       Como são lindos
       Como são lindos os burgueses
       E os japoneses
       Mas tudo é muito mais.”
O que seria esse “muito mais”?
      Para o tropicalista, a política deveria ser vista para além do aparente. A história precisaria ser reavaliada agora também por uma análise estética e cultural.

03 – Qual é a crítica feita nesses versos: “Será que nunca faremos senão confirmar/A incompetência da América Católica?”
      Neste sentido a ética católica é criticada por influenciar na cultura uma tolerância as ditaduras. Tal tolerância parece ajudar a naturalizar a corrupção “São tantas vezes, gestos naturais.” Pelo feito, a solução da corrupção está muito associada a aspectos culturais.

04 – Quando ele nos fala:
      "...morrer e matar de fome
       De raiva e de sede
       São tantas vezes
       Gestos naturais".
O que o eu poético quer dizer?
      Hoje há gente morrendo de fome, matando pra sobreviver, e os homens do poder? estão construindo mansões para seu próprio benefício e conforto, e o conforto do povo? só existe caixas de papelão e restos de comidas das latas de lixo.

05 – Como poderia ser interpretada a música?
      Como uma leitura do tradicionalismo presente na resistência estética do brasileiro influenciando toda política Latino-Americana, região em que a maioria dos países era uma ditadura na época.

06 – O que o eu poético, quer dizer com “estúpida retórica”, no verso abaixo:
      “Será, será, que será?
       Que será, que será?
       Será que esta minha estúpida retórica
       Terá que soar, terá que se ouvir
       Por mais zil anos.”
      Ao que parece, o eu poético, sutil e sagazmente apresenta um ponto de vista de política bem diferente do entendimento era orientado por uma lógica de cotônica e maniqueisto. Era forte a ideia de Bem x Mal; O Feio x Bonito; Burguesia x Proletariado.

07 – No texto: “Queria querer cantar afinado com eles.”, que tipo de mudança ele se refere?
      Neste sentido, a sociedade brasileira só mudará seus aspectos políticos mais profundos a partir de mudança na cultura.

08 – De acordo com os versos:
      “Será que apenas os hermetismos pascoais
       E os tons, os mil tons
       Seus sons e seus dons geniais
       Nos salvam, nos salvarão
       Dessa trevas e nada mais.”
Qual é a solução apresentada pelo eu poético?
      Pelo jeito, as incertezas do eu poético, trazem consigo certo pessimismo que só não se torna absoluto por conta da esperança na arte e na música.

09 –Não podemos cruzar os braços e silenciar diante do apelo que nos faz essa realidade. O eu poético ao compor esta música “podres poderes”, ele faz uma crítica a quem?
      Ele nos fala sobre a realidade do nosso país onde os homens do poder não fazem praticamente nada pra mudar o nosso país, como investir em educação, saúde e outros.

10 – Por que o eu poético diz que nosso país é um país pacifico mais de um povo pobre?
      Porque muitos de nós, fingimos de cegos para não vermos nossas crianças morrendo de fome, os nossos idosos morrendo de fome e solidão.

11 – No título “Podres Poderes” podemos encontrar que figura de linguagem?
      Metáfora.

12 – O eu poético na primeira estrofe mostra o quê?
      Mostra a podridão dos políticos se reflete na sociedade.

13 – Que figuras de linguagem podemos encontrar nos seguintes versos:
a)   “Motos e fuscas”.
Metonímia.

b)   “... gritar setecentas mil vezes.”
Hipérbole.

c)   “Índios e padres e bichas e mulheres e adolescentes fazem o carnaval.”
Metonímia e polissíndeto.

14 – Analisando a terceira estrofe, algumas frases ditas pelo autor da música, a que elas se referem?
a)   “América Católica”.
América do Sul.

b)   “América Protestante.”
América do Norte.

c)   “Ridículos tiranos”.
Estados Unidos.

d)   “Incompetência.”
Importação de valores e cultura e submissão financeira (FMI, etc.)

15 – Já na quinta estrofe o autor constata o quê?
      Constata a alienação total da sociedade brasileira.




CRÔNICA: FUI CRIADO COM PRINCÍPIOS MORAIS COMUNS -ARNALDO JABOR - COM GABARITO

CRÔNICA: Fui criado com princípios morais comuns
                     Arnaldo Jabor


        Fui criado com princípios morais comuns: Quando eu era pequeno, mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos, eram autoridades dignas de respeito e consideração. Quanto mais próximos ou mais velhos, mais afeto. Inimaginável responder de forma mal educada aos mais velhos, professores ou autoridades… Confiávamos nos adultos porque todos eram pais, mães ou familiares das crianças da nossa rua, do bairro, ou da cidade… Tínhamos medo apenas do escuro, dos sapos, dos filmes de terror… Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos. Por tudo o que meus netos um dia enfrentarão. Pelo medo no olhar das crianças, dos jovens, dos velhos e dos adultos. Direitos humanos para criminosos, deveres ilimitados para cidadãos honestos. Não levar vantagem em tudo significa ser idiota. Pagar dívidas em dia é ser tonto… Anistia para corruptos e sonegadores… O que aconteceu conosco? Professores maltratados nas salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas e portas. Que valores são esses? Automóveis que valem mais que abraços, filhas querendo uma cirurgia como presente por passar de ano. Celulares nas mochilas de crianças. O que vais querer em troca de um abraço? A diversão vale mais que um diploma. Uma tela gigante vale mais que uma boa conversa. Mais vale uma maquiagem que um sorvete. Mais vale parecer do que ser… Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo? Quero arrancar as grades da minha janela para poder tocar as flores! Quero me sentar na varanda e dormir com a porta aberta nas noites de verão! Quero a honestidade como motivo de orgulho. Quero a vergonha na cara e a solidariedade. Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olhar olho-no-olho. Quero a esperança, a alegria, a confiança! Quero calar a boca de quem diz: “temos que estar ao nível de…”, ao falar de uma pessoa. Abaixo o “TER”, viva o “SER”. E viva o retorno da verdadeira vida, simples como a chuva, limpa como um céu de primavera, leve como a brisa da manhã! E definitivamente bela, como cada amanhecer. Quero ter de volta o meu mundo simples e comum. Onde existam amor, solidariedade e fraternidade como bases. Vamos voltar a ser “gente”. Construir um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas. Utopia? Quem sabe? … Precisamos tentar… Quem sabe comecemos a caminhar transmitindo essa mensagem… Nossos filhos merecem e nossos netos certamente nos agradecerão!

                                                         Arnaldo Jabor.

 http://pensador.uol.com.br. Acesso em 6/12/2011.
Entendendo o texto:

01 – Qual o enunciado que resume a ideia central do texto?
A) E viva o retorno da verdadeira vida, simples como a chuva, limpa como um céu de primavera [...].
B) Vamos voltar a ser gente. Construir um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas.
C) Quero ter de volta o meu mundo simples e comum.
D) Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos.

02 – O que se pode afirmar sobre a frase: “Vamos voltar a ser ‘gente’”, em relação ao todo do texto?
A) As pessoas da época do autor eram mais solidárias e tolerantes.
B) As pessoas de antigamente eram mais sérias e moralistas.
C) As pessoas da atualidade são mais compreensivas do que aquelas de anos atrás.
D) As pessoas de agora têm de voltar a ser mais individualistas.

03 – Apesar da perplexidade do autor, ele não vê a reconquista de um mundo mais humano como algo definitivamente impossível. Qual o enunciado que melhor revela a crença nessa possibilidade?
A) “Por tudo o que meus netos um dia enfrentarão”
B) “Quem sabe comecemos a caminhar transmitindo essa mensagem...”
C) “Quero ter de volta o meu mundo simples e comum”.
D) “A diversão vale mais que um diploma.”

CRÔNICA: E A VIAGEM CONTINUA... - L.H.ZABOTTO - COM GABARITO

CRÔNICA: E A VIAGEM CONTINUA...

      
  [...]
        Depois de rezarmos e cantarmos muito, voltávamos todos para casa e logo chegavam convidados para o almoço, que sempre era espacial. Comidas italianas que vovó, a nona, fazia. E todos os adultos matavam saudade da Itália. Ela tinha vindo de lá, de navio, no começo do século, quando meu pai tinha três anos. Mamãe chegou um pouco mais tarde, com seus pais. Depois de moços, conheceram-se no Brasil e se casaram.
        Durante o almoço, falavam em italiano e tomavam vinho. Era engraçado! Como na missa, não entendíamos nada...
        --- Mamãe me ensinou que é falta de educação conversar em outra língua quando tem alguém por perto que não entende – eu disse.
        --- E é mesmo. Mas, na verdade, eles queriam que, de tanto ouvirmos italiano, fossemos aprendendo. E aprendemos mesmo! Depois de algum tempo. Também, naquela época, os adultos não respeitavam muito as crianças. Não gostavam que ficássemos ouvindo o que falavam. Alguns assuntos eram proibidos para nós e não participávamos de nenhum problema da família. Só ficávamos brincando, ou ajudando a mamãe [...].

                                                   Zabotto, L. H. Vovó já foi criança. Brasília:
                                                                           Da Anta casa Editora, 1996.
Entendendo o texto:

     a) Neste breve trecho sobre suas lembranças da família, que práticas a autora descreve como da cultura dessa família?
      Eles iam à missa, eram católicos, se reuniam para almoçar juntos, falavam italiano, cozinhavam pratos típicos, lembravam da Itália, conversavam sobre assuntos que eram proibidos para as crianças.

     b) Que tipo de narrador temos?
      É o narrador personagem.

     c) Que gênero é utilizado?
      É uma narrativa autobiográfica.

     d) Qual a função do texto?
      Como uma narrativa, de memórias, a função é expressiva, visando colocar uma interpretação da narradora quanto ao seu passado, mas, também é um trecho informativo sobre as práticas das famílias italianas.

     e) Quando você leu esse trecho do texto, como ele agiu sobre você? Que impressões você teve, o que aprendeu sobre o narrador personagem?
      Resposta pessoal.

     f) Esse gênero pode ser trabalhado em sala de aula para preparar uma atividade de escrita? Justifique.
      Resposta pessoal.


REPORTAGEM: PROJETO QUE INCENTIVA LEITURA NO ÔNIBUS É LANÇADO EM PASSO FUNDO - JORNAL ZERO HORA - COM GABARITO


REPORTAGEM: PROJETO QUE INCENTIVA LEITURA NO ÔNIBUS
                      É LANÇADO EM PASSO FUNDO

        Livros, jornais e revistas estarão à disposição dos passageiros da linha Italac – UPF via Codepas para leitura durante o trajeto do ônibus.
        A partir desta segunda-feira, uma estante com livros, jornais e revistas passa a ser companhia dos passageiros que embarcarem em uma linha de ônibus em Passo Fundo, no norte do Estado. O projeto-piloto Leitura no Caminho foi lançado pelo Instituto Roberto Zanatta para incentivar a leitura na Capital Nacional da Literatura e tem como slogam “Quem lê sabe onde quer chegar”.
        Inédita no Estado, a iniciativa de ter uma minibiblioteca nos veículos é desenvolvida em parceria com a prefeitura e a Companhia de Desenvolvimento de Passo Fundo (Codepas), uma das empresas de transporte coletivo do município. A linha escolhida é a Italac-UPF via Codepas, que tem início no distrito industrial e vai até a Universidade de Passo Fundo (UPF), com uma hora e meia de trajeto.
        Ao embarcar, o passageiro poderá escolher, em uma estante ao lado do cobrador, entre os cerca de 20 itens disponível. Antes de descer, o usuário deve colocar o livro na prateleira verde próximo à porta de desembarque.
        Na primeira volta do ónibus com os livros, a coordenadora do instituto, Raquel Pirovano, juntamente com a coordenadora da Universidade Popular, Maria Augusta Darienzo, distribuíram folders e explicaram aos usuários como funciona o projeto. Segundo Raquel, a receptividade foi muito boa e o plano é expandir a iniciativa para outras linhas da Codepas e de outras empresas que quiserem aderir.
        --- Estamos fazendo uma experiência, testando o gosto das pessoas, o que vão querer ler, se vão aceitar bem a proposta. A expectativa é que o projeto preencha o espaço de tempo que se passa dentro do ônibus, principalmente de uma linha longa como essa, com informação, conhecimento e assunto para comentar com a pessoa do lado --- explica.
        A ideia surgiu há três anos, de uma sugestão da professora Maria Augusta, e foi inspirada em modelos adotados ao redor do mundo. Raquel acrescenta que a acessibilidade é um ponto forte do projeto, pois leva o livro até as pessoas, também evitando que o preço ou a correria diária sejam empecilhos para ler.

                      Jornal Zero Hora, segunda-feira, 25 de junho de 2012.
                     Disponível em: <http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/
                 notícia/2012/06/projeto-que-incentiva-leitura-no-ônibus-e-
                                          lançado-em-passo-fundo-3801336.html>
                                                                    Acesso em: 15 set. 2012.

Entendendo o texto:
01 – O texto que você leu é uma notícia retirada de um jornal. Quais características do texto indicam tratar-se de uma notícia?
       Resposta possível: a linguagem, o título e a frase-resumo do que vai ser dito, a fotografia, um texto que se assemelha aos textos de jornais.

02 – Qual é a formação principal presente no texto?
       O texto informa que em determinada linha de ônibus da cidade de Passo Fundo haverá uma estante com livros, jornais e revistas, de forma que os passageiros do ônibus possam ler durante o trajeto.

03 – A cidade de Passo Fundo está localizada no estado do Rio Grande do Sul. No primeiro parágrafo, foi usada uma expressão que substitui o nome da cidade, atribuindo a ela uma característica. Releia o parágrafo, identifique e copie essa expressão.
       A expressão é “Capital Nacional da Literatura”.

04 – O projeto que incentiva a leitura ocorre em uma linha de ônibus.
     a) Qual é essa linha?
      A linha Italac-UPF via Codepas.

     b) Qual o tempo de trajeto dessa linha?
      Uma hora e meia.

     c) No quinto parágrafo, uma das coordenadoras do projeto relaciona o tempo de trajeto da linha de ônibus ao possível sucesso do projeto. Qual é essa relação?
      Como o trajeto é longo, as pessoas ficam mais tempo no ônibus, podem ter interesse nos livros, revistas e jornais e comentar os assuntos com a pessoa sentada ao lado.

05 – Ao longo da notícia, há duas palavras destacadas em itálico, escritas em inglês. Releia os parágrafos em que essas palavras aparecem.
       Educador. O Manual traz um apontamento sobre estrangeirismos; sugerimos que o consulte caso queira completar a reflexão suscitada pela questão 5b.

     a) Observe a frase ou o parágrafo em que essas palavras foram usadas e dê o significado de cada uma delas.
      Resposta possível: slogam = lema, tema, frase de efeito;
                                     Folders = panfletos, folhetos informativos.

     b) Caso substituíssemos os termos em inglês por palavras da língua portuguesa, haveria mudança no sentido do texto? Justifique.
      Educador: espera-se que os alunos percebam que sentido do texto não se alteraria, pois essas palavras tem termos correspondentes e, língua portuguesa. Porém, como slogam e folders são termos correntes em língua portuguesa, é interessante conversar com os alunos sobre a assimilação e integração de palavras de outros idiomas ao português, em especial o uso de termos da língua inglesa em áreas como: informática, equipamentos eletroeletrônicos, música, etc.

06 – Na conclusão da notícia, é apresentado um fato considerado importante para o desenvolvimento do projeto. Qual é esse fato?
       O fato de levar até a pessoa, evitando que o custo ou a correria diária impeçam a leitura.