terça-feira, 28 de novembro de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): METEORO - LUAN SANTANA - COM GABARITO

Música(Atividades): Meteoro

                                             Luan Santana
Te dei o sol, te dei o mar
Pra ganhar seu coração
Você é raio de saudade
Meteoro da paixão
Explosão de sentimentos
Que eu não pude acreditar
Ah! Como é bom poder te amar!

Depois que eu te conheci fui mais feliz
Você é exatamente o que eu sempre quis
Ela se encaixa perfeitamente em mim
O nosso quebra-cabeça teve fim

Se for sonho, não me acorde
Eu preciso flutuar
Pois só quem sonha
Consegue alcançar

Te dei o sol, te dei o mar
Pra ganhar seu coração
Você é raio de saudade
Meteoro da paixão
Explosão de sentimentos
Que eu não pude acreditar
Ah! Como é bom poder te amar!

Depois que eu te conheci fui mais feliz
Você é exatamente o que eu sempre quis
Ela se encaixa perfeitamente em mim
O nosso quebra-cabeça teve fim

Se for sonho, não me acorde
Eu preciso flutuar
Pois só quem sonha
Consegue alcançar

Te dei o sol, te dei o mar
Pra ganhar seu coração
Você é raio de saudade
Meteoro da paixão
Explosão de sentimentos
Que eu não pude acreditar
Ah! Como é bom poder te amar!

Tão veloz quanto a luz
Pelo universo eu viajei
Vem! Me guia, me conduz
Que pra sempre te amarei

Te dei o sol, te dei o mar
Pra ganhar seu coração
Você é raio de saudade
Meteoro da paixão
Explosão de sentimentos
Que eu não pude acreditar
Ah! Como é bom poder te amar!

Te dei o sol, te dei o mar
Pra ganhar seu coração
Você é raio de saudade
Meteoro da paixão
Explosão de sentimentos
Que eu não pude acreditar
Ah! Como é bom poder te amar!
Ah! Como é bom poder te amar!

Interpretação do texto:
01 – O eu lírico afirma que deu a alguém o sol, o mar. Isso é possível? O que ele quis dizer?
      Não. Significa que entregou seus sentimentos a alguém.

02 – O que é ganhar o coração? Que outros verbos podem substituir o ganhar?
      Ser amado, sentir que é correspondido pelo seu amor. Podem ser os verbos: apaixonar, conquistar.

03 – Que outras palavras aparecem no texto fora do sentido, que podemos encontra no dicionário?
      Meteoro, raio, explosão, universo, flutuar, etc.

04 – Complete com as figuras de linguagem os seguintes versos:
a)   “Te dei o sol, te dei o mar.”
Hipérbole, metáfora e anáfora.

b)   “Você é raio de saudades.”
Metáfora.

c)   “Meteoro da paixão / Explosão de sentimentos.”
Hipérbole, metáfora e comparação.

d)   “Coração no peito sofre.”
Hipérbole.

e)   “Minha terra, meu céu, meu mar.”
Ironia.

f)    “Pelo universo eu viajei.”
Hipérbole.

g)   “Tão veloz quanto a luz pelo universo eu viajei.”
Comparação.

05 – Meteoro (Sorocaba)
        Te dei o sol
        Te dei o mar
        Pra ganhar seu coração
        Você é raio de saudade
        Meteoro da paixão.
        Explosão de sentimentos que eu não pude acredita
        Aaaahh...
        Como é bom poder te amar [...]

O trecho da canção de autoria de Sorocaba, que ficou famosa na voz de Luan Santana, está escrito em linguagem coloquial. Quanto ao uso dos pronomes oblíquos, marque a alternativa correta.
a)   Se o autor tivesse optado pelo uso do pronome de acordo com a gramática normativa, e, desse modo, tivesse realizado a colocação do pronome oblíquo após as formas verbais com que se iniciam os dois versos do início da canção seria possível interpretações diferentes das apresentadas por conta da cacofonia (união sonoro de sílabas que provoca estranheza auditiva).
b)   O fato do texto trazer pronome oblíquos em vez de retos acentua a ideia de precisão ao escrever de acordo com as normas estabelecidas pela gramática normativa, pois os oblíquos, de uso mais elaborado que os retos, garantem mais legibilidade ao texto escrito ou falado.
c)   A opção pelo uso de pronomes oblíquos é um indício das tentativas do autor de gerar duplo sentido em seus enunciados, uma vez que nos dois primeiros versos houve ajuste preciso ao que se determina nas gramáticas de línguas portuguesa.

     d) Os pronomes oblíquos presentes no trecho da canção visam promover             elegância e estilo, uma vez que estão estritamente de acordo com o que           se preconiza nas gramáticas normativas

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

TEXTO: CARTA DE CAMINHA - FRAGMENTO - COM GABARITO

Texto: Carta de Caminha(Fragmento)
            Silvio Castro


   Nesse trecho de sua Carta, revela o olhar do europeu na avaliação que faz dos índios.
        [...]
        Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocavam por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. Comiam conosco de tudo que lhes oferecíamos. Alguns deles bebiam vinho; Outros não o podiam suportar. Mas quer-me parecer que, se os acostumarem, o hão de beber de boa vontade. Andavam todos tão bem dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam. [...] E estavam já mais mansos e seguros entre nós do que estávamos entre eles. [...]
        Quando saímos do batel, disse-nos o Capitão que seria bem que fôssemos diretamente à cruz que estava encostada a uma árvore, junto ao rio, a fim de ser colocada amanhã, sexta-feira, e que nos puséssemos todos de joelhos e a beijássemos para que eles vissem o acatamento que lhe tínhamos. E assim fizemos. E a esses dez ou doze que lá estavam, acenaram-lhes que fizessem o mesmo; e logo foram todos beijá-la.
        Parece-me quente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. E, portanto, se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles todo e qualquer cunho que lhes quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o fato de Ele nos haver até aqui trazido, creio que não o foi sem causa. E portanto Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar à santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E aprazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim!
        [...]
                            Castro, Silvio (Intr., atualiz. e notas). A carta de Pero Vaz de Caminha.
                                                                        Porto Alegre: L&PM, 1996. p. 93-94. (Fragmento).
Interpretação do texto:

01 – Nesse trecho da carta, é possível perceber que o primeiro contato entre portugueses e índios foi bastante amistoso. Que informações do primeiro parágrafo comprovam essa afirmação?
      Índios e portugueses convivem pacificamente: os índios trocam arcos e flechas por presentes, comem e bebem o que lhes é dado.

a)   De que maneira o comportamento tranquilo e amistoso dos indígenas é interpretado pelos colonizadores?
O comportamento dos índios leva os colonizadores a acreditar em uma índole que pode se adaptar facilmente às novidades. A inocência desse povo e seu caráter amável são vistos por Caminha como a possibilidade de moldá-los segundo os valores europeus.

02 – Além de encontrar ouro e metais preciosos, os portugueses tinham outro objetivo para a terra recém-descoberta. Identifique-o e transcreva no caderno o trecho em que isso fica claro.
      A intenção dos portugueses era converter os índios à fé católica. Esse objetivo fica explícito na sugestão que faz o Capitão de que os homens beijassem a cruz para os índios percebessem o “acatamento” diante do símbolo católico. O trecho que comprova essa afirmação é: “[...] que nos puséssemos todos de joelhos e a beijássemos para que eles vissem o acatamento que lhe tínhamos.”

a)   Como os índios são retratados por Caminha?
Caminha retrata os índios como “bem dispostos”; “bem feitos”; “galantes”, inocentes, bons e com uma simplicidade “bela”. Todas as expressões utilizadas para caracterizá-los enfatizam a índole cordata e pacífica dos índios.

b)   Por que, segundo ele, os índios “seriam logo cristãos”?
Segundo Caminha, o fato de os índios demonstrarem grande inocência e não terem ou não entenderem crença alguma faria com que se tornassem logo cristãos, se a comunicação com eles fosse possível.

03 – Releia:
        “E imprimir-se-á facilmente neles todo e qualquer cunho que lhes quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons”.
a)   O trecho destacado revela os princípios que nortearam a colonização portuguesa. Explique por quê.
O trecho destacado deixa claro que, na visão do escrivão português, é muito natural impor os valores da civilização europeia aos povos nativos encontrados na terra nova. Foi exatamente isso que aconteceu no Brasil: índios foram submetidos aos valores culturais e religiosos da metrópole, tendo sua cultura, comportamento e religião desconsiderados pelos colonizadores.

b)   Por que, segundo Caminha, a aparência dos índios revela sua índole boa?
Caminha atribui a Deus a aparência dos índios. Portanto, se receberam de Deus “bons corpos e bons rostos”, devem ser “homens bons”.

04 – Que elementos do texto indicam a visão de um homem europeu que desconsidera a cultura indígena?
      O principal elemento que indica a visão de um homem europeu que desconsidera a cultura indígena é a referência à provável falta de crença dos índios. Além disso, as referências frequentes à simplicidade, à ingenuidade, à bondade e a índole pacífica dos índios revelam uma visão condescendente que Caminha tem dos gentios, que o faz afirmar que o rei “deve cuidar da salvação deles”. Para ele, Deus levou os portugueses até lá por uma boa causa: salvar os índios.

a)   É possível explicar o processo de aculturação dos índios a partir dessa visão de mundo do colonizador? Por quê?
Sim. Como em todo processo de aculturação, o que determina a eliminação de todos os traços da cultura colonizada e a visão de superioridade daquele que coloniza. Ora, é isso que fica evidente nesse trecho da Carta. Para Caminha, os índios representavam um povo dócil e ingênuo que deveria ser salvo. Mais do que isso: Deus queria que os portugueses o fizessem, por isso os levou até a terra descoberta, ao encontro desse povo.

05 – Observe as informações referentes ao ano de 1549 na linha do tempo. Discuta com seus colegas: há contradição entre as ações autorizadas por Portugal nessa data e o projeto de salvação dos indígenas pela fé católica declarado na Carta? Explique.

      Gostaríamos que os alunos, ao compararem os acontecimentos que envolvem as tentativas de escravização indígena por parte do governo colonial ao desejo de evangelização dos “gentios”, expresso na Carta de Caminha, perceberam que as relações entre portugueses e índios se alteraram durante o processo de colonização. O projeto de catequização dos indígenas e a expansão da fé católica passam a ser colocados em prática efetivamente com a chegada dos primeiros missionários. Mas o conflito de interesses permanecerá durante todo o período: de um lado, os missionários desejam “salvar” as “almas dos gentios”; do outro, os donatários e os colonos necessitam da submissão indígena e de sua mão de obra para colonizar a terra que se apresentava plena de possibilidades econômicas.

SONETO: QUEM VÊ, SENHORA, CLARO E MANIFESTO - CAMÕES - COM GABARITO

SONETO: Quem vê, Senhora, claro e manifesto
                   Luís Vaz de Camões


Neste soneto, o eu lírico expressa seus sentimentos pela mulher amada.
Quem vê, Senhora, claro e manifesto
O lindo ser de vossos olhos belos,
Se não perder a vista só em vê-los,
Já não paga o que deve a vosso gesto.

Este me parecia preço honesto;
Mas eu, por de vantagem merecê-los,
Dei mais a vida e alma por querê-los,
Donde já me não fica mais de resto.

Assim que a vida e alma e esperança,
E tudo quanto tenho, tudo é vosso;
E o proveito disso eu só o levo.


Porque é tamanha bem-aventurança
O dar-vos quanto tenho e quanto posso,
Que, quanto mais vos pago, mais vos devo.
                                   
                                             Camões, Luís Vaz de. Obra completa.
                                     Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988. p. 295.

Interpretação do texto:
1 – Como a mulher amada é caracterizada no soneto? E o eu lírico?
      A mulher amada é caracterizada como uma “Senhora”, “O lindo ser” que se manifesta nos olhos do eu lírico. Ele, por sua vez, é alguém que não hesitaria em pagar para a própria visão, a vida e a alma a oportunidade de contemplar tal manifestação de perfeição.

a)   Essa caracterização da mulher corresponde a uma idealização? Por quê?
Sim. Ao caracterizar a senhora como “o lindo ser”, o eu lírico mostra a mulher como exemplo de perfeição, por quem ele abdica de tudo, da própria essência (sua vida e sua alma).

b)   A imagem de mulher presente no poema pode ser considerada típica do classicismo? Explique.
Sim. A visão da mulher como símbolo de perfeição é típico do classicismo, já que essa idealização é o que permite a manifestação do amor neoplatônico. Essa mulher perfeita é o que desencadeia o amor espiritualizado, puro, capaz de libertar o eu lírico dos desejos profanos.

2 – Qual é o raciocínio desenvolvido pelo eu lírico para explicar seus sentimentos nas duas primeiras estrofes do soneto?
      Segundo o eu lírico, a visão da perfeição manifesta nos olhos da senhora teria como preço (justo) a cegueira de quem a contempla. Mas ele, para merecê-la, “pagou” ainda mais: deu “mais a vida e alma por querê-los, / Donde já me não fica mais de resto.”

3 – Releia:
                 “Assim que a vida e alma e esperança,
                 E tudo quanto tenho, tudo é vosso;
                 E o proveito disso eu só o levo”.

a)   Qual será o “proveito” que terá o eu lírico?
O proveito que advirá de entregar tudo o que tem e pode a essa mulher é obter “tamanha bem-aventurança”. É tão grande o bem-estar que toma conta do eu lírico com essa atitude que ele afirma que, quanto mais pagar, mais deverá a ela.

b)   Explique por que essa atitude do eu lírico expressa uma visão de amor característica do neoplatonismo.
Na visão neoplatônico, a partir de um amor puro, o indivíduo liberta-se das realidades ilusórias e contempla o belo em si, o mundo das essências. Dessa forma, aperfeiçoa-se como ser humano. É o que ocorre com o eu lírico neste soneto: ele abdica de tudo que o caracteriza e, ainda assim, conhece a “bem-aventurança” de sentir-se pleno.

4 – Considerando o tema desenvolvido no soneto, a qual das visões de amor representadas no quadro de Ticiano ele poderia ser associado? Por quê?

      Ao amor sacro, porque, tanto no poema como no quadro de Ticiano, temos a ideia de um amor mais espiritual, que não necessita da realização carnal ou material dos desejos.

MÚSICA(ATIVIDADES): ABELHA - JORGE E MATEUS - COM GABARITO

Música(Atividades): Abelha (part. João Bosco & Vinicius)
                                                   Jorge e Mateus


Como pode, chegou em pouco tempo
Suave como o vento, me deixou assim
Como pode, mas veloz que o pensamento
Dominou meu sentimento, fez parte de mim

Mas seus pensamentos são maus
Você só pensa em vingança
E a sua segurança é dominar

Eu já não suporto mais sofrer
Quero viver
Arruma outro pra envenenar

Como uma abelha pousa numa flor
Mansa, você chegou me dando amor
Como uma abelha ferroou meu coração
Deixou saudades e o veneno da paixão

Como pode, chegou em pouco tempo
Suave como o vento, me deixou assim
Como pode, mas veloz que o pensamento
Dominou meu sentimento, fez parte de mim

Mas seus pensamentos são maus
Você só pensa em vingança
E a sua segurança é dominar

Eu já não suporto mais sofrer
Quero viver
Arruma outro pra envenenar

Como uma abelha pousa numa flor
Mansa, você chegou me dando amor
Como uma abelha ferrou meu coração
Deixou saudades e o veneno da paixão

Como uma abelha pousa numa flor
Mansa, você chegou me dando amor
Como uma abelha ferrou meu coração
Deixou saudades e o veneno da paixão.

Interpretação da música:
01 – Qual a temática abordada nesta canção?
      A desilusão amorosa.

02 – A opção que corresponde ao estilo desta música é:
a)   Bossa Nova.
b)   Marcha rancho.
c)   Samba enredo.
d)   Sertaneja
e)   Funk.

03 – O termo a Capella, encontrado na música refere-se à música vocal:
a)   Com acompanhamento instrumental simples.
b)   Em uníssono com acompanhamento de piano.
c)   Executada em capelas com acompanhamento de cravo.
d)   Sem acompanhamento instrumental.
e)   N. D. A.

04 – Na primeira estrofe há a repetição de: “Como pode”, que figuras de linguagem é esta?
      Anáfora.

05 – Nos versos: como pode, chegou em pouco tempo / suave como o vento, me deixou assim: quais as figuras de linguagem podemos encontrar?
      Metáfora / comparação.

06 – O eu lírico se diz decepcionado com sua amada e a compara com uma abelha. Cite estes versos.
      Como uma abelha pousa numa flor mansa,
      Você chegou me dando amor.
      Como uma abelha ferroou meu coração
      Deixou saudades e o veneno da paixão.

07 – Existe pessoas como a citada na música? Você já viveu algo parecido?
      Resposta pessoal do aluno.

08 – E, afinal o eu poético não suportava mais sofrer e fez o quê?

      Mandou ela arrumar outro pra envenenar.

domingo, 26 de novembro de 2017

SONETO: QUANDO NA PASSAGEM DO TEMPO PERDIDO - WILLIAN SHAKESPEARE - COM GABARITO

Soneto: Quando na passagem do tempo perdido
               Willian Shakespeare


        No soneto abaixo, Shakespeare reflete sobre como a beleza é registrada pela literatura.

Quando na passagem do tempo perdido
Vejo descritos os belos ramos,
E a beleza emprestar seus dons à velha rima,
Ao elogiar as damas mortas e os belos cavaleiros,
Então, no brasão da melhor doçura da beleza,
Da mão, dos pés, dos lábios, dos olhos, da fonte,
Veja que sua antiga pluma teria expressado
Mesmo tal beleza como teu senhor agora.
Então, todos os elogios não são senão profecias
Deste nosso tempo, tudo que pressagias,
E, mesmo vendo com olhos de adivinho,
Não tinham talento suficiente para cantar os teus dons;
Pois nós, que hoje aqui estamos, e vemos,
Temos olhos para sonhar, mas não línguas para louvar.

               Shakespeare, William. 154 Sonetos. Tradução de Thereza
 Christina Rocque da Motta. Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2009. p. 125.

 Interpretação do texto:

1 – Qual é o assunto do soneto?
      O eu lírico fala da impossibilidade de descrever a beleza de sua amada através das palavras. Sua beleza é tal que não há “línguas” que possam louvá-la.

2 – Qual é a imagem de mulher apresentada no poema?
      É a imagem de uma mulher perfeita, de beleza incomparável e indescritível. As mais belas imagens utilizadas para louvar a beleza feminina não estão à altura da amada do eu lírico.

      --- Essa imagem determina o sentimento do eu lírico em relação à sua amada? Por quê?
      Sim. Porque a beleza de sua amada e sua perfeição que não podem ser “louvadas” pelas palavras de que dispõem aqueles que a contemplam, inspirando, assim, a admiração do eu lírico.

3 – Como podem ser interpretados os versos “Vejo que sua antiga pluma teria expressado / Mesmo tal beleza como teu senhor agora”?
      O eu lírico se refere a outros poetas que, no passado, tentaram louvar uma beleza como a de sua amada, mas não conseguiram.

4 – Como poderia ser caracterizado o tipo de amor que essa mulher desperta no eu lírico?
      A mulher amada desperta no eu lírico a manifestação de um amor mais distanciado, idealizado, puro.

      --- De que forma a manifestação desse amor indica a filiação do soneto de Shakespeare ao Classicismo?
        A manifestação desse amos mais puro, idealizado, por uma mulher de beleza indescritível, a quem o eu lírico louva exaltando a perfeição, é um tema bastante típico do classicismo.

5 – Compare as informações referentes à produção artística apresentadas na linha do tempo deste capitulo com as da linha do tempo do capítulo anterior.
      Espera-se que os alunos, durante essa comparação, percebam o contraste evidente entre a produção artística da Idade Média e a do Renascimento.

      --- Discuta com seus colegas: o termo “Renascimento” traduz o processo de transformação ocorrido na Europa durante o século XV? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.


SONETO: BENDITO SEJA O DIA, O MÊS, O ANO - PETRARCA - COM GABARITO

SONETO: Bendito seja o dia, o mês, o ano
                  Petrarca


Bendito seja o dia, o mês, o ano,
A sazão, o lugar, a hora, o momento,
E o país de meu doce encantamento
Aos olhos de lume soberano.

E bendito o primeiro doce afano
Que tive ao ter de Amor conhecimento
E o arco e a seta a que devo o ferimento,
Aberta a chaga em fraco peito humano.

Bendito seja o mísero lamento
Que pela terra em vão hei dispersado
E o desejo e o suspiro e o sofrimento.

Bendito seja o canto sublimado
Que a celebra e também meu pensamento
Que na terra não tem outro cuidado.

                                             Petrarca. Poemas de amor de Petrarca.
                                                Tradução de Jamil Almansur Haddad.
                                                  Rio de Janeiro: Ediouro, 1998. p. 37.

Sazão: cada uma das estações do ano.
Afano: afã, aflição, ansiedade.
Cuidado: preocupação, interesse.

Interpretação do texto:
1 – Ao longo do poema, o eu lírico bendiz coisas de natureza diferente, como um dia, um país, um gesto. O que todos os elementos têm em comum?
      Eles tem em comum o fato de estarem ligados a mulher amada. Por esse motivo, o eu lírico bendiz o contexto em que a viu e por ela se apaixonou (dia, mês, ano, lugar, hora, estação do ano, etc.). Quando passa a bendizer comportamentos e sentimentos, também os relaciona à mulher amada.

2 – Os trovadores tratavam do tema do sofrimento amoroso em suas cantigas. No poema de Petrarca, o eu lírico também se refere a esse sofrimento. Em quais versos isso acontece?
      O eu lírico começa a fazer referência ao sofrimento amoroso nos versos finais da segunda estrofe (“[bendito] o arco e a seta a que devo o ferimento, / Aberta a chaga em fraco peito humano.”) e continua ao longo da terceira (“Bendito seja o mísero lamento, / Que pela terra em vão hei dispersado, / E o desejo e o suspiro e o sofrimento”).

      --- A abordagem do sofrimento amoroso, feita por Petrarca, assemelhasse às cantigas de amor trovadorescas? Por quê?
      Não. Nas cantigas de amor, o trovador afirma suas dores de amor como algo que pode enlouquece-lo ou leva-lo a desejar a morte. No poema de Petrarca, o sofrimento amoroso é visto como algo positivo, "bendito”.

3 – Releia:
      “E bendito o primeiro doce afano
      Que tive ao ter de Amor conhecimento
      E o arco e a seta a que devo o ferimento,
      Aberta a chaga em fraco peito humano.”
a)   Qual a metáfora utilizada para o amor pelo eu lírico?
A metáfora é a caracterização do amor como um “ferimento”.

b)   O eu lírico atribui o início do amor a Cupido. Que elementos do texto permitem essa identificação?
Os elementos mais evidentes são o arco e a seta responsáveis pelo “ferimento” que simboliza a entrada do amor no coração do eu lírico. Na mitologia, Eros é sempre representado como um menino alado que porta um arco e uma aljava cheia de setas. Com elas, desperta o amor nos corações humanos.

c)   A alusão a elementos da mitologia greco-latina é característica da produção do Renascimento. Por que a referência a esses mitos indica uma perspectiva diferente daquela predominante na Idade Média?
A visão de mundo medieval é teocêntrica, ou seja, Deus é a origem de todas as coisas. Quando o eu lírico responsabiliza um deus pagão, Eros, por seu amor, mostra que não adota uma postura marcada pela religiosidade medieval.

4 – Que características comuns podemos identificar entre o quadro de Ticiano e o poema de Petrarca?

      Nos dois casos, o desenvolvimento do tema é caracterizado por uma postura positiva, alegre. Além disso, as duas obras fazem referência à mitologia greco-latina.