quinta-feira, 24 de agosto de 2017

ROMANTISMO - EXERCÍCIOS E TESTES DE VESTIBULAR/ ENEM - I - COM GABARITO

ROMANTISMO  - EXERCÍCIOS E TESTES DE ENEM 


1 – (ENCE-UERJ-CEFET-UFRJ) Marabá, em língua tupi-guarani, significa “mestiço”, e esse é o título do poema abaixo, de Gonçalves Dias.
                                   MARABÁ
Eu vivo sozinha; ninguém me procura!
               Acaso feitura
               Não sou de Tupã?
Se algum dentre os homens de mim não se esconde:

               --- “Tu és”, me responde,
               “Tu és Marabá!”

Meus olhos são garços, são cor das safiras,
Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar;
Imitam as nuvens de um céu anilado,
As cores imitam das vagas do mar!

Se algum dos guerreiros não foge a meus passos:
               --- “Teus olhos são garços”,
Responde anojado, “mas és Marabá:
Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes,
               Uns olhos fulgentes,
Bem pretos, retintos, não cor d’anajá!”

É alvo meu rosto da alvura dos lírios,
Da cor das areias batidas do mar:
As aves mais brancas, as conchas mais puras
Não têm mais alvura, não têm mais brilhar.

Se ainda me escuta meus agros delírios:
               ---“És alva de lírios”,
Sorrindo responde, “mas és Marabá:
Quero antes um rosto de jambo corado,
               Um rosto crestado
Do sol do deserto, não flor de cajá”.

Meu colo de leve se encurva engraçado,
Como háste a pendente do cactos em flor;
Mimosa, indolente, resvala no prado,
Como um soluçado suspiro de amor!

“Eu amo a estatura flexível, ligeira,
               Qual duma palmeira”.
Então me respondem, “tu és Marabá:
Quero antes o colo da ema orgulhosa,
               Que pisa vaidosa,
Que as flóreas campinas governa, onde está.”

Meus loiros cabelos em ondas se anelam,
O oiro mais puro não tem seu fulgor;
As brisas nos bosques de os ver se enamoram,
De os ver tão formosos como um beija-flor!

Mas eles respondem: “Teus longos cabelos,
               “São loiros, são belos,
Mas são anelados; tu és Marabá:
Quero antes cabelos, bem lisos, corridos,
               Cabelos compridos,
Não cor d’oiro fino, nem cor d’anajá.”

E as doces palavras que eu tinha cá dentro
               A quem nas direi?
O ramo d’acácia na fonte de um homem
               Jamais cingirei:

Jamais um guerreiro da minha arasóia
                Me desprenderá:
Eu vivo sozinha, chorando mesquinha,
               Que sou Marabá!

Como se sabe o Romantismo apresentou uma visão bastante idealizada do índio, a fim de equipará-la ao colonizador europeu. É essa a visão presente no poema? Justifique.
      SIM. No poema, a índia Marabá é apresentada segundo o padrão de beleza europeu: “olhos garços, cor das safiras”, “rosto da alvura dos lírios”, “loiros cabelos em ondas”. Essa transferência do “padrão europeu de beleza” para o índio é uma idealização da figura nativa.
2 – (UFGO) Com relação ao Romantismo, pode-se afirmar o seguinte:
a)     Tem suas origens na Europa (Alemanha, Inglaterra, França), de onde se difundiu para o resto do Ocidente;
b)    Busca no passado mítico uma das fontes de inspiração que, no caso brasileiro, corresponde ao medievalismo lusitano;
c)     Apresenta uma visão do eu e do mundo dominada pelo sofrimento;
d)    Desenvolve-se, na literatura brasileira, em três fases, ou gerações românticas, sucessivas: a indianista, a do “mal-do-século” e a “condoreira”;
e)     Apresenta uma preferência por temas centrados no “eu”, na pátria e na natureza;
f)      Tem entre os seus expoentes: Gonçalves Dias, José Basílio da Gama, Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, José de Alencar e Castro Alves.

3 – (ITA-SP) Observe as afirmações abaixo:
I – O “eu” romântico, objetivamente incapaz de resolver os conflitos com a sociedade, lança-se à evasão. No tempo, recriando a Idade Média Gótica e embruxada. No espaço, fugindo para emas paragens ou para o Oriente exótico.
II – A natureza romântica é expressiva. Ao contrário da natureza árcade, decorativa. Ela significa e revela. Prefere-se a noite ao dia, pois sob a luz do sol o real impõe-se ao indivíduo, mas é na treva que latejam as forças inconstantes da alma: o sonho, a imaginação.
III – O Romantismo, a epopeia, expressão heroica já em crise no século XVIII, é substituída pelo poema político e pelo romance histórico, livre das peias de organização interna que marcavam a narrativa em verso. Renascem, por outro lado, formas medievais de estrofação e dá-se o máximo relevo aos metros livres, de cadência popular, às redondilhas maiores e menores, que passam a competir com o nobre decassílabo:
Estão corretas:
a)     Todas.
b)    I, apenas.
c)     I e II, apenas.
d)    II e III, apenas.
e)     I e III, apenas.

4 – (FUVEST-SP) Na novela Amor de perdição, de Camilo Castelo Branco;
a)     Simão ficou indeciso entre o amor de Mariana e o de Teresa.
b)    Simão rejeitou a oportunidade que lhe foi oferecida para livrar-se do desterro.
c)     A apresentação do pai e de suas origens justifica o orgulho que a família de Simão ostenta.
d)    O autor revela grande respeito pelas instituições religiosas de seu tempo.
e)     Ritinha, irmã mais nova de Simão, abandonou a família para apoiá-lo em suas dificuldades.

5 – (MARK-SP) José de Alencar tenta mostrar um painel das relações do índio brasileiro com o homem europeu.
Mostra, inclusive, o índio antes da chegada dos portugueses, o princípio de sua miscigenação e, posteriormente, o mesmo já totalmente cristianizado, num estado de quase servidão em relação ao homem branco.
Assinale a alternativa em que aparecem, respectivamente, nomes de romances que exemplifiquem tais temáticas.
a)     Iracema – Ubirajara – O sertanejo.
b)    As minas de prata – Til – O sertanejo.
c)     Lucíola – A pata da gazela – Ubirajara.
d)    Ubirajara – Senhora – Til.
e)     Ubirajara – Iracema – O Guarani.

6 – (MACK-SP) Apesar de encaixado na segunda geração da poesia romântica brasileira, esse poeta já mostra traços do condoreirismo, o que o aproxima da terceira geração.
Assinale a alternativa em que se encontra o nome de tal poeta.
a)     Fagundes Varela.
b)    Álvares de Azevedo.
c)     Casimiro de Abreu.
d)    Basílio da Gama.
e)     Castro Alves.


7 – (PUC-SP):
       Senhor Deus dos desgraçados!
       Dizei-me vós, Senhor Deus!
       Se é loucura... se é verdade
       Tanto horror perante os céus...
       Ó mar! por que não apagas
       Coa esponja de tuas vagas
       De teu manto este borrão? ...
       Astros! noites! tempestades!
       Rolai das imensidades!
       Varrei os mares, tufão!
                                                            Castro Alves.

No Romantismo brasileiro, podemos reconhecer três gerações poéticas, com traços peculiares a cada uma, mas distintos entre si. Assim sendo,
a)     O que torna a obra de Castro Alves diferente da de poetas como Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu e Álvares de Azevedo, neste contexto romântico?
Castro Alves volta-se para o tema da escravidão, enquanto Gonçalves Dias exalta a pátria e seus elementos da natureza representados pelo índio. Já Casimiro de Abreu é poeta saudosista e Álvares de Azevedo representa a geração do mal-do-século.
b)    Mostre, no trecho acima, os recursos estilísticos empregados pelo poeta.
O poeta emprega o verso livre, o uso da primeira pessoa, pontuação exagerada, etc.

8 – (FUC-MT) Considerando as seguintes afirmações:
I – Reconstitui a paisagem urbana do Rio de Janeiro do começo do século XIX.
II – Suas personagens revelam tradição, cultura e sentimentos elevados.
III – Dá relevância à análise dos conflitos psicológicos das personagens.
IV – Substitui a gravidade da narrativa por situações humorísticas.
V – Critica a visão burguesa do casamento como meio de ascensão social.
Referências a Manuel Antônio de Almeida aparecem apenas em:
a)     I e II.
b)    II e III.
c)     I e IV.
d)    II e V.
e)     III e IV.

9 – (ESPM-SP) Qual o nosso principal romancista do Indianismo?
      José de Alencar.

10 – (PUC-RS):
        “Outras criticam de uma gorda vovó, que ensaca nos bolsos meia bandeja de doces que vieram para o chá, e que ela leva aos pequenos que, diz, lhe ficaram em casa. Ali vê-se um ataviado dândi que dirige mil finezas a uma senhora idosa, tendo os olhos pregados na sinhá que senta-se ao lado. Finalmente, no sarau não é essencial ter cabeça nem boca, porque para alguns é regra, durante ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos.”
A descrição do sarau demonstra que o romance de Joaquim Manuel de Macedo, apesar do ambiente brasileiro, é uma... ao folhetim romântico europeu.
a)     Adaptação.
b)    Oposição.
c)     Negação.
d)    Crítica.
e)     Sátira.

11 – (PUC-SP) Iracema, juntamente com O Guarani e Ubirajara, constituem a trilogia dos romances indianistas de José de Alencar. Na poesia, Gonçalves Dias também exaltou o índio em textos como I-juca Pirama, Leito de folhas verdes, Marabá, O canto do piaga, além do poema épico Os timbiras. Pergunta-se: o que representou o Indianismo na Literatura romântica brasileira?
      O Indianismo representou o preenchimento do espaço vazio que a ausência de uma Idade Média brasileira deixou, ou seja, na falta de valores medievais para serem enaltecidos, os autores brasileiros idealizaram a figura do índio para ocupar um espaço histórico.


12 – (VUNESP-SP) Leia atentamente os versos seguintes:

      Eu deixo a vida como deixa o tédio
      Do deserto o poento caminheiro
  --- Como as horas de um longo pesadelo
     Que se desfaz ao dobre de um mineiro.

       Esses versos de Álvares de Azevedo significam a:
a)     Revolta diante da morte.
b)    Aceitação da vida como um longo pesadelo.
c)     Aceitação da morte como a solução.
d)    Tristeza pelas condições de vida.
e)     Alegria pela vida longa que teve.

13 – (MACK-SP) Assinale a alternativa incorreta a respeito de Fagundes Varela.
a)     É um poeta de transição entre a segunda e a terceira geração romântica.
b)    Cantos meridionais são poesias de cunho lírico, associado aos panoramas tropicais.
c)     Cântico do calvário é uma elegia escrita em memória do filho.
d)    A religiosidade é um tema presente em parte de sua obra.
e)     É na poesia indianista que atinge o ponto mais elevado de sua poética.

14 – (UFV-MG) A ficção romântica é repleta de sentimentos, inquietações, amor como única possibilidade de realização, personagens burguesas idealizadas, culminando sempre com o habitual “... e foram felizes para sempre”.
Assinale a alternativa que não corresponde à afirmação da página anterior:
a)     O amor constitui o objetivo fundamental da existência e o casamento, o fim último da vida.
b)    Não há defesa intransigente do casamento e da continência sexual anterior a ele.
c)     A frustação amorosa leva, incondicionalmente, à morte.
d)    Os protagonistas são retratados como personagens belas, puras, corajosas.
e)     A economia burguesa determina os gostos e a maneira de ver o mundo ficcional romântico.

15 – (UFOP-MG) Quais os traços marcantes do Romantismo presentes na idealização da figura de Iracema e como essa idealização se processa?
      Iracema é uma personificação da feminilidade (“lábios de mel”); o exemplo de castidade (pureza) É uma mulher fiel ao marido apaixonado. Essa idealização se processa no enfoque poético que é dado à sua figura.


16 – (UNICAMP-SP):
        Manuel Antônio deseja contar de que maneira se vivia no Rio popularesco de D. João VI; as famílias mal organizadas, os vadios, as procissões, as festas e as danças, a política; o mecanismo dos empenhos, influências, compadrios, punições que determinavam certa forma de consciência e se manifestavam por certos tipos de comportamento (...). O livro aparece, pois, como sequência de situações.

                                       Antônio Candido – Formação da Literatura Brasileira.

Podemos entender a “sequência de situações” a que se refere Antônio Candido como uma série de pequenos relatos no interior de Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida.
a)     Quem dá unidade, na obra, a essa sequência de relatos aparentemente soltos?
Quem dá essa unidade é o narrador onisciente e onipresente: ele está em toda parte. (O professor pode explorar, também, outro elemento que mantém o fio narrativo: a história de amor entre Leonardo e Luisinha).
b)    Cite um desses relatos e mostre como ele se articula com a linha mestra do romance.
Por exemplo, o relato da morte de José Manoel, marido de Luisinha (transcrito na seção Leia textos), serve para manter a atmosfera de “disse-me-disse” entre a comadre e a vizinhança e para reatar o namoro entre o par central.

17 – (FESP) As poesias de Álvares de Azevedo desenvolvem atmosferas variadas que vão do lirismo mais ingênuo ao erotismo, com toques de ironia, tristeza, zombaria, sensualidade, tédio e humor. Essas características demonstram:
a)     A carga de brasilidade do seu autor.
b)    A preocupação do autor com os destinos do país.
c)     Os aspectos neoclássicos que ainda persistem nos versos desse autor.
d)    O ultra romantismo, marcante nesse autor.
e)     O aspecto social de seus versos.

18 – (USF-SP):
        Dizem que há gozos nas mundanas galas,
        Mas eu não sei em que o prazer consiste.
        --- Ou só no campo, ou no rumor das salas,
        Não sei por quê – mas a minh’alma é triste!

Nos versos acima encontra-se típico exemplo do estado de espírito do poeta que:
a)     Se considerava “arauto das inquietações populares”.
b)    Experimentou o “mal-do-século”.
c)     Cantou as tradições indígenas, na primeira geração romântica.
d)    Procurava a perfeição técnica na descrição objetiva das coisas.
e)     Queria combater o “mau gosto” barroco e procurava imitar os clássicos gregos e latinos.

19 – (PUC-RS):
         CENA IV
         Entra Marcelo vestido à paulista, isto é, de bota branca, calça e jaqueta de ganga azul e ponche de pano azul forrado de baeta vermelha. O seu falar é carregado.
(...)
Marcelo: Tenho andado passeando pela cidade.
José Antônio: Aonde foi?
Marcelo: Á Rua do Ouvidor. Vi muitas coisinhas bonitas penduradas nas vidraças e umas figuras que pareciam gente viva, andando assim à roda. (Anda à roda.)
José Antônio: Isso é na casa dos cabeleiros.
Marcelo: É isso mesmo, que lá vi muitos cabelos nas portas. Entrei numa casa onde estavam tocando um instrumento muito bonito; o homem tocava assim. (Faz ação de quem toca realejo.)
José Antônio: Foi no canto do Beco dos Cancelas. É um realejo que chama os tolos.

No diálogo entre Marcelo e José Antônio, em O diletante, Martins Pena ressalta a:
a)     Sofisticação do diletante.
b)    Semelhança entre o campo e a cidade.
c)     Simplicidade do homem do interior.
d)    Fascinação pelos acontecimentos da corte.
e)     Aversão do citadino pelo caipira.


20 – (UFSC) Leia o texto abaixo e, depois, indique as proposições corretas:
  Minha terra tem palmeiras,
  Onde canta o Sabiá;
  As aves, que aqui gorjeiam,
  Não gorjeiam como lá.
                                                                          Gonçalves Dias.



a)     O poema da estrofe tem por título Canção do exílio.
b)    O autor estabelece a seguinte analogia: o sabiá representa o poeta; e a palmeira, o Brasil.
c)     A saudade do eu-lírico se prende ao distanciamento geográfico e não ao distanciamento temporal.
d)    O poeta assume o papel de exilado ao produzir o poema em Coimbra, 1843.

21 – (FAAP-SP) Diferentes foram os temas da poesia romântica brasileira. Para cada item, cite um autor que tenha fundamentado, em suas obras, as seguintes temáticas:
a)     Indianismo.
Gonçalves Dias.

b)    Mórbido-pessimismo.
Álvares de Azevedo.

c)     Lirismo presente na natureza brasileira.
José de Alencar.

d)    Aspectos sociais e políticos da época.

Castro Alves.

POEMA: VIAGENS NA MINHA TERRA -ANTONIO NOBRE - COM GABARITO

 POEMA:VIAGENS NA MINHA TERRA
                 ANTONIO NOBRE

Às vezes, passo horas inteiras
Olhos fitos nestas braseiras,
Sonhando o tempo que lá vai;
E jornadeio em fantasia
Essas jornadas que eu fazia
Ao velho Douro, mais meu pai.


Que pitoresca era a jornada!
Logo, ao subir da madrugada,
Prontos os dois para partir:
--- Adeus! adeus! é curta a ausência,
Adeus! – rodava a diligência
Com campainhas a tinir!

E, dia e noite, aurora a aurora,
Por essa doida terra fora,
Cheia de Cor, de Luz, de Som,
Habituado à minha alcova
Em tudo eu via coisa nova,
Que bom era, meu Deus! Que bom!

(...)

Ao sol, fulgura o Oiro dos milhos!
Os lavradores mailos filhos
A terra estrumam, e depois
Os bois atrelam ao arado
E ouve-se além no descampado
Num ímpeto aos berros: - Eh! bois!

E, enquanto a velha mala-posta,
A custo vai subindo a encosta
Em mira ao lar dos meus avós,
Os aldeões, de longe, alerta,
Olham pasmados, boca aberta...
A gente segue e deixa-os sós.

(...)

E a mala-posta ia pondo, ia pondo,
O luar, cada vez mais lindo,
Caía em lágrimas, - e, enfim,
Tão pontual, às onze e meia,
Entrava, soberba, na aldeia
Cheia de guizos, tlim, tlim, tlim!

Lá vejo ainda a nossa Casa
Toda de lume, cor de brasa,
Altiva, entre árvores, tão só!
Lá se abrem os portões gradeados,
Lá vem com velas os criados,
Lá vem, sorrindo, a minha Avó.

(...)

Não sei que é, amo-te à distância,
Amo-te mais, quando estou só...
Ó Portugal da minha infância,
Qual de vós teve na Vida
Uma jornada parecida,
Ou assim, como eu, uma Avó?
                                                                 Antônio Nobre. In: Moisés, Massaud.

          A literatura portuguesa através dos textos. São Paulo, Cultrix, 1971.

1 – Se você comparar o relato de Viagens na minha terra, de Almeida Garrett, com este relato poético de Antônio Nobre, batizado com o mesmo título, certamente notará diferenças. Por que razão Antônio Nobre teria escolhido esse título para seu poema?
      São razões de ordem emocional:
1-    Porque se trata de um livro muito querido por Antônio Nobre.
2-    Porque o poeta realmente “viaja” na memória.

2 – Escreva sobre o neo-romantismo (isto é, novo romantismo) a partir das características românticas encontradas no poema Viagens na minha terra.
      O aluno deve chegar a características como: saudosismo, melancolia, sentimentos adolescentes, etc.
  

POEMA: VASO CHINÊS - ALBERTO DE OLIVEIRA - COM GABARITO


POEMA: VASO CHINÊS

Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármore luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez, por contraste à desventura –
Quem o sabe? – de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura:

Que arte, em pintá-la! a gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei que com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.

1 – Os tratados de versificação (tão prezados pelos parnasianos) consideram que as rimas são: raras ou preciosas quando mais elaboradas, mais difíceis; pobres quando mais simples, mais comuns ou menos elaboradas. São pobres as rimas de palavras que pertencem à mesma classe gramatical. São raras as que fazem coincidir sonoramente palavras de diferentes classes gramaticais. Assim, por exemplo, no soneto Vaso chinês o poeta se valeu de rimas quando fez coincidir sonoramente “vi-o” com “luzidio”, pois rimou um verbo acompanhado de pronome com um adjetivo. Partindo dessa definição, faça um levantamento das rimas raras no soneto.
     Ui-o / luzidio; vendo-a/amêndoa

2 – Metrifique a primeira estrofe de Vaso chinês. Qual o nome dos versos quanto às sílabas poéticas?
     Os versos são decassílabos. Exemplificação:
      Es / tra / nho / mi / mo a / que / le / va / so! / Vio
       1      2        3       4       5          6       7     8       9      10
       Za / ga / la / de / za / gais / na / rús / ti / ca / fa / mí / lia
       1      2     3      4     5       6       7      8      9     10   11    12   

3 – Examine atentamente o soneto e identifique:
a)     Qual o tipo de linguagem predominante?
Predomina a linguagem cuidada, preciosa.

b)    Qual é a pessoa que “fala” no soneto e qual o efeito disso?
A pessoa que fala é um “eu” que observa muitos detalhes. O efeito disso é a descrição externa.

  

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

POEMA: CÂNTICO DO CALVÁRIO - FAGUNDES VARELA - COM GABARITO


 POEMA:CÂNTICO DO CALVÁRIO

Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia
O ramo da esperança. – Eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro.
Eras a messe de um dourado estio.
Eras o idílio de um amor sublime.
Eras a glória, -- a inspiração, -- a pátria,
O porvir de teu pai! – Ah! no entanto,
Pomba, -- varou-se a flecha do destino!
Astro, -- engoliu-te o temporal do norte!
Teto, caíste! – Crença, já não vives!
(...)



Que belos sonhos! Que ilusões benditas!
Do cantor infeliz lançaste à vida,
Arco-íris de amor! Luz da aliança,
Calma e fulgente em meio da tormenta!
Do exílio escuro a cítara chorosa
Surgiu de novo e às virações errantes
Lançou dilúvios de harmonia! – O gozo
Ao pranto sucedeu. As férreas horas
Em desejos alados se mudaram.
Noites fugiam, madrugadas vinham,
Mas sepultado num prazer profundo
Não te deixava o berço descuidoso,
Nem de teu rosto meu olhar tirava,
Nem de outros sonhos que dos teus vivia!

Como eras lindo! Nas rosadas faces
Tinhas ainda o tépido vestígio
Dos beijos divinais, -- nos olhos langues
Brilhava o brando raio que acendera
A benção do Senhor quando o deixaste!
Sobre o teu corpo a chusma dos anjinhos,
Filhos do éter e da luz, voavam,
Riam-se alegres, das caçoilas níveas
Celeste aroma te vertendo ao corpo!
E eu dizia comigo: -- teu destino
Será mais belo que o cantar das fadas
Que dançam no arrebol, -- mais triunfante
Que o Sol nascente derrubando ao nada
Muralhas de negrume!... irás tão alto
Como o pássaro-rei do Novo Mundo!
(...)
                                              Fagundes Varela. In: Faccioli, V. e Olivieri, A. C.
                                                   Antologia de poesia brasileira. Romantismo.
                                                                                         São Paulo, Ática, 1985.

1 – Você percebeu que os versos do poema são totalmente irregulares, sem rima? Que nome se dá a versos assim?
      Versos brancos.

2 – O “eu-lírico” dirige-se a uma segunda pessoa (o filho). Geralmente se usa, no texto, uma figura de linguagem que o define. Qual é? Exemplifique.
      A metáfora. Exemplos: “Eras na vida a pomba predileta”; “Eras o idílio de um amor sublime”.

3 – O poema é feito, basicamente, de momentos de enlevo de um pai diante do filho recém-nascido. São momentos de expressão de felicidade. Descreva um trecho do poema que não se enquadra nessa análise.
      “Pomba, -- varou-te a flecha do destino! / Astro, -- engoliu-te o temporal do norte! / Teto, caíste! – crença, já não vives!”

4 – Extraia, da última estrofe transcrita, exemplos de uma postura romântica. Explique-a.
      “E eu dizia comigo: -- teu destino / Será mais belo que o cantar das fadas / Que dançam no arrebol, -- mais triunfante / Que o Sol nascente derrubando ao nada / Muralhas de negrume! ... irás tão alto / Como o pássaro-rei do Novo Mundo!”
      O “eu-lírico” sonha com um destino condoreiro para seu filho.

05 – Considere, nos três primeiros versos, as metáforas “pomba predileta”; “mar de angústias” e “ramo da esperança”. Explique a relação de sentido que há entre elas.
      O poeta explora a imagem da pomba que sai da Arca de Noé e voa sobre a terra transformada em mar, buscando um lugar para pousar. Nela se depositam as esperanças dos sobreviventes do Dilúvio. Consequentemente o poeta cria um eu lírico para a qual o filho era a pomba predileta, aquela que traria a esperança de um novo mundo, que o faria deixar o “mar de angústias” em que vivia.

06 – Identifique as metáforas presentes nestes versos:
        “(...) – Eram a estrada
        Que entre as névoas do inverno cintilava
        Apontando o caminho ao pegureiro.”

        Relacione essas metáforas com as metáforas destacadas no questão 5.
      O filho era a estrela. As névoas do inverno eram a vida do eu lírico. O filho indicaria o caminho a ser seguido peleou lírico, comparando ao pastor que, sem a luz da estrela, não sabe o caminho a tomar. O poeta retoma a ideia da esperança da salvação, expressão nos três primeiros versos.

07 – Identifique as antíteses presentes nestes versos:
        Pomba, -- varou-se a flecha do destino!
        Astro, -- engoliu-te o temporal do norte!
        Teto, caíste! – Crença, já não vives!”

        Explique o efeito que essas antíteses produzem no texto.
      A cada associação, segue-se uma ideia que a destrói. O filho é associado a ideia de pomba, mas é morto pela flecha do destino; é associado a ideia de astro, mas é “engolido” pelo temporal; de teto, mas cai; de crença, mas morre. Essas antíteses reforçam a ideia da desesperança que invade o eu lírico, mergulhando-o na angústia.

08 – Quem é o “gênio horrendo” a que se refere o eu lírico no verso 25?
      A morte.

09 – Explique a metáfora do último verso: “Foste o escolhido na tremenda ceifa!”
      A morte é vista como uma espécie de colheita (a “tremenda ceifa”) dos seres humanos. O eu lírico lamenta que seu filho tenha sido vítima dessa colheita.

10 – Que ironia do destino lamenta o eu lírico?
      Que a morte tenha levado quem mal tivesse nascido e tenha deixado vivo quem tanto a desejava. O eu lírico ansiava pela morte, no entanto não foi escolhido para a “tremenda ceifa”.

        


POEMA: ESTE INFERNO DE AMAR- A. GARRETT- COM GABARITO


POEMA: ESTE INFERNO DE AMAR

Este inferno de amar – como eu amo! –
Quem mo pôs aqui n’alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida – e que a vida destrói –
Como é que se veio a atear,
Quando – ai quando se há de apagar?

Eu não sei, não me lembro: o passado,
A outra vida que dentes vivi
Era um sonho talvez... – foi um sonho –
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! despertar?



Só me lembro que um dia formoso
Eu passei... dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? – Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei...

                                         GARRETT, A. Folhas caídas. Lisboa, Portugália, 1955.

1 – Qual é o tempo verbal predominante na primeira estrofe e o que ele caracteriza? Justifique com exemplos do texto.
     É o presente, caracterizando um tempo de sofrimento: “inferno”, “consome”, “destrói”.

2 – Aos poucos, o poeta volta ao passado e o relembra. Descreva esse tempo. Em que contrasta com o presente?
     O passado era um tempo de sonho, de paz, de serenidade. Contrasta com o presente tormentoso, em que falta harmonia.

3 – Apesar de o passado ser pacífico e o presente tormentoso, qual dos dois tempos é mais sedutor? Por quê?
     O presente, porque o amor é a vida.

4 – A atmosfera do poema baseia-se na situação amorosa “que alenta e consome”. Explique essa situação e relacione-a ao título do texto.
     Na verdade, o par “amor / sofrimento” é a base do Romantismo. Em Este inferno de amar faz-se menção ao sofrimento causado pelo amor, que é, porém, razão de viver.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

SIMULADO SOBRE ADVÉRBIOS PARA ENSINO FUNDAMENTAL COM GABARITO


SIMULADO SOBRE ADVÉRBIOS

Marque a alternativa correta nos itens a seguir:
    1.      Depois me ofereceram uma lata de comida.
             a)      Negação
             b)      Intensidade
             c)      Tempo
             d)      Modo


    2.      Eu senti que eles não iam me entender nunca.
           a)      Lugar
           b)      Tempo
           c)      Inclusão
           d)      Negação

    3.      Isso está muito interessante!
           a)      Intensidade
           b)      Modo
           c)      Dúvida
           d)      Ordem


   4.      Embora de barriga vazia, latia  dentro.
           a)      Modo
           b)      Lugar
           c)      Exclusão
           d)      Intensidade

   5.    Engoliu o bolo depressa.
         a) Modo
         b) Inclusão
         c) Exclusão
         d) Causa

  6.    Imediatamente ele caiu.
        a) Lugar
        b) Modo
        c) Intensidade
        d) Tempo

  7.    O bandido estava longe.
       a) Lugar
       b) Tempo
       c) Afirmação
       d) Causa

  8. Há coisas muito caras e pouco úteis.
      a) Intensidade
      b) Modo
      c) Fim
      d) Dúvida

  9. Teu irmão partiu ontem.
       a) Lugar
       b) Tempo
       c) Intensidade
       d) Modo


  10. Em todas as opções há dois advérbios, exceto em:
      a) Tranquilamente, realizou-se, hoje, o jogo.
     b) Amanhã, não iremos ao cinema.
     c) O menino, ontem, cantou desafinadamente.
     d) Ele permaneceu muito calado.