sábado, 24 de setembro de 2022

TEXTOS: ALIMENTAÇÃO BALANCEADA E BOM SONO - COM GABARITO

 Textos: Alimentação balanceada e Bom sono

Texto 1 – Alimentação balanceada potencializa resultados da prática esportiva

        [...]

        A alimentação pode ser uma aliada e tanto de quem procura obter resultados com atividades esportivas, tais como: perda de gordura corporal, ganho de massa muscular, desempenho superior, dentre outros objetivos.

        Dr. Fábio Pizzini, médico especialista em Nutrologia Esportiva e Avançada da Ápice Medicina Integrada, de Sorocaba (SP), explica que essa área da saúde cuida das necessidades individuais de cada atleta ou esportista, na busca por resultados positivos e no acompanhamento de seu desenvolvimento físico. “Uma dieta balanceada e saudável é importante para todas as pessoas, porém, atletas e esportistas precisam ter atenção redobrada com o que consomem”, comenta.

        O especialista afirma que cada esporte exige uma dieta específica a ser seguida pelo praticante. “Atividades que demandam alto gasto calórico, como a natação, exigem uma alimentação com mais carboidratos. Outros atletas, que necessitam de massa muscular forte, precisam de uma dieta rica em proteínas e, assim, por diante”, exemplifica.

        Outro fator que também influencia diretamente no rendimento físico e na energia demandada é o metabolismo do atleta, que varia muito entre as pessoas. “Alguém com metabolismo acelerado necessita de uma dieta diferente de quem possui esse mecanismo mais lento, mesmo que as duas pessoas pratiquem os mesmos exercícios e com a mesma frequência”, diz Dr. Fábio.

        A intensidade dos exercícios igualmente interfere no ganho de massa muscular, na perda de gordura e, consequentemente, nas necessidades nutricionais. “Quem pratica uma hora de atividade, por dia, possui uma realidade nutricional completamente diferente dos atletas profissionais, que passam praticamente o dia todo se exercitando”, pontua o médico.

        [...]

ALIMENTAÇÃO balanceada potencializa resultados da prática esportiva. Gazeta de Votorantim, 15 fev. 2019. Disponível em: http://www.gazetadevotorantim.com.br/noticia/28414/alimentacao-balanceada-potencializa-resultados-da-pratica-esportiva.html. Acesso em: 13 jul. 2020.

Fonte: Estações e Linguagens – Rotas da Ciência e Tecnologia – Ensino Médio – Editora Ática – 1ª edição, São Paulo, 2020. p. 54.

Texto 2 – Entenda porque o bom sono é quase tão importante quanto o treino para um atleta

11/12/2015 às 10:28 – Atualizada em 11/12/2015 às 10:28

         [...]

        A equação treinos e descanso é algo muito particular a cada atleta, pois depende da rotina diária de cada um. Para muitos técnicos, a principal diferença entre um atleta amador e um atleta profissional é, exatamente, o tempo dedicado à recuperação e ao descanso.

        No que se refere à recuperação, o sono cumpre um papel fundamental, pois é o período quando os tecidos corporais mais se regeneram, especialmente pela síntese do hormônio do crescimento (HGH). Alguém pode imaginar que, quanto mais treino, basta dormir mais, mas o que pesquisadores têm encontrando mostra, na verdade, um dilema na relação sono e exercício. Segundo o famoso fisiologista Asker Jeukendrup, um estudo recente da Universidade de Loughborough e publicado no prestigiado Journal os Sports Science, há algumas evidências de que o bom sono pode melhorar o desempenho no exercício. Há também evidências de que o exercício em si pode melhorar a qualidade do sono, mas isso só acontece até certo ponto. Um dos sintomas do overtraining é, exatamente, a insônia [...]

        O estudo submeteu os participantes, 13 ciclistas bem treinados, a uma carga de 9 dias com o dobro do volume em relação ao que estavam realizando antes do experimento e com intensidade maior [...].

        Além das conclusões sobre o efeito do excesso de treino sobre o sono, a equipe de pesquisadores descobriu que o aumento da ingestão de carboidratos pode reduzir a fadiga e os sinais de overtraining, melhorando a qualidade do sono. A mudança na dieta, no entanto, não pode eliminar completamente os efeitos do overtraining.­   

        Assim, parece haver um ponto ideal para cada indivíduo no que se refere ao equilíbrio entre treinos e sono. Nesse ponto, o atleta usa o exercício para ter uma boa qualidade de sono e, ao mesmo, utiliza o bom sono para se recuperar melhor.

        Há casos emblemáticos do uso do bom sono para recuperação. A maratonista medalhista olímpica Deena Kastor (EUA) sempre foi uma grande defensora de muitas horas de sono. A recordista norte-americana de maratona e meia maratona costumava dormir 10 horas por dia, além de mais 2 horas de soneca após o almoço. Apesar de poucos atletas amadores poderem ter essa rotina, eles podem tentar melhorar a quantidade e a qualidade do sono, evitando interrupções.

        [...]

        Os atletas precisam compreender que treino e sono andam juntos. A ótima performance vem de um equilíbrio sutil entre eles. Não pense que dormir é perda de tempo, se você procura longevidade e qualidade de vida no esporte, esse deve ser um aspecto central de sua rotina.

ENTENDA por que o bom sono é quase tão importante quanto o treino para um atleta. MundoTRI, 24 nov. 2011. Disponível em: http://www.mundotri.com.br/2015/11/entenda-porque-o-sono-e-quase-tao-importante-quanto-o-treino-par-um-atleta/. Acesso em: 13 jul. 2020.

 Fonte: Estações e Linguagens – Rotas da Ciência e Tecnologia – Ensino Médio – Editora Ática – 1ª edição, São Paulo, 2020. p. 55.

Entendendo os textos:

01 – Uma boa alimentação está relacionada a um bom desempenho nos esportes. De acordo com o texto 1, que relações podem ser estabelecidas entre a nutrição e o desempenho de atletas?

      Quanto mais adequada for a alimentação, mais o atleta vai ter condições de melhorar o desempenho para tingir os objetivos. Uma dieta balanceada e individualizada com orientação especializada é a mais adequada para os atletas.

02 – O descanso também é fundamental. De acordo com o texto 2, como a qualidade do sono pode interferir no desempenho do atleta?

      O período de descanso, no qual se inclui o sono. É essencial para o bom desempenho de um atleta. Além de ter treinamento regrado e alimentação saudável, o atleta deve contar com o período de descanso para se recuperar dos desgastes físicos da musculatura durante o treino, evitando assim possíveis lesões. Além disso, o descanso contribui para a melhora no desempenho mental.

03 – Com a leitura dos textos, o que é possível concluir sobre a relação entre treinamento, alimentação saudável e qualidade do sono na vida de um atleta?

      Conclui que o sono e a alimentação são importantes para os atletas, bem como para as pessoas de maneira geral, entretanto, é essencial que eles saibam que o treinamento esportivo, o sono e a alimentação compõem o tripé que determina o desempenho de um atleta, que inclui o repouso para restabelecimento do corpo.

04 – Você já pensou em ser um atleta? Por qual modalidade esportiva você tem interesse?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Aa intenção é levar os estudantes a perceber a supremacia de alguns esportes sobre outros. Acredita-se que boa parte dos jovens, principalmente masculino, ainda tenha como referência esportiva o futebol.

05 – Se você optasse, hoje, por seguir uma vida de atleta, o que mudaria em seu comportamento e em suas atitudes do dia a dia?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: É preciso desenvolver hábitos saudáveis, incluindo dieta adequada, treinos e descanso. Reforce a ideia de que não é preciso ser atleta para ter hábitos saudáveis, mas que, para ser atleta profissional, é necessário seguir com mais rigidez as normas para alcançar os resultados desejados. Tudo isso com a orientação de profissionais.

 

 

NOTÍCIA: MULHERES NAS OLIMPÍADAS: UMA LONGA TRAJETÓRIA - THAIS SOARES - COM GABARITO

 Notícia: Mulheres nas Olimpíadas: Uma Longa Trajetória

A atriz Katerina Lehou acendeu a chama olímpica que veio para os jogos Olímpicos no Brasil, em 2016, na representação das antigas sacerdotisas dos Jogos da Antiguidade, em Olímpia (Grécia).

[...]

Proibição das Mulheres nos Jogos Olímpicos da Antiguidade

        No ano de 776 a.C. foram iniciadas as Panateias, um evento que acontecia de quatro em quatro anos em que os homens se reuniam para honrar os deuses com jogos e lutas. Era um evento religioso, que as mulheres não podiam nem participar, nem assistir. E pior: se uma mulher casada fosse vista assistindo a algum jogo ela poderia ser condenada à morte.

        A única presença feminina permitida nos Jogos era a de Sacerdotisas, que eram consideradas “mensageiras dos deuses”, trazendo boa sorte para os competidores. Elas eram as responsáveis pela entrega das coroas de oliveira para os vencedores.

        Curiosidade: uma das mais famosas histórias sobre mulheres nas Olimpíadas da Antiguidade vem de uma mulher chamada Kallipateria, treinadora do seu próprio filho, um lutador de boxe chamado Pisidoros. Ela correu risco de morte ao se tornar treinadora, e se vestia de homem para assumir o papel, mas quando seu filho ganhou a luta, ela não se aguentou e acabou se expondo ao
 público. Felizmente ela foi poupada da morte, mas só porque seu pai, seu irmão e seu filho foram campeões olímpicos.

        [...].

SOARES, Thais. Mulheres nas Olimpíadas: Uma Longa Trajetória. Nó de Oito. Disponível em: http://nodeoito.com/mulheres-nas-olimpiadas/. Acesso em: 11 maio 2020.

Fonte: Estações e Linguagens – Rotas da Ciência e Tecnologia – Ensino Médio – Editora Ática – 1ª edição, São Paulo, 2020. p. 57.

Entendendo a notícia:

01 – De acordo com o texto, como era a participação das mulheres nos Jogos Olímpicos da Antiguidade?

      De acordo com o texto, as mulheres não podiam participar dos Jogos Olímpicos nem assistir a eles. A única presença feminina permitida era a de sacerdotisas, que eram consideradas “mensageiras dos deuses” e faziam a entrega das coroas de oliveira para os vencedores.

02 – É possível estabelecer relações entre a atitude de Kathrine Switzer, cuja história é narrada no vídeo, e a de Kallipateria, cuja história é contada no texto? Justifique sua resposta.

      Tanto Kathrine Switzer quanto a Kallipateria transgrediram as normas de suas épocas, que determinavam que mulheres não poderiam participar de jogos e competições: a primeira correu uma maratona que aceitava apenas inscrições masculinas; a segunda era treinadora do próprio filho e se vestia de homem para assumir tal papel.

03 – Em sua opinião, nos dias de hoje ainda há atitudes discriminatórias em relação à presença das mulheres no esporte? E em outras esferas sociais, como as do trabalho, da política e da ciência? Comente com os colegas.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Apesar de já terem passado mais de 50 anos da Maratona de Boston, as mulheres continuam sendo vítimas de atitudes machistas no esporte, assim como em várias outras esferas sociais, como as do trabalho, da política e da ciência.

 


NOTÍCIA: ESTUDANTE CRIA EMOJIS PARA RESSALTAR RIQUEZA DA ÁFRICA E ACABAR COM ESTEREÓTIPOS -HYPENESS - COM GABARITO

 Notícia: Estudante cria emojis para ressaltar riqueza da África e acabar com estereótipos

        O artista O’Plerou Denis Grebet, da Costa do Marfim, criou emojis que ressaltam a riqueza cultural da África. A ideia surgiu quando ele buscava por fotografias para um projeto sobre o continente e encontrou apenas imagens que remetiam à pobreza e doenças.

        À CNN, o jovem de 22 anos contou ter percebido que a mídia sempre retratava o lado negativo da África, mostrando guerras, fome e pobreza. E, embora estes elementos sejam também uma das faces do continente, eles não estão por toda a parte e é possível encontrar uma enorme diversidade cultural nos países africanos.

        Desde então, Grebet passou a pensar em como divulgar imagens positivas relacionadas à África e começou a criar emojis gratuitos para celebrar a cultura do continente. Nos dois últimos anos, mais de 350 imagens foram criadas por ele.

        Os emojis foram desenhados à mão e transformados em imagens digitais após o jovem assistir a um vídeo tutorial no Youtube. O primeiro deles homenageava o Foutou, um prato feito com farinha de mandioca moída e banana amassada [...]

        Em 2018, Grebet passou a compartilhar suas criações no Instagram e ganhou 2.000 seguidores apenas na primeira semana. Durante todo o ano, ele divulgou um emoji por dia ressaltando a cultura africana.

        Em dezembro do mesmo ano, o artista incorporou as imagens a um aplicativo chamado Zouzoukwa, para que pessoas pudessem usá-las em seu dia a dia. Com o app, os usuários podem transformar os emojis em figurinhas para usá-las em suas conversas no Whatsapp e outras redes sociais.

        Ainda de acordo com a CNN, [...] Zouzoukwa também foi nomeado como o melhor aplicativo de 2019 pela African Talents Awards, mostrando o potencial da ideia para ir ainda mais longe.

REDAÇÃO. Estudante cria emojis para ressaltar riqueza da África e acabar com estereótipos. Hypeness, [S. l.], jan. 2020. Disponível em: https://www.hypeness.com.br/2020/01/estudante-cria-emojis-para-ressaltar-riqueza-da-africa-e-acabar-com-estereotipos/. Acesso em: 15 jul. 2020.

Fonte: Estações e Linguagens – Rotas da Ciência e Tecnologia – Ensino Médio – Editora Ática – 1ª edição, São Paulo, 2020. p. 121-2.

Entendendo a notícia:

01 – As notícias sobre os países de África que você ouve e lê geralmente falam de quais assuntos? Você acha que o conteúdo dessas notícias ajuda a formar um conceito, uma ideia sobre os países africanos e sobre a África como um todo?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Geralmente, nas notícias que circulam na mídia tradicional sobre os países africanos e sobre a África como um todo, predominam as referências a problemas sociais, como fome, doença, guerra, escravidão e pobreza.

02 – Em sua opinião, essa abordagem é adequada? Se você fosse desafiado a problematizar a cobertura da mídia tradicional sobre a África, como procederia?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – É possível falar em representatividade com base nos emojis de Grebet?

      Sim, já que, de acordo com o texto, Grebet criou diversos emojis que retratam aspectos de diferentes povos e culturas africanas. O objetivo é leva-los a perceber que a criação dos emojis por Grebet é uma contribuição para o combate das visões estereotipadas em relação ao continente africano.

04 – Observe as imagens e responda às questões a seguir.

a)   O que os emojis representam?

Os emojis representam pessoas com diversos tons de pele.

b)   Por que essa representatividade é importante nas mídias sociais?

É importante para que todas as pessoas se sintam representadas socialmente.


NOTÍCIA: COMO A MÚSICA PODE INFLUENCIAR O TREINO E A PRÁTICA DE ESPORTES -(FRAGMENTO) - JAQUELINE SORDI - COM GABARITO

 Notícia: Como a música pode influenciar o treino e a prática de esportes – Fragmento

              Jaqueline Sordi

        [...]

        Estudos mostram que as melodias podem influenciar o exercício físico de diversas formas. A música pode elevar o humor, dar mais disposição, distrair da dor e do cansaço, aumentar a resistência e reduzir a percepção do esforço. Ela tem o potencial, inclusive, de melhorar o desempenho do atleta.

        – Os sons podem ser eficientes para produzir uma sincronização das ondas cerebrais e para a execução dos movimentos do corpo. Isso pode ser produtivo para o aumento do rendimento dos exercícios – explica o psicólogo Vinícius Ferreira, professor de neuropsicologia da Faculdade Imed e membro da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia (SBNp) e da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento (SBNeC).

        Conforme o especialista, a melhora no desempenho se dá também porque as melodias podem favorecer a liberação de noradrenalina, substância que prepara o corpo para o exercício físico, aumentando a capacidade respiratória e a frequência dos batimentos cardíacos.

        [...]

SORDI, Jaqueline. Como a música pode influenciar o treino e a prática de esportes. GaúchaZH, 221 set. 2013. Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/vida/noticia/2013/09/como-a-musica-pode-influenciar-o-treino-e-a-pratica-de-esportes-4276368.html. Acesso em: 14 jul. 2010.

Fonte: Estações e Linguagens – Rotas da Ciência e Tecnologia – Ensino Médio – Editora Ática – 1ª edição, São Paulo, 2020. p. 74.

Entendendo a notícia:

01 – Você sabia que a música pode influenciar a prática esportiva?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Em quais outras situações você gosta de ouvir música?

      Resposta pessoal do aluno.

·        Você costuma ouvir sempre o mesmo gênero musical ou gosta de mesclá-los?

Resposta pessoal do aluno.

·        Você costuma ouvir música quando está praticando alguma atividade física? Você tem um gênero musical preferido para esses momentos?

Resposta pessoal do aluno.

03 – Segundo o texto, a influência da música na prática esportiva é apenas psicológica? Converse com os colegas.

      De acordo com o texto, não.

04 – A música pode despertar várias sensações: alegria, tristeza, melancolia, nostalgia, força, disposição. Converse com a turma sobre as questões a seguir.

a)   Você já ficou alegre ou triste ao ouvir uma música?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: As músicas podem gerar sentimentos diferentes em quem as escuta.

b)   Para você, o que faz uma música ser alegre ou triste?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Algumas possibilidades são: as notas da melodia, o ritmo, a velocidade em que a música é executada, os acordes e, no caso das canções, a letra, a maneira de o artista cantar, etc.

c)   Qual é a sua reação ao ouvir uma música que considera triste?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Algumas reações possíveis são: trocar de música, ouvi-la até o final para prestar atenção na letra ou mesmo chorar.

 

CONTO: O MELHOR AMIGO DE UM GAROTO - ISAAC ASIMOV - COM GABARITO

 Conto: O Melhor Amigo de um Garoto

             Isaac Asimov      

        – Onde está Jimmy, querida? – perguntou o Sr. Anderson.

        – Lá fora, na cratera – disse a Sra. Anderson. – Ele está bem. Está junto com Robobo… Sabe se já chegou?

        – Chegou. Está na estação de foguetes, fazendo os testes. Na realidade, eu mesmo mal posso esperar para vê-lo. Não vi nenhum de verdade desde que deixei a Terra, quinze anos atrás. Os que passaram nos filmes não contam.

        – Jimmy nunca viu nenhum – disse a Sra. Anderson.

        – Porque ele nasceu na Lua e não pode ir à Terra. E é por isso que estou trazendo um para cá. Acho que é o primeiro a aparecer na Lua.

        – Custou bastante caro – disse a Sra. Anderson com um ligeiro suspiro.

        – Manter Robobo também não é barato – disse o Sr. Anderson.

        Jimmy estava lá fora, na cratera, como sua mãe tinha dito. Pelos padrões da Terra, ele era espigado, um tanto alto para os seus dez anos de idade. Seus braços e pernas eram compridos e ágeis. Parecia mais gordo e troncudo, vestido com o traje espacial, mas podia lidar com a gravidade lunar como nenhum ser humano, nascido na Terra, seria capaz. O pai não podia acompanhar-lhe os passos quando ele esticava as pernas e entrava no salto de Canguru.

        A face exterior da cratera inclinava-se para o sul, e a Terra, que surgia baixa no céu meridional (onde sempre surgia, quando vista da Cidade Lunar) estava quase cheia, de modo que todo o declive da cratera ficava brilhantemente iluminado.

        O declive era suave e mesmo o peso do traje espacial não impedia que Jimmy disparasse em cima dele num salto flutuante que fazia a gravidade parecer não existente.

        – Venha, Robobo – ele gritou.

        Robobo, que podia ouvi-lo pelo rádio, guinchou e pulou atrás.

        Jimmy, embora fosse ágil, não podia correr mais depressa que Robobo, que não precisava de um traje espacial e tinha quatro pernas e tendões de aço. Robobo navegava sobre a cabeça de Jimmy, dando saltos imensos e aterrando quase sob os pés do garoto.

        – Não precisa se exibir, Robobo – disse Jimmy – e não saia de vista.

        Robobo guinchou outra vez o guincho especial que significava “Sim”.

        – Eu não confio em você, seu enrolador – gritou Jimmy, subindo num último salto, que o conduziu sobre a curva da beira superior da parede da cratera, e o largou do outro lado, num declive interno.

        A Terra mergulhou abaixo do topo da parede da cratera e, de imediato, ficou escuro como breu em volta de Jimmy. Uma escuridão amistosa e quente, que dissipava a diferença entre solo e céu, exceto pelo brilho das estrelas.

        Na verdade, Jimmy não devia brincar no lado escuro da parede da cratera. Os adultos diziam que era perigoso, mas isso acontecia porque nunca estiveram ali. O chão era macio e ondulado, e Jimmy conhecia a localização exata de cada uma das poucas rochas.

        Além disso, como podia ser perigoso correr no escuro se Robobo estava bem ali a seu lado, pulando em volta, guinchando e cintilando? Mesmo sem cintilar, Robobo podia dizer onde estava, e onde Jimmy estava, pelo radar. Jimmy não podia se machucar enquanto Robobo estivesse por perto, detendo-o quando ele se aproximava demais de uma rocha, ou pulando sobre ele para mostrar o quanto o amava, ou circulando em volta e guinchando baixo e assustado quando Jimmy se escondia atrás de uma rocha, embora nessas ocasiões Robobo soubesse todo o tempo, e suficientemente bem, onde ele estava. Certa vez, Jimmy se esticou imóvel no chão e fingiu estar ferido. Robobo acionou o rádio alarme e o pessoal da Cidade Lunar chegou ali às pressas. O pai de Jimmy disse-lhe poucas e boas sobre aquele pequeno embuste, e Jimmy nunca mais o repetiu.

        Quando estava se lembrando disso, Jimmy ouviu a voz do pai no seu rádio individual de ondas longas.

        – Jimmy, volte. Tenho uma coisa para lhe contar.

        Jimmy tirou o traje espacial e se lavou. Você sempre precisa se lavar quando vem de fora. Mesmo Robobo tinha de ser borrifado, mas ele gostava disso. Ficava de gatinhas, o pequeno corpo, com menos de meio metro de comprimento, tremia e exibia uma minúscula cintilação. A cabecinha, sem boca, possuía dois grandes olhos vidrados e uma protuberância onde ficava o cérebro. Ele guinchou até ouvir a voz do Sr. Anderson:

        – Quieto, Robobo!

        O Sr. Anderson sorria.

        – Temos uma coisa para você, Jimmy. Ainda está na estação de foguetes, mas estará conosco amanhã, depois de todos os testes terminarem. Achei que tinha de lhe contar isso agora.

        – É da Terra, papai?

        – Um cachorro da Terra, filho. Um cachorro de verdade. Um cãozinho “terrier” escocês. O primeiro cachorro na Lua. Não precisará mais de Robobo. Não podemos ficar com os dois, você sabe. Ele ficará com algum outro menino ou menina.

        O Sr. Anderson pareceu esperar que Jimmy dissesse alguma coisa.

        – Você sabe o que é um cachorro, Jimmy. É a coisa real. Robobo não passa de uma imitação mecânica, um robô boboca. Ê isso que seu nome significa.

        Jimmy fez cara feia.

        – Robobo não é uma imitação, papai. É o meu cachorro.

        – Não um cachorro verdadeiro, Jimmy. Robobo é apenas aço, fiação e um simples cérebro positrônico. Não é um ser vivo.

        – Ele faz tudo que eu quero que ele faça, papai. Ele me compreende. Sem dúvida, é um ser vivo.

        – Não, filho. Robobo é só uma máquina. É apenas programado para se comportar do modo como se comporta. Um cachorro está vivo. Você não vai mais querer Robobo depois de ter o cachorro.

        – O cachorro precisará de um traje espacial, não é?

        – Sim, naturalmente. Mas será um dinheiro bem empregado e o cão se acostumará. E não precisará usá-lo na Cidade. Você vai ver a diferença quando ele estiver aqui.

        Jimmy olhou para Robobo, que estava guinchando outra vez, um guincho lento, muito baixo, parecendo amedrontado. Jimmy estendeu os braços e Robobo deu um salto para eles.

        – Qual será a diferença entre Robobo e o cachorro? – Jimmy perguntou.

        – É difícil explicar – disse o Sr. Anderson – mas será fácil de perceber. O cachorro realmente gostará de você. Robobo está apenas ajustado para agir como se gostasse de você.

        – Mas, papai, não sabemos o que há dentro de um cachorro ou quais são as suas sensações. Talvez seja também apenas um modo de agir.

        O Sr. Anderson franziu a testa.

        – Jimmy, você saberá a diferença quando experimentar o amor de uma coisa viva.

        Jimmy segurou Robobo com força. Também estava franzindo a testa e o olhar desesperado em seu rosto significava que não estava disposto a mudar de ideia.

        – Mas qual é a diferença no modo como eles agem? E quanto ao modo como eu sinto? Eu gosto de Robobo e isso é o que importa.

        E o pequeno robô-boboca, que nunca fora abraçado com tanta força em toda a sua vida, guinchou rápidos e altos guinchos… guinchos felizes.

Asimov, Isaac. O melhor amigo de um garoto. In: Os melhores contos de Isaac Asimov. São Paulo: Editora LeBooks, 2018. (Coleção Os Melhores Contos).

Fonte: Estações e Linguagens – Rotas da Ciência e Tecnologia – Ensino Médio – Editora Ática – 1ª edição, São Paulo, 2020. p. 93-7.

Entendendo o conto:

01 – Você tem animal de estimação? Qual? Ele vive dentro de casa? Como se chama?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Guinchou: produziu um som agudo.

·        Positrônico: que é formado artificialmente por uma partícula chamada pósitron, nome dado ao elétron positivo.

03 – Em relação a aspectos da construção do conto, responda no caderno.

a)   Qual é o enredo da história?

A história trata da relação de Jimmy com seu cachorro-robô e do momento em que sua família decide dar um cachorro de verdade para ele. Quando avisam que o cão chegou à Lua e que Jimmy terá de se desfazer do cachorro-robô, o menino não gosta da ideia, sugerindo que prefere continuar com o robô de estimação.

b)   Quais são as personagens da trama?

As personagens são o Sr. Anderson; a Sra. Anderson; Jimmy, o filho do casal; e Robobo, o cachorro-robô de estimação de Jimmy.

c)   Os nomes que as personagens recebem contribuem para a caracterização delas no conto? Explique.

Sim. Sr. e Sra. Anderson são nomes que caracterizam um típico casal estadunidense; Jimmy, que é diminutivo de Jim, caracteriza uma criança; e o nome Robobo caracteriza o robô que imita um cachorro, que “não passa de uma imitação mecânica, um robô boboca”.

d)   Quando e onde se passa a história?

A história se passa na Lua, quinze anos depois de o Sr. Anderson ter chegado lá. Outra marca temporal que pode ser mencionada é o fato de que Jimmy tem dez anos de idade.

e)   O narrador é uma das personagens? Ele sabe o que as personagens pensam e sentem? Cite trechos do conto para comprovar qual é o foco narrativo do conto.

O narrador não é uma personagem, mas é onisciente, ou seja, sabe o que as personagens pensam e sentem. Isso pode ser observado no trecho: “Quando estava se lembrando disso, Jimmy ouviu a voz do pai no seu rádio individual de ondas longas”. O narrador sabe de que Jimmy estava se lembrando, o que significa que sabe o que ele estava pensando.

f)    O texto se inicia com o diálogo entre o Sr. e a Sra. Anderson, o que cria certo suspense no conto. Que estratégia é usada pelo narrador para construir esse efeito de sentido?

O conto tem início com um diálogo entre o Sr. e Sra. Anderson, em que eles usam frases com sujeito elíptico “[...] Sabe se já chegou?”; “— Chegou. Está na estação de foguetes, fazendo os testes”; “— Custou bastante caro [...]”. Além disso, fazem referências ao assunto por meio de pronomes sem antecedentes expressos anteriormente, usam artigo não acompanhado do substantivo que determina, e usam o pronome indefinido nenhum em função adjetiva sem apresentar o substantivo a que se refere. Por meio dessas estratégias, o narrador cria uma atmosfera de suspense e prende a atenção do leitor até o clímax da história, quando o Sr. Anderson conta para Jimmy que chegou um cachorro da Terra para ele. O objetivo é explorar a identificação de elementos linguísticos que contribuem para a criação do suspense no diálogo entre o Sr. e Sra. Anderson em torno do cachorro que veio da Terra.

04 – Você já tinha lido algum outro conto do escritor Isaac Asimov? A leitura desse texto fez com que você se interessasse por conhecer mais obras dele? Por quê? Comente com os colegas.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Esta atividade é uma oportunidade para que os estudantes compartilhem gostos e interesses, identificando eventuais afinidades, respeitando e valorizando diferentes pontos de vista.

05 – Leia novamente estes trechos do conto e responda às questões no caderno.

Trecho I – Você sabe o que é um cachorro, Jimmy. É a coisa real. Robobo não passa de uma imitação mecânica, um robô boboca. É isso que seu nome significa.

Trecho II – Os adultos diziam que era perigoso, mas isso acontecia porque nunca estiveram ali.

Trecho III – Além disso, como podia ser perigoso correr no escuro se Robobo estava bem ali a seu lado, pulando em volta, guinchando e cintilando?

a)   O trecho I caracteriza o uso do discurso direto. De quem é a fala nesse trecho? Que efeito pode gerar esse uso do discurso direto?

O discurso direto acontece quando o narrador reproduz fielmente a fala da personagem. A fala é do Sr. Anderson.

b)   Nos trechos II e III, observa-se o uso do discurso indireto livre, trazendo o ponto de vista de uma personagem. De qual personagem é esse ponto de vista? Que efeito o uso do discurso indireto constrói nesse trecho?

Nos dois trechos, em que se usa o discurso indireto livre, personagem e narrador se confundem, não ficando claro de quem é o posicionamento. Os pontos de vista são de Jimmy. Ainda que o narrador não seja Jimmy, o uso do discurso indireto livre sinaliza o ponto de vista de Jimmy como sendo o ponto de vista narrativo. Essa é uma maneira de o narrador levar o leitor a pensar que o ponto de vista de Jimmy corresponde à verdade.

06 – Que acontecimento muda os rumos da história? O desequilíbrio instaurado nesse momento é solucionado ao final?

      A história muda de rumo quando o Sr. Anderson fala para o filho que ele vai ganhar um cachorro da Terra e que terá de doar Robobo a outra criança. Jimmy não fica feliz com o fato de ter de trocar Robobo por um cachorro terráqueo. O conto não deixa clara a solução do desequilíbrio. Quando Jimmy declara que gosta de Robobo e isso é o que importa, demonstra que não mudou de opinião.

07 – Quais são as características dessa história que a definem como um conto de ficção científica?

      A história transcorre em uma época em que os seres humanos não vivem mais na Terra, mas na Lua, e lá existe uma estação de foguetes; os animais de estimação são robôs que guincham em vez de latir; a presença de um cachorro vindo da Terra causa estranhamento.

08 – Releia este trecho do conto e discuta a questão com os colegas.

        “– Qual será a diferença entre Robobo e o cachorro? – Jimmy perguntou.

        – É difícil explicar – disse o Sr. Anderson – mas será fácil de perceber. O cachorro realmente gostará de você. Robobo está apenas ajustado para agir como se gostasse de você.

        – Mas, papai, não sabemos o que há dentro de um cachorro ou quais são as suas sensações. Talvez seja também apenas um modo de agir.”

·        Qual é o contraste que existe entre o pensamento do pai e o do menino sobre os “modos de agir” do Robobo e do cachorro terráqueo?

      Para o pai, o modo de agir de Robobo é apenas resultado de treinamento e programação: o robô não expressa sentimentos reais. Já os cães terráqueos, que são seres vivos e não máquinas, expressariam sentimentos verdadeiros. Para Jimmy, não haveria como garantir que os cães terráqueos agem movidos por sentimentos verdadeiros, já que não se sabe o que se passa dentro de um cachorro.

09 – Você acha que a situação apresentada no conto pode se tornar realidade um dia? Compartilhe com os colegas a sua opinião.

      Resposta pessoal do aluno.

 

 

 

ARTIGO: FICÇÃO CIENTÍFICA E CIÊNCIA DE MÃOS DADAS - LUCAS MIRANDA E GABRIEL LOPES GARCIA - COM GABARITO

 Artigo: Ficção científica e ciência de mãos dadas

           A ciência e a tecnologia influenciam muito as histórias em quadrinhos, a literatura e o cinema. Mas você sabia que a ficção científica também serve de inspiração para muitos avanços tecnológicos?

        Existem várias histórias sobre vida extraterrestre. Algumas envolvem invasões de alienígenas hostis ao planeta, outras tratam de viagens galácticas e colonização de outros planetas. Uma dessas histórias se passa na Lua, onde moram seres inteligentes de duas raças: os Subvolvanos e os Privolvanos. Eles são capazes de construir barcos, pois navegavam em rios, mares e lagos lunares. Se contada hoje, essa história pareceria só mais uma dentre tantas outras ficções científicas, com pequenas variações nos dramas e personagens. O detalhe curioso é que ela foi contada em um livro de 1634 escrito pelo astrônomo e matemático alemão Johannes Kepler (1571-1630).

        O seu conto, chamado “Sonho”, foi precursor do gênero ficção científica e antecipou em três séculos uma viagem considerada impossível em sua época. Foi apenas em 1969 que a missão Apollo, da Nasa, levou o primeiro homem à Lua. E essa não foi a primeira vez que um cientista cedeu lugar ao seu “eu” escritor imaginativo. E nem foi a primeira vez que descobertas científicas e tecnologias apareceram em obras ficcionais tempos antes de acontecerem no “mundo real”.

        O poeta americano Ezra Pound (1885-1972) sentenciou que “os artistas são a antena da raça”. Eles parecem possuir uma habilidade intuitiva que extrapola os caminhos convencionais de produção do conhecimento e fazem conjecturas da realidade sem amarras nem pressões.

        Previsão do futuro ou inspiração?

        Se hoje você assiste a um filme de ficção científica da década de 1970 ou 1980, pode não se surpreender tanto com as suas tecnologias. Afinal, uma videoconferência entre pessoas em diferentes lugares do mundo, como vemos em Alien e em Blade Runner, ou mesmo os hologramas de Star Wars e os tablets de 2001: uma Odisseia no Espaço estão aquém das tecnologias que já temos hoje no mundo real.

        Mas e se você assistisse a esses filmes em uma época em que nada disso existia? Sua reação certamente seria diferente. Como será que esses e outros escritores foram capazes de descrever tecnologias que viriam a existir muito tempo depois? Seriam eles visionários ou pessoas capazes de prever o futuro?

        Vários escritores de fato fizeram previsões tecnológicas para o futuro, algumas delas bastante certeiras. Na década de 1960, o escritor e bioquímico americano de origem russa Isaac Asimov (1920-1992) chegou a prever que, em um futuro próximo, teríamos robôs e veículos autônomos, uso de energia nuclear e solar, videoconferência por transmissão de sinais de satélite, além de refeições congeladas e um mundo com muita poluição.

        Muitas das tecnologias previstas décadas atrás já habitavam o universo das ficções científicas, juntamente com outras tecnologias que ainda estamos longe de ter, como o teletransporte de pessoas.

        Mas, apesar das habilidades preditivas de muitos escritores, é injusto reduzir suas obras a meros palpites acertados. Não é exagero dizer que muitos deles inspiraram cientistas a desenvolver as tecnologias dos seus livros e filmes.

        Em 1906, por exemplo, o famoso 14-Bis levantava voo em Paris. Por trás da genial invenção, estava um ávido leitor, apaixonado e inspirado pelas obras de Júlio Verne (1828-1905). Nas audaciosas concepções desse escritor francês, o pequeno Santos Dumont (1873-1932) vislumbrava a mecânica e a ciência dos tempos do porvir, como conta em seu livro.

        Em 1973, o engenheiro da Motorola Martin Cooper fazia a primeira ligação a partir de um telefone celular, uma invenção sua que, segundo declarou, teve inspiração no intercomunicador usado pelo capitão Kirk na série Star Trek.

        Essa mesma série também levou o milionário fundador da Amazon a declarar que Alexa, sua assistente virtual inteligente, foi fruto do seu sonho de ter os computadores da nave USS Enterprise.

        Esses são apenas alguns dos vários exemplos de importantes figuras ligadas à produção tecnológica que publicamente declararam a influência da ficção científica nos avanços da tecnologia.

        Por isso, o mais justo é dizer que a ficção científica e a tecnologia têm uma relação de mútua colaboração há mais de um século. O pesquisador da Electronic Frontier Foundation Dave Maas chegou a afirmar que poderia imaginar escritores sendo ótimos inventores, se preferissem desenvolver tecnologias em vez de escrever sobre elas.

        Os cientistas e a criatividade

        Um dos cientistas mais famosos do mundo, o físico de origem alemã Albert Einstein (1879-1955), escreveu no seu livro Sobre Religião Cósmica e Outras Opiniões e Aforismos: “Eu acredito na intuição e na inspiração. A imaginação é mais importante que o conhecimento. O conhecimento é limitado, enquanto a imaginação abraça o mundo inteiro, estimulando o progresso, dando à luz a evolução. Ela é, rigorosamente falando, um fator real na pesquisa científica”. O seu pensamento valoriza a dimensão imaginativa do ser humano como mola propulsora da atividade dos cientistas. A formulação de hipóteses na tentativa de explicar um fenômeno é um processo que explora livremente diferentes possibilidades, o que se caracteriza como pensamento divergente, o qual permite múltiplas respostas.

        As obras de ficção científica, ao criarem elementos narrativos para desenvolver o enredo, dão asas à imaginação e abrem novas perspectivas para as ciências e as tecnologias. Como seria a vida no planeta se aparelhos anulassem a gravidade? E se pudéssemos transferir a consciência para um robô? Existe um “antieu” em um universo de antimatéria? Perguntas como essas embasam o trabalho de artistas e cientistas. As obras de ficção, portanto, ao se utilizarem da criatividade, podem antecipar ou mesmo sugerir avanços no campo da ciência e das inovações técnicas, pois estão no terreno fértil da imaginação e despertam interesse pela pesquisa científica.

        Olhando para os filmes e livros da atualidade, será que podemos imaginar o que o futuro da ciência e tecnologia nos guarda?

Lucas Miranda e Gabriel Lopes Garcia. Ficção científica e ciência de mãos dadas. Ciência Hoje, 24 dez. 2019. Disponível em: https://cienciahoje.org.br/artigo/ficcao-cientifica-e-ciencia-de-maos-dadas/. Acesso em: 8 jul. 2020.

Fonte: Estações e Linguagens – Rotas da Ciência e Tecnologia – Ensino Médio – Editora Ática – 1ª edição, São Paulo, 2020. p. 86-8.

Entendendo o artigo:

01 – Para você, a ficção científica se apoia na ciência ou a ciência se apoia na ficção científica? Explique.

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Como você responderia à pergunta que os autores fazem ao final do artigo? Tendo assistido a filmes ou lido obras de ficção científica, você já imaginou que futuro a ciência e a tecnologia nos reservam?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Por que o poeta americano Ezra Pound disse que “os artistas são a antena da raça”?

      Porque os artistas captam ideias que ainda não foram imaginadas por pessoas “comuns” – o que tem a ver com o processo de criação. Eles conseguiram fazer isso porque não se prendem a amarras e se permitem fazer conjecturas que podem parecer absurdas para as outras pessoas.

04 – Por que se pode dizer que a relação entre dicção científica e ciência é uma via de mão dupla?

      Porque tanto os escritores de ficção científica podem inspirar os cientistas como os cientistas podem inspirar os escritores.

05 – Escritores e cientistas cumprem o mesmo papel nessa relação de mão dupla? Converse com os colegas considerando o que se diz no artigo.

      Não, pois, segundo o texto, enquanto os escritores escrevem sobre tecnologias, os cientistas desenvolvem tecnologias.

06 – Isaac Asimov (escritor-cientista ou cientista-escritor?) fez, na década de 1960, “previsões” que se concretizaram posteriormente. Use os seus conhecimentos de ciências e a sua imaginação e faça previsões: Que tecnologias que hoje não passam de ficção científica farão parte do cotidiano das pessoas futuramente?

      Resposta pessoal do aluno.