domingo, 1 de agosto de 2021

CRÔNICA: DE DOMINGO - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 CRÔNICA: DE DOMINGO

                 Luís Fernando Veríssimo

 — Outrossim…

— O quê?

— O que o quê?

— O que você disse.

— Outrossim?

— É.

— O que é que tem?

— Nada. Só achei engraçado.

— Não vejo a graça.

— Você vai concordar que não é uma palavra de

todos os dias.

— Ah, não é. Aliás, eu só uso domingo.

— Se bem que parece mais uma palavra de segunda-feira.

— Não. Palavra de segunda-feira é “óbice”.

— “Ônus”.

— “Ônus” também. “Desiderato”. “Resquício”.

— “Resquício” é de domingo.

— Não, não. Segunda, no máximo terça.

— Mas “outrossim”, francamente…

— Qual é o problema?

— Retira o “outrossim”.

— Não retiro. É uma ótima palavra. Aliás, é uma palavra difícil de usar. Não é qualquer um

que usa “outrossim”. Tem que saber a hora certa. Além do dia.

— Aliás, uma palavra que uso pouco é “aliás”.

— Pois você não sabe o que está perdendo. “Aliás” é ótimo. Muito bom também é “não

obstante”.

— “Não obstante”! Acho que essa eu nunca usei.

— “Não obstante” é de sábado.

— Quais são as outras palavras de domingo?

— Bem, tem “bel-prazer”.

— “Bel-prazer” é fantástico.

— “Trâmites”, “paulatino” ou “paulatinamente”, “destarte”…

— “Amiúde” é de domingo?

— Não, meio de semana. De domingo é “assaz”.

— Mas o que é que você estava dizendo?

— O que era mesmo? Eu parei no outrossim…

— Não. Eu não aceito outrossim.

— Como, não aceita?

— Não quero. Outrossim, não. Usa outra palavra.

— Mantenho o outrossim.

— Então é fim de papo.

— Você vai me tirar o outrossim da boca? Eu tive um trabalho danado para arranjar uma frase

para encaixar o outrossim e agora não posso usar?

— Pra cima de mim, não.

— Deveras, eu…

— Deveras não!

— Mas deveras é de domingo.

— Não. Retira o deveras. Retira o deveras!

(Novas comédias da vida privada. Porto Alegre: L&PM, 1996. p. 158-9.)

Fonte: Livro- Português: Linguagem, 2/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p.156-157.

Fonte da imagem - https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.portalentretextos.com.br%2Fpost%2Fno-pais-do-outrossim&psig=AOvVaw29_DRE78l8TRgfmAlQugOf&ust=1627906996327000&source=images&cd=vfe&ved=0CAsQjRxqFwoTCJjw6rjoj_ICFQAAAAAdAAAAABAD

Entendendo o texto

1.    A crônica é construída com base no diálogo entre duas personagens. O que motiva a discussão entre elas?

A simpatia ou antipatia que elas têm por certas palavras.

2. As personagens mencionam várias palavras de pouco uso. Associe as duas colunas, relacionando as palavras da primeira coluna ao sentido que elas têm:

a) óbice                                        1. realmente, de fato

b) desiderato                                2. bastante, suficientemente

c) resquício                                  3. vontade, capricho

d) outrossim                                 4. empecilho, estorvo

e) não obstante                            5. igualmente, do mesmo modo

f) assaz                                        6. o que se deseja, aspiração

g) deveras                                    7. resto, resíduo

h) bel-prazer                                 8. apesar de, embora

i) amiúde                                      9. com frequência

a-4; b-6; c-7; d-5; e-8; f-2; g-1; h-3; i-9.

 3. As personagens associam as palavras a dias de semana. Releia este trecho:

“— Ah, não é. Aliás, eu só uso [outrossim] domingo.

— Se bem que parece mais uma palavra de segunda-feira.”

No contexto, qual é a diferença entre uma palavra “de domingo” e uma palavra “de segunda - feira”?

Palavra “de domingo” dá a entender uma palavra bonita, especial, que provoca um efeito positivo; já palavra “de segunda-feira“ conota uma palavra feia, pesada, desagradável.

4. Observe estes trechos do texto:

“eu só uso domingo

“uma palavra que eu uso pouco”

“acho que essa eu nunca usei.”

a)   Que advérbios acompanham o verbo usar nesses trechos? Classifique-os, de acordo com o valor semântico que têm no contexto.

          domingo, advérbio de tempo; pouco, advérbio de intensidade; nunca, advérbio de tempo.

b)   Considerando o tema da discussão, o que justifica o emprego de advérbios com esse valor semântico?

Como a discussão gira em torno de quanto e de quando se usam certas palavras, é natural que haja no texto advérbios de intensidade e de tempo.

5. Observe as palavras destacadas nestes trechos:

“Mantenho o outrossim.”

“Retira o deveras.”

“‘Aliás  é ótimo.”

Embora todas elas sejam originalmente advérbios, no contexto desempenham outro papel gramatical.

a)   Qual é esse papel?

O de substantivo.

b)   Justifique sua resposta anterior, levando em conta cada um dos empregos.

          Nos dois primeiros trechos, os advérbios foram substantivados pelo artigo o; no terceiro, aliás tem a função de sujeito, ou seja, uma função nominal.

6. Observe o emprego da palavra deveras neste trecho:

“— Pra cima de mim, não. — Deveras, eu... — Deveras não!”

a)   Levando em conta as intenções dos interlocutores, responda: Qual é o sentido da palavra deveras em cada situação?

Na 1ª situação, a personagem ia comentar, confirmando, o que dissera anteriormente; por isso, tem o sentido de “realmente”, “de fato”. Já na 2ª situação, a outra personagem se refere à palavra deveras, recusando-a, pois provavelmente não gosta dela.

b)   Qual é o papel morfológico da palavra deveras em cada um desses empregos?

Na 1ª situação, é advérbio; na 2ª, é substantivo.

 7. Um advérbio pode exprimir uma circunstância relativa a um verbo e também um ponto de vista a respeito de uma afirmação. No texto, em quais das situações abaixo o advérbio se refere a uma afirmação?

a) “Acho que essa eu nunca usei.”

b) “— Deveras, eu...”

c) “— Mas ‘outrossim’, francamente...”

8. Como conclusão de estudo, assinale a alternativa falsa em relação ao texto lido.

a) O texto tem caráter metalinguístico, uma vez que promove uma reflexão sobre a língua e sobre sua capacidade de produzir sentidos.

b) Há, no texto, um grande número de advérbios, o que se justifica pelo fato de as personagens discutirem quando, como e por que usam certas palavras.

c) O texto revela que o brasileiro conhece mal sua própria língua, pois não domina plenamente o vocabulário e o valor expressivo das palavras.

d) O texto mostra que, embora a língua tenha uma natureza social, o uso que se faz dela envolve escolhas pessoais e subjetivas.

sábado, 31 de julho de 2021

CONTO: O CARNEIRINHO DO PRESÉPIO - JOSÉ FARIA NUNES - COM GABARITO

 CONTO: O CARNEIRINHO DO PRESÉPIO


   José Faria Nunes

O menino observa as pessoas que saem e volta-se para o presépio. Examina-o com interesse.

Na missa, ouviu que o reino dos céus é das crianças.

Tempestade mental. Se é das crianças o céu e viver no céu é ser feliz, então a felicidade é das crianças.

Olha o presépio. O boi. O carneirinho. Os astrônomos que foram chamados reis — os reis magos. A estrela. Tudo bonito. Tudo. Enamora-se. Bem que queria um desses. O carneirinho. Só o carneirinho. O Menino Jesus, esse não. Tem de ficar no presépio. Presépio sem Menino Jesus não é presépio. O carneirinho, esse sim. Há outros no presépio.

Não tivera Natal em casa. Nunca. Não conhece Papai Noel. “Será que Papai Noel me conhece?

Sabe da minha existência?”

Na sua frente, o carneirinho cresce, apequena, atrai. Por que o padre falou que o céu é das crianças?

Não ganhou brinquedo e quer o carneirinho.

Será pecado? O que é pecado? Para que pecado?

Se é verdade que Deus ama a gente, por que ele deixou a cobra dar a maçã para Eva e Eva para Adão para depois todo mundo ter pecado?

Ele quer o carneirinho. Todos já se foram. Ninguém vê. O Cristo, crucificado, parece dormir de cansaço e de dor na cruz, na parede, lá atrás do altar.

Parece não se importar com nada ali na igreja.

Coitadinho de Cristo. Sofreu muito. Mas por que, se ele é Deus? Ou ele é apenas o Filho de Deus? Se é filho não é pai e se Deus é pai não é filho?!

Coitadinho de Cristo! O padre falou que Cristo sofreu para o perdão dos pecados. Não sei não.

Acho que Cristo não sofreu por mim não. Papai Noel não me conhece. Será que Cristo me conhece?

Esfrega as mãos, nervoso. A decisão. Ergue o braço, mas o gesto fica suspenso no ar com a chegada do vigário que vem fechar a igreja. Para disfarçar a intenção, limpa com o dedinho o espelho que forma o lago nas proximidades da gruta de Belém. Por que presépio em forma de gruta? Cristo nasceu não foi num ranchinho, na estrebaria, casa de animais?

— O Sinhore vai fechá a igreja? — pergunta ao padre que fecha a primeira porta.

— Estou fechando — responde o padre, em seu sotaque de estrangeiro, não com aquele carinho com que falou na missa da meia-noite.

— O presepe tá bunito, né? — insiste o menino, tentando coragem para pedir o carneirinho.

— Você acha? — o padre fala indiferente e o menino entende que o vigário não está interessado naquele diálogo, quase monólogo.

— Acho — termina o menino, desconcertado, infeliz. Percebe que de nada adiantará insistir.

Não vai ganhar o presente.

Absorto nos sonhos, fica a olhar o presépio sem nada ver.

“Como eu queria um carneirinho desse!”

E o vigário o acorda para a realidade:

— Vamos embora, dormir?

— Vamo.

Volta-se e ainda dirige um último olhar para o carneirinho do presépio, um ente querido que talvez jamais voltará a ver. O padre fecha a última porta e se vai.

O menino, agora com medo, corre debaixo da madrugada em direção ao aconchego que o espera debaixo da ponte, onde se juntará aos pais e aos cinco irmãos menores. Dormem. Não veem a fome, não sentem nenhum desejo. Enquanto dormem, os sentidos nada reclamam. Ele sonha com o presente de Natal que não ganhou: o carneirinho do presépio.

(José Faria Nunes. “O carneirinho do presépio”. In: Adolfo Mariano da Costa et alii.

O conto brasileiro hoje. São Paulo: RG Editores, 2005. p. 67-8.)

Fonte: Livro- Português: Linguagem, 2/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p.146-147.

Fonte da imagem - https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fbr.pinterest.com%2Fpin%2F413486809540225967%2F&psig=AOvVaw1AZ-Bd5HjhrB-O-li_WuIt&ust=1627864868958000&source=images&cd=vfe&ved=0CAsQjRxqFwoTCICtrLjLjvICFQAAAAAdAAAAABAD

Entendendo o texto

1. O conto pertence ao grupo dos gêneros narrativos ficcionais, que apresentam alguns elementos em comum, como fatos, personagens, tempo, espaço e narrador. No conto “O carneirinho do presépio”:

a) Quais são as personagens envolvidas nessa história?

O menino e o padre.

b) Onde acontecem os fatos narrados?

Em uma igreja.

c) No conto, os fatos são narrados em sequência temporal e mantêm entre si uma relação de causa e efeito. No conto lido, o menino decide pegar o carneirinho do presépio, mas, quando ergue o braço para pegá-lo, o padre entra. O menino, então, disfarça, limpando com o dedo o espelho que forma o lago no presépio. Cite outros fatos da narrativa dispostos em sequência temporal e ligados por uma relação de causa e efeito.

 Entre outros: O menino observa as pessoas que saem e volta-se para o presépio. / Olha as figuras que compõem o presépio, enamora-se e deseja uma das peças.

Escolhe o carneirinho que não faria falta. / O padre o convida para ir embora e ele aceita. Volta-se e olha o carneirinho do presépio pela última vez.

d) Em que época acontecem os fatos narrados? Em que lugar?

No Natal, depois da missa da meia-noite, em uma igreja onde estava montado um presépio.

 

2. No conto em estudo, os fatos narrados são vividos pelo menino e pelo padre.

a) Levante hipóteses: Por que essas personagens não têm nome? Resposta pessoal. Sugestão: O menino representa qualquer garoto pobre que não recebe presente de Natal, e o padre representa qualquer padre, indiferente ao sonho de um menino de ganhar um presente de Natal.

b) As personagens podem ser caracterizadas fisicamente e psicologicamente. Como é o menino? E o padre?

O menino é pequeno, pobre, tem família (pais e cinco irmãos menores), é morador de rua e dorme com a família debaixo da ponte. O padre é estrangeiro, pois tem sotaque.

3. Releia os três primeiros parágrafos do texto e responda: Em que trecho a narrativa começa a criar expectativa no leitor?

No momento em que o menino se enamora do carneirinho e o quer para si.

4. O menino quer o carneirinho do presépio e pensa sobre o que ouviu na missa.

a) Por que ele não quer o Menino Jesus?

Porque ele é único e faria falta no presépio.

b) Que tipo de discurso o narrador emprega para apresentar o pensamento do menino?

O discurso indireto livre.

c) Qual é o momento de maior tensão no texto?

O momento em que, decidido a pegar o carneirinho, o menino ergue o braço e o padre aparece.

5. O conto em estudo narra uma história que pode ser real e vivida por muitas crianças que desejam algo, mas não podem ter. Na sua opinião, o menino do conto teria cometido um crime se furtasse o carneirinho do presépio? Justifique sua resposta.

Resposta pessoal.

POEMA: QUEM AMA INVENTA - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 POEMA: QUEM AMA INVENTA


   Mário Quintana

Quem ama inventa as coisas que ama...

Talvez chegaste quando eu te sonhava.

Então de súbito acendeu-se a chama!

Era a brasa dormida que acordava...

E era um revoo sobre a ruinaria,

No ar atônito bimbalhavam sinos,

Tangidos por uns anjos peregrinos

Cujo dom é fazer ressurreições...

Um ritmo divino? Oh! Simplesmente

O palpitar de nossos corações

Batendo juntos e festivamente,

Ou sozinhos, num ritmo tristonho...

Oh! meu pobre, meu grande amor distante,

Nem sabes tu o bem que faz à gente

Haver sonhado... e ter vivido o sonho!

(A cor do invisível. São Paulo: Global, 2005. p. 58.)

Fonte: Livro- Português: Linguagem, 2/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p.130-1.

Entendendo o poema

1. Observe o tempo, o modo e a pessoa em que estão os verbos, em especial os que aparecem nos versos 2 e 14.

a) A quem se dirige o eu lírico?

Dirige-se à pessoa amada.

b) Em que pessoa verbal o eu lírico trata seu interlocutor?

Na 2ª pessoa do singular (tu)

c) O eu lírico mantém coerência nesse tratamento que dá ao seu interlocutor? Por quê?

Sim, porque ele sempre se dirige ao interlocutor tratando-o na 2ª pessoa do singular (tu); a 3ª pessoa do singular é utilizada quando ele se refere ao tema do qual se ocupa, que é o amor.

 

2. As formas verbais chegaste e sabes estão, respectivamente:

a) no pretérito perfeito do indicativo e no imperativo negativo.

b) no pretérito imperfeito do indicativo e no presente do indicativo.

c) no pretérito perfeito do indicativo e no presente do indicativo.

d) no pretérito mais-que-perfeito do indicativo e no imperativo negativo.

3. Dê uma interpretação para o título do poema.

De tanto querer amar ou de tanto amar o amor, o eu lírico sonhou ou inventou um ser amado e, com ele, viveu um sonho de amor. Assim, embora o ser amado não fosse real, o sonho de amor foi realmente vivido.

MÚSICA(ATIVIDADES): O PULSO - TITÃS - COM GABARITO

 MÚSICA(ATIVIDADES): O PULSO

                   Titãs

 O pulso ainda pulsa

O pulso ainda pulsa...

 

Peste bubônica

Câncer, pneumonia

Raiva, rubéola

Tuberculose e anemia

Rancor, cisticercose

Caxumba, difteria

Encefalite, faringite

Gripe e leucemia...

 

E o pulso ainda pulsa

E o pulso ainda pulsa

 

Hepatite, escarlatina

Estupidez, paralisia

Toxoplasmose, sarampo

Esquizofrenia

Úlcera, trombose

Coqueluche, hipocondria

Sífilis, ciúmes

Asma, cleptomania...

 

E o corpo ainda é pouco

E o corpo ainda é pouco

Assim...

 

Reumatismo, raquitismo

Cistite, disritmia

Hérnia, pediculose

Tétano, hipocrisia

Brucelose, febre tifoide

Arteriosclerose, miopia

Catapora, culpa, cárie

Cãibra, lepra, afasia...

 

O pulso ainda pulsa

E o corpo ainda é pouco

Ainda pulsa

Ainda é pouco

 

Pulso

Pulso

Pulso

Pulso

 

Assim...

 

(Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer, Tony Bellotto. Disponível em: http://letras.terra.com.br/titas/48989/. Acesso em: 17/4/2012.)

Fonte: Livro- Português: Linguagem, 2/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p.32.

Entendendo o texto

1. A letra da canção é construída a partir de um processo chamado enumeração, que consiste numa exposição ou relação metódica de vários elementos.

a) Que classe de palavras predomina nessa enumeração?

Substantivos.

b) Como consequência, o texto é predominantemente nominal ou verbal?

Nominal.

c) Entre os termos a seguir, de significação mais genérica, indique o que pode englobar a maioria das palavras enumeradas na canção.

• problemas

• imprevistos

• doenças

• dificuldades

2. Entre as palavras listadas na canção, há pelo menos cinco que podem ser consideradas “estranhas” à enumeração.

a) Quais são essas palavras?

rancor, estupidez, ciúmes, hipocrisia, culpa

b) Qual termo de significação mais genérica você utilizaria para se referir a essas palavras?

imperfeições, defeitos humanos, sentimentos ruins

c) Há, no texto, uma palavra que pode ser considerada polissêmica, isto é, pode ter mais de um sentido no contexto. Qual é essa palavra e quais são seus sentidos possíveis?

Raiva, que pode ser tanto uma doença quanto um sentimento ruim.

d) Levante hipóteses: Que efeito de sentido é produzido na canção com a enumeração dessas palavras em um único conjunto?

O de que os sentimentos ruins são como doenças, ou seja, fazem tanto mal ao homem quanto as doenças; são nocivos para a saúde humana.

TEXTO VERBAL E NÃO VERBAL - LEITURA DE IMAGENS - COM GABARITO

 Identificar a finalidade do texto pelo reconhecimento do suporte, do gênero e das características gráficas.

1        - Observe as imagens abaixo.  

   
                                                          


a.O que são essas imagens?

Propagandas do Chocolate BATON e das Sandálias HAVAIANAS.

b. Onde elas são encontradas?

Na mídia, ou seja, televisão, revistas, jornais, internet, etc.

c.Qual a finalidade delas?

Persuadir seus interlocutores a comprarem esses produtos.

 

2 - Leia o texto abaixo.



Qual  a finalidade do texto?

a) Ensinar como economizar água.

b) Ensinar como fazer um catavento.

c) Ensinar como armazenar água.

d) Ensinar como vender um catavento.

 

3 - Renata recebeu um bilhete. Leia com atenção.



Que tipo de bilhete é este?

a) Amor.

b) Tristeza.

c) Raiva.

d) Dor.

4 - Observe e leia com atenção.



A propaganda é para vender

a) um cofre de porquinho.

b) uma lâmpada azul.

c) um abajur .

d) uma lâmpada econômica.

  

5 - Pedro e sua família estão em um  restaurante.



Para escolher o que vão comer eles pedem:


a) o cardápio.
b) a receita.
c) o jornal.
d) a revista. 

 

 

POEMA: PERDE E GANHA - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

 POEMA: Perde e ganha

             Ferreira Gullar


Vida tenho uma só

que se gasta com a sola do meu sapato

a cada passo pelas ruas

e não dá meia-sola.

 

Perdi-a já

em parte

num pôquer solitário,

mas ganhei de novo

para um jogo comum.

 

E neste jogo a jogo

inteira, a cada lance,

que a vida ou se perde ou se ganha com os demais

e assim se vive

que o mais é pura perda.

 

(Toda poesia. 18. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009. p. 172.)

Fonte: Livro- Português: Linguagem, 3/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p. 74/75.


Entendendo o poema

 

1. Na primeira estrofe do poema há um período composto por subordinação. Observe:

“Vida tenho uma só que se gasta com a sola do meu sapato”

A oração que se gasta com a sola do meu sapato está subordinada à oração anterior por meio do conectivo que, um pronome relativo.

a)   Que palavras, expressas anteriormente, esse conectivo retoma e substitui?

Uma vida.

b)   Substitua o pronome relativo que pelas palavras que são retomadas por ele. Que função sintática essas palavras desempenham na oração que se gasta com a sola do meu sapato?

A função de sujeito.

2. O período composto analisado na questão anterior também poderia ter sido construído assim:

Tenho só uma vida, gasta com a sola do meu sapato.

a)   Nesse período, qual é a classe gramatical da palavra gasta?

Classe dos adjetivos.

b)   Que função sintática a palavra gasta desempenha?

A de predicativo do objeto.

3. No poema “Perde e ganha”, o eu lírico reflete sobre a vida e compara-a a um jogo.

a) Que expressões do campo semântico de jogo são utilizadas para construir essa comparação?

 “Perde e ganha”; “Perdia-a já / em parte / num pôquer”; “mas ganhei de novo /para um jogo comum”; “E neste jogo a jogo”

 b)Nesse jogo, o eu lírico prefere o jogo solitário ou o jogo coletivo? Por quê?

O jogo coletivo (“jogo comum”), pois no “pôquer solitário” acabou por perder parte de sua vida.

 

TEXTO CIENTÍFICO: ENFRENTANDO A TEMPESTADE - ERIC R. OLSON - COM GABARITO

 Texto: Enfrentando a tempestade

Como pernilongos sobrevivem a colisões com gotas de chuva

 por Eric R. Olson

Imagine por um momento que você tem asas, assim como um inseto. Um dia, enquanto voa por aí, começa a ouvir os ruídos distantes de uma tempestade e, de repente, é atacado do alto: gotas gigantes

de água caem sobre você, algumas pesando tanto quanto um ônibus escolar. Você se contorce tentando escapar da investida, mas um desses orbes aquosos acerta bem no meio das suas asas e você vai em direção ao chão.

Para os pernilongos, esse cenário não é incomum. Quando uma tempestade aparece, eles precisam lutar contra gotas de chuva que têm quase seu próprio tamanho e uma massa 50 vezes maior que sua massa média (o equivalente à diferença entre um humano e um ônibus escolar).

Como os insetos enfrentam essas gotas da perdição é assunto de um estudo da edição dessa semana da Proceedings of the National Academy of Sciences. David Hu, professor de engenharia mecânica e biologia do Instituto de Tecnologia da Georgia, e sua equipe criaram métodos bastante heterodoxos para determinar como os pernilongos

sobrevivem a essas colisões. Usando uma câmera de alta velocidade, a equipe de Hu bombardeou pernilongos Anopheles com gotas d’água e registrou o resultado a quatro mil quadros por segundo (uma câmera comum registra apenas 24 quadros por segundo).

Eles descobriram que pernilongos são muito bons em lidar com gotas de chuva, mesmo quando recebem um golpe direto entre as asas. Por serem muito leves se comparados à gota de chuva, em vez de espalhar-se sobre o pernilongo a água o empurra para baixo. Como a velocidade da gota não muda muito, pouca força é transferida para

o animal. Compare isso com uma gota atingindo um inseto maior, como uma libélula; a gota se espalharia em suas costas, e a força resultante seria transferida para seu corpo. Além disso, o pernilongo

tem pelos hidrofóbicos no corpo e pernas dispersas, que produzem arrasto. Isso permite que o inseto fuja da gota antes de se deparar com um úmido fim.

No entanto, a equipe de Hu descobriu também que os pernilongos não estão completamente a salvo das forças produzidas durante a colisão com a gota de chuva. Quando entra em contato com o pernilongo, a gota o acelera rapidamente para baixo para equipará-lo a sua velocidade final, de nove metros por segundo. Isso acontece

em uma distância de apenas 10 mm, o que coloca enorme pressão sobre o corpo do inseto, equivalente a até 300 gravidades (2 942 m/s²). Em comparação, um piloto de jato de combate acelerando para fora de um loop experimenta apenas nove gravidades (88 m/s²).

Essa aceleração rápida produz o maior risco para os pernilongos: voar perto do solo. Quando atingidos por uma gota, eles aceleram emdireção ao chão com grande força e sem tempo suficiente para escapar. É aí que a aplicação prática da pesquisa de Hu entra em jogo: nos últimos anos, vimos a invenção de muitas aeronaves militares excessivamente pequenas, conhecidas como Micro Veículos Aéreos (MAVs, na sigla em inglês). Se esses veículos se tornarem pequenos como pernilongos, estarão sujeitos aos mesmos perigos que insetos voadores, incluindo tempestades.

 O vídeo feito por Hu pode ser visto em http://migre.me/9nGba.

Eric R. Olson é o editor e produtor residente de vídeos de Scientifi c American.

(Disponível em: http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/enfrentando_a_tempestade.html. Acesso em: 22/9/2015.)

Fonte: Livro- Português: Linguagem, 3/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p.59-61.

 

 Entendendo o texto

 1. A revista em que foi publicado o texto lido é especializada em assuntos de caráter científico.

Tem como objetivo, segundo ela própria, acompanhar o progresso da ciência e da tecnologia, divulgando pesquisas, invenções e tendências de desenvolvimento.

a)   Qual é o assunto principal do texto?

Um estudo a respeito de como pernilongos sobrevivem ao choque que sofrem ao serem atingidos por gotas de chuva.

 b)   Na sua opinião, o tratamento dado ao assunto é muito específico — portanto voltado exclusivamente para leitores cientistas —, ou é simples, tendo a finalidade de informar os leitores em geral? Justifique sua resposta.

É simples, pois tem em vista informar um público amplo e heterogêneo; assim, apresenta uma linguagem que não exige conhecimentos profundos de física.

 c) Qual é a principal finalidade do texto: expor um conteúdo científico de forma clara e objetiva ou persuadir o leitor, levando-o a adotar o ponto de vista do autor?

Expor um conteúdo de natureza científica de forma clara e objetiva.

2. Pelo fato de lidarem com assuntos ligados a áreas científicas do conhecimento, os textos de divulgação científica frequentemente fazem uso de uma linguagem em que há vocabulário e conceitos científicos. No entanto, observa-se neles o empenho dos autores em tornar acessíveis ao grande público os vocábulos e conceitos específicos do campo das ciências.

a) Releia o primeiro parágrafo do texto. Qual é a estratégia utilizada pelo autor para tornar o assunto acessível aos leitores leigos, isto é, que não têm conhecimentos específicos de física?

A sugestão de que o leitor se imagine um inseto sendo atingido por gotas de uma tempestade e a descrição do que lhe aconteceria nessa situação.

 b)No segundo parágrafo, o autor descreve como uma batalha o que ocorre com os pernilongos ao serem atingidos por gotas de chuva, metáfora que é retomada nos outros parágrafos. Identifique no texto palavras e expressões que comprovam o uso dessa estratégia.

“lutar contra gotas de chuva”; “gotas da perdição”; “bombardeou”; “golpe direto”; “úmido fim”; “quando atingidos”; “sem tempo suficiente para escapar”

 c) No último parágrafo, o autor se refere à utilidade dos estudos de David Hu. Em que a pesquisa pode ser útil?

 Na construção de microaeronaves, pois elas podem vir a ser tão pequenas que passariam a ficar sujeitas a problemas semelhantes aos enfrentados por pernilongos em meio a tempestades.

                                                            Pernilongo Anopheles esmagado por uma gota de ‡gua.

3. Observe a imagem acima e leia a legenda que acompanham o texto lido.

a) A imagem retrata algo corriqueiro ou inusitado? Justifique sua resposta com base nos elementos da imagem.

Retrata algo inusitado. A olho nu é impossível enxergar o que a imagem mostra: a desproporção entre o tamanho do pernilongo e o da gota de água que o atinge.

b)Deduza: Que papel desempenha a imagem que acompanha o texto?

O de despertar no leitor o interesse pela leitura do texto.

c)Na legenda “Pernilongo Anopheles esmagado por uma gota de água”, que acompanha a imagem, a escolha do verbo esmagar e sua associação com gota de água, apresentada como agente da ação, contribuem para chamar a atenção do leitor? Justifique sua resposta.

Sim, pois o verbo esmagar cria no leitor a expectativa de um agente de grande dimensão, pesado. A menção à gota de água como agente constitui, assim, uma surpresa, deixando o leitor intrigado e interessado em ler o texto.

4. A estrutura de um texto de divulgação científica não é rígida, pois depende do assunto e de outros fatores da situação, como: quem produz o texto, para quem, com que finalidade.

Apesar disso, normalmente o autor apresenta uma ideia principal ou tese, um conceito ou um ponto de vista sobre um conceito, e procura fundamentá-los com “provas” ou evidências, isto é, exemplos, comparações, resultados de experiências, dados estatísticos, relações de causa e efeito, etc. No texto “Enfrentando a tempestade”:

a)   O que o texto pretende explicar ao leitor?

Pretende explicar de que modo o pernilongo sobrevive às colisões com gotas de água numa tempestade.

 b)   O autor se propõe a defender alguma tese?

Não.

 c) Quais fatos o autor menciona para fundamentar suas explicações?

Dados gerais da pesquisa de David Hu, tais como pesquisadores envolvidos, instituição e área responsáveis, experimentos realizados, resultado das observações, etc., e conceitos da área da física, como força, velocidade, aceleração, gravidade.

5. Observe a linguagem empregada no texto.

a) Que tempo e modo verbais predominam quando o autor relata o estudo realizado pelos pesquisadores?

O pretérito perfeito e o modo indicativo.

b)E quando o autor comenta os resultados da pesquisa?

O presente e o modo indicativo.

c)Qual variedade linguística foi empregada?

Uma variedade de acordo com a norma-padrão.

d)A linguagem revela preocupação com a expressividade e a emotividade, ou é clara, objetiva e tende à impessoalidade?

É clara, objetiva e tende à impessoalidade.

e) Considerando-se o assunto e o veículo em que o texto foi publicado, pode-se afirmar que esse nível de linguagem é adequado à situação de comunicação? Por quê?

Sim, porque o texto é voltado para leitores interessados em assuntos científicos, que têm certa familiaridade com termos dessa área e dominam a norma-padrão.