quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

TEXTO: O ALMOÇO - ADAPTADO DE: LYGIA BOJUNGA NUNES (A BOLSA AMARELA) - COM GABARITO

 Texto: O Almoço

      Trouxeram a travessa de bacalhoada e botaram bem na minha frente. A bacalhoada soltava mais fumaça que qualquer chaminé, e a fumaceira passava rentinho do meu nariz.

        Encheram o meu prato. Tomei coragem e falei:

        - Tia Brunilda, a senhora vai me desculpar, mas se tem comida que eu não topo é bacalhau.

      - Bobagem da Raquel, ela gosta sim – o meu pai falou.

      Olhei pra minha mãe e ela fez cara de quem diz: “não cria caso, sim, Raquel?” Vi que ia dar alteração. Então mandei recado pro estômago aguentar firme, e comecei a mastigar devagar. Foi aí que o Alberto se abaixou pra apanhar o guardanapo e gritou:

           - Ih pessoal, vocês já viram o tamanho da bolsa da Raquel? O que é que você carrega aí dentro, hem, Raquel?

           - Nada. Não carrego nada, viu? – respondi já meio afobada. Aí o Alberto falou:

           - Vou espiar essa bolsa, pra ver o que é que ela tem. – Mas disse aquilo cantando. Com a música de “Vou passear na floresta, enquanto seu lobo não vem”.

           Meu coração disparou. Tudo que o Alberto dizia que ia fazer, fazia mesmo.

           - Vou espiar essa bolsa, pra ver o que é que ela tem. – Se levantou da mesa e veio vindo pra perto de mim. Estendia as mãos assim que nem garra de monstrinho, e fazia cada careta horrível.

            O pessoal desatou a rir: Principalmente a tia Brunilda. Ria de chorar. Me levantei, e botei a bolsa atrás de mim. Aí o Alberto começou a me fazer cócega pra ver se eu saía da frente da bolsa. Pra quê! Fiquei na maior chateação:

           - Tia Brunilda, diz pro Alberto parar com isso, sim?

           Ela ria.

           - Vou espiar essa bolsa, pra ver o que é que ela tem. – E toca a fazer cócega.

           Fui pra perto da tia Brunilda:

          - A senhora acha engraçado tudo o que o Alberto faz, não é? Ele pode fazer maior besteira do mundo que a senhora acha graça.

          Minha irmã fechou a cara:

          - Não fala assim com a tia Brunilda.

          - Ela não tá ligando a mínima o que o Alberto faz comigo, por que é que eu vou ligar pra ela?

          - Raquel?

          - Porque vocês tão sempre ligando, é?

          - Não precisa dizer mais nada, Raquel.

          - Vou espiar essa bolsa...

          - Porque vocês tão sempre paparicando ela, é?

          - Raquel, eu disse chega.

          - ...pra ver o que é que ela tem.

          - Porque ela é rica, é?

          - Eu disse chega!

          - Vou espiar essa bolsa...

          - Porque ela tá sempre dando presente, é?

          - Chega!!!

                                                    Adaptado de: Lygia Bojunga Nunes. A bolsa amarela. Rio de Janeiro: Agir, 1979.

Fonte: Livro: Português – 5ª série – Palavra Aberta- Isabel Cabral – Atual Editora – p. 66-68.

Entendendo o texto

      1.   Várias personagens participam do almoço na casa da tia Brunilda.

a)   Quais são as personagens dessa história?

Raquel, Alberto, tia Brunilda, os pais e a irmã de Raquel.

 b)   Quem é a personagem mais importante da história?

Raquel.

2.   O narrador também é personagem?

             Sim. Raquel narra a história.

           3.   Raquel não gostava de bacalhoada.

   a)   Ela conseguiu deixar de comer dessa comida? Por quê?

Não. Sua mãe a repreendeu, dando a entender que haveria problemas sérios se ela não comesse.

 b)   O que você acha de alguém ser obrigado pelos mais velhos a comer o que não gosta?

Resposta pessoal.

4.   Alberto cismou em pegar a bolsa de Raquel para ver o que tinha dentro.

    a)   Como Raquel se sentiu?

Ficou desesperada, seu coração disparou.

 b)   Como você se sentiria se alguém quisesse pegar algo seu, à força, para expor a todo o mundo?

Resposta pessoal.

 c)   Das ações da personagem Alberto, podemos concluir algumas de suas características. Que características são essas?

Desrespeitoso, cruel, provocativo, invasivo.

5.   “O pessoal desatou a rir. Principalmente a tia Brunilda. Ria de chorar.”

   a)   O que você acha da atitude que os adultos tiveram diante do que acontecia com Raquel?

Resposta pessoal.

 b)   Na sua opinião, por que ninguém fez nada para proteger a menina?

Resposta pessoal.

 6.   Sem nenhum apoio, Raquel começa a falar “coisas indesejáveis” para sua família.

    a)   O que ela disse que é “indesejável”? Escreva com suas próprias palavras.

Ela acusou a família de “paparicar” a tia Brunilda porque era rica e dava presentes.

b)   Como a família reagiu ao que Raquel disse?

Impediram-na de continuar a falar.

7.   O “clima” do almoço na casa da tia Brunilda estava calmo ou tenso?

             Tenso.

            8.   O texto termina com alguém gritando “-Chega!!!” para Raquel.

            O que você acha que aconteceu depois disso? Escreva um ou dois parágrafos, finalizando a história.

            Resposta pessoal.

 

 

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

TEXTO: O PRINCIPEZINHO E A RAPOSA - ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY - COM GABARITO

 TEXTO: “O PRINCIPEZINHO E A RAPOSA”


E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia – disse a raposa.
- Bom dia – respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui disse a voz – debaixo da macieira...
- Quem és tu? Perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa – disse a raposa.
- Vem brincar comigo – propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo – disse a raposa – não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa – disse o principezinho. Após uma reflexão, acrescentou.
- Que quer dizer “cativar”?
- Tu não és daqui – disse a raposa. – Que procuras?
- Procuro os homens – disse a raposa têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas
também.  É a única coisa interessante que eles fazem. Tu procuras galinhas?
- Não – disse o principezinho – Eu procuro amigos. Que quer dizer “cativar”?
- É uma coisa muito esquecida – disse a raposa. – Significa “criar laços...”
- Criar laços?
- Exatamente – disse a raposa – Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente
igual  a cem  mil  outros  garotos.  E  eu não  tenho  necessidade  de ti.  E tu não tens também
necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas,
se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu
serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender – disse o principezinho – Existe uma flor..., eu creio que ela me
cativou...
- E possível – disse a raposa – Vê se tanta coisa na Terra...


(O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry. São Paulo: Círculo do Livro, 1992)

Fonte: Livro: Português - 5ª série - Palavra Aberta - Isabel Cabral - Atual Editora - p.108-110.


INTERPRETAÇÃO DE TEXTO


1. No início da conversa, o principezinho convida a raposa para brincarem juntos.
a) Como está se sentindo o principezinho?

     Está triste.
b) Por que a raposa recusa o convite do principezinho?

     Porque ainda não foi cativada; não há nada de especial entre os dois.


2) “- Os homens – disse a raposa – têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que eles fazem.”

a) Por que é incômodo para a raposa que os homens tenham fuzis e cacem?

     Porque homens caçam raposas.
b) Por que, para a raposa, é interessante que os homens criem galinhas?

    Porque raposas comem galinhas.


3) Que quer dizer “cativar”?
- É uma coisa muito esquecida – disse a raposa – Significa “criar laços..”
a) O que significa “criar laços”?

     Fazer amizade, estabelecer uma relação.


b) O que a raposa quis dizer com “É uma coisa muito esquecida”?

     Quis dizer que as pessoas não têm o hábito de fazer amigos de verdade.


c) Você concorda com a raposa? Por quê?

     Resposta pessoal.

4) De acordo com a raposa, quando as pessoas se tornam amigas, elas passam a ter necessidade uma da outra?

    Sim.

CRÔNICA: A MENININHA E O GERENTE - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 CRÔNICA: A MENININHA E O GERENTE

                        Carlos Drummond de Andrade


- Não, paizinho, não! Quero ir com você!

- Mas, meu bem, não posso levar você lá. O lugar não é próprio. Não vou demorar nada, só dez minutos. Seja boazinha, fique me esperando aqui.

- Não, não! – a garotinha soluçava. Agarrou-se à calça do pai como quem se agarra a uma prancha no mar. Ele insistia:

- Que bobagem, uma menina da sua idade fazendo um papelão desses!

- Você não volta!

- Volto, ora essa, juro que volto, meu amor.

Prometendo, ele passava o olhar pela rua, impaciente. Ela baixara a cabeça, chorando. Estavam diante da papelaria. O gerente assistia à cena. O homem aproximou-se dele:

- Faz-me o obséquio de tomar conta de minha filha por alguns instantes? Vou a um lugar desagradável e não posso levá-la comigo.

- Mas...

- Quinze minutos no máximo. É ali adiante. Muito obrigado, hein?

E sumiu. A garotinha continuava de olhos baixos, imóvel, dorso da mão esquerda junto à boca. O gerente passou-lhe a mão nos cabelos, de leve.

- Vem cá.

Ela não se mexeu.

- Como é que você se chama? Carmem? Luíza? Marlene?

Como não respondesse, o gerente foi desfiando nomes, sem esperança de acertar. Mas ao dizer “Estela”, a cabecinha moveu-se, confirmando.

- Estela, você sabe que está com um vestido muito bonito?

 

Estela tirou a mão dos olhos, examinou o próprio vestido e não disse nada.

Mas o gelo fora rompido. Daí a pouco o gerente mostrava-lhe a caixa registradora e autorizava-a a marcar uma venda de 200 cruzeiros.

- Olha um gatinho. Ele mora aqui?

- Mora.

- E que nome tem?

- Papel.

- Mentiroso!

- Então pergunte a ele.

O gato acordou, deixou-se afagar e tornou a dormir, desta vez nos braços de Estela.

O gerente olhou o relógio; tinham se passado quinze minutos, o homem não aparecia. “Bonito se ele não vier mais. O que eu vou fazer com esta garotinha, na hora de fechar?”

Tentou lembrar o rosto do desconhecido, impossível. Já pensava em telefonar para a polícia, quando Estela o puxou pela perna:

- Além da máquina e do gatinho, você não tem mais nada para me mostrar?

Ele abarcou com a vista a loja toda e achou-a mal sortida, pobre. “Eu devia ter aberto uma loja de brinquedos, pelo menos um bazar.” Experimentou com Estela o apontador de lápis, o grampeador. E o homem não vinha. “É, não vem mais.” Estela andava de um lado para o outro, dona do negócio. Ele, inquieto.

- Não mexa nas gavetas, filhinha.

- Não sou sua filhinha.

- Desculpe.

- Desculpo se você deixar eu abrir.

- Então deixo.

 

Dentro havia balões, estrelinhas, saldo do último Natal. E ele que não se lembrava daquilo. Estela riu de sua ignorância, e o homem não vinha. O movimento de fregueses declinava. Na calçada, as filas de lotação iam crescendo. Daí a pouco, a noite.

Estela soprou um balão, outro, quis soprar dois ao mesmo tempo. Um estourou. Ela assustou-se. Ele riu.

“Se o homem não aparecesse mais, que bom! Aliás, a cara dele era de calhorda. Ainda bem que me escolheu.” Levaria Estela para casa. A mulher ia estranhar, fariam dela uma filha – a filha que praticamente não tinham mais, pois casara e morava longe, no Peru. E se o pai reclamasse depois? Ora, quem entrega a filha a um estranho, diz que vai demorar quinze minutos, passa uma hora e não volta, merece ter uma filha?

O empregado arriava a cortina de aço quando apareceram duas pernas, um tronco inclinado, uma cabeça.

- Dá licença? Demorei mais do que pensava, desculpe. Muito obrigado ao senhor. Vamos, filhinha?

O gerente virou o rosto, para não ver, mas chegou até ele a despedida de Estela:

- Até logo, homem do balão!

E a filha mais longe ainda, no Peru.

 

(DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. Para gostar de ler, v.3. São Paulo. Ática, 1979.)

Fonte: Livro: Português  5ª Série – Palavra Aberta – Isabel Cabral. Atual Editora,1995, p.187-190.

Fonte da imagem:https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fbr.pinterest.com%2Fpin%2F775745104543302184%2F&psig=AOvVaw2VUZuqgakwrbuu62cxNiLA&ust=1610653952733000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCLjqldjXme4CFQAAAAAdAAAAABAD

Entendendo o texto

1.   Podemos dividir o texto em cinco partes. Leia a frase que resume os acontecimentos de cada parte e diga onde começa e onde termina cada uma.

1ª parte: O pai não pode levar a filha aonde vai.

Do início até “meu amor”.

         2ª parte: O pai deixa a filha com o gerente.

         De “Prometendo” até “sumiu”.

         3ª parte: O gerente tenta aproximar-se da menina.

        De “A garotinha” até “disse nada”.

       4ª parte: A menina e o gerente tornam-se bons companheiros.

        De “Mas o gelo” até “ter filha”.

       5ª parte: O pai retorna.

       De “O empregado” até o final.

2.   Quais são as personagens dessa história?

A menina, o gerente e o pai da menina.

3.   Dê as características da personagem gerente. Baseie-se em suas ações e em pensamentos mostrados pelo texto.

Honesto, sonhador, etc.

4.   Onde aconteceu a história?

Numa papelaria.

5.   Vamos observar o tempo da história.

a)   Essa história acontece nos dias de hoje ou em um passado mais distante? Por quê?

Nos dias de hoje. Existe a presença de elementos como “grampeador”, por exemplo.

b)   Quanto tempo, aproximadamente, a menina fica com o gerente? Algumas horas? Um dia? Vários dias?

Cerca de uma hora.

6.   O narrador da história também é personagem?

                 Não.

7.   O gerente “abarcou com a vista a loja toda e sentiu-a mal sortida, pobre”.

a)   A loja realmente era pobre ou o gerente considerou-a pobre por causa da menina?

Considerou pobre por causa da menina. Não havia artigos que pudessem interessar a uma criança.

b)   Com que coisas da loja Estela se distraiu?

Com o gato, o apontador, o grampeador, os balões e as estrelinhas.

c)   O gerente queria agradar Estela?

Sim.

8.   Um determinado fato preocupou o gerente.

a)   Que fato o preocupa?

O pai da menina começa a demorar.

b)   Podemos afirmar que, à medida que o tempo passa, a preocupação do gerente se transforma em desejo? Que desejo?

Sim. Ele começa a desejar que o pai da menina não volte para poder “adotá-la”.

9.   Quando o pai de Estela chegou para leva-la embora, o gerente ficou contente? Como ele se sentiu? Retire um trecho do texto que comprove a sua resposta.

             Não. Ele ficou triste, meio frustrado. “O gerente virou o rosto, para não ver [...]”.

domingo, 10 de janeiro de 2021

SONETO: SUAVE MARI MAGNO - MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO

 SONETO: Suave Mari Magno

                     Machado de Assis

Lembra-me que, em certo dia,

Na rua, ao sol do verão,

Envenenado morria

Um pobre cão.

 

Arfava, espumava e ria,

De um riso espúrio e bufão,

Ventre e pernas sacudia

Na convulsão.

 

Nenhum, nenhum curioso

Passava, sem se deter,

Silencioso,

 

Junto ao cão que ia morrer,

Como se lhe desse gozo,

Ver padecer.

 Fonte da imagem: https://www.google.com/url?sa=i&url=http%3A%2F%2Fwww.literatura-brasileira.com%2F2015%2F09%2Fsuave-mari-magno.html&psig=AOvVaw1MmuBxafTIeDg336JOFgJQ&ust=1610367351832000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCKDw1YSske4CFQAAAAAdAAAAABAD

Glossário:

Espúrio: não genuíno, ilegítimo, ilegal, falsificado.

 

Entendendo o poema

 1.   Que paradoxo o poema aponta nas reações do cão envenenado?

Ao mesmo tempo em que ‘arfava’, ‘espumava’ e ‘sacudia o ventre e as pernas’ – reações esperadas no caso de um animal em convulsão causada pelo veneno -, o cão, surpreendentemente, ‘ria’ ‘um riso espúrio e bufão’.

2.   Por que se pode afirmar que os passantes, diante dele, também agem de forma paradoxal?

Pode-se afirmar que os passantes também agem de forma paradoxal porque seria de se esperar deles algum compadecimento diante do animal. No entanto, o que se nota é que ‘todo’ passante detinha-se, em silêncio, com quem experimenta um prazer ao observar o padecimento do animal que ia morrer.

 3.   Em vista dessas reações paradoxais, justifique o título do poema.

O título do poema indica o sentimento de prazer dos passantes que se comportam como se estivessem imunes ao sofrimento de que padece o cão, muito embora ninguém esteja livre da dor e da morte.

Por isso, o riso espúrio e bufão do animal agonizante parece assinalar a ironia diante dessa pretensa isenção por parte daqueles que o observam com perversa curiosidade.

4.   A maioria das palavras empregadas é de substantivos concretos? Isso determina que o texto é figurativo ou abstrato?

O texto é figurativo, pois faz uso de vários substantivos concretos. É um texto que representa o mundo.

5.   Há presença de paradoxos no texto de Machado de Assis?

Utiliza-se da figura de um cão para analisar as ações humanas e seus acontecimentos. São vários os substantivos concretos que denotam as reações paradoxais do cão: dia, rua, sol de verão, cão, riso, ventre, pernas, convulsão. Tais elementos determinam o paradoxo que consiste na coexistência da dor com o riso no momento da morte.

6.   Qual a reação dos curiosos que passavam por ali?

Concomitantemente, os curiosos que por ali passavam também agiam de forma paradoxal, pois se detinham junto ao cão, silenciosamente, em atitude contemplativa que sugere muita atenção. O paradoxo, nesse caso, consiste no prazer diante da dor alheia.

7.   O que se pode concluir da análise do poema?

O eu lírico faz uso de vários substantivos concretos para criar uma atmosfera abstrata que traduz uma alegoria em que a dor de um cão moribundo desperta prazer nos passantes. A dor alheia causa prazer porque quem a contempla não a está sentindo.

 

 

sábado, 9 de janeiro de 2021

POEMA: IGNIÇÃO - ANTÔNIO OSÓRIO - COM GABARITO

 POEMA: Ignição

                           Antônio Osório

Meus versos, desejo-vos na rua,
nas padiolas, pelo chão, encardidos
como quem ganha com eles a vida,
e o papel vá escurecendo ao sol,
a chuva o manche, a capa
ganhe dedadas, a companhia
aderente de um insecto,
as palavras se humildem mais
e chegue a sua vez de comoverem alguém
que compre, um faminto ajudando.

Meus versos, desejo-vos nas bibliotecas
itinerantes, gostaríeis de viajar
por aldeias, praias, escolas primárias,
despertar o rápido olhar das crianças,
estar nas suas mãos
completamente indefeso
e, sobretudo, que não vos compreendam.
Oxalá escrevam, risquem, atirem no recreio
umas às outras como pélas os livros
e sonhem, se possível, com algum verso
que súbito se esgueire pela sua alma.

António Osório, in 'Décima Autora'

https://www.citador.pt/poemas/ignicao-antonio-osorio

 Entendendo o poema

1)   A quem o eu lírico se dirige no início de cada estrofe?

O uso da segunda pessoa do plural (desejo-vos) indica que o eu lírico dirige-se inicialmente aos seus próprios versos por meio do vocativo.

2)   No início da segunda estrofe, que reações contraditórias ele espera das crianças?

A partir do início da segunda estrofe, o eu lírico manifesta desejo de que as crianças sejam leitores de seus versos, que tenham curiosidade por eles e, contraditoriamente, que tais versos não sejam por elas compreendidos.

3)   Ao final da segunda estrofe, que desejo ele manifesta a respeito do futuro da poesia?

No final da segunda estrofe o eu lírico expressa seu desejo de despertar nas crianças a inspiração e o gosto pela poesia, para que ela, se possível, deem continuidade à arte de fazer poesias.

4)   Que sugere o título “Ignição”, após a leitura do poema?

Sugere que o eu lírico através dos versos seriam a “ignição” nas almas das crianças, os futuros poetas.

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

TEXTO: AS VÁRIAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO - RUTH ROCHA E OTÁVIO ROTH - COM GABARITO

 Texto: As várias formas de comunicação

             Ruth Rocha e Otávio Roth

      Quando uma abelha quer contar às outras onde ela encontrou uma porção de flores, cheinhas de mel, executa uma espécie de dança, que é a forma que ela usa para se comunicar.

        Os animais, embora não falem, têm formas sofisticadas de comunicação.

        As baleias, por exemplo, emitem um canto prolongado, que atravessa os oceanos.

        Os cães conseguem não só comunicar-se entre si, como até mesmo comunicar-se com seus donos.

        As crianças também se comunicam, antes mesmo de saber falar, por gestos, por ruídos, por expressões.

        O adulto, mesmo sabendo falar, também se comunica por gestos. O gesto de levantar ou abaixar o polegar é compreendido por todos, desde o tempo dos romanos. O aceno de quem vai embora, o sorriso, o abanar da cabeça, para dizer sim ou não, são formas de comunicação que dispensam a palavra, embora variem de significado, de um povo para outro.

        Os surdos-mudos possuem dois tipos de linguagem. Ambas se valem de gestos das mãos.

        Não são apenas os gestos que comunicam sem palavras.

        Até a maneira de uma pessoa se vestir ou se enfeitar pode ser considerada uma forma de comunicação.

        A música é uma outra forma de comunicação. Ela transmite estados de espírito: alegria, tristeza, romantismo ou entusiasmo.

        Quando a música é acompanhada de letra, pode emitir uma mensagem específica, que vai desde as ingênuas canções infantis até os mais exaltados hinos patrióticos.

        O sonho do entendimento universal está ainda longe de se realizar.

        No entanto, a busca de uma linguagem que possa ser compreendida por todos é constante.

        Hoje, em todas as cidades do mundo, encontramos sinais de trânsito, avisos que proíbem o fumo, indicações para toaletes masculinos ou femininos, praticamente iguais.

                    Adaptado de: Ruth Rocha & Otávio Roth. O livro dos gestos e dos símbolos. São Paulo: Melhoramentos, s.d.

                      Fonte: Português – Palavra Aberta – 5ª série – Isabel Cabral – Atual Editora – São Paulo, 1995. p. 21-23.


Entendendo o texto:

01 – Leia, com atenção, as seguintes frases. Reescreva os trechos, substituindo as palavras destacadas por outra de sentidos equivalentes:

a)   Os animais têm formas sofisticadas de comunicação.

Aprimoradas.

b)   Os dois tipos de linguagem dos surdos-mudos se valem de gestos das mãos.

Utilizam.

02 – “Quando a música é acompanhada de letra, pode emitir uma mensagem específica, que vai desde as ingênuas canções infantis até os mais exaltados hinos patrióticos.”

a)   Quando alguém emite uma mensagem, está mandando ou recebendo a mensagem?

Mandando.

b)   O contrário de mensagem específica é mensagem geral. Tente explicar o significado de específica.

Uma mensagem específica é mais determinada.

c)   A palavra exaltado apresenta vários significados. Escolha uma que melhor substitui exaltado no texto.

Vivo, ardente.

d)   Escreva duas frases, usando a palavra exaltado com sentidos diferentes do texto.

Resposta pessoal do aluno.

03 – De acordo com o texto, podemos afirmar que apenas os seres humanos se comunicam? Justifique sua resposta.

      Não. “Os animais, embora não falem, têm formas sofisticadas de comunicação.”

04 – “O gesto de levantar ou abaixar o polegar é compreendido por todos, desde o tempo dos romanos.” Na época dos romanos, há muitos séculos, existiam muitos jogos, em grandes estádios, parecidos com os estádios de futebol de hoje. Só que, em vez de jogarem uma bola, alguns romanos lutavam para todos assistirem. No final da luta, o perdedor dependia do gesto de “levantar ou abaixar o polegar” do imperador. Se o imperador abaixasse o polegar, o perdedor deveria morrer. Se o imperador levantasse o polegar, o perdedor poderia viver. E hoje? Qual é o significado desses dois gestos?

      Positivo e negativo.

05 – “Até a maneira de uma pessoa se vestir ou se enfeitar pode ser considerada uma forma de comunicação.” Que tipo de informação podemos ter a respeito de uma pessoa pela observação de suas roupas?

      O seu jeito de ser, a sua situação sócio econômica, se segue ou não a moda, se é ou não mais tímida, etc.

06 – O texto “As várias formas de comunicação” é um exemplo de comunicação através da linguagem verbal escrita. Em seu caderno, dê exemplos de situações em que a comunicação é feita através da linguagem verbal escrita.

      Resposta pessoal do aluno.

ARTIGO DE OPINIÃO: ASSASSINOS DE RODAS - GILBERTO DIMENSTEIN - COM GABARITO

 Texto: Assassinos de rodas

          GILBERTO DIMENSTEIN

    É como se três vezes por semana caísse um Boeing lotado de passageiros no Brasil.

    Um dossiê montado na Presidência da República a partir de dados do Departamento Nacional de Trânsito, SUS e Polícia Rodoviária revela um massacre nas ruas e estradas.

        Foram 750 mil acidentes no ano passado. Além das 36.503 mortes, 323 mil pessoas saíram feridas – 193 mil delas com alguma lesão permanente.

        A imensa maioria das vítimas tem entre 18 e 34 anos, auge do período produtivo.

        Tabulado pelo Gerat (Grupo Executivo de Redução de Trânsito), ligado diretamente ao presidente Fernando Henrique Cardoso, é o retrato estatístico da selvageria nacional.

        Aproximadamente 90% dos acidentes são provocados, segundo o dossiê, por falha humana. Detalhe espantoso: 51% ocorrem em estrada reta, com dia claro, envolvendo apenas um carro.

        Entre as principais causas, álcool e drogas. Traduzindo: desleixo.

        "Não temos, na verdade, um problema de trânsito. Mas um problema de cidadania", afirma José Roberto Souza, coordenador do Gerat.

        Segundo ele, o elevado número de acidentes é provocado, em boa parte, porque os criminosos não são devidamente punidos – e também porque não existe um processo de educação sobre civilidade no trânsito.

        Basta comparar: em países mais ricos, com as leis cumpridas com mais rigor, a exemplo dos EUA, a proporção é de duas mortes para cada 10 mil veículos; no Brasil, é cinco vezes maior.

        Esses dados servem de combustível para uma das mais interessantes campanhas sociais lançadas no Brasil – Natal sem morte.

        No período natalino, governo e sociedade civil fariam um esforço conjunto para reduzir todos os tipos de mortes violentas.

        Mensagem: se podemos num dia reconquistar o espaço público, podemos sempre.

        "Nossa estratégia é simples. Vamos, de um lado, educar para que os motoristas sejam mais responsáveis. E, de outro, usar a nova lei, que vai dar status de assassino ao motorista que provocou mortes", garante José Roberto.

        PS – O novo código de trânsito vai ser sancionado em 7 de setembro, Dia Nacional dos Direitos Humanos. Apropriado.

 Folha de São Paulo, 27 ago. 1997.

      Fonte: Português – Linguagem & Participação, 8ª Série – MESQUITA, Roberto Melo / Martos, Cloder Rivas – 2ª edição – 1999 – Ed. Saraiva, p. 182-3.

Entendendo o texto:

01 – Qual é a situação do trânsito em nosso país?

      É péssima. Em 1996, além das 36.503 mortes, 323 mil pessoas saíram feridas – 193 mil delas com lesão permanente.

02 – Qual é a grande causa dos acidentes nas ruas e estradas brasileiras?

      É a falha humana, o desleixo, o descompromisso dos motoristas.

03 – Qual é a consequência da falta de punição para os criminosos do trânsito?

      É o aumento do número de acidentes.

04 – O texto é narrativo ou dissertativo? Por quê?

      O texto é dissertativo porque apresenta o ponto de vista do autor sobre o tema abordado.

05 – Qual é a ideia do texto, para você? Fundamente sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O texto mostra a consequências do descompromisso, da falta de preocupação com o outro, da falta de consciência sobre o que seja ser cidadão. Aponta o individualismo como o principal fator a comprometer o espaço público.

     

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

MÚSICA(ATIVIDADES): ESTRELA - SÉRGIO BRITTO E ARNALDO ANTUNES - COM GABARITO

 MÚSICA(ATIVIDADES): ESTRELA         

                                                       ARNALDO ANTUNES/SÉRGIO BRITTO

 

Estrelas

Para mim

Para mim

Estrelas

São para mim

Estrelas para mim

Estrelas

Estrelas

Para quê?

Para quê?

Estrelas para mim

Só para mim

Para mim

Para mim

Para mim

E a treva entre as estrelas

Só para mim

 

Entendendo a canção

1)   De que se trata a canção?

O eu lírico é alguém que deseja as estrelas.

 

2)   Você já olhou com admiração um céu muito estrelado? Que pensamentos e sentimentos um céu estrelado pode despertar nas pessoas?

Resposta pessoal.

3)   Por que nas grandes cidades é mais difícil contemplar uma noite estrelada?

Porque as luzes e a poluição da cidade dificultam a visão das estrelas.

4)   Em sua opinião, por que as estrelas chamam tanto a atenção dos seres humanos?

Resposta pessoal. Possibilidade: O brilho das estrelas contra um céu escuro dá aos seres humanos uma ideia da imensidão do Universo. A beleza de um céu estrelado encanta as pessoas.