domingo, 25 de outubro de 2020

TEXTO: INTELIGÊNCIA É FUNDAMENTAL - BIA SANTANA - COM GABARITO

Texto: Inteligência é fundamental

          Você abriria mão da sua inteligência para ser mais bonito? Tem gente que sim, numa boa. Vaidade descontrolada, consumismo, culpa da mídia, que expõe padrões estéticos irreais, ou intolerância?  Pense um pouco – e, para isso, beleza não ajuda.

Bia Santanna

        “Apesar de saber que a inteligência é o que conta no final, certamente trocaria um pouco da minha por beleza. Acho que teria menos conflitos, melhoraria minha autoestima. Na balada, por exemplo, não tem jeito: todo mundo procura gente bonita”, assume Alexandre Ribeiro, de 19 anos, que diz estar sempre de regime e preocupado com a pele e o cabelo.

        Do outro lado do front, o estudante Ivan Petrich, de 17 anos, acredita que “de cara, a beleza ajuda muito mais que o fato de ser inteligente”. E completa: “Já consegui várias coisas na vida por ser ‘mais ajeitadinho’, por pior que isso possa soar. Na noite, por exemplo, sempre pego umas meninas mais bonitas e levo a melhor numa disputa com um cara considerado mais feio”.

        Verdade seja dita: a garota que tem a pele malcuidada ou o cara com vários quilinhos a mais despertam menos interesse numa festa, por exemplo. Mas a obsessão da rapaziada com a beleza e a vaidade descontrolada não estão virando loucura? Não é exagero, pra dizer o mínimo, aceitar de bom grado trocar inteligência por beleza, ainda mais sabendo que a beleza estética é limitada pelo tempo e a inteligência não? E se alguém parasse pra conversar com a garota espinhuda ou com o cara gordinho na festa não poderia se surpreender com outro tipo de beleza – aquela que não se põe na mesa?

        Na versão de 2005 do Dossiê Universo Jovem, uma pesquisa da MTV com brasileiros de 15 a 30 anos para detectar tendências e entender comportamentos, 60% dos 2.359 entrevistados acreditam que pessoas bonitas têm mais oportunidade na vida. Mais que isso: cerca de 350 delas abririam mão de 25% do conhecimento acumulado para serem 25% mais bonitos. Numa interpretação livre dos dados, dá pra dizer, entre aspas mesmo, que “eles preferem ser bonitos e burros a inteligentes e feios”.

        A busca por um visual mais descolado, magro e malhado parece ter mais importância do que ser inteligente, acumular conhecimento, se embrenhar em cursos legais e aprender línguas pelo mundo. Numa espécie de Teoria da Evolução às avessas, vivemos num mundo onde, aparentemente, só os bonitos sobrevivem. E a vaidade estética ganha de lavada da vaidade intelectual, como se ninguém mais pensasse em ler um bom livro, fazer uma faculdade legal ou aprender a tocar um instrumento. O negócio é ser bonito, custe o que custar, e ponto. Há dezenas de reality shows mundo afora que, quanto maior a mudança estética dos candidatos, maior o ibope. Mas não há nenhum em que você possa ficar enfurnado numa casa durante um mês, que seja, alimentando a alma com informação, lendo livros incríveis, tendo palestras com filósofos inspiradores, conversando com poetas e escritores escolhidos a dedo e escutando só sonzeira da boa.

        “Infelizmente, beleza abre muitas portas. Pode ver, todo mundo é pressionado por essa ditadura da magreza, está sempre fazendo mil dietas, se acabando na academia. Eu já fiz plástica pra reduzir os seios. Não tinha problema de coluna nem nada, mas achava que assim ia ficar mais bonita”, conta Regiane Ferreira, de 21 anos, que entrou tranquilamente em uma concorrida universidade pública do interior paulista. “Claro que não queria ficar burra, mas acho que, sei lá, se trocasse um pouco da minha inteligência por um pouco de beleza não ia ter que ficar me matando por um monte de coisas, estudando feito louca. Eu ia ser modelo e pronto!”.

        “A beleza pode ser um caminho mais fácil para você mostrar que é também inteligente. Quando se é bonito todo mundo parece mais interessado nas coisas que você tem a dizer”, afirma o estudante de Engenharia Elétrica Lucas Micheletto Sobral, de 22 anos, que emagreceu 20 Kg e viu tudo a sua volta mudar. “O mundo dá muito mais chances e atenção a quem é magro ou bonito. A forma como os outros me tratam mudou junto com o meu corpo. Até quando vou comprar roupa as vendedouras são mais atenciosas do que eram”.

        Afinal, beleza é mesmo fundamental? Sim, pra muita gente é. No Orkut, por exemplo, existem pelo menos 11 comunidades (com quase 3 mil participantes) que defendem esse mundo “mais belo”. Até aí tudo bem. O problema é a busca pelo padrão de beleza se torna o único projeto de vida de uma pessoa. Porque as loucuras, doenças e obsessões que vêm como efeito colateral não costumam ser nada belas.

        Em 2003, depois de ser recusada na última etapa de uma entrevista de emprego porque “meu perfil de beleza não se encaixava no da empresa”, a paulista Viviane Vicente entrou em depressão. Não teve dúvidas: largou a faculdade e se internou num SPA. “Até então meus 80 Kg não incomodavam, mas depois de ouvir que meus cursos, estudos e até os testes da entrevista não bastavam para conseguir a vaga, fiquei neurótica”, conta. Tão neurótica que ganhou mais 70 Kg e se juntou aos mais de 800 mil pacientes por ano que recorrem à cirurgia plástica no Brasil. “Fiz várias cirurgias, redução da mama, reconstrução de umbigo, dez lipos nas costas, lipoescultura e até redução de estômago. Não pensava em mais nada, parei de sair com meus amigos. Só queria ser magra e bonita”. Depois de quase ficar bulímica, ela acredita que são os próprios jovens que se impõem essa neurose de ser bonito. “A menina vê uma outra mais bonita na praia, e ainda o namorado olha para essa outra também, pronto: já quer ser igual. Só pensa nisso”.

        Hoje, com 60 Kg a menos, Viviane retomou os estudos e botou na cabeça a real: o que importa é estar bem consigo mesmo – essa é uma vaidade positiva, que não tem nada a ver com padrões estabelecidos ou com o que os outros pensam sobre você.

Revista MTV, set. 2005.

         Fonte: Língua Portuguesa. Viva Português. 9° ano. Editora Ática. Elizabeth Campos. Paula Marques Cardoso. Silvia Letícia de Andrade. 2ª edição. 2011. P. 159-62.

Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Bulímico: que sofre de bulimia.

·        De bom grado: com satisfação.

·        Dossiê: conjunto de documentos e informações a respeito de uma pessoa, um grupo, uma instituição, etc.

·        Front: campo de batalha.

·        Embrenhar-se: aprofundar-se, estudar com dedicação.

02 – Faça em seu caderno, um quadro colocando as respostas dadas pelos entrevistados, com relação a estas três perguntas:

·        Beleza ou inteligência?

·        Que reocupações tem ou teve para ficar mais bonito(a)?

·        Qual a vantagem de ser bonito(a)?

a)   Alexandre Ribeiro, 19 anos.

Beleza; Está sempre de regime e preocupa-se com a pele e com o cabelo; Quem é bonito tem menos conflitos, melhora a autoestima e se dá bem nas baladas.

b)   Ivan Petrich, 17 anos.

Beleza; O texto não apresenta nenhuma; A beleza facilita as coisas muito mais do que a inteligência.

c)   Regiane Ferreira, 21 anos.

Beleza; Fez plástica para reduzir os seios; Se fosse bonita seria modelo e não precisaria se esforçar por mais nada.

d)   Lucas Micheletto Sobral, 22 anos.

Beleza; Emagreceu 20 Kg; As pessoas ficam mais interessadas no que as pessoas bonitas têm a dizer.

e)   Viviane Vicente.

Beleza; Redução da mama, reconstrução do umbigo, dez lipos nas costas, lipoescultura e redução de estômago; Atende-se ao padrão autoimposto pelos jovens.

03 – Nas situações abordadas pela reportagem, a preocupação dos jovens entrevistados é com a satisfação pessoal ou com a opinião dos outros? Justifique sua resposta.

      Com exceção de Viviane, que aprendeu que o que importa é estar bem consigo mesma, os demais pensam na beleza como forma de conquistar as demais pessoas, seja essa conquista profissional ou afetiva.

04 – De 1 a 5, que grau de importância você atribui a beleza?

1 = nenhuma; 2 = alguma; 3 = moderada; 4 = grande; 5 = excessiva.

      Resposta pessoal do aluno.

05 – Ao longo da reportagem, verificamos que a autora apresenta um contraponto a cada depoimento, a fim de questionar algumas ideias comuns entre os jovens. Indique no caderno os trechos em que ela rebate cada um dos depoimentos transcritos a seguir:

        Depoimento 1: “Claro que não queria ficar burra, mas acho que, sei lá, se trocasse um pouco da minha inteligência por um pouco de beleza não ia ter que ficar me matando por um monte de coisas [...]” (Regiane Ferreira).

a)   Opinião da autora.

“Não é exagero, pra dizer o mínimo, aceitar de bom grado trocar inteligência por beleza, ainda mais sabendo que a beleza estética é limitada pelo tempo e a inteligência não?”.

b)   O que pensa o grupo? É um “bom negócio” trocar inteligência por beleza?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O mais importante é que os alunos relacionem os dados e formem uma opinião sobre o assunto, ainda que limitada a princípio.

        Depoimento 2: “Pode ver, todo mundo é pressionado por essa ditadura da magreza, está sempre fazendo mil dietas, se acabando na academia”. (Regiane Ferreira).

a)   Opinião da autora.

“A busca por um visual mais decolado, magro e malhado parece ter mais importância do que ser inteligente, acumular conhecimento, se embrenhar em cursos legais e aprender línguas pelo mundo.”

b)   O que pensa o grupo? A busca por um visual bonito é mais importante que a busca pelo conhecimento, pelo desenvolvimento da inteligência?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: É possível aliar beleza e conhecimento/inteligência. O problema é quando a beleza passa a tomar todos os espaços da vida da pessoa.

        Depoimento 3: “Fiz várias cirurgias, redução de mama, reconstrução de umbigo, dez lipos nas costas, lipoescultura e até redução de estômago. Não pensava em mais nada, parei de sair com meus amigos. Só queria ser magra e bonita”. (Viviane Vicente).

a)   Opinião da autora.

“O problema é a busca pelo padrão de beleza se tornar o único projeto de vida de uma pessoa. Porque as loucuras, doenças e obsessões que vêm como efeito colateral não costumam ser nada belas.”

b)   O que pensa o grupo? Vale tudo para ser mais bonito?

Resposta pessoal do aluno.

06 – No quarto parágrafo são apresentadas informações que reforçam as constatações dos três parágrafos anteriores. Em que se baseiam as informações do quarto parágrafo?

      Na versão 2005 do Dossiê Universo Jovem, uma pesquisa da MTV feita com brasileiros de 15 a 30 anos.

07 – De acordo com os dados do Dossiê Universo Jovem, mais de 50% dos jovens abriria mão de 25% da inteligência para ser 25% mais bonito?

      Não. Segundo o Dossiê, 350 dos 2.359 entrevistados fariam isso, ou seja, cerca de 15%.

08 – Copie no caderno a(s) alternativa(s) correta(s): A reportagem “Inteligência é fundamental” apresenta os seguintes elementos:

·        As causas da valorização da beleza.

·        Um histórico sobre o assunto.

·        Depoimentos de pessoas que nunca se preocuparam com o padrão de beleza vigente e nunca foram infelizes por isso.

·        Depoimentos de pessoas que jamais trocariam a inteligência pela beleza.

·        Provas de que as consequências da busca desenfreada pelo padrão de beleza não são nada agradáveis.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Nenhuma das alternativas estão corretas.

09 – Com base na sua resposta ao exercício anterior, copie no caderno a afirmativa correta.

a)   O texto trata o tema de forma aprofundada, mostram-se resultados de uma rigorosa pesquisa sobre o assunto, confronto de ideias, depoimentos de especialistas.

b)   O texto trata o tema de forma superficial, restringindo-se a apresentar depoimentos com praticamente o mesmo ponto de vista.

 

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

TEXTO: VEZ E VOZ DO CIDADÃO - ADAPTADO POR MARIA NILCÉIA DE S. TURETA - COM GABARITO

 TEXTO: VEZ E VOZ DO CIDADÃO

         No século passado, houve duas grandes guerras mundiais, a primeira de 1914-1918 e a segunda de 1939-1945, foram, portanto, dez anos de muita crueldade 42 humana que se alastrou pelo mundo, milhões de pessoas foram assassinadas.

          Após mais de setenta anos, ainda continua a luta pela garantia dos Direitos Humanos. Segundo o Professor e Ex-Ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, “(...) em 10 de dezembro de 1948, a Assembleia-Geral das Nações Unidas, reunida em Paris, adotava a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o primeiro documento de âmbito internacional dedicado especificamente aos direitos humanos.”  

         Esse documento abarca as dimensões civil, política, econômica, social e cultural, prevendo direitos e deveres aos cidadãos, independente de sexo, etnia e condição social. Surgiu a partir dos dois Pactos Internacionais de Direitos Civis e Políticos e o de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, assim, na Declaração há a Carta Internacional dos Direitos Humanos que fundamenta as convenções, seminários, estudos, palestras, documentos e ampara legislações que abarcam as questões sobre racismo, o papel da mulher na sociedade, a tortura, os direitos à criança e ao adolescente, entre outros.

         Apesar da Declaração ter início em 1948, somente em 1993, na Conferência de Viena sobre Direitos Humanos foi reafirmada a universalidade dos direitos humanos e consagrada a legitimidade da preocupação internacional, fortalecendo o processo de construção para que todos tenham vez e voz nessa sociedade.

         O Professor Luiz Felipe Lampreia relata que: “O Brasil contribuiu muito para a edificação do sistema internacional de promoção e proteção dos direitos humanos e continua a contribuir para seu contínuo aprimoramento. Cabe lembrar que a Delegação brasileira participou ativa e construtivamente dos trabalhos preparatórios da Declaração Universal de Direitos Humanos, por ocasião da Assembleia-Geral de 1948. Naquela época, nossa Delegação, refletindo o clima da Constituição de 1946 e representando um país que começava a re-exercitar-se, com entusiasmo, na prática democrática, sobressaiu por sua postura liberal, colocando-se entre as que defendiam a criação de mecanismos de proteção internacional dos direitos humanos. Mais recentemente, em 1993, coube ao Brasil ocupar a presidência do Comitê de Redação na Conferência de Viena, função na qual nossa diplomacia foi capaz de influir de maneira decisiva para a superação de impasses que ameaçavam o bom êxito da Conferência.”

          O Brasil é um país em desenvolvimento e, de acordo com alguns especialistas, vivemos a “Terceira Revolução Industrial”, a qual vem transformando a vida dos seres humanos, seja na robótica, na informática, na genética, na 43 telecomunicação entre outros setores. Por outro lado, percebe-se que a maioria das pessoas defendem de forma implícita ou explicitamente interesses próprios esquecendo conceitos simples de sentimentos e competências socioemocionais para viver em sociedade, os quais deveriam estar no topo da revolução e construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

         Em suma, esquecer o cenário atual diante da nossa diversidade cultural, desigualdade social, entre tantos outros obstáculos, é apagar a história de toda uma civilização que tem lutado para construção da equidade e valorização humana.

 Texto adaptado por Maria Nilcéia de S. Tureta

 Disponível em:http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/mre000065.pdf. Acesso em: 01 jul 2020.

Após a leitura - Responda às questões:

1)   Conseguiram constatar as expectativas em relação ao texto? Explique.

 Resposta Pessoal

 2)   Qual o assunto abordado no texto?

A luta pelos Direitos Humanos abarcando as dimensões civil, política, econômica, social e cultural, prevendo direitos e deveres aos cidadãos, independente de sexo, etnia e condição social.

 3)   Alguns trechos durante o texto são apresentados entre aspas. O que isso quer dizer?

 As aspas comprovam a fala do Professor e Ex-Ministro das Relações Exteriores Luiz Felipe Lampreia e nomeia o novo período que vivemos defendido por alguns especialistas.

4)   Consegue fazer uma relação do texto com o atual contexto do Brasil? Escreva o que você pensa.

Resposta pessoal.

 5)   Assinale a(s)  alternativa(s) que apresenta uma opinião.

I-             “O Brasil é um país em desenvolvimento e, de acordo com alguns especialistas, vivemos a “Terceira Revolução Industrial”, a qual vem transformando a vida dos seres humanos, seja na robótica, na informática, na genética, na telecomunicação, entre outros setores.”

II-           “No século passado, houve duas grandes guerras mundiais: a primeira de 1914-1918 e a segunda de 1939-1945. Foram, portanto, dez anos de muita crueldade humana que se alastrou pelo mundo – milhões de pessoas foram assassinadas.”

III-         “Mais recentemente, em 1993, coube ao Brasil ocupar a presidência do Comitê de Redação na Conferência de Viena [...]”.

IV- “[...] segundo o Professor e Ex-Ministro das Relações   Exteriores Luiz Felipe Lampreia ‘[…] em 10 de dezembro de 1948, a Assembleia-Geral das Nações Unidas, reunida em Paris, adotava a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o primeiro documento de âmbito internacional dedicado especificamente aos direitos humanos.’”

HISTÓRIA: O MINOTAURO NO LABIRINTO DE CRETA (CAP. XXI)- MONTEIRO LOBATO - COM GABARITO

 HISTÓRIA: O MINOTAURO NO LABIRINTO DE CRETA

                   Monteiro Lobato

         Foram despertar na Ilha de Creta, onde logo descobriram o labirinto. Era um palácio imenso, com mil corredores dispostos de tal maneira que quem entrasse, nunca mais conseguiria sair – e acabaria devorado pelo monstro. O Minotauro só comia carne humana.

         Diante do labirinto, os três “pica-paus” pararam para refletir.

         — Quem entra, não sai mais e acaba no papo do monstro – disse Pedrinho - Mas nós sabemos o jeito de entrar e sair: é irmos desenrolando um fio de linha. Ah, se eu tivesse trazido um carretel...

         — Pois eu trouxe três! – gritou Emília triunfalmente - E dos grandes, número 50. Desça a mala, Visconde, abra-a.

        A mala foi descida e aberta. Emília tirou os carretéis e deu um a Pedrinho, outro ao Visconde, ficando com o terceiro.

         Entraram no Labirinto e foram desenrolando o primeiro carretel; quando a linha acabou, desenrolaram o segundo; e quando a linha do segundo acabou, começaram a desenrolar o terceiro. Eram corredores e mais corredores, construídos da maneira mais atrapalhada possível de propósito para que quem entrasse, não pudesse sair. Antes do terceiro carretel chegar ao fim, Emília “sentiu” a aproximação de qualquer coisa.

          Percebo uma catinga no ar – disse ela baixinho, farejando – O monstro deve ter seus aposentos por aqui...

         Uns passos mais e pronto: lá estava o Minotauro, numa espécie de trono, a mastigar lentamente qualquer coisa que havia numa grande cesta.

         — Mas como está gordo! – cochichou Emília - Muito mais que aquele célebre cevado que Dona Benta comprou do Elias Turco. Parece que nem pode erguer-se do trono.

         De fato, o monstro estava gordíssimo, quase obeso, com três papadas caídas; o seu corpanzil afundava dentro do tronco. Que teria acontecido?

         Mesmo assim, era perigoso aproximar-se, de modo que novamente, Emília recorreu ao Visconde.  

       — Vá lá, meu bem, chegue-se ao “gordo” e com muito cuidado peça informações sobre a tia Nastácia.

      — E se ele me devorar?

      — Não há perigo. Nem a Esfinge o devorou, quanto mais o Minotauro. Só as vacas devoram os sabugos.

      — Mas ele é um touro, e os touros também comem sabugos.

     — Menos este, que é antropófago. Vá sem medo.

    O Visconde arriou a maletinha e foi. Instantes depois, voltara.

    — E então? - perguntou Pedrinho.

    — Não fala, não responde. Perguntei por tia Nastácia e ele só me olhou com um olho parado, sempre a mastigar umas coisas que tira daquela cesta – “isto” e mostrou o que havia na cesta.

     Emília arrancou-lhe o “isto” da mão. Era um bolinho. Era um bolinho de tia Nastácia. Que alegria! Aquele bolinho era a prova mais absoluta que tia Nastácia estava lá – e viva! Pedrinho comeu o bolinho inteiro e lamentou que o Visconde só tivesse trazido um.

      — Vamos procurá-la com o resto de linha que ainda temos – disse Emília examinando o carretel - Há de dar.

 [...]

LOBATO, Monteiro. O Minotauro. Editora Brasiliense: São Paulo, 1954. p. 206-209.

O texto que você leu foi escrito por Monteiro Lobato, que criou obras consideradas clássicas da literatura infanto-juvenil brasileira. As aventuras do Sítio do Picapau Amarelo foram adaptadas para várias mídias e formatos, como séries para a televisão, histórias em quadrinhos, jogos etc. Conhecer essa obra de forma crítica é muito importante para compreender o universo fantástico e rico criado pelo autor.

 Após a leitura do texto, responda às questões propostas.

1)   O que o uso de aspas em “pica-paus” indica?

O uso das aspas indica uma referência a Pedrinho, Emília e Visconde (eles são os “pica-paus”, personagens do Sítio criado por Lobato).

 2)   No texto, duas palavras estão em negrito: antropófago e cevado. Pesquise o significado delas. Sugere-se orientar os estudantes a pesquisarem o significado das palavras no dicionário (é importante tê-los na sala de aula) físico ou digital.

Antropófago: aquele que se alimenta de carne humana. 9 Cevado: nutrido, saciado.

 3)   O que o comportamento da personagem Emília nos permite inferir sobre ela? E a personagem Visconde? Como o texto apresenta a relação dos dois?

Explicar aos estudantes sobre a inferência de informações no texto, fazendo a correlação entre as personagens apresentadas. Emília é precavida, pois leva os carretéis para marcar o caminho a fim de não se perderem na volta do labirinto. O Visconde demonstra submissão, pois segue todas as ordens de Emília.

 4)   Como o uso dos carretéis iria ajudar as personagens a saírem do labirinto?

O uso dos carretéis ajudaria a encontrar o caminho de volta do labirinto, fazendo as marcações pelo caminho por onde passavam.

5)   Minotauro é um ser considerado antropófago. Isso se confirma no texto lido?

Sim, porque o Minotauro se alimentava de carne humana.

terça-feira, 20 de outubro de 2020

POEMA: À HORA DO ALMOÇO - LUÍS DELFINO DOS SANTOS - COM GABARITO

 Poema: À HORA DO ALMOÇO

            Luís Delfino dos Santos


Pelo sapê furado da palhoça

Milhões de astros agarram-se luzindo;

O pai, há muito, madrugou na roça:

A mãe prepara o almoço. — O sol é lindo.

 

Canta a cigarra; o porco cheira; engrossa

O fumo dos tições; — anda zunindo

À porta um marimbondo; e fazem troça

As crianças com um ramo o perseguindo.

 

Correm, chilram, vozeiam, tropeçando

Num velho pote; — a mãe, zangada, ralha.

A avó lhes lança o olhar inquieto e brando.

 

No chão um galo ajunta o milho e o espalha,

Enquanto a um canto, as penas arrufando,

Põe a galinha num jacá de palha.

SANTOS, L. D. dos. À hora do almoço. Colaboração voluntária. Disponível em: https://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/vo000011.pdf. Acesso em: 07 jun. 2020.

Entendendo o poema:

01 – Releia o texto e circule todas as expressões em que podemos perceber, nitidamente, a conotação.

      São exemplos da linguagem conotativa do texto: astros agarram-se; canta a cigarra; o porco cheira; engrossa o fumo dos tições; anda zunindo; as crianças chilram; um galo ajunta o milho e o espalha.

02 – Leia o texto novamente e circule as palavras cujo significado você não sabe. Depois, pesquise o significado de cada uma no dicionário.

      Resposta pessoal do aluno.

03 – O texto é um poema. Identifique e registre quantas estrofes e quantos versos o poema apresenta.

      Possui 04 estrofes e 14 versos.

04 – Liste as palavras relacionadas ao título do poema “À hora do almoço”.

      As palavras são: porco, galo, milho, penas, galinha. Essas palavras identificam o tipo de alimento consumido no ambiente a que o texto se refere.

05 – Agora, leia o texto do final para o início e descreva as alterações de enredo que você conseguir perceber.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Não se altera a descrição da hora do almoço, pelo fato de o texto ser lido do fim para o início e que esse recurso é exclusivo do gênero poema.

06 – No verso: “O pai, há muito, madrugou na roça”, há uma figura de linguagem que se conceitua por ser uma figura de linguagem usada quando se omite uma palavra que pode ser identificada, que não prejudica a interpretação. Qual o nome desta figura?

      Essa figura se chama elipse.

07 – O verso “Canta a cigarra; o porco cheira; engrossa” apresenta uma figura de linguagem, classificada como figura de pensamento, chamada de prosopopeia. Pesquise sua definição.

      Atribuição de características humanas a seres irracionais ou a coisas.

08 – Encontre, no texto, outra figura de linguagem. Reescreva o verso, cite a figura de linguagem e explique-a.

      O sol é lindo – metáfora – é uma comparação implícita.

 

CONTO: O HOMEM DE CABEÇA DE PAPELÃO - PARTE II - JOÃO DO RIO - COM GABARITO

 Conto: O homem de cabeça de papelão – parte II

                 João do Rio  

        Nessas disposições, Antenor caminhava por uma rua no centro da cidade, quando os seus olhos descobriram a tabuleta de uma "relojoaria e outros maquinismos delicados de precisão". Achou graça e entrou. Um cavalheiro grave veio servi-lo.

        -- Traz algum relógio?

        -- Trago a minha cabeça.

        -- Ah! Desarranjada?

        -- Dizem-no, pelo menos.

        -- Em todo o caso, há tempo?

        -- Desde que nasci.

        -- Talvez imprevisão na montagem das peças. Não lhe posso dizer nada sem observação de trinta dias e a desmontagem geral. As cabeças como os relógios para regularem bem...

        Antenor atalhou:

        -- E o senhor fica com a minha cabeça?

        -- Se a deixar.

        -- Pois aqui a tem. Conserte-a. O diabo é que eu não posso andar sem cabeça...

        -- Claro. Mas, enquanto a arranjo, empresto-lhe uma de papelão.

        -- Regula?

        -- É de papelão! – explicou o honesto negociante. Antenor recebeu o número de sua cabeça, enfiou a de papelão e saiu para a rua.

        Dois meses depois, Antenor tinha uma porção de amigos, jogava o pôquer com o Ministro da Agricultura, ganhava uma pequena fortuna vendendo feijão bichado para os exércitos aliados. A respeitável mãe de Antenor via-o mentir, fazer mal, trapacear e ostentar tudo o que não era. Os parentes, porém, estimavam-no, e os companheiros tinham garbo em recordar o tempo em que Antenor era maluco.

        Antenor não pensava. Antenor agia como os outros. Queria ganhar. Explorava, adulava, falsificava. Maria Antônia tremia de contentamento vendo Antenor com juízo. Mas Antenor, logicamente, desprezou-a propondo um concubinato que o não desmoralizasse a ele. Outras Marias ricas, de posição, eram de opinião da primeira Maria. Ele só tinha de escolher. No centro operário, a sua fama crescia, querido dos patrões burgueses e dos operários irmãos dos spartakistas da Alemanha. Foi eleito deputado por todos e, especialmente, pelo presidente da República – a quem atacou logo, pois para a futura eleição o presidente seria outro. A sua ascensão só podia ser comparada à dos balões. Antenor esquecia o passado, amava a sua terra. Era o modelo da felicidade. Regulava admiravelmente.

        Passaram-se assim anos. Todos os chefes políticos do País do Sol estavam na dificuldade de concordar no nome do novo senador, que fosse o expoente da norma, do bom senso. O nome de Antenor era cotado. Então Antenor passeava de automóvel pelas ruas centrais, para tomar pulso à opinião, quando os seus olhos deram na tabuleta do relojoeiro e lhe veio a memória.

        -- Bolas! E eu que esqueci! A minha cabeça está ali há tempo... Que acharia o relojoeiro? É capaz de tê-la vendido para o interior. Não posso ficar toda vida com uma cabeça de papelão!

        Saltou. Entrou na casa do negociante. Era o mesmo que o servira.

        -- Há tempos deixei aqui uma cabeça.

        -- Não precisa dizer mais. Espero-o ansioso e admirado da sua ausência, desde que ia desmontar a sua cabeça.

        -- Ah! – fez Antenor.

        -- Tem-se dado bem com a de papelão?

        -- Assim...

        -- As cabeças de papelão não são más de todo. Fabricações por séries. Vendem-se muito.

        -- Mas a minha cabeça?

        -- Vou buscá-la.

        Foi ao interior e trouxe um embrulho com respeitoso cuidado.

        -- Consertou-a?

        -- Não.

        -- Então, desarranjo grande?

        O homem recuou.

        -- Senhor, na minha longa vida profissional jamais encontrei um aparelho igual, como perfeição, como acabamento, como precisão. Nenhuma cabeça regulará no mundo melhor do que a sua. É a placa sensível do tempo, das ideias, é o equilíbrio de todas as vibrações. O senhor não tem uma cabeça qualquer. Tem uma cabeça de exposição, uma cabeça de gênio, hors-concours.

        Antenor ia entregar a cabeça de papelão. Mas conteve-se.

        -- Faça o obséquio de embrulhá-la.

        -- Não a coloca?

        -- Não.

        -- V. Exa. faz bem. Quem possui uma cabeça assim não a usa todos os dias. Fatalmente dá na vista.

        Mas Antenor era prudente, respeitador da harmonia social.

        -- Diga-me cá. Mesmo parada em casa, sem corda, numa redoma, talvez prejudique.

        -- Qual! V. Exa. terá a primeira cabeça.

        Antenor ficou seco.

        -- Pode ser que V. Exa., profissionalmente, tenha razão. Mas, para mim, a verdade é a dos outros, que sempre a julgaram desarranjada e não regulando bem. Cabeças e relógios querem-se conforme o clima e a moral de cada terra. Fique V. Exa. com ela. Eu continuo com a de papelão.

        E, em vez de viver no País do Sol um rapaz chamado Antenor, que não conseguia ser nada tendo a cabeça mais admirável – um dos elementos mais ilustres do País do Sol foi Antenor, que conseguiu tudo com uma cabeça de papelão.

R. Magalhães Júnior (org.), op. Cit.

Fonte: Língua Portuguesa. Viva Português. 9° ano. Editora Ática. Elizabeth Campos. Paula Marques Cardoso. Silvia Letícia de Andrade. 2ª edição. 2011. P.129-132.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Hors-concours: que, em um concurso, não concorre a prêmios, por ser muito superior aos demais competidores.

·        Imprevisão: falta de previsão; desleixo, negligência.

02 – O contista pode usar elementos fantásticos para melhor ilustrar a história. Obviamente esses elementos devem ter verossimilhança em relação ao contexto. Releia os quinze primeiros parágrafos do texto. Que elemento fantástico foi introduzido no conto? Responda no caderno.

      Antenor deixa sua cabeça no relojoeiro para consertar, como se cabeça fosse relógio, e sai com uma de papelão emprestada pelo negociante.

03 – Depois de dois meses com a cabeça de papelão, Antenor era o oposto do que fora com sua própria cabeça. Copie o quadro no caderno e complete a segunda coluna com elementos que explicitem essa oposição.

Primeira coluna: Antenor com a cabeça de papelão.

a)   Tinha uma porção de amigos.

b)   Jogava pôquer com o ministro da Agricultura.

c)   Ganhava uma pequena fortuna vendendo feijão bichado para os exércitos aliados.

d)   Ostentava o que não era.

e)   Era estimado pelos parentes.

f)    Era admirado por Maria Antônia, mas a desprezou por causa de seu nível social.

g)   Fora apoiado para deputado pelo presidente da República, mas o atacou logo que soube que o novo presidente seria outro.

h)   Sentia-se feliz porque sua cabeça regulava de acordo com as exigências da sociedade.

Segunda coluna: Antenor com sua própria cabeça.

a)   Antenor só tinha amigos durante o tempo em que estes pudessem explorá-lo.

b)   Jamais se aproximaria de uma pessoa por interesse.

c)   Era incapaz de um ato de desonestidade, de fazer mal a alguém para levar vantagem.

d)   Só dizia a verdade.

e)   Era desprezado pelos parentes, que o consideravam doido.

f)    Maria Antônia impôs que Antenor mudasse caso quisesse se casar com ela.

g)   Antenor nunca trairia alguém que o tivesse ajudado.

h)   Antenor desconfiava de sua cabeça porque tudo o que fazia era considerado falta de bom senso.

04 – Antenor, certo dia, lembra-se de que se esquecera de sua cabeça na relojoaria. Releia estas falas do relojoeiro e responda no caderno:

        “— [...]. Espero-o ansioso e admirado da sua ausência, desde que ia desmontar a sua cabeça.”

        “— As cabeças de papelão não são más de todo. Fabricações por séries. Vendem-se muito.”

a)   Qual a razão da ansiedade do relojoeiro?

O relojoeiro queria dizer a Antenor o quanto sua cabeça era perfeita, rara e admirável.

b)   Explique o que são fabricações por série.

Organização de peças idênticas para a montagem de produtos idênticos.

c)   Ao afirmar que as cabeças de papelão são fabricações por série e vendem muito, há a sugestão de uma ideia importante para o contexto geral do conto. Que ideia é essa?

A de que cabeças de papelão são muito comuns; de que quem tem uma tem-na igual à de outros tantos, pensando e agindo, portanto, da mesma forma.

05 – Por que Antenor não aceitou levar sua cabeça para casa? Justifique sua resposta com um trecho retirado do texto.

      Antenor preferiu ficar com a verdade da sociedade na qual estava inserido, pois sabia que só seria aceito com a cabeça de papelão, jamais com sua cabeça. “-- Pode ser que V. Exa., profissionalmente, tenha razão. Mas, para mim, a verdade é a dos outros, que sempre a julgaram desarranjada e não regulando bem.”

06 – Releia e, depois, responda no caderno:

        “Cabeças e relógios querem-se conforme o clima e a moral de cada terra.”

        “E, em vez de viver no País do Sol um rapaz chamado Antenor, que não conseguia ser nada tendo a cabeça mais admirável – um dos elementos mais ilustres do País do Sol foi Antenor, que conseguiu tudo com uma cabeça de papelão.”

a)   O conto “O homem de cabeça de papelão” faz uma crítica à moral social vigente em determinado lugar, em certa época. Que moral social é essa?

A de que as pessoas precisam ser desonestas, trapaceiras, interesseiras, traidoras, oportunistas se quiserem se dar bem na sociedade.

b)   É possível verificar esse tipo de moral hoje na sociedade em que vivemos? Dê exemplos.

Resposta pessoal do aluno.

c)   Se todas as pessoas resolvessem agir conforme a moral vigente no País do Sol, como se tornaria a vida em sociedade?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Se todos agiram pensando em levar vantagens, todos serão prejudicados.

07 – A cabeça de papelão, no contexto do conto, é uma metáfora dos valores morais de muitas pessoas. Vamos tentar entender o sentido metafórico da expressão cabeça de papelão.

a)   A cabeça é considerada uma parte nobre do corpo. Tente explicar por quê?

É na cabeça que se localizam o cérebro e os órgãos da visão, da audição, do paladar e do olfato. Ela rege boa parte das ações humanas; é o centro do controle emocional e fonte dos pensamentos e ideias.

b)   E quanto ao papelão? Trata-se de um material nobre?

Não, o papelão é um material extremamente frágil, sem valor algum; qualquer objeto feito de papelão será de fácil deterioração.

c)   O que significa, portanto, ter cabeça de papelão?

Significa não ter valores, não ter firmeza de caráter e não conseguir, também, pensar por si mesmo.

d)   Traduza a ideia principal do conto completando a frase:

Antenor transformou-se em alguém ilustre e respeitado com uma cabeça de papelão. Logo, aqueles que seguem a opinião geral e conseguem as coisas por meios desonestos e imorais têm cabeça de papelão.

08 – A substituição de uma cabeça normal por uma de papelão é o elemento fantástico usado para fazer uma crítica ao comportamento humano em sociedade. Nesse contexto, de que outro material poderia ser feita a cabeça das pessoas da sociedade retratada no texto? Justifique sua resposta no caderno.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: de gelo, por causa da frieza do comportamento; de pedra, por ser dura, de ideias limitadas, etc.