sexta-feira, 14 de agosto de 2020

MÚSICA(ATIVIDADES): COM AÇÚCAR, COM AFETO - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

 Música(Atividades): Com Açúcar, Com Afeto

                                                   Chico Buarque

Com açúcar, com afeto
Fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa
Qual o quê!

Com seu terno mais bonito
Você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa

Você diz que é um operário
Sai em busca do salário
Pra poder me sustentar
Qual o quê!

No caminho da oficina
Há um bar em cada esquina
Pra você comemorar
Sei lá o quê!

Sei que alguém vai sentar junto
Você vai puxar assunto
Discutindo futebol

E ficar olhando as saias
De quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol

Vem a noite e mais um copo
Sei que alegre "ma non troppo"
Você vai querer cantar

Na caixinha um novo amigo
Vai bater um samba antigo
Pra você rememorar

Quando a noite enfim lhe cansa
Você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão
Qual o quê!

Diz pra eu não ficar sentida
Diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração

E ao lhe ver assim cansado
Maltrapilho e maltratado
Ainda quis me aborrecer?
Qual o quê!

Logo vou esquentar seu prato
Dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você

Com açúcar, com afeto

Composição: Chico Buarque

Entendendo a canção:

01 – Releia esta passagem do texto: “Diz pra eu não ficar sentida”. Essa é uma construção típica da oralidade, característica da linguagem brasileira de uso corrente, no entanto, segundo a Norma Culta da Língua Portuguesa, o período acima configura alguns desvios em relação ao padrão normativo gramatical escrito. Se fôssemos adequá-lo à Norma, em sua totalidade, como deveríamos reescrevê-lo?

a)   Diz-me que não fique sentido.

b)   Diz a mim para não ficar sentida.

c)   Diz-me não ficar sentida.

d)   Diz a mim para que não fique sentida.

e)   Diz para eu não ficar sentida.

02 – Qual a temática dessa canção?

      É a figura de uma mulher totalmente submissa dado aos cuidados domésticos e especialmente do marido, demonstrando sua devoção sem resistências.

03 – A partir do título fica muito claro a comparação do afeto desta mulher com a doçura do açúcar. Por quê?

      Porque mesmo deixada em angustia enquanto ele vai para os devaneios da vida, ela o espera com os braços abertos.

04 – Por que essa canção é considerada uma trova de amigo?

      Nela o eu lírico imprime na figura da mulher os sentimentos tidos pelo poeta acerca de suas próprias ações, como num jogo de inversão de valores.

05 – Leia os versos abaixo e faça uma análise sobre o quê o eu lírico quis dizer:

“Diz pra eu não ficar sentida
Diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração

E ao lhe ver assim cansado
Maltrapilho e maltratado
Ainda quis me aborrecer?
Qual o quê!

Logo vou esquentar seu prato
Dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você”.

      O eu lírico está marcado de sentimentos pessoais, afeiçoamento a uma pessoa que ama e ao mesmo tempo lhe provoca angústias e mesmo assim é uma mulher destemida ao abrir-lhe os braços e beijar o retrato, debruçando-se na doçura de um afeto que lhe agrada mais que o próprio coração.

 

 

ARTIGO DE OPINIÃO: COMO SEREMOS AMANHÃ? LYA LUFT - COM QUESTÕES GABARITADAS

 Artigo de opinião: COMO SEREMOS AMANHA?

                                 Lya Luft

        Por mais modernos, avançados, biônicos, quânticos, incríveis que sejamos, não poderemos nos livrar das emoções humanas.

        Estar aberto às novidades é estar vivo. Fechar-se a elas é morrer estando vivo. Um certo equilíbrio entre as duas atitudes ajuda a nem ser antiquado demais nem ser superavançadinho, correndo o perigo de confusões ou ridículo.

        Sempre me fascinaram as mudanças – às vezes avanço, às vezes retorno à caverna. Hoje andam incrivelmente rápidas, atingindo nossos usos e costumes, ciência e tecnologia, com reflexos nas mais sofisticadas e nas menores coisas com que lidamos. Nossa visão de mundo se transforma, mas penso que não no mesmo ritmo; então de vez em quando nos pegamos dizendo, como nossas mães ou avós tanto tempo atrás: “Nossa! Como tudo mudou!”.

        Nos usos e costumes a coisa é séria e nos afeta a todos: crianças muito precocemente sexualizadas pela moda, pela televisão, muitas vezes por mães alienadas, por teorias abstrusas e mal aplicadas. Se antes namorar era difícil, o primeiro batom rosa-claro aos 15 anos, e não havia pílula anticoncepcional, hoje talvez amar ande descomplicado demais. O singular é que, com tanta informação disponível na internet, e pseudoaulas de vida sexual em algumas escolas, tantas meninas ainda engravidem ou, como os meninos, peguem doenças venéreas. Casamentos (isto é, uniões ditas estáveis, morar juntos) estão sendo atropelados pela incapacidade de fortalecer laços, construir juntos com alguma paciência. Não sou de sermos infelizes juntos pelo resto da vida, mas de tentarmos um pouco mais. Talvez a gente esteja num casa-separa meio rápido, frequentemente deixando filhinhos, que nem pediram para nascer, nem certamente queriam se separar de nada nem de ninguém. São simplesmente levados de um lado para outro.

        Na educação, cansei de falar. Cada dia uma nova notícia: não se reprova mais ninguém antes de tal série, os alunos entram na universidade sem saber escrever, coordenar pensamento, ler e entender. Não todos. Não sempre, mas cada vez com mais frequência.

        Na saúde, acho que muito melhorou. Sou de uma infância sem antibióticos. A gente sobrevivia sob os cuidados de mãe, pai, avó, médico de família, aquele que atendia do parto à cirurgia mais complexa para aqueles dias. Dieta, que hoje se tornou obsessão, era impensável, sobretudo para crianças, e eu pré-adolescente gordinha, não podia nem falar em “regime” que minha mãe arrancava os cabelos e o médico sacudia a cabeça: “Nem pensar”.

        Em breve estaremos menos doentes: células-tronco e chips vão nos consertar de imediato, ou evitar os males. Teremos de descobrir o que fazer com tanto tempo de vida a mais que nos será concedido. Nada de aposentadoria precoce, chinelo e pijama (isso ainda se
usa). Mas aprender sempre. Interrogar o mundo, curtir a natureza, saborear a arte, viajar para Marte e outras rimas exóticas. Passear, criar, divertir-se, viajar (talvez por teletransporte, feito o pó de pirlimpimpim da boneca Emília do nosso Monteiro Lobato, que querem castrar).

        Quem sabe nos mataremos menos, se as drogas forem controladas e a miséria extinta. Não creio em igualdade, mas em dignidade para todos. Talvez haja menos guerras, porque de alguma forma seremos menos violentos.

        Leremos unicamente livros eletrônicos ou algo ainda mais moderno. As vastas bibliotecas de papel sendo museus, guardando o cheiro da minha infância, quando se eu aborrecia minha mãe com mil perguntas – meu pai me sentava em uma dessas poltronas de
couro e bota no meu colo alguma enciclopédia com figuras de flores, frutas, bichos, protegida por papel de seda amarelo, Inesquecível, e delicioso, sobretudo quando chovia.

        As crianças terão outras memórias, outras brincadeiras, outras alegrias; os adultos, novas sensações e possibilidades – mas as emoções humanas, estas eu penso que vão demorar a mudar. Todos vão continuar querendo mais ou menos o mesmo: afeto, presença, sentido para a vida, alegria. Desta, por mais modernos, avançados, biônicos, quânticos, incríveis, não poderemos esquecer... Ou não valera a pena nem um só ano a mais, saúde a mais, brinquedinhos a mais. Seremos uns robôs cinzentos e sem graça.

Lya Luft. Veja. São Paulo, 2 mar. 2011, p. 24.

Entendendo o artigo:

01 – A conjunção destacada em: “Quem sabe nos mataremos menos, se as drogas forem controladas e a miséria extinta.” Introduz uma oração que expressa ideia de:

a)   Causa.

b)   Comparação.

c)   Condição.

d)   Conformidade.

e)   Consequência.

02 – Este texto é um artigo de opinião. O artigo de opinião é um gênero textual que visa promover o debate de regras e ideias. Por isso constitui um texto argumentativo. Que assunto é abordado nesse artigo?

a)   A autora apenas expõe seus desejos, pois não consegue imaginar como será o futuro.

b)   A autora expõe suas ideias sobre as mudanças que ocorrem no mundo de hoje, comparando-as com as de seu passado, e imagina como será o futuro.

c)   A autora não consegue expor, claramente, suas ideias sobre as mudanças que ocorrem no mundo de hoje, mas imagina como será o futuro.

d)   A autora expõe seus sonhos e critica as possíveis mudanças que ocorrerão no mundo.

03 – Na abordagem do assunto, a função mais importante na produção desse artigo é:

a)   Informar o público leitor sobre as mudanças.

b)   Apresentar as ideias da autora sobre os fatos.

c)   Narrar uma experiência pessoal.

d)   Argumentar com base no que foi exposto.

04 – Lya Luft apresenta, no 19 parágrafo, o tema que será desenvolvido nos parágrafos seguintes. Qual é o ponto de vista defendido por ela diante das inevitáveis mudanças?

a)   A autora defende o equilíbrio na adesão ao novo e no apego ao antigo.

b)   A autora defende a adesão ao novo, pois afirma que o futuro será melhor que o passado.

c)   A autora não apoia a adesão ao novo, pois garante que no futuro "seremos uns robôs cinzentos e sem graça".

d)   A autora não se posiciona diante das inevitáveis mudanças.

05 – Sobre o texto, é CORRETO afirmar:

I – A autora expõe suas ideias sobre as mudanças que ocorrem no mundo de hoje, comparando-as com as de seu passado, e imagina como será o futuro.

II – A autora utilizou somente a 3ª pessoa para expor suas opiniões sobre o assunto do artigo.

III – No artigo, a autora fala de suas impressões pessoais.

IV – Esse artigo é marcado pela objetividade.

a)   I e II apenas.

b)   I e III apenas.

c)   II e IV apenas.

d)   I, II e III apenas.

06 – Releia: “Não creio em igualdade (...)”. Os termos destacados classificam-se, respectivamente, como:

a)   Adjunto adnominal, objeto direto.

b)   Verbo de ligação, objeto indireto.

c)   Verbo transitivo indireto, objeto indireto.

d)   Verbo intransitivo, predicativo do sujeito.

07 – Considere a frase: “Ele estava triste porque não encontrava a companheira”, os verbos grifados são respectivamente:

a)   Transitivo direto – de ligação.

b)   De ligação – intransitivo.

c)   Transitivo direto – transitivo indireto.

d)   De ligação – transitivo direto.

08 – “Estar aberto às novidades é estar vivo. Fechar-se a elas é morrer estando vivo”. As expressões destacadas permitem inferir que, na concepção atual de mundo e de acordo com as ideias da autora:

a)   É preciso aderir a todas as inovações que surgem.

b)   É fundamental ponderar nossas escolhas frente ao novo.

c)   Não se pode ser muito avançado em qualquer situação.

d)   A postura tradicional é sempre mais coerente.

09 – Não se pode negar que a autora seja otimista em algumas de suas considerações. Apesar disso, para evidenciar esse otimismo, a autora também:

a)   É irônica em suas considerações.

b)   Procura ser detalhista.

c)   Demonstra ser ingênua.

d)   Revela imaturidade.

10 – O conector destacado em “Talvez haja menos guerras, porque de alguma forma seremos menos violentos”, expressa, entre as orações, uma relação de:

a)   Conclusão.

b)   Explicação.

c)   Comparação.

d)   Causa.



 

CRÔNICA: DAS VANTAGENS DE SER BOBO - CLARICE LISPECTOR - COM GABARITO

 Crônica: Das Vantagens de Ser Bobo

                  Clarice Lispector

        O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."

        Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia.

        O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.

        Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranquilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.

        Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"

        Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!

        Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.

        O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.

        Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!

        Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.

Clarice Lispector.

Entendendo a crônica:

01 – “O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos”. A assertiva que apresenta análise correta em relação ao parágrafo transcrito é:

a)   Há três adjetivos em função predicativa.

b)   Fazer foi usado como verbo impessoal.

c)   O verbo haver está na terceira pessoa do singular porque é impessoal.

d)   A forma verbal fazem concorda com o pronome relativo que.

e)   A oração que se fazem passar por bobos deveria estar precedida de vírgula porque explica o termo espertos.

02 – Considere as seguintes definições do “bobo” em comparação ao “esperto”, apontadas no texto.

I – Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída (linha 5).

II – O bobo é um Dostoievski (linha 13).

III – Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil (linhas 33 e 34).

IV – Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida (linhas 35 e 36).

V – Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie (linha 36 e 37).

Dentre os pares de adjetivos abaixo listados, qual está em acordo com as definições do “bobo” elencadas acima?

a)   Sagaz – atento.

b)   Rápido – vigilante.

c)   Perspicaz – astuto.

d)   Ágil – enérgico.

e)   Sábio – engenhoso.

03 – Observe os conectivos destacados no trecho abaixo, retirado do texto. Assinale a opção em que a análise semântica está de acordo com a que foi estabelecida no texto.

      “(...) ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranquilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.” (Linhas 16 a 24).

a)   O conectivo porque estabelece uma relação de consequência.

b)   O advérbio sequer introduz uma ideia de exceção.

c)   A expressão tão... que estabelece uma relação de causa.

d)   O conectivo portanto, estabelece uma ideia de finalidade.

e)   O conectivo enquanto, estabelece ideia de comparação.

04 – Considere o trecho abaixo, retirado do texto:

        “Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.” (Linhas 36 a 38).

A autora discorre sobre a posse de uma saber. A respeito desse saber, podemos afirmar que:

a)   Os bobos que se fazem de bobos estão praticando, na verdade, a sabedoria que os espertos deveriam ter.

b)   Os bobos que aparentemente se fazem de bobos estão praticando, na verdade, a sabedoria dos espertos.

c)   Os bobos, por serem naturalmente criativos, comprovam possuir a sabedoria necessária para vencer.

d)   Os bobos, por serem naturalmente criativos, não permitem que ninguém desconfie de sua dissimulada esperteza, que nada mais é do que produto de sua criatividade; assim definimos sua estratégia para vencer na vida.

e)   Os bobos acabam por se tornar espertos e, por isso, ganham as lutas da vida, já que não se importam que “saibam que eles sabem”.

05 – Sobre as considerações a respeito de ser esperto vs. Ser bobo encontradas no texto, assinale o par de análises que destoa das considerações feitas pela autora.

a)   Os espertos pretendem conquistar o mundo pela sagacidade; o bobo ganha o mundo por sua espontaneidade.

b)   Os espertos muitas vezes atingem seus objetivos; os bobos podem ser facilmente ludibriados.

c)   O esperto preocupa-se todo o tempo em entender o mundo para tirar proveito desse entendimento; ser bobo é sentir o mundo e tomar parte dele.

d)   Os sentimentos do esperto são mais intensos que os do bobo; o coração do bobo é pouco acessível.

e)   O esperto é prevenido; o bobo muitas vezes precisa lidar com complicações em que se mete por ser bobo.

06 – Pode-se deduzir do texto que os “bobos”:

a)   São mais felizes.

b)   São religiosos.

c)   Têm uma vida sedentária.

d)   Vivem levando desvantagem.

07 – Em se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: “Estou fazendo. Estou pensando”, as aspas marcam:

a)   A intertextualidade.

b)   A fala do enunciador.

c)   A ironia da autora.

d)   O destaque da frase.

08 – Entre os benefícios de ser bobo que integram a visão de Clarice Lispector, o que o texto mais destaca é:

a)   A confiança.

b)   A imoralidade.

c)   A instabilidade.

d)   O amor.

09 – “Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado.” Nessa frase, a palavra ludibriado pode ser substituída por:

a)   Aborrecido.

b)   Atraiçoado.

c)   Confundido.

d)   Equivocado.

10 – “Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.”. Nessa frase, o se sublinhado estabelece no período uma relação de:

a)   Causalidade.

b)   Concessão.

c)   Condição.

d)   Conformidade.

 

 

ARTIGO DE OPINIÃO: A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA ESTRUTURADA - JAIRO BOUER - COM GABARITO

 Artigo de Opinião: A importância da família estruturada

                            JAIRO BOUER

        Um levantamento do Ministério Público de São Paulo traz um dado revelador: dois terços dos jovens infratores da capital paulista fazem parte de famílias que não têm um pai dentro de casa. Além de não viverem com o pai, 42% não têm contato algum com ele e 37% têm parentes com antecedentes criminais.

        Ajudam a engrossar essas estatísticas os garotos Waldik Gabriel, de 11 anos, morto em Cidade Tiradentes, Zona Leste de São Paulo, depois de fugir da Guarda Civil Metropolitana, e Ítalo, de 10 anos, envolvido em três ocorrências de roubo só em 2016, morto pela Polícia Militar no início de junho, depois de furtar um carro na Zona Sul da cidade. O pai de Waldik é caminhoneiro e não vivia com a mãe. O de Ítalo está preso por tráfico. A mãe já cumpriu pena por furto e roubo.

        É certo que um pai presente e próximo ao filho faz diferença. Mas, mais que a figura masculina propriamente dita, faz falta uma família estruturada, independentemente da configuração, que dê atenção, carinho, apoio, noções de continência e limite, elementos que protegem os jovens em fase de desenvolvimento.

        A mãe e a avó, nessa família brasileira que cresce cada vez mais matriarcal, desdobram-se para tentar cumprir esses requisitos e preencher as lacunas, mas são “atropeladas” pela rotina dura. Muitas vezes, não têm tempo, energia, dinheiro e voz para lidar com esses garotos e garotas que crescem na rua, longe da escola, em bairros sem equipamentos de esporte e cultura, próximos de amigos e parentes que podem estar envolvidos com o crime.

        A criança precisa ter muita autoestima e persistência para buscar nesse horizonte nebuloso um projeto de vida. Sem apoio emocional, sem uma escola que estimule seu potencial, sem ter o que fazer com seu tempo livre, sem enxergar uma luz no fim do túnel, ela fica muito mais perto da droga, do tráfico, do delito, da violência e da gestação na adolescência. É nessa mesma família, sem pai à vista, de baixa renda, longe da sala de aula, nas periferias, que pipocam os quase 15% das jovens que são mães na adolescência, taxa alarmante que resiste a baixar nas regiões mais carentes.

        E o que acontece com essa menina que engravida porque enxerga na maternidade um papel social, uma forma de justificar sua existência no mundo? Iludidas com a perspectiva de estabilizar um relacionamento (a família estruturada que não têm?), elas ficam, usualmente, sozinhas, ainda mais distantes da escola e de seu projeto de vida. O pai da criança some no mundo, e são elas que arcam com o ônus do filho, sobrecarregando um lar que já vivia no limite. Segue-se um ciclo que parece não ter fim.

        Sem políticas públicas que foquem nessa família mais vulnerável, no apoio emocional e social para esses jovens, em uma escola mais atraente, em projetos de vida, em alternativas de lazer, a realidade diária na vida desses jovens continuará a ser a gravidez na adolescência, a violência e a criminalidade.

Jairo Bouer

Entendendo o artigo:

01 – Releia o trecho a seguir: “A mãe e a avó, nessa família brasileira que cresce cada vez mais matriarcal, desdobram-se para tentar cumprir esses requisitos e preencher as lacunas, mas são “atropeladas” pela rotina dura.”. Em relação ao uso das aspas nesse trecho, assinale a alternativa CORRETA.

a)   Relativizam um conceito.

b)   Marcam uma transcrição.

c)   Sinalizam ironia por parte do autor.

d)   Destacam uma pausa no texto.

02 – Tendo por finalidade cumprir o objetivo do texto dissertativo-argumentativo, é necessário evitar que:

a)   Ocorra o uso do sujeito indeterminado, o que afetaria a veracidade da proposição defendida no texto.

b)   A primeira pessoa do plural seja utilizada, evitando, deste modo, a subjetividade explícita do autor presente no texto.

c)   Haja exposição de nomes reais como feito no 2° parágrafo do texto “Waldik Gabriel e Ítalo”, substituindo-os por suas iniciais apenas.

d)   As ideias sejam vinculadas de modo pessoal ao autor, utilizando, para isso, a ocultação do agente como em “É certo que”.

03 – Entre as relevantes justificativas que podem ser apresentadas para a caracterização da instituição “família” indicada no título, destaca-se, no texto:

a)   O resultado de um levantamento feito pelo Ministério Público de São Paulo.

b)   A falta de limites específicos cerceando o desenvolvimento de jovens e adolescentes.

c)   O fato de cada vez mais menores de 15 anos serem vítimas e estarem envolvidos em crimes.

d)   A deficiente infraestrutura da sociedade para atender às demandas econômicas e afetivas concomitantemente.

04 – Através de uma enumeração, no quarto parágrafo, são citados itens que – na sua falta – operam dificuldades enfrentadas pela família brasileira, especificamente na figura da mãe e avó, cujo sentido de “muitas vezes, não têm tempo, energia, dinheiro e voz para lidar com esses garotos e garotas que crescem na rua, longe da escola, em bairros sem equipamentos de esporte e cultura, próximos de amigos e parentes que podem estar envolvidos com o crime”.

a)   Expressa uma lógica semântica progressiva ao se sucederem.

b)   É denotativo e está presente em todos os termos que os nomeiam.

c)   Varia entre o denotativo e o conotativo, demonstrando a presença de recurso estilístico de linguagem.

d)   Estabelece entre si determinada ligação semântica de modo a construir a coerência necessária à compreensão da ideia transmitida.

05 – O tipo textual apresentado tem por característica a apresentação e a defesa de uma ideia a respeito do tema abordado. Quanto à sua estruturação: proposição, argumentação e conclusão, é possível afirmar que em sua conclusão:

a)   Há uma retomada da tese defendida e apresentada proposta de solução para o problema discutido.

b)   É feita uma exposição de opiniões contrárias àquela defendida pelo desenvolvimento da tese no texto.

c)   A tese defendida em todo o texto passa a ser definida de forma clara através de uma afirmativa bem delimitada.

d)   São empregados recursos argumentativos tais como exemplos e fatos históricos que permitem o desenvolvimento da argumentação textual.