sábado, 22 de junho de 2019

TEXTO: GAROTOS LUTAM CONTRA DESTRUIÇÃO DE ORELHÕES - O ESTADO DE SÃO PAULO - COM GABARITO

Texto: Garotos lutam contra destruição de orelhões
         
      "Denivan tem apenas doze anos, mas já luta para preservar o bem comum"


        "No início de novembro, uma carta manuscrita pelo garoto Denivan Vargas Araújo, de 12 anos, chega à Telesp comunicando a fundação do grupo Defensores de Orelhões. Irritado com a depredação de diversos aparelhos instalados no Jardim Tremembé, bairro onde mora, na Zona Norte, Denivan convidou alguns amigos para lutar contra o vandalismo. Quando meu pai vendeu o telefone eu parti para a realidade dos orelhões`, conta o garoto. Ontem, Denivan foi apresentado à diretoria da Telesp e à imprensa.
        Apaixonado desde os seis anos pelos aparelhos telefônicos, Denivan quer ser engenheiro eletrônico. Eu fiz alguns projetos com parafusos e correntes bem grossas para defender os aparelhos`, explica. No início, o grupo tinha quatro integrantes, mas dois garotos foram convidados a se retirar. Eles não queriam nada com nada`, afirma. Agora, o presidente Denivan e o vice-presidente Dênis Caniello, de 11 anos, se reúnem algumas vezes por semana para fazer cartazes explicando à população como agir perante a destruição dos aparelhos.
        Dizemos para procurar a Telesp sempre que virem algum pedaço de orelhão em poder de vândalos`, acrescenta. Temendo algum tipo de represália, o fundador dos Defensores de Orelhão nunca falou das atividades do grupo aos colegas da 6ª série da Escola Judith Guimarães dos Santos. Tenho medo das gangues que destroem os telefones para vender as peças`, afirma Denivan.
        Nos planos para o futuro, o garoto inclui a ajuda pedida à Telesp, que faria adesivos para a campanha. Segundo a empresa, cerca de Cr$ 780 milhões são gastos mensalmente na recuperação de quase 8 mil aparelhos depredados. Na Capital, os bairros onde há mais depredações são a Casa Verde, a Freguesia do Ó, e a Cachoeirinha, na Zona Norte. Os crimes contra o patrimônio público têm penas que variam entre seis meses e três anos."

                                                                 (In.: Mesquita e Martos, 1995: 58) Extraído do jornal "O ESTADO DE SÃO PAULO", edição de 11 de dezembro.
Entendendo o texto:
01 – Dê as seguintes informações sobre a principal personagem do texto:
·        Nome: Denivan Vargas Araújo.
·        Idade: doze anos.
·        Local de residência: Jardim Tremembé, Zona Norte, S. Paulo.
·        Escola onde estuda: Escola Judith Guimarães dos Santos.
·        O que deseja ser: Engenheiro Eletrônico.

02 – Copie somente as alternativas corretas:
a)   Denivan, desde os seis anos, se interessa por aparelhos telefônicos.
b)   Denivan nunca teve telefone em casa.
c)   Denivan teve telefone em casa, mas o pai precisou vendê-lo.
d)   Denivan pediu ajuda ao pai para lutar contra o vandalismo.

03 –O que é vandalismo em relação aos orelhões?
      É a destruição dos aparelhos nas ruas e praças, onde estão desprotegidos.

04 – Que atitude o menino Denivan tomou a fim de defender os orelhões?
      Convidou alguns amigos para fazer cartazes e esclarecer a população.

05 – Por que o menino Denivan não falou nada a respeito de suas atividades aos colegas de escola?
      Porque Denivan tinha medo de represália por parte das gangues que destroem os telefones para vender as peças que os compõem.

06 – De acordo com o texto, quantos aparelhos são destruídos mensalmente?
      São destruídos oito mil aparelhos.

07 – Na realidade, quem paga o custo da depredação dos orelhões são: os depredadores, a Telesp ou o usuários?
      O custo é pago por todos aqueles que usam telefone e pelos contribuintes.

08 – Qual é a pena para quem depreda um orelhão?
      A pena varia entre seis meses a três anos.

09 – Os telefones públicos, chamados orelhões, são aparelhos de grande utilidade para a população. Por que eles são atacados, destruídos?
      Resposta pessoal do aluno.

10 – Qual a sua opinião sobre a atitude de Denivan? Você já fez algo parecido?
      Resposta pessoal do aluno.

11 – Escreva o sentido da palavra em destaque:
a)   Antes de fazer piada com o orelhão dele, veja o seu nariz.
Órgão do corpo humano.

b)   Não destrua o orelhão. Ele é útil para todos.
Aparelho telefônico de uso público.



quarta-feira, 19 de junho de 2019

MÚSICA(ATIVIDADES): DIARIAMENTE - NANDO REIS - COM QUESTÕES GABARITADAS

Música(Atividades): Diariamente

              Nando Reis

Para calar a boca: Rícino
Para lavar a roupa: Omo
Para viagem longa: Jato
Para difíceis contas: Calculadora
Para o pneu na lona: Jacaré
Para a pantalona: Nesga
Para pular a onda: Litoral
Para lápis ter ponta: apontador
Para o Pará e o Amazonas: Látex
Para parar na Pamplona: Assis
Para trazer à tona: Homem-rã
Para a melhor azeitona: Ibéria
Para o presente da noiva: Marzipã
Para adidas o conga: Nacional
Para o outono a folha: Exclusão
Para embaixo da sombra: Guarda-sol
Para todas as coisas: Dicionário
Para que fiquem prontas: Paciência
Para dormir a fronha: Madrigal
Para brincar na gangorra: Dois
Para fazer uma toca: Bobs
Para beber uma coca: Drops
Para ferver uma sopa: Graus
Para a luz lá na roça: 220 volts
Para vigias em ronda: Café
Para limpar a lousa: Apagador
Para o beijo da moça: Paladar
Para uma voz muito rouca: Hortelã
Para a cor roxa: Ataúde
Para a galocha: Verlon
Para ser model: Melancia
Para abrir a rosa: Temporada
Para aumentar a vitrola: Sábado
Para a cama de mola: Hóspede
Para trancar bem a porta: Cadeado
Para que serve a calota: Volkswagen
Para quem não acorda: Balde
Para a letra torta: Pauta
Para parecer mais nova: Avon
Para os dias de prova: Amnésia
Para estourar pipoca: Barulho
Para quem se afoga: Isopor
Para levar na escola: Condução
Para os dias de folga: Namorado
Para o automóvel que capota: Guincho
Para fechar uma aposta: Paraninfo
Para quem se comporta: Brinde
Para a mulher que aborta: Repouso
Para saber a resposta: Vide-o-verso
Para escolher a compota: Jundiaí
Para a menina que engorda: Hipofagi
Para a comida das orcas: Krill
Para o telefone que toca
Para a água lá na poça
Para a mesa que vai ser posta
Para você o que você gosta: diariamente.

                        Composição: Nando Reis

Entendendo a canção:

01 – Sobre o título da canção. Na sua opinião, que relação há entre tudo o que foi nomeado e a palavra diariamente?
      O eu lírico no último verso “Para você o que você gosta: diariamente”, deixa claro que dedica a alguém, tudo o que lhe caiba, tudo o que lhe convenha, a fim de que a vida lhe seja feliz.

02 – Observe como foi estruturada a letra dessa canção, destacando à palavra para, ao coloca-la no início de todos os versos. Que nome se dá a esta figura de linguagem?
      A figura de linguagem é Anáfora.

03 – As relações entre a necessidade e o “produto” citado para satisfaze-la às vezes são comuns, outras vezes são estranhas, inusitadas. Copie um verso que, para você, seja um bom exemplo de:
a)   Uma relação comum entre necessidade e “produto” citado para satisfazê-la.
Para lavar a roupa: Omo (sabão em pó).

b)    Uma relação estranha, inusitada, entre necessidade e “produto” citado para satisfazê-la.
Para calar a boca: (óleo de) rícino – seu gosto insuportável, deveras amargo.

04 – O eu lírico é feminino ou masculino? Explique extraindo um verso ou uma palavra da canção que comprove sua resposta.
      O eu lírico é feminino, conforme este verso: “Para parecer mais nova: Avon”.

05 – O eu lírico conta algo que:
a)   Está acontecendo no presente.
b)   Aconteceu em um passado bem próximo.
c)   Aconteceu num passado distante.
d)   Acontecerá num futuro bem próximo.

06 – Na canção existe várias metonímias (figura de linguagem que possibilita troca de um termo por outro de mesma similaridade). Cite alguns versos.
      “Para lavar a roupa: Omo” (sabão em pó).
      “Para dormir a fronha: Madrigal” (marca de roupa de cama).
      “Para que serve a calota: Volkswagen” (marca de veículo).
      “Para parecer mais nova: Avon” (creme de beleza).
      “Para a menina que engorda: Hipofagi” (remédio para emagrecer).

07 - Em quase todos os versos da canção, temos a presença de um sinal de pontuação: o dois-pontos. Observe estes três versos do texto:
   "Para lavar a roupa: omo
    Para viagem longa: jato
    Para difíceis contas: calculadora"
Empregando dois-pontos, o autor tornou a frase mais econômica, menor, pois deixou de empregar uma ou mais palavras para ligar as duas partes do verso.
    a) Sem empregar esse sinal de pontuação, reescreva os três versos  acima, acrescentando uma ou mais palavras para ligar as duas partes de cada frase.
Para lavar a roupa, use omo. Para viagem longa, vá de jato. Para difíceis contas, use calculadora.

      b) A que classe gramatical pertencem as palavras suprimidas pelo autor: substantivo, adjetivo, verbo ou advérbio?
Verbo.

      c) A estrutura desses versos e dessas frases lembra um tipo de linguagem que procura vender determinado produto. Que linguagem é essa?
A linguagem publicitária.

08 - Logo à primeira leitura, notamos que a letra da canção apresenta uma construção especial, graças à repetição de palavras e estruturas de frases.
       a) Que palavra se repete em todos os versos?
            A palavra para.

       b) Qual a sua classe gramatical?
           Preposição.

     c) Essa palavra geralmente transmite a ideia de tempo, lugar ou finalidade. Na canção, qual desses sentidos aparece com maior frequência?
           O sentido de finalidade.

09 - Observe estes versos do final da canção:
        "Para o telefone que toca
         Para a água lá na poça
         Para a mesa que vai ser posta"

Neles, o autor quebrou a estrutura que vinha utilizando e não empregou dois-pontos nem um termo posterior para fechar o verso. Então, faça você o que ele não fez: a exemplo do restante do texto, empregue dois-pontos e invente um substantivo que sirva de fachamento para cada verso.
Resposta pessoal. 

10 - O nome da canção é "Diariamente", palavra que também aparece no último verso. Que relação você acha que há entre o título e as repetições existentes na canção?
As repetições dão a ideia de que todos os dias tudo é igual; daí a relação com diariamente.





POEMA: ESTRANHEZA DO MUNDO - FERREIRA GULLAR - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: Estranheza do Mundo                   

         Ferreira Gullar

Olho a árvore e indago:
está aí para quê?
O mundo é sem sentido
quanto mais vasto é.
Esta pedra esta folha
este mar sem tamanho
fecham-se em si, me
repelem.
Pervago em um mundo estranho.
Mas em meio à estranheza
do mundo, descubro
uma nova beleza
com que me deslumbro:
é teu doce sorriso
é tua pele macia
são teus olhos brilhando
é essa tua alegria.
Olho a árvore e já
não pergunto “para quê”?
A estranheza do mundo
se dissipa em você.

                           Ferreira Gullar – Conto Brasileiro.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o aposto que aparece nesses versos “Olho a árvore e indago: / está aí para quê? Classifique-o.
      Aposto é: está aí para quê. Aqui o aposto veio separado por dois pontos. Classifica em explicativo.

02 – Reescreva o trecho usando o aposto no lugar do termo a que ele se refere.
      “Olho a árvore e indago: está a árvore aí para quê?

03 – Qual é a importância do aposto nesse trecho? 
      É importante porque explicou a qual árvore se referia.

04 – Em que pessoa verbal o eu lírico se apresenta no poema? Cite um verso que comprove.
      Se apresenta na 1ª pessoa do singular. “Olho a árvore e indago”.

05 – No poema predomina a ação ou a reflexão? Comente.
      Predomina reflexão, pois o eu lírico diz que o mundo é sem sentido quanto mais vasto é.

06 – O eu lírico diz que em meio a estranheza do mundo, descobre uma nova beleza. De quem ele fala?
      De sua amada, parece estar apaixonado como vemos nos seguintes versos: “com que me deslumbro: / é teu doce sorriso / é tua pele macia / são teus olhos brilhando / é essa tua alegria.”



CONTO: O MEU AMIGO PINTOR - (FRAGMENTO) - LYGIA BOJUNGA - COM GABARITO

Conto: O meu amigo pintor – Fragmento
                 
                   Lygia Bojunga
        [...] 

        O meu amigo mora, quer dizer morava no apartamento aqui em cima. Eu ia lá jogar gamão com ele, a gente conversava, e ele tinha um relógio de parede que batia hora e meia-hora também. O meu pai e a minha mãe reclamavam "ô, mas que coisa enjoada essa bateção!" E a minha irmã me perguntava " será que o teu amigo nunca vai se esquecer de dar corda no relógio não?"
        Mas cada um é de um jeito, não é? E eu gostava demais de ouvir o relógio batendo. De noite ainda mais. [...]
        Pra mim, ouvir o relógio batendo era que nem ouvir o meu amigo andando. [...]

    Lygia Bojunga. O meu amigo pintor. 22. ed. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2004.

Entendendo o conto:

01 – Retire trechos do fragmento que exemplifiquem a língua informal. 
      "Ô, mas que coisa enjoada essa bateção!"; a expressão “a gente”; “se esquecer de dar corda no relógio não?”; “ouvir o relógio batendo era que nem ouvir o meu amigo andando.”

02 – Identifique o verbo do primeiro período do trecho é classifique-os. 
      Mora/morava: verbo intransitivo.

03 – Quais são os complementos verbais do verbo jogar? Classifique-os. 
      “Gamão”: objeto direto; “com ele”: objeto indireto.

04 – Como é classificado o verbo conversar nesse fragmento?
      Verbo intransitivo.

05 – Retire do trecho uma oração que contenha um verbo transitivo direto e outro com um verbo transito indireto. 
      “Ele tinha um relógio de parede que batia hora e meia-hora também.” / “E eu gostava demais de ouvir o relógio batendo.”
     


FÁBULA: DE UM QUATI CHAMADO CHICO - VALDIR PACCINI - COM GABARITO

Fábula: De um Quati chamado Chico             

            VALDIR PACCINI

    Este texto faz parte de um projeto de livro que está sendo executado em parceria com DIMER J. WEBBER, denominado provisoriamente MITOLOGIA CASCAVELENSE.
   Cortando a região sul de Cascavel, há um pequeno riacho batizado com o nome de Rio Quati. Não à toa, o nome foi dado em homenagem ao simpático e atrevido mamífero da família dos procionídeos, que até hoje habita as imediações.
        Os quatis de Cascavel são, portanto, a maior prova de que é possível conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente. Além disso, mostram que é possível ao homem conviver em harmonia com a natureza. Vejamos a história real do Chico, um quati muito esperto.
        Nas proximidades do atual aeroporto de Cascavel, por onde passa o Rio Quati, há várias chácaras e sítios com reservas de florestas nativas, onde os referidos bichos fazem, até hoje, seus costumeiros passeios em busca de alimentação e também de lazer. Num desses sítios, uma lotada de uns trinta quatis aparecia com bastante frequência, intrigando o caseiro.
        Chico era um quatizinho muito simpático nascido a uns dez quilômetros ao norte da região do aeroporto, na mesma época em que também vieram à luz, naquela morada, outros quatizinhos de ambos os sexos. Tão logo iniciou suas primeiras atividades independentes, mas ainda muito jovem para se defender das emboscadas impostas pela vida e pelos caminhos por onde andava, seus pais, como o são quase todos, lhe orientavam dizendo na linguagem quatinês:
        – Cuidado com essas escapadas! Escolha bem as suas companhias! Veja bem com quem você anda! Não vá se meter em encrencas! E Chico, já se achando maduro o suficiente, respondia:
        – Não se preocupem. Sei o que estou fazendo! Posso me cuidar sozinho.
        Além de seus pais, havia também a Chica, uma quatizinha da mesma idade que gostava muito dele e tentava mantê-lo o mais próximo possível, sob sua guarda e proteção, como fazem as mães, as esposas, as namoradas, etc. Mas Chico, se sentindo diferente de todos, meio intransigente, meio contestador, meio dono do próprio nariz alongado, apesar de sentir certa paixão por Chica, teimava fazer tudo do jeito que sua adolescência prescrevia.
        Saía sem pedir permissão. Demorava voltar para casa. Vivia intensamente a sua liberdade. Nada era capaz de detê-lo, até que numa incursão feita pelo grupo ao sítio daquele caseiro incomodado, Chico acabou sendo preso em uma armadilha previamente arrumada para ele.
        No começo ele sentiu-se privado de sua tão preciosa liberdade. Imaginou que seus companheiros viessem lhe salvar, mas demorariam muito tempo a voltar. Com o curso dos dias ele foi se ambientando e passou a apreciar a comida diferente que o caseiro lhe servia. Acabou viciado, de modo que se sentia muito bem quando vinham lhe oferecer a comida caseira. Perdeu o contato com seus companheiros de passeio, mas a sua docilidade foi se tornando tão clara que conquistou a liberdade.
        Durante alguns meses Chico ficou por ali, ao redor da casa, convivendo com o caseiro e sua família, como se fosse um cão. O jovem quati estava totalmente domesticado e parecia ter esquecido para sempre suas origens, até que um belo dia, o grupo de quatis que o havia extraviado meses antes, resolveu aparecer na propriedade.
        O caseiro pensou que, devido ao fato de Chico ter se acostumado com a nova vida, jamais ousaria voltar para o seu bando. Contudo, o quatizinho se mostrou hesitante. Volvia seus olhos brilhantes entre a lotada e o caseiro, demonstrando o cruel dilema entre ficar ou partir. E o instinto ou a natureza do bichinho sopesou no último momento. Quando o grupo já se deslocava visando partir, Chico saiu correndo visando alcançá-lo. E se foi com os seus entes como quem se vai para nunca mais voltar!
        O sentimento do caseiro e de sua família foi qual a perda de um ente próximo e querido. Ele que era acostumado a sacrificar alguns animais silvestres para servir de alimentação, prometeu que jamais imolaria qualquer outro ser vivo.
        Contudo, em torno de um mês mais tarde, Chico voltou sozinho. Quando avistado ao longe, se mostrava trôpego, triste, cansado, enfim todo estropiado. Chegou-se à conclusão de que seu reingresso no grupo fora recusado, e de que, por conta de sua insistência, tivera recebido como reprimenda uma série de violência física advinda de seus próprios pares.
        O caseiro o abrigou mais uma vez, como quem recebe o filho pródigo. Deu-lhe carinho, alimento e tratamento. Contudo, alguns dias mais tarde, o grupo de quatis fez nova incursão naquele sítio e Chico de maneira irreprimível decidiu acompanhá-lo em nova tentativa de regresso.
        Nessas alturas da história, Chico já era um quati adulto e com a experiência de perambular sozinho pelas margens do Rio Quati. Presume-se que ele tenha sido aceito de volta ao seu habitat devido a sua persistência, à sua capacidade de superar desafios, e ao conhecimento que adquirira no relacionamento com o ser humano. O que se sabe, com certeza, é que Chico retornara muitas vezes ao sítio, tal qual um parente que vem nos visitar de vez em quando, inicialmente em companhia da amada Chica, e depois, além dela, trazia consigo alguns quatizinhos que pareciam ser seus filhotes.                
        Moral da história: A desobediência do jovem é natural, assim como é natural a qualquer ser vivo aprender as lições que a vida ensina.

Entendendo a fábula:

01 – Quais são os personagens dessa fábula?
      Chico, o caseiro, Chica e o grupo de quatis.

02 – Todas as ações da fábula se passam no mesmo dia? Explique.
      Não, pois o Chico teve no sítio em vários momentos de sua vida.

03 – Que outro título você daria à fábula?
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Numa fábula há sempre uma crítica a determinado tipo de comportamento que se deveria evitar. Nessa fábula a crítica refere-se a que tipo de atitude?
      Refere-se as atitudes de Chico que se sentia diferente de todos, meio intransigente, meio contestador, meio dono de seu próprio nariz.

05 – A moral desta fábula apresenta uma reflexão sobre o comportamento humano. Você acredita que existam pessoas que agem assim? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Você seria capaz de lembrar de alguma situação da vida real onde o contexto da fábula se aplicaria?
      Resposta pessoal do aluno.

07 – Qual o desfecho (situação final) da fábula?
      O Chico foi aceito de volta ao seu habitat, devido sua persistência e a capacidade de superar desafios, mas sempre voltava ao sítio, da qual um parente que vem visitar de vez enquanto, acompanhado de Chica e seus quatizinhos.


TEXTO: UMA COISA GRANDE MESMO - RICARDO GUIMARÃES - COM GABARITO

Texto: Uma coisa grande mesmo
                                 
                     Ricardo Guimarães

        Difícil falar de sustentabilidade para pessoas que não querem, não gostam e têm dificuldade de pensar no futuro. Mas a pauta do mundo hoje é essa, goste ou não, queira ou não. Porque sustentabilidade é isto: trazer o futuro para o presente. É resolver os seus problemas e realizar seus sonhos hoje sem comprometer os sonhos de quem ainda nem nasceu.
         Para quem é jovem e brasileiro, então, a dificuldade de incluir o futuro nas suas decisões é maior ainda. Vou explicar começando pelo que temos em comum: Brasil. Vivemos numa região do planeta que é muito boa e generosa com as nossas condições de vida. Para nós, humanos, para as plantas e para os animais.
         Aprendi isso no livro de Eduardo Giannetti, “O Valor do amanhã”. Ele diz que uma árvore No hemisfério norte, como por exemplo o carvalho, tem que armazenar energias no verão para atravessar o inverno, senão morre. Uma palmeira nos trópicos, onde o inverno é quente, não tem esse mecanismo de armazenagem porque não precisa.
         Isto é, nós, que vivemos nos trópicos, tendemos naturalmente a não esquentar a cabeça com o inverno, isto é, com o futuro. Daí para essa tendência virar atitude, cultura, estilo de vida, não custa nada. Conclusão: o brasileiro é cabeça fresca por natureza.
         O mesmo acontece quando temos pouca idade. Quando jovens, temos tanto para viver no presente e tanto futuro pela frente, que não temos nenhuma motivação nem espaço na cabeça para pensar no futuro. Dizem que o máximo de futuro que a maioria dos jovens consegue pensar é três ou quatro dias. Mais praticamente, o tempo da próxima balada ou o prazo para entregar o trabalho da escola.  
         Normal. De verdade, a gente só começa a pensar no futuro para valer quando casamos e temos filhos. Aí é que se começa a pensar sério na vida, fazer planos, poupar, essas coisas.
         Então, para jovens brasileiros, sustentabilidade é papo cabeça, abstrato, que só vira realidade quando vê crianças morrendo de falta de água, ursinho morrendo de falta de frio, peixe morrendo de falta de ar, floresta morrendo de falta de inteligência humana e boate fechando por falta de energia elétrica para a guitarra e o ar-condicionado.
         Estou falando isso para mostrar o tamanho do desafio para um jovem dos trópicos entender o que de fato está por trás da sustentabilidade e poder se preparar para contribuir na virada deste jogo que está pondo em risco o seu próprio futuro.
         Não adianta chorar o leite derramado, a árvore derrubada e colocar a culpa nas gerações passadas. É bola pra frente. Tem mais é que entender o que os outros não entenderam e reinventar nosso estilo de vida a partir de uma nova consciência. A nova consciência diz que o tamanho do “aqui, agora” tem que ser muito grande, tão grande que não fique nada de fora. Nenhuma criança, nenhum urso, nenhum buriti, ninguém, não importa se é do hemisfério norte ou sul, se é muçulmano ou judeu, se é do passado, do futuro ou do presente. Porque tudo é interdependente.
         É uma coisa grande mesmo. Muito maior do que o aqui, agora da minha geração, que muita gente entendeu que era pequeno e curto e acabou detonando sua saúde em poucos anos, destruindo sua vida e privando o futuro do seu talento. Muitos amigos, muitos músicos geniais foram destruídos por essa má compreensão do “aqui, agora”.
         Minha geração pagou caro para aprender, mas corrigiu o erro em tempo e colocou um big e um long na frente do here e do now. São só dois adjetivos, mas fazem toda a diferença na hora de sonhar um sonho que não vira pesadelo, na hora de escolher uma profissão que não vira um mico.
         Vamos combinar: para sustentabilidade não existe futuro nem passado, só existe o presente, um presente eterno, um presente tão grande que só cabe na nossa consciência, e se está na consciência vira estilo de vida. Então, a saída é acordar para essa nova consciência. Como cantam Céu e Beto Villares na sua “Roda”: “Caiu na roda, ou acorda ou vai dançar”.

                                                   Ricardo Guimarães – Revista MTV
Entendendo o texto:

01 – Antes de ler esse artigo, o que você já sabia a respeito de sustentabilidade? Explique.
      Resposta pessoal do aluno.

02 – Ao explicar o desinteresse dos jovens brasileiros pela sustentabilidade, o autor apresenta duas justificativas.
a)   Quais são elas e a que características estão relacionadas, segundo o texto?
A explicação para os jovens brasileiros não se preocuparem está justamente no fato de serem jovens e serem brasileiros. O texto procura fazer o leitor reconhecer que “o brasileiro é cabeça fresca por natureza” e que os jovens não “têm” nenhuma motivação nem espaço na cabeça para pensar no futuro.

b)   Você concorda com esse ponto de vista do autor? Justifique.
Resposta pessoal do aluno.

03 – Releia o segundo e o terceiro parágrafos do texto.
a)   O articulista afirma: “Aprendi isso no livro do Eduardo Giannetti, O valor do amanhã”. A que informação apresentada no livro de Giannetti se refere o termo isso?
O termo refere-se ao fato de que “[...] Vivemos numa região do planeta que é muito boa e generosa com as nossas condições de vida. Para nós, humanos, para as plantas e para os animais.”

b)   Que outro ensinamento, presente no mesmo livro, é reproduzido no artigo?
O ensinamento a respeito do carvalho, árvore do hemisfério Norte que tem de armazenar energias no verão para atravessar o inverno, e da palmeira, árvore dos trópicos que sobrevive de modo diferente, pois o clima e o ambiente são favoráveis.

c)   Quando o autor do artigo insere a referência a Eduardo Giannetti em seu texto, que tipo de argumento está usando? Que efeito sobre o leitor se espera com o uso desse tipo de argumento?
Trata-se do argumento baseado na autoridade, que busca aumentar a credibilidade do texto.

04 – Além da faixa etária, que outras características podem ser associadas ao público para o qual o artigo foi escrito? Explique sua resposta.
      O texto foi escrito para um jovem favorecido economicamente, um jovem que não precisa pensar na própria subsistência e, por isso, pode ter como únicas preocupações as baladas e os trabalhos escolares.

05 – Qual estratégia é adotada no artigo para alcançar o seu objetivo?
      O articulista enfatiza os defeitos dos jovens, generalizando seu comportamento e reprovando sua postura alienada, autocentrada e pouco racional. Esse modo de enxergar o jovem explica certo tom agressivo presente em todo o texto e a opção de persuadir o leitor por meio do choque.

06 – Qual o tema central do artigo?
      A sustentabilidade.

07 – O autor generaliza os jovens como alienados. Transcreva um trecho que comprove sua resposta.
      “Difícil falar de sustentabilidade para pessoas que não querem, não gostam e têm dificuldade de pensar no futuro”.

08 – Em sua opinião, essa é uma estratégia eficaz para atingir o leitor?
      Resposta pessoal do aluno.

09 – O que a expressão “dizem que” revela a respeito das fontes consultadas pelo articulista ao afirmar que os jovens só pensam no presente?
      Essa expressão revela que ele se baseou no senso comum.

10 – A que se refere o pronome isso no início do oitavo parágrafo no texto?
      O pronome isso refere-se a todo o pensamento articulado nos parágrafos anteriores (exceto o parágrafo de introdução).
     

terça-feira, 18 de junho de 2019

MÚSICA(ATIVIDADES): O BURACO DO ESPELHO - ARNALDO ANTUNES - COM GABARITO

Música(Atividades): O Buraco do Espelho
                                  Arnaldo Antunes

O buraco do espelho está fechado
Agora eu tenho que ficar aqui
Com um olho aberto, outro acordado
No lado de lá onde eu caí

Pro lado de cá não tem acesso
Mesmo que me chamem pelo nome
Mesmo que admitam meu regresso
Toda vez que eu vou a porta some

A janela some na parede
A palavra de água se dissolve
Na palavra sede, a boca cede
Antes de falar, e não se ouve

Já tentei dormir à noite inteira
Quatro, cinco, seis da madrugada
Vou ficar ali nessa cadeira
Uma orelha alerta, outra ligada

O buraco do espelho está fechado
Agora eu tenho que ficar agora
Fui pelo abandono abandonado
Aqui dentro do lado de fora

                        Composição: Arnaldo Antunes / Edgard Scandurra

Entendendo a canção:

01 – O eu lírico demonstra que conflito nessa canção?
      O conflito interno que atinge um nível maior do que o considerado normal, onde o sujeito já é excluído da sociedade.

02 – De quem o eu lírico tenta escapar na letra da canção?
      Escapar do próprio espelho.

03 – Que figura de linguagem encontramos no seguinte verso: “Fui pelo abandono abandonado”?
      Pleonasmo.

04 – Que elementos metafóricos que passam a noção de passagem para o outro lado, o eu lírico cita na canção?
      Espelho, janela e porta.

05 – Analise o excerto a seguir:
        “O buraco do espelho está fechado
         Agora eu tenho que ficar agora
         Fui pelo abandono abandonado
         Aqui dentro do lado de fora.”

        Assinale a alternativa que apresenta a função da linguagem predominante nestes versos.
a)   Poética.
b)   Metalinguística.
c)   Fática.
d)   Conativa.