domingo, 9 de junho de 2019

MÚSICA(ATIVIDADES): A TRISTE PARTIDA - PATATIVA DO ASSARÉ/LUIZ GONZAGA - COM GABARITO

ATIVIDADES COM A Música: A Triste Partida

                                                                           Luiz Gonzaga

Meu Deus, meu Deus
Setembro passou
Outubro e novembro
Já tamo em dezembro
Meu Deus, que é de nós
(Meu Deus, meu Deus)
Assim fala o pobre
Do seco nordeste
Com medo da peste
Da fome feroz
(Ai, ai, ai, ai)

A treze do mês
Ele fez experiênça
Perdeu sua crença
Nas pedra de sal
Meu Deus, meu Deus
Mas noutra esperança
Com gosto se agarra
Pensando na barra
Do alegre Natá
(Ai, ai, ai, ai)

Rompeu-se o natal
Porém barra não veio
O sol bem vermeio
Nasceu muito além
(Meu Deus, meu Deus)
Na copa da mata
Buzina a cigarra
Ninguém vê a barra
Pois barra não tem
(Ai, ai, ai, ai)

Sem chuva na terra
Descamba janeiro
Depois fevereiro
E o mesmo verão
(Meu Deus, meu Deus)
Entonce o nortista
Pensando consigo
Diz: "isso é castigo
Não chove mais não"
(Ai, ai, ai, ai)

Apela pra março
Que é o mês preferido
Do santo querido
Senhor São José
(Meu Deus, meu Deus)
Mas nada de chuva
Tá tudo sem jeito
Lhe foge do peito
O resto da fé

(Ai, ai, ai, ai)
Agora pensando
Ele segue outra tría
Chamando a famía
Começa a dizer
(Meu Deus, meu Deus)
Eu vendo meu burro
Meu jegue e o cavalo
Nós vamo à São Paulo
Viver ou morrê
(Ai, ai, ai, ai)

Nóis vamo à São Paulo
Que a coisa tá feia
Por terras alheias
Nois vamo vagar
(Meu Deus, meu Deus)
Se o nosso destino
Não for tão mesquinho
Daí pro mesmo cantinho
Nois torna a vortá
(Ai, ai, ai, ai)

E vende seu burro
Jumento e o cavalo
Inté mesmo o galo
Vendero também
(Meu Deus, meu Deus)
Pois logo aparece
Feliz fazendeiro
Por pouco dinheiro
Lhe compra o que tem
(Ai, ai, ai, ai)

Em um caminhão
Ele joga a famía
Chegou o triste dia
Já vai viajar
(Meu Deus, meu Deus)
A seca terríve
Que tudo devora
Ai, lhe bota pra fora
Da terra natá
(Ai, ai, ai, ai)

O carro já corre
No topo da serra
Olhando pra terra
Seu berço, seu lar
(Meu Deus, meu Deus)
Aquele nortista
Partido de pena
De longe da cena
Adeus meu lugar
(Ai, ai, ai, ai)

No dia seguinte
Já tudo enfadado
E o carro embalado
Veloz a correr
(Meu Deus, meu Deus)
Tão triste coitado
Falando saudoso
Um seu filho choroso
Excrama a dizê:
(Ai, ai, ai, ai)

-De pena e saudade
Papai sei que morro
Meu pobre cachorro
Quem dá de comer?
(Meu Deus, meu Deus)
Já outro pergunta:
-Mãezinha, e meu gato?
Com fome, sem trato
Mimi vai morrê
(Ai, ai, ai, ai)

E a linda pequena
Tremendo de medo
-"Mamãe, meus brinquedo
Meu pé de fulô?"
(Meu Deus, meu Deus)
Meu pé de roseira
Coitado ele seca
E minha boneca
Também lá ficou
(Ai, ai, ai, ai)

E assim vão deixando
Com choro e gemido
Do berço querido
Céu lindo e azul
(Meu Deus, meu Deus)
O pai pesaroso
Nos fio pensando
E o carro rodando
Na estrada do sul
(Ai, ai, ai, ai)

Chegaram em São Paulo
Sem cobre quebrado
E o pobre acanhado
Percura um patrão
(Meu Deus, meu Deus)
Só vê cara estranha
De estranha gente
Tudo é diferente
Do caro torrão
(Ai, ai, ai, ai)

Trabaia dois ano
Três ano e mais ano
E sempre nos plano
De um dia voltar
(Meu Deus, meu Deus)
Mas nunca ele pode
Só vive devendo
E assim vai sofrendo
É sofrer sem parar
(Ai, ai, ai, ai)

Se arguma notíça
Das banda do norte
Tem ele por sorte
O gosto de ouvir
(Meu Deus, meu Deus)
Lhe bate no peito
Saudade de móio
E as água nos zóio
Começa a cair
(Ai, ai, ai, ai)

Do mundo afastado
Ali vive preso
Sofrendo desprezo
Devendo ao patrão
(Meu Deus, meu Deus)
O tempo rolando
Vai dia e vem dia
E aquela famía
Não volta mais não
(Ai, ai, ai, ai)

Distante da terra
Tão seca, mas boa
Exposto à garoa
A lama e o baú
(Meu Deus, meu Deus)
Faz pena o nortista
Tão forte, tão bravo
Viver como escravo
No norte e no sul
(Ai, ai, ai, ai)
                                    Composição: Patativa do Assaré

Entendendo a canção:

01 – Há um inseto que, ao cantar, mostra a continuidade da seca, ou seja, diz que a chuva está distante. Nesse texto, podemos identificá-lo. Trata-se do seguinte inseto:
a)   Formiga.
b)   Cigarra.
c)   Abelha.
d)   Gafanhoto.
e)   Mosquito.

02 – Ao viajar, o nordestino vendeu suas coisas. Quem comprou seus pertences foi:
a)   Um padre.
b)   Um comerciante.
c)   Um mendigo.
d)   Um amigo.
e)   Um fazendeiro.

03 – O transporte utilizado para a longa viagem foi:
     a) Trem.
     b) Avião.
     c) Caminhão.
     d) Navio.
     e) Automóvel.

04 – O dinheiro recebe muitos nomes em situações diversas. Nesse texto, o nome dado ao dinheiro é:
a)   Grana.
b)   Dólar.
c)   Cobre.
d)   Dindim.
e)   Moeda.

05 – No início da música fala-se de “nós’’. Esse pronome “nós” aqui se refere a:
a)   Paulistas.
b)   Nordestinos.
c)   Gaúchos.
d)   Baianos.
e)   Cariocas.

06 – O tema desse texto é:
a)   Seca.
b)   Chuva.
c)   Deus.
d)   Fome.
e)   Fartura.

07 – O santo de devoção daquele povo nordestino é:
a)   Santo Antônio.
b)   São Francisco.
c)   São José.
d)   São Paulo.
e)   São Jorge. 

08 – A música conta a história de uma viagem. O itinerário da viagem é:
a)   São Paulo – Nordeste.
b)   Minas – Bahia.
c)   Rio – São Paulo.
d)   Nordeste – São Paulo.
e)   Goiás – São Paulo

09 – Para comprar as passagens, o personagem teve que vender:
     a) Bicicleta, cavalo, jegue, gato.
     b) Burro, cachorro, jegue, galo.
     c) Burro, cavalo, jegue, galo.
     d) Bicicleta, cavalo, jumento, galo.
     e) Todas as Respostas Anteriores.

10 – Pode-se notar que aquela família era formada de:
a)   Uma pessoa.
b)   Duas pessoas.
c)   Três pessoas.
d)   Mais de três pessoas.
e)   N.R.A.

11 – São exemplos de linguagem popular no texto:
a)   oitubro, nóis, feróis.
b)   meis, entonce, famia, vamo.
c)   inté, terrive, fulô, fio.
d)   percura, prano, vortá, arguma, zóio.
e)   Todas as Respostas Anteriores.

12 – Assinale a opção onde ficou incorreta a associação da linguagem popular com o Português Padrão.
a)   oitubro – outubro.
b)   meis – mel.
c)   entonce – então.
d)   famia – família.
e)   fulô – flor.

13 – No texto se fala que o nordestino esperou a chuva antes de partir. Isso aconteceu entre:
a)   Setembro e março.
b)   Setembro e outubro.
c)   Setembro e dezembro.
d)   Dezembro e março.
e)   Janeiro a dezembro. 

14 – O que expulsou aquela família de sua terra natal foi:
a)   Enchente.
b)   Fogo.
c)   Seca.
d)   O fazendeiro.
e)   O cangaço. 

15 – Os dois meninos se preocuparam com:
a)   Cachorro e gato.
b)   Gato e galo.
c)   Burro e jumento.
d)   O pé de flor e cachorro.
e)   Seus amigos.

16 – A menina se preocupou mesmo foi com:
a)   O pé de flor e a boneca.
b)   A boneca e o cachorro.
c)   O cachorro e o gato.
d)   O cachorro e a boneca.
e)   Nenhuma das Respostas Anteriores.

17 – O retirante não volta para sua terra porque:
a)   Vive devendo.
b)   Fica rico.
c)   Não quer.
d)   Morre.
e)   N.R.A .

18 – Quando aquele retirante ouve notícias de sua terra ele:
a)   Volta para lá.
b)   Acha engraçado.
c)   Chora.
d)   Desliga o rádio.
e)   N.R.A.

19. Do que trata a canção?
       Trata do sofrimento do nordestino que foge da seca e busca salvação em São Paulo.
20. Quem são os personagens dessa narrativa?
      Três filhos - dois meninos e uma menina, o pai, a mãe e o fazendeiro. O patrão também é personagem da narrativa.
21. Quem é o eu lírico do cordel?
       O pobre sertanejo do seco Nordeste.



CONTO: JULGAMENTOS - GUSTAVO BERNARDO - COM QUESTÕES GABARITADAS

Conto: Julgamentos
       

  Gustavo Bernardo

        No ano de 399 antes da era cristã, se deram o julgamento e a morte de Sócrates. Ele foi acusado de malfeitor por excesso de curiosidade: vivia a indagar dos subterrâneos e dos céus.
        No julgamento, acusaram-no de se dizer mais sábio do que todos, e pior, de afirmar que ninguém mais seria sábio. Sócrates se defendeu, informando que não era bem assim. Ao contrário: toda a sua sabedoria estava em saber o quanto nada sabia. “Só sei que nada sei”. Ou seja: o quanto as verdades de então eram provisórias; o quanto lhe faltava, e aos homens, descobrir e entender; o quanto tudo o que ele, ou qualquer outro, afirmasse seria passível de dúvida e de desconfiança.
        Sócrates se porta, frente à possibilidade da morte, como homem muito seguro de si mesmo, persuadido de que n raciocínio claro constitui o requisito mais importante para uma vida reta. Recusa-se a seguir o costume da cidade, de apresentar ao tribunal filhos chorosos, a fim de abrandar o coração dos juízes; tais cenas, segundo ele, tornavam tanto o acusado como a própria cidade ridículos. Compete-lhe convencer os juízes e não lhes pedir um favor.
        Ao ser declarado culpado, lhe era concedido, de acordo com as leis atenienses, solicitar uma pena menor que a da morte. Os juízes escolheriam, então, entre a pena de morte sugerida pela acusação e o castigo sugerido pela defesa. Sócrates, propositalmente, propôs uma multa baixíssima. O tribunal ficou indignado e o condenou mesmo à morte. Sem dúvida ele previra tal resultado. É claro que não desejava evitar a pena de morte mediante concessões que pudessem dar a impressão de um reconhecimento de culpa.
        Não pareceu temer a morte. Porque ou a morte é um sono sem sonhos – o que seria francamente bom – ou a alma emigra para outro mundo. E “que não daria um homem para conversar com Orfeo e Museo, Hesíodo e Homero? Ora, se isso é certo, deixai que eu morra muitas mortes”. No outro mundo, poderia conversar com outros que sofreram morte injusta e, além de tudo, continuaria a sua busca de conhecimento. “No outro mundo, não condena um homem à morte por fazer perguntas”.
        Eis a razão das hostilidades contra Sócrates, contra um filósofo: ele passou a vida fazendo perguntas incômodas. Perguntas que traziam em seu bojo sérias críticas a pessoas, instituições e redações. Perguntas que espelhavam sua desconfiança da pretensa sabedoria dos maiorais e dos religiosos. Por isso ele foi morto – envenenado com cicuta. Certamente pareceu mais fácil aos atenienses silenciá-lo por meio do veneno do que enfrentar e sanar os males que ele tão bem apontava, através das suas perguntas incômodas.
      Nesse momento, se o leitor acha que tem nada a ver o julgamento de Sócrates com esta teoria ética da redação, eu vou achar que o senhor, ou a senhora, estava lá, entre os acusadores. Porque quase tudo o que escrevemos, mal ou bem disfarçado, é juízo de valor e julgamento. Se nossos julgamentos são apressados, atingindo mais a pessoas do que a fatos, enxergando mais os efeitos do que as causas, apontando sintomas esclarecedores como se fosse a própria doença, então poderemos continuar condenando homens à morte por fazerem perguntas; por pensarem; por duvidarem; por questionarem.
        Isaac Newton foi um dos maiores gênios científicos que já viveu. Por volta de 1700, ao fim da vida, invocava a mesma alegria e modéstia de Sócrates, frente à grandiosidade e complexidade da natureza.  
        “Não sei como pareço para o mundo, mas para mim, sinto-me somente como um menino brincando na praia divertindo-me, achando aqui e ali um seixo mais liso ou uma concha mais bonita do que o comum, enquanto o grande oceano da verdade permanece totalmente desconhecido diante de mim. (Em 12, p. 70-71).”
        No século XX, Bertrand Russell também recupera a máxima socrática: “Só sei que nada sei”. Ao falar de Einstein e da teoria da relatividade, em 1925, quando a bomba atômica se tornava uma possibilidade concreta, ele dizia:
        “A conclusão final é que sabemos extremamente pouco, embora seja surpreendente que conheçamos tanto, e ainda mais surpreendente que tão pouco conhecimento nos consiga proporcionar tamanho poder. (8. p. 188).”
        Ou seja, já sabemos tanto que podemos ou destruir o planeta vinte vezes ou acabar de vez com a miséria – pela fertilização dos desertos, pelo controle da natalidade, pela democratização da educação, pela socialização racional e amorosa das riquezas. Mas esse tanto é tão pouco, quando vemos o quanto estamos mais próximos da destruição do planeta do que do fim da miséria.
        Esse drama, o da nossa espécie nesta época, capaz de produzir o seu suicídio coletivo ou a sua felicidade coletiva, tragicamente mais perto do suicídio do que da felicidade, estará presente e latente em todo e qualquer pensamento, em toda e qualquer expressão de pensamentos. Escrever como os últimos presidentes americanos em seus discursos, megalomaniacamente julgando tudo e todos sob a sua ótica distorcida, nem antropocêntrica, mas “ianquecêntrica”, condenando tudo e todos à mira das ogivas nucleares. Ou escrever como Mahatma Gandhi, pacifista disposto a construir a paz passo a passo, pessoa a pessoa, fato por fato, escreveu em 1946 (pouco depois de Hiroshima).
        Amigos americanos sugeriram que a bomba atômica vai promover ahimsa (não-violência) como nada mais seria capaz de conseguir. Vai mesmo, se o seu poder destrutivo causar tanto horror que desviará o mundo da violência, pelo menos por algum tempo. É como um homem que se empanturra de guloseimas ao ponto de ficar nauseando e depois se afasta, só para voltar mais tarde, com uma voracidade redobrada, depois que passa o enjoo. Exatamente da mesma maneira o mundo retornará à violência, com renovado empenho, depois que esmaecer o efeito do horror. (...) Até onde posso perceber, a bomba atômica arrefeceu o melhor sentimento que sustentou a humanidade por séculos. Havia as chamadas leis de guerra que a tornavam tolerável. Agora, conhecemos a verdade nus e crua. A guerra não conhece qualquer lei, exceto a do poder. A bomba atômica trouxe uma vitória vazia para os exércitos aliados, a destruição da alma do Japão. Ainda é muito cedo para saber o que aconteceu à alma da nação destruidora. (35. p. 97-99).

                  Redação Inquieta. Belo Horizonte: Formato, 2000. p.212-215.

Entendendo o conto:

01 – Existem várias formas de iniciar um texto ou um parágrafo. O autor Gustavo Bernardo começou seu texto com uma alusão histórica, baseada em fatos reais.
a)   Que personalidade história foi a escolhida?
Sócrates.

b)   O autor explora que fato ligado à vida dessa pessoa?
Seu julgamento, especialmente a atitude dele diante das acusações que lhe eram feitas.

c)   Que frase, dita por essa personalidade histórica, resume seu pensamento a propósito do conhecimento sobre as coisas?
“Só sei que nada sei”.

d)   O que você entende pela frase apontada na resposta da letra “c” (anterior)?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A frase sugere que o filósofo reconhece seu não-saber diante das coisas do mundo, sendo essa a sua única certeza.

02 – Depois de contar, em linhas gerais, os motivos que levaram o filósofo grego a julgamento, o autor passa a narrar a atitude de Sócrates diante dos juízes. Entre as alternativas a seguir, transcreva para o caderno aquela que melhor traduz a postura de Sócrates em seu julgamento:
a)   Sócrates mostrou-se seguro de si mesmo, mas não diante dos juízes, motivo que o levou a ser condenado.
b)   O filósofo seguiu a tradição e levou seus filhos ao tribunal para que impressionassem os juízes diante da eventual morte do pai.
c)   Sócrates conseguiu convencer os juízes de sua inocência, utilizando um raciocínio claro e expondo sua vida reta.
d)   Como o acusado não se julgava culpado, ele apresentou aos juízes uma solução inaceitável.
e)   Entre morrer e pagar uma multa altíssima, Sócrates preferiu morrer.

03 – Partindo do princípio de que a morte é um sono sem sonhos ou que alma emigra para outro mundo, que vantagens Sócrates enxergou em morrer?
      Poderia encontrar grandes nomes da cultura grega (Orfeo, Museo, Hesíodo, Homero); poderia conversar com outros que, como ele, sofreram morte injusta; continuaria sua busca de conhecimento.

04 – De acordo com o texto, Sócrates teria sido hostilizado porque fazia perguntas incômodas. Você se lembra de outras pessoas ou personagens que, assim como Sócrates, incomodavam com seus questionamentos e por isso foram punidas? Exemplifique.
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Podemos lembrar das vítimas da Inquisição, da Coroa Portuguesa ou da ditadura militar.

05 – No 7° parágrafo, o autor dirige-se diretamente ao leitor do texto. Nesse momento, ele dá um recado importante para todos aqueles que leem ou produzem textos.
a)   Que recado é esse?
“Quase tudo o que escrevemos, bem ou mal disfarçado, é juízo de valor e julgamento”.

b)   Você concorda com a afirmação apontada na (anterior) resposta de “a”? Justifique seu ponto de vista.
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Mesmo um texto dito neutro, como o jornalístico, contém juízos de valor e julgamentos.

06 – Depois de explorar a alusão feita a Sócrates, Gustavo Bernardo cita Isaac Newton e Bertrand Russell, utilizando um outro recurso argumentativo: o testemunho autorizado.
a)   Newton cria uma imagem metafórica para mostrar como se sente frente à natureza. Relacione as palavras de Newton àquilo que elas sugerem:
I – “Concha mais bonita”.
II – “Menino brincando na praia”.
III – “Grande oceano da verdade”.
IV – “Seixo mais liso”.
Conhecimento = III.
Uma descoberta = I e IV.
O próprio cientista que lida com o conhecimento = II.

b)   Em que medida os pensamentos de Newton e de Sócrates se assemelham?
Ambos, apesar do vasto conhecimento, afirmam que sabem muito pouco.

c)   Relendo o que disse Russell, pode-se dizer que seu pensamento difere daquele do cientista e do filósofo? Justifique sua resposta.
Não. Russell, assim como Newton e Sócrates, pensa que “sabemos extremamente pouco, embora seja surpreendente que conheçamos tanto (...)”.

07 – No 10° parágrafo, aparece a seguinte opinião:
        “(...) já sabemos tanto que podemos ou destruir o planeta vinte vezes ou acabar de vez com a miséria (...)”.

a)   De quem é essa opinião?
De Gustavo Bernardo, autor do texto.

b)   Das duas opções que o autor dessa opinião apresenta em seu raciocínio, qual delas está prevalecendo, segundo ele?
O autor acha que estamos mais próximos de destruir o planeta.

c)   Dos argumentados apresentados a seguir, transcreva para o caderno o que justifica melhor a ideia expressa na resposta de “b”. Para isso, releia o 13° parágrafo.
I – Há pessoas influentes que agem de forma megalomaníaca, vendo o mundo exclusivamente sob seu próprio ponto de vista.
II – Há defensores da paz que se opõem à miséria e agem contra ela.
III – Há pessoas que só pensam em si.

d)   Dê um exemplo baseado na história da humanidade, diferente dos apresentados pelo autor, que comprove a sua resposta anterior.
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Pode ser citado como: o nazismo, as guerras mundiais, as ditaduras, a intolerância religiosa...

08 – No final do texto, nos dois últimos parágrafos, o autor apresenta duas posturas em relação ao poder de destruição do homem.
a)   Segundo ele, essas duas posturas foram adotadas por quem?
Pelos últimos presidentes americanos e por Mahatma Gandhi.

b)   Essas duas posturas se equivalem ou se opõem? Explique.
Há uma relação de oposição entre elas: de um lado, os últimos presidentes americanos, que ameaçam o mundo com o poder destrutivo de suas ogivas nucleares; de outro lado, Gandhi, pacifista indiano que não enxergava a bomba atômica como um elemento a favor da paz.

c)   Na citação de Gandhi, a imagem do homem que se empanturra de guloseimas pode ser comparada a qual dessas posturas?
À daqueles que, depois de exageraram na violência, precisam de um intervalo para retomá-la mais tarde, com maior avidez.


POEMA: SONETO DE CONTRIÇÃO - VINÍCIUS DE MORAIS - COM GABARITO

Poema: SONETO DE CONTRIÇÃO

        Vinícius de Morais

Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto.

Como a criança que vagueia o canto
Ante o mistério da amplidão suspensa
Meu coração é um vago de acalanto
Berçando versos de saudade imensa.

Não é maior o coração que a alma
Nem melhor a presença que a saudade
Só te amar é divino, e sentir calma...

E é uma calma tão feita de humildade
Que tão mais te soubesse pertencida
Menos seria eterno em tua vida.

                Vinícius de Morais. Obra poética. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1968. p. 203.

Entendendo o soneto:

01 – A linguagem empregada no texto é figurada afetiva construída a partir de imagens:
a)   Na 1ª estrofe do poema coloca-se em evidência o amor e a dor. Qual é a consequência de amar tanto Maria?
A consequência de amar tanto Maria é uma dor que parece uma doença, e que só faz com que ele fique mais encantado, mais apaixonado por ela.

b)   Que circunstancia esse fato exprime em relação a alma do eu lírico?
A circunstância que esse fato exprime em relação à alma do eu lírico é a de que ele é escravo do amor de Maria. A pesar da dor ele continua amando cada vez mais. A dor só torna o amor maior ainda. Ele vive numa situação de dependência afetiva e se submete ao sofrimento para poder continuar admirando aquela mulher.

02 – Nas demais estrofes, são empregadas algumas comparações. A que é comparado o coração do eu lírico?
É comparado com a alma.

03 – O que é melhor: a ausência ou a presença da mulher amada? justifique sua resposta.
      Segundo o poema, a saudade, ou seja, a ausência da mulher amada é melhor, porque se ela estivesse perto, o amor não seria tão divino. Amar aquela mulher é uma coisa divina, intocável, uma coisa santa, pura, que deve ficar numa espécie de altar. Estar longe desse amor sublime é algo que traz calma ao coração do eu-lírico, mas esse amor é tão humilde que só quer dar, não precisa receber, na verdade nem quer receber amor de volta para não tirar a divindade do ser amado.

04 – Há nesse poema, quatro estrofes, isto é, quatro grupo de versos separados por um espaço em branco. Cada uma das estrofes apresenta um grupo de versos, ou seja, de linhas poéticas. Quantos versos há na primeira estrofe? E na quarta estrofe?
      1ª estrofe possui 04 versos.
      4ª estrofe possui 03 versos.

05 – Ao ler o poema, provavelmente você fez uma pausa no final de cada linha ou verso. Essa pausa se acentua pela semelhança sonora que há no final dos versos, como ocorre em tanto e encanto. Que outros pares de palavras apresentam o mesmo tipo de sonoridade?
      Canto / acalanto; Suspensa / imensa; Alma / calma.

06 – Não se emprega, nesse poema, uma linguagem comum, que tenha apenas a finalidade de declarar publicamente o amor do eu lírico por Maria ou dar a ela essa informação.

a)   Na 1ª estrofe, o eu lírico afirma “O meu peito me dói como em doença”. Que sentido conotativo tem a palavra peito?
O sentido conotativo é o coração.

b)   Na 2ª estrofe, o eu lírico emprega um neologismo, isto é, uma palavra nova – berçando. De acordo com o contexto, qual é o significado dessa palavra?
Significa embalando, mimando, acarinhando. Tem característica de lugar seguro, aconchegante.

07 – Nas duas últimas estrofes, o eu lírico diz que sente, em amar, uma calma feita de humildade.
a)   Que tipo de relação há entre o eu lírico e a mulher amada?
·        Distanciamento.
·        Encantamento.
·        Submissão.
·        Medo.

b)   Nos dois últimos versos, o eu lírico confessa que, se Maria lhe pertencesse, “Menos seria eterno em tua vida”. Que tipo de sentimento em relação ao amor o eu lírico expressa?
·        Dor.
·        Desânimo.
·        Medo.
·        Paciência. 


FÁBULA: O MORCEGO, OS PÁSSAROS E AS FERAS - ESOPO - COM GABARITO

Fábula: O Morcego, os Pássaros, e as Feras
              ESOPO

                              
        Um grande conflito estava pronto a acontecer entre os Pássaros e as Feras. Quando os dois exércitos se defrontaram, o Morcego hesitou com qual se unir. Os Pássaros que passaram por seu poleiro disseram: “Venha conosco!”; ao que ele disse: "Eu sou uma Fera.". Mais tarde, algumas Feras que estavam passando por debaixo dele observaram e disseram: "Venha conosco!"; mas ele replicou: "Eu sou um Pássaro!". Afortunadamente, a paz foi feita à última hora e nenhuma batalha aconteceu. Assim o Morcego veio até os Pássaros e desejou se unir nas festividades, mas todos se voltaram contra ele, expulsando-o. Ele foi então para as Feras, mas logo bateu em retirada ou então elas o teriam rasgado em pedaços.
        -- “Ah...” disse o Morcego, “... eu vejo agora..."
        Moral da história: “Quem não é nem uma coisa, nem outra, não têm amigos”.
                                                          Fábula ESOPO
Entendendo a fábula:
01 – Quais são os personagens desta fábula?
      O morcego, os pássaros e as feras.

02 – Dois exércitos iam se defrontar, quem eram?
Os pássaros e as feras.

03 – Por que todos estavam contra o morcego?
      Porque ele não ficou de nenhum lado.

04 – A moral desta fábula apresenta uma reflexão sobre o comportamento humano. Você acredita que existem pessoas que agem assim? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

05 – Dê outro final para esta fábula, modificando também a moral da história.
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Numa fábula há sempre uma crítica a determinado tipo de comportamento, que se deveria evitar. Nessa fábula, a crítica refere-se a que tipo de atitude?
      De pessoas que não têm posicionamento, são inseguros e com baixa autoestima.