sábado, 27 de abril de 2019

MITO: ARACNE, A MULHER ARANHA - MITO GREGO - COM GABARITO

MITO: Aracne, a mulher aranha
                                
        Mito grego

        Aracne era uma moça que tecia e bordava com tal perfeição que muitas pessoas vinham de longe para admirar seu trabalho.
        Ela transformava a lã bruta em novelos, tecia e cobria o pano com delicados bordados. Orgulhava-se de seus dons e dizia que ninguém lhe havia ensinado a arte de tecer e de bordar. Dizia também que, embora sendo mortal, desafiava a deusa Atena a comparar sua habilidade com a dela.
        A deusa Atena, pacientemente, disfarçada numa velha maltrapilha, resolve aconselhar Aracne a não desafiar os deuses e a não ser tão convencida.
        Entretanto, Aracne atreveu-se a competir com a deusa Atena:
        -- Não tenho medo da deusa. Ela que venha competir comigo, que sou a melhor!
        Livrando-se do disfarce, Atena disse:
        -- Pois estou aqui!
        Começou, então, a disputa. Ambas trabalhavam com rapidez, e perfeição, combinado cores e bordando belas cenas. Ao final, Aracne gabava-se do seu trabalho dizendo que ele era superior ao da deusa.
        -- Você é a melhor, mas tua impiedade e presunção merecem uma lição! - disse a deusa.
        Nesse momento, o corpo de Aracne foi rapidamente encolhendo. Em vez de dedos passou a ter oito patas peludas e se viu transformada em uma...aranha, condenada a fiar teias para sempre.
        De sua arte, Aracne era ciumenta. A tal ponto, conta um poeta antigo. Que mediu forças com Atena e da deusa sofreu duro castigo.

Tradução livre de texto teatral de David Garrick.
Entendendo o texto:
01 – Explique qual é a temática do texto.
      Possuem a temática sobre aranha.

02 – No texto:
I. A aranha é charmosa.
II. A aranha é arisca.
III. A aranha é finíssima e cheia de manha. Está correta a alternativa:
a.I          b.II          c.III e II           d.I e II

03 – De acordo como o texto, quem era Aracne?
a)   Uma aranha.
b)    Uma moça tecelã.
c)    Uma vizinha da aranha.
d)   Uma deusa.

04 – Assinale (V) para verdadeira e (F) para falso.
(V) Aracne tecia e bordava com perfeição.
(V)Aracne orgulhava-se de seus bordados. 
(F) Aracne dizia sentir medo de Atena. 
(V)Aracne bordava e tecia melhor que Atena.
(F)Aracne foi transformada em uma deusa.

05 – Explique o que aconteceu, após a deusa Atena admitir, que Aracne era melhor que ela na produção de bordados?
      Aracne foi transformada em aranha para sempre.

06 – Quem aconselhou Aracne a não desafiar os deuses e a não ser tão convencida?
      A deusa Atena.


sexta-feira, 26 de abril de 2019

POEMA: A MORTE DE LINDÓIA - FRAGMENTO - BASÍLIO DA GAMA - COM GABARITO

Poema: A MORTE DE LINDÓIA - Fragmento

              BASÍLIO DA GAMA

Porém o destro Caitutu, que treme
Do perigo da irmã, sem mais demora
Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes
Soltar o tiro, e vacilou três vezes
Entre a ira e o temor. Enfim sacode
O arco e faz voar a aguda seta,
Que toca o peito de Lindóia, e fere
A serpente na testa, e a boca e os dentes
Deixou cravados no vizinho tronco.
[...]



Leva nos braços a infeliz Lindóia
O desgraçado irmão, que ao despertá-la
Conhece, com que dor no frio rosto
Os sinais do veneno, e vê ferido
Pelo dente sutil o brando peito.
Os olhos, em que o Amor reinava, um dia.
Cheios de morte: e muda aquela língua.
Que ao surdo vento, e aos ecos tantas vezes
Contou a larga história de seus males.
Nos olhos Caititu não sofre o pranto,
E rompe em profundíssimos suspiros.
Lendo na testa da fronteira gruta
De sua mão trêmula gravado
O alheio crime e a voluntária morte.
E por todas as partes repetido
O suspirado nome de Cacambo
Inda conserva o pálido semblante
Um não sei quê de magoado e triste,
Que os corações mais duros enternece.
Tanto era bela no seu rosto a morte!
                            José Basílio da Gama, "O Uraguai". Rio de Janeiro, Agir, 1976.
Entendendo o poema:

01 – Este fragmento é o mais conhecido e um dos mais belos do poema. Revelam-se nele algumas das grandes qualidades estilísticas de Basílio da Gama, como a vivacidade das descrições e a intensificação dos conflitos interiores das personagens pela representação minuciosa de suas ações.

a)   Qual é o dilema de Caitutu ao ver sua irmã prostrada, com uma serpente sobre o corpo?
Caitutu teme ferir Lindóia com sua seta, mas tem que atirar para salvá-la da serpente.

b)   Com que recurso estilístico o autor representa a comoção e a hesitação de Caitutu?
Com a repetição: “quis três vezes”, “vacilou três vezes”.

02 – Mário Camarinha da Silva assim comenta a descrição de Lindóia:
        “[...] desde sua patética apresentação cativando o afeto do poeta, a esposa de Cacambo não cessa de crescer na imaginação do leitor. Vulto de mulher apenas entrevisto é personagem de assombrosa vivência. [...] Com os poucos traços que dela nos dá comentados à maneira de contraponto pela adjetivação e outros processos de tom elegíaco, Basílio da Gama, no auge de sua virtuosidade técnica incontestada, nos sugere – mais que descreve – o triste destino da infausta indiana: dentro de nós, leitores, os sentimentos ficam assim em liberdade para completar à nossa maneira a mulher que foi Lindóia [...]”.
                         In: Basílio da Gama. O Uraguai. “Introdução”. Rio de Janeiro, Agir, 1976.

a)   Faça um levantamento dos adjetivos e expressões referentes a Lindóia que contribuem para o tom elegíaco (tristonho, lamentoso) do episódio.
Infeliz; (olhos) cheios de morte; (língua) muda; (semblante) pálido; um não sei que de magoado e triste; tanto era bela no seu rosto a morte.

b)   Transcreva os versos que sugerem que o sofrimento de Lindóia pela morte de Cacambo foi silencioso e solitário. Comente.
         “...e muda aquela língua. / Que ao surdo vento, e aos ecos tantas vezes. / Contou a larga história de seus males.” Morta, Lindóia não pode mais lamentar sua triste história; mas, quando vivia, seu sofrimento era também silencioso e solitário, pois seus únicos confidentes eram o “surdo vento” e os ecos.

03 – O fragmento termina com os versos mais conhecidos de O Uraguai. Escreva um comentário sobre eles.
      Resposta pessoal do aluno.




SONETO:BUSQUE AMOR NOVAS ARTES, NOVO ENGENHO - LUÍS VAZ DE CAMÕES - COM GABARITO

Soneto: Busque Amor novas artes, novo engenho
          Luís Vaz de Camões

Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar me, e novas esquivanças;
que não pode tirar me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho! 


Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.

Luís de Camões. In: A. J. da Costa Pimpão. Op. cit. pág. 118.
Entendendo o soneto:
01 – Faça a escansão do primeiro verso.
      Bus/que A/mor no/vas ar/tes no/vo em/ge/nho.

02 – A primeira estrofe é um desafio ao Amor. Qual o argumento utilizado pelo sujeito lírico para explicar a impossibilidade de sofrer mais?
      O maior mal seria perder a esperança. Como esta já não existe, o Amor nada mais pode contra ele.

03 – A segunda estrofe exprime a perplexidade do sujeito lírico diante do absurdo de sua situação: a esperança de não sofrer mais, por não ter mais esperança. Qual é o paradoxo com que ele exprime essa situação absurda?
      “... perigosas seguranças”.

04 – No oitavo verso o autor utiliza uma metáfora náutica: “andando em bravo mar, perdido o lenho”. Metáforas como esta são lugares-comuns na poesia renascentista. Procuremos entende-la: “bravo mar” é metáfora de “vida agitada”; “lenho” é “navio”, por metonímia. No contexto do poema, o que o “lenho”, ou navio perdido representa?
      Representa a esperança perdida. A perda da esperança é o “naufrágio” do sujeito lírico.

05 – É grande a intensidade emocional deste soneto. Entretanto, Camões equilibra a expressão do desespero amoroso com o raciocínio (lembre-se de que o Classicismo procura o equilíbrio entre razão e emoção), desenvolvendo um discurso em tese e antítese.
a)   Resuma a tese apresentada nos quartetos.
O pior mal que o Amor poderia causar ao sujeito lírico seria tirar-lhe as esperanças. Como ele já não as possui, nada mais deve temer.

b)   A antítese começa com a conjunção adversativa “mas”. Resuma a contradição apresentada no primeiro terceto.
Apesar da impossibilidade lógica de os seus desgostos aumentarem, o Amor lhe reserva ainda um grande mal invisível, escondido na alma.

06 – O sujeito lírico conclui confessando sua incapacidade de compreender o processo amoroso. Transcreva os versos que melhor exprimem a ideia de que o Amor é um sentimento contraditório e incompreensível.
      Os dois últimos versos do soneto.


SERMÃO: O AMOR E A RAZÃO - FRAGMENTO - Pe. ANTONIO VIEIRA - COM GABARITO

SERMÃO: O Amor e a Razão - Fragmento
               
             Pe. Antônio Vieira

      Pinta-se o amor sempre menino, porque ainda que passe dos sete anos [...], nunca chega à idade de uso da razão. Usar razão e amar são duas coisas que não se juntam. A alma de um menino que vem a ser? Uma vontade com afetos e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar. Tudo conquista o amor, quando conquista uma alma; porém o primeiro rendido é o entendimento. Ninguém teve a vontade febricitante, que não tivesse o entendimento frenético. O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de tresvariar, se é amor. Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o entendimento. Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza no juízo.
"Sermão do Mandato". In Sermões. Rio de Janeiro, Agir, 1957.
Entendendo a crônica:

01 – Sendo parte de um sermão, esse fragmento possui uma estrutura argumentativa: uma afirmação central e os argumentos com que o pregador procura convencer o ouvinte. Copie a afirmação central do fragmento.
      “Usar de razão e amar são duas coisas que não se juntam”.

02 – De o significado das palavras abaixo:
·        Idade de uso da razão: segundo o costume, considera-se que uma criança começa a fazer uso da razão, isto é, a distinguir o certo do errado, aos sete anos.

·        Febricitante: febril.

·        Frenético: que tem frenesi, delirante, desvairado.

·        Tresvariar: delirar, estar fora de si, dizer ou fazer disparates.

03 – Que argumento o autor usa para justificar sua afirmação de que o amor não chega jamais à idade da razão?
      O autor justifica sua afirmação dizendo que, mesmo ultrapassando os sete anos, o amor não atinge a idade da razão porque amor e razão são inconciliáveis.

04 – Quando o amor conquista a alma, qual é o primeiro derrotado?
      O primeiro derrotado é o entendimento, isto é, a razão.

05 – Segundo Vieira, o delírio ("entendimento frenético) é consequência necessária da febre ("vontade febricitante"). 
a)   A qual elemento da dicotomia estabelecida pelo texto corresponde o delírio? e a febre?
O delírio é consequência necessária da febre. 

b)   Copie do texto duas frases que repetem, com outras imagens, esse mesmo argumento.
"Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o entendimento."
"Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza no juízo".

06 – Comente o trocadilho: “O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de tresvariar, se é amor”.
      Resposta pessoal do aluno.


REPORTAGEM : EXAME DE ADMISSÃO - REVISTA SUPERINTERESSANTE - COM GABARITO

REPORTAGEM: Exame de admissão

        As danças e cantos se estendem noite adentro. Mas, assim que o dia amanhece, um grupo de índios corre até a pequena maloca e liberta a menina que estava presa. Ela não tinha feito algo de errado. Ao contrário, era personagem de uma festa — o ritual que os mamaindês de Mato Grosso e Rondônia chamam de festa da moça nova. Três meses antes, a indiazinha menstruara pela primeira vez e, como manda a tradição, ficou reclusa, sem poder ver a luz do Sol, aos cuidados das mulheres mais velhas. Enquanto isso, o grupo se esmerou em preparar a festa de sua libertação: o grande dia em que a pequena mamaindê passaria a ser considerada apta ao casamento e à maternidade. Muito mais complicada é a passagem da infância à vida adulta nas sociedades modernas. Para começar, a transição leva muito mais tempo, a partir dos 12, 13 anos de idade, e é chamada, desde o século XIX, de adolescência. “Nas sociedades mais complexas não existe um momento determinado em que se reconheça essa passagem como nas sociedades indígenas”, observa a socióloga Aspásia Camargo, da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. De fato, os rituais são outros, próprios de um período longo, e se diluem pelos diferentes grupos sociais. Determinar o início da adolescência é relativamente fácil, pois coincide com a puberdade, quando ocorrem grandes mudanças biológicas.
        Mais difícil é precisar o final dessa fase. De qualquer forma, existem alguns marcos. O vestibular, por exemplo, é um deles e se dá por volta dos 18 anos. Nessa idade os jovens adquirem algumas prerrogativas dos adultos, embora, legalmente, não sejam ainda considerados maiores de idade, o que só vai se dar aos 21 anos. Na faculdade, eles sabem que têm de estudar para concluir o curso e já podem enfrentar o mercado de trabalho. É também aos 18 anos que podem tirar carteira de motorista e pedir o carro ao pai, que antes se negava a emprestar. Podem tirar título de eleitor e, quem sabe, em breve, escolher o presidente da República. Casar, no entanto, só aos 21 anos, a menos que sejam emancipados antes pelos pais. Se já tiverem um emprego, não precisarão mais depender da mesada paterna — serão donos de seu próprio nariz e, aos olhos da sociedade, adultos. Mas chegar até a esse estágio, virar gente grande, são anos de indefinição: quando entram na puberdade, os jovens deixam de ser crianças, mas ainda não são considerados adultos.
Para marcar presença diante da sociedade, chamando a atenção para essa travessia, assumem comportamentos e atitudes peculiares. Aí vale tudo: desde cortar o cabelo estilo “calha” — raspado dos lados, com uma franja em forma de onda caída na testa — até se vestir de preto da cabeça aos pés, com as calças coalhadas de tachinhas douradas ou prateadas, no melhor estilo “dark”. Os menos extremados usam os tão comuns jeans, tênis e camisetas, e não se diferenciam tanto dos mais velhos, acostumados a se vestir assim também. A peculiaridade está em usar geralmente as mesmas marcas de jeans e determinados modelos de tênis, de preferência sem cadarço. Os adolescentes adoram as bermudas largas e floridas, as saias confortáveis e os relógios de pulseiras coloridas, que combinam com as cores das roupas. A entrada na puberdade implica não só alterações corporais, mas também uma reviravolta psicológica. “Garotos e garotas jogam fora aspectos infantis e aspiram a ser adultos”, explica o psiquiatra paulista Içami Tiba, que há dezoito anos trabalha com adolescentes. Nessa época. diz ele, “a principal mudança é a atitude diante dos pais: se antes obedeciam, agora se opõem às ordens recebidas, e o resultado são as primeiras desavenças familiares”.

                                              Revista Superinteressante, mar. 1988.

Entendendo o texto:

01 – Releia atentamente o texto “Exame de admissão”. Em seguida, responda a estas questões:
a)   No início do primeiro parágrafo, o texto se inicia com verbos no presente (estendem, amanhece, corre, liberta). Depois, o enunciador-narrador utiliza uma série de verbos em tempos do passado. Que significados têm esses tempos verbais nesse trecho do texto?
O presente utilizado no início marca uma época simultânea ao momento da narração (presente do enunciador-narrador). Os tempos do passado remetem o enunciatário-leitor a uma época de tempo anterior ao momento da narração expresso pelo presente.

b)   Para assinalar a anterioridade, ou seja, o momento anterior em relação ao momento da libertação da garota indígena, o enunciador-narrador do texto utiliza, logo no primeiro parágrafo, uma expressão de tempo. Localize essa expressão no texto. Que tempo verbal é utilizado para reforçar a ideia de anterioridade temporal?
A expressão é “três meses antes”, e o tempo verbal é o mais-que-perfeito simples do indicativo (menstruará), que indica a anterioridade em relação ao passado.

c)   No trecho a seguir, a que período de tempo a expressão “enquanto isso” se refere? Explique.
“Enquanto isso, o grupo se esmerou em preparar a festa de sua libertação: o grande dia em que a pequena mamaindê passaria a ser considerada apta ao casamento e à maternidade.”
A expressão se refere ao período em que a garota indígena ficou reclusa, que é simultâneo à preparação da festa. Ela indica que as ações (reclusão da garota e preparação da festa) são simultâneas.

d)   “Exame de admissão” é uma reportagem. Localize no texto o início e o fim do trecho narrativo.
Início: “As danças e cantos...”. Fim: “... apta ao casamento e à maternidade”.


MENSAGEM: RECOMEÇAR... CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - PARA REFLEXÃO


Mensagem: RECOMEÇAR...
                    Carlos Drummond de Andrade


        Não importa onde você parou, em que momento da vida você cansou, o que importa é que sempre é possível e necessário “Recomeçar”.
        Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo.
        É renovar as esperanças na vida e o mais importante: acreditar em você de novo.
        Sofreu muito nesse período?
        Foi aprendizado.
        Chorou muito?
        Foi limpeza da alma.
        Ficou com raiva das pessoas?
        Foi para perdoá-las um dia.
        Sentiu-se só por diversas vezes?
        É por que fechaste a porta até para os outros.
        Acreditou que tudo estava perdido?
        Era o início da tua melhora.
        Pois é! Agora é hora de iniciar, de pensar na luz, de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
        Que tal um novo emprego? Uma nova profissão? Um corte de cabelo arrojado, diferente?
        Um novo curso, ou aquele velho desejo de apender a pintar, desenhar, dominar o computador, ou qualquer outra coisa?
        Olha quanto desafio. Quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando.
        Tá se sentindo sozinho? Besteira!
        Tem tanta gente que você afastou com o seu “período de isolamento”, tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu para “chegar” perto de você.
        Quando nos trancamos na tristeza, nem nós mesmos nos suportamos.
        Ficamos horríveis.
        O mau humor vai comendo nosso fígado, até a boca ficar amarga.
        Recomeçar!
        Hoje é um bom dia para começar novos desafios.
        Onde você quer chegar? Ir alto?
        Sonhe alto, queira o melhor do melhor, queira coisas boas para a vida, pensamentos assim trazem para nós aquilo que desejamos.
        Se pensarmos pequeno, coisas pequenas teremos.
        Já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor, o melhor vai se instalar na nossa vida.
        E é hoje o dia da Faxina Mental.
        Joga fora tudo que te prende ao passado, ao mundinho de coisas tristes, fotos, peças de roupa, papel de bala, ingressos de cinema, bilhetes de viagens, e toda aquela tranqueira que guardamos quando nos julgamos apaixonados.
        Jogue tudo fora.
        Mas, principalmente, esvazie seu coração. Fique pronto para a vida, para um novo amor.
        Lembre-se somos apaixonáveis, somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes.
        Afinal de contas, nós somos o “Amor”.
                                                       (Carlos Drummond de Andrade)

quarta-feira, 24 de abril de 2019

POEMA: PSICOLOGIA DE UM VENCIDO - AUGUSTO DOS ANJOS - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: Psicologia de um vencido

              Augusto dos Anjos

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco, 


Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

Augusto dos Anjos. Eu e Outras Poesias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

Entendendo o poema:

01 – A linguagem do poema surpreende e modifica uma tradição poética brasileira, em grande parte construída com base em sentimentalismo, delicadezas, sonhos e fantasias.
a)   Destaque do texto vocábulos empregados poeticamente por Augusto dos Anjos e tradicionalmente considerados antipoéticos.
Carbono, amoníaco, epigênesis, hipocondríaco, verme, etc.

b)   De que área do conhecimento humano provêm esses vocábulos?
Provêm da ciência, particularmente da Química.

02 – O poema pode ser dividido em duas partes: a primeira trata do próprio eu lírico; a segunda, da morte.
a)   Como o eu lírico encara a vida e a si mesmo nas duas primeiras estrofes?
Vê a vida e a si mesmo de forma pessimista, pois entende que o homem é matéria, química, e considera que tudo caminha para a destruição.

b)   Que enfoque é dado à morte nas duas últimas estrofes?
A morte é considerada o destina final de toda forma de vida. Cabe ressaltar também a crueza do tratamento dado à morte, representada pela imagem do verme a comer “sangue podre”.

03 – O título é uma espécie de síntese das ideias do poema. Justifique-o.
      Embora o título contenha a palavra psicologia, o poema detém-se a tratar da matéria das substâncias químicas que formam o eu, evitando maior introspecção. Apesar disso, é possível constatar o negativismo interior do eu lírico, que se considera “vencido” em virtude da fragilidade física do ser humano e da força implacável da morte.

04 – O poema é centrado no eu. Apesar disso, pode-se dizer que suas ideias são universalizantes? Justifique.
      Sim. Porque a condição humana retratada pelo poema (constituição e fragilidade física do ser humano, fatalidade da morte) não é exclusiva do eu lírico, mas universal.

05 – Identifique no texto ao menos uma característica naturalista e outra simbolista.
      A característica naturalista do poema está no cientificismo; A característica simbolista, encontra-se na visão decadentista do eu lírico sobre a vida.

06 – O poema tem como temática:
a)   A influência dos signos do zodíaco sobre a vida humana.
b)   Os medos enfrentados pelos homens durante a infância.
c)   A angústia diante da decomposição fatal do corpo humano.
d)   As doenças que levam o homem à morte.

07 – Apresenta uma comparação os versos:
a)   “Sofro, desde a epigênese da infância
A influência dos signos do zodíaco”.
b)   “Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...”
c)   “E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra”.
d)   “Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que escapa da boca de um cardíaco.”

08 – São palavras que fazem parte do vocabulário científico:
a)   Guerra e terra.
b)   Zodíaco e ânsia.
c)   Inorgânica e epigênese.
d)   Signos e operário.

09 – Segundo os versos do poema, o eu lírico:
a)   É uma pessoa cardíaca.
b)   Declarou guerra à vida.
c)   Sente-se um verme.
d) Considera-se um sofredor.

10 – “Monstro de escuridão e rutilância”, o verso apresenta:
a)   Uma antítese.   
b)   Um eufemismo. 
c)   Uma hipérbole. 
d) Uma metonímia.

11 – O verme representa para o eu lírico:
a)   Uma doença.
b)   Um predador.  
c)   Um aliado.  
d) Uma solução.


SONETO: Ó VIRGENS! ANTÔNIO NOBRE - COM QUESTÕES GABARITADAS

Soneto: Ó Virgens!
        
     Antônio Nobre

Ó virgens que passais, ao sol-poente,
Pelas estradas ermas, a cantar!
Eu quero ouvir uma canção ardente
Que me transporte ao meu perdido lar...

Cantai-me, n'essa voz omnipotente,
O sol que tomba, aureolando o mar,
A fartura da seara reluzente,
O vinho, a graça, a formosura, o luar!

Cantai! cantai as límpidas cantigas!
Das ruinas do meu Lar desaterrai
Todas aquelas ilusões antigas.

Que eu vi morrer num sonho, como um ai.
Ó suaves e frescas raparigas;
Adormecei-me nessa voz... Cantai! 
 In A. Soares Amora. Presença da literatura portuguesa.
“O Simbolismo”. São Paulo, Difel, 1974.
Entendendo o soneto:
01 – Que características do Simbolismo percebemos na expressão “ao meu perdido Lar”?
      Duas características: o uso de letras maiúsculas em substantivos comuns, dando-lhes um sentido de transcendência, de valor absoluto e a ideia de um “lar” metafísico, distante, de uma origem nostálgica, sobrenatural, idealizada.

02 – Com o sujeito lírico vislumbra o seu “transporte” a esse “perdido Lar”? Trata-se de um transporte real ou imaginário?
      A forma é o canto ardente da Virgens que passam; este canto transporta o sujeito lírico ao seu amigo lar imaginariamente, porque o evocam, fazem-no lembrar-se dele.

03 – Na segunda estrofe, quais são os objetos do canto das Virgens e o que representam para o sujeito lírico?
      As virgens cantam o sol, o mar, o campo (“A fartura da seara reluzente”) e o luar, isto é, os elementos da natureza, que representam o vinho e a graça, ou seja, a embriaguez e o encantamento, par o sujeito lírico.

04 – Transcreva o verso da 3ª estrofe em que melhor se perceba a musicalidade, presente em todo o poema.
      O verso é: “Cantai! Cantai as límpidas cantigas!”

05 – Que recursos sonoros essencialmente simbolistas do verso transcrito são responsáveis por sua musicalidade?
      As repetições de palavras e de sons, como as vogais a e i (assonância) e as consoantes c e t (aliterações).

06 – No desfecho do soneto (as duas estrofes finais), como percebemos as seguintes características simbolistas do poema:
a)   A recusa da realidade.
Percebemos a recusa da realidade pela expressão “... ilusões antigas / Que eu vi morrer num sonho...”.

b)   O desejo de evasão, a evocação da morte.
Ambas as ideias estão implícitas na vontade de adormecer, ouvindo o canto das Virgens, com a qual o sujeito lírico termina o soneto.