sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

TEXTO: MANIFESTO PAU-BRASIL/ESCAPULÁRIO/VÍCIO NA FALA/O CAPOEIRA - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

Texto: Manifesto Pau-Brasil

                        Oswald de Andrade

        "A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos.
        O Carnaval no Rio é o acontecimento religioso da raça. Pau-Brasil. Wagner submerge ante os cordões de Botafogo. Bárbaro e nosso. A formação étnica rica. Riqueza vegetal. O minério. A cozinha. O vatapá, o ouro e a dança.
        Toda a história bandeirante e a história comercial do Brasil. O lado doutor, o lado citações, o lado autores conhecidos. Comovente. Rui Barbosa: uma cartola na Senegâmbia. Tudo revertendo em riqueza. A riqueza dos bailes e das frases feitas. Negras de Jockey. Odaliscas no Catumbi. Falar difícil.
        O lado doutor. Fatalidade do primeiro branco aportado e dominando politicamente as selvas selvagens. O bacharel. Não podemos deixar de ser doutos. Doutores. País de dores anônimas, de doutores anônimos. O Império foi assim. Eruditamos tudo. Esquecemos o gavião de penacho.
        A nunca exportação de poesia. A poesia anda oculta nos cipós maliciosos da sabedoria. Nas lianas da saudade universitária.
        Mas houve um estouro nos aprendimentos. Os homens que sabiam tudo se deformaram como borrachas sopradas. Rebentaram.
        A volta à especialização. Filósofos fazendo filosofia, críticos, critica, donas de casa tratando de cozinha.
        A Poesia para os poetas. Alegria dos que não sabem e descobrem.
        Tinha havido a inversão de tudo, a invasão de tudo: o teatro de tese e a luta no palco entre morais e imorais. A tese deve ser decidida em guerra de sociólogos, de homens de lei, gordos e dourados como Corpus Juris.
        Ágil o teatro, filho do saltimbanco. Ágil e ilógico. Ágil o romance, nascido da invenção. Ágil a poesia.
        A poesia Pau-Brasil. Ágil e cândida. Como uma criança.
        Uma sugestão de Blaise Cendrars: – Tendes as locomotivas cheias, ides partir. Um negro gira a manivela do desvio rotativo em que estais. O menor descuido vos fará partir na direção oposta ao vosso destino.
        Contra o gabinetismo, a prática culta da vida. Engenheiros em vez de jurisconsultos, perdidos como chineses na genealogia das ideias.
        A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.
        Não há luta na terra de vocações acadêmicas. Há só fardas. Os futuristas e os outros.
        Uma única luta - a luta pelo caminho. Dividamos: Poesia de importação. E a Poesia Pau-Brasil, de exportação.
        Houve um fenômeno de democratização estética nas cinco partes sábias do mundo. Instituíra-se o naturalismo. Copiar. Quadros de carneiros que não fosse lã mesmo, não prestava. A interpretação no dicionário oral das Escolas de Belas Artes queria dizer reproduzir igualzinho... Veio a pirogravura. As meninas de todos os lares ficaram artistas. Apareceu a máquina fotográfica. E com todas as prerrogativas do cabelo grande, da caspa e da misteriosa genialidade de olho virado - o artista fotógrafo.
        Na música, o piano invadiu as saletas nuas, de folhinha na parede. Todas as meninas ficaram pianistas. Surgiu o piano de manivela, o piano de patas. A pleyela. E a ironia eslava compôs para a pleyela. Stravinski.
        A estatuária andou atrás. As procissões saíram novinhas das fábricas.
        Só não se inventou uma máquina de fazer versos – já havia o poeta parnasiano.
        Ora, a revolução indicou apenas que a arte voltava para as elites. E as elites começaram desmanchando. Duas fases: 1º) a deformação através do impressionismo, a fragmentação, o caos voluntário. De Cézanne e Malarmé, Rodin e Debussy até agora. 2º) o lirismo, a apresentação no templo, os materiais, a inocência construtiva.
        O Brasil profiteur. O Brasil doutor. E a coincidência da primeira construção brasileira no movimento de reconstrução geral. Poesia Pau-Brasil.
        Como a época é miraculosa, as leis nasceram do próprio rotamento dinâmico dos fatores destrutivos.
        A síntese
        O equilíbrio
        O acabamento de carrosserie
        A invenção
        A surpresa
        Uma nova perspectiva
        Uma nova escala.
        Qualquer esforço natural nesse sentido será bom. Poesia Pau-Brasil.
        O trabalho contra o detalhe naturalista – pela síntese; contra a morbidez romântica – pelo equilíbrio geômetra e pelo acabamento técnico; contra a cópia, pela invenção e pela surpresa.
        Uma nova perspectiva.
        A outra, a de Paolo Ucello criou o naturalismo de apogeu. Era uma ilusão ética. Os objetos distantes não diminuíam. Era uma lei de aparência. Ora, o momento é de reação à aparência. Reação à cópia. Substituir a perspectiva visual e naturalista por uma perspectiva de outra ordem: sentimental, intelectual, irônica, ingênua.
        Uma nova escala:
        A outra, a de um mundo proporcionado e catalogado com letras nos livros, crianças nos colos. O redame produzindo letras maiores que torres. E as novas formas da indústria, da viação, da aviação. Postes. Gasômetros Rails. Laboratórios e oficinas técnicas. Vozes e tics de fios e ondas e fulgurações. Estrelas familiarizadas com negativos fotográficos. O correspondente da surpresa física em arte.
        A reação contra o assunto invasor, diverso da finalidade. A peça de tese era um arranjo monstruoso. O romance de ideias, uma mistura. O quadro histórico, uma aberração. A escultura eloquente, um pavor sem sentido.
        Nossa época anuncia a volta ao sentido puro.
        Um quadro são linhas e cores. A estatuária são volumes sob a luz.
        A Poesia Pau-Brasil é uma sala de jantar domingueira, com passarinhos cantando na mata resumida das gaiolas, um sujeito magro compondo uma valsa para flauta e a Maricota lendo o jornal. No jornal anda todo o presente.
        Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres.
        Temos a base dupla e presente – a floresta e a escola. A raça crédula e dualista e a geometria, a álgebra e a química logo depois da mamadeira e do chá de erva-doce. Um misto de "dorme nenê que o bicho vem pegá" e de equações.
        Uma visão que bata nos cilindros dos moinhos, nas turbinas elétricas; nas usinas produtoras, nas questões cambiais, sem perder de vista o Museu Nacional. Pau-Brasil.
        Obuses de elevadores, cubos de arranha-céus e a sábia preguiça solar. A reza. O Carnaval. A energia íntima. O sabiá. A hospitalidade um pouco sensual, amorosa. A saudade dos pajés e os campos de aviação militar. Pau-Brasil.
        O trabalho da geração futurista foi ciclópico. Acertar o relógio império da literatura nacional.
        Realizada essa etapa, o problema é outro. Ser regional e puro em sua época.
        O estado de inocência substituindo o estada de graça que pode ser uma atitude do espírito.
        O contrapeso da originalidade nativa para inutilizar a adesão acadêmica.
        A reação contra todas as indigestões de sabedoria. O melhor de nossa tradição lírica. O melhor de nossa demonstração moderna.
        Apenas brasileiros de nossa época. O necessário de química, de mecânica, de economia e de balística. Tudo digerido. Sem meeting cultural. Práticos. Experimentais. Poetas. Sem reminiscências livrescas. Sem comparações de apoio. Sem pesquisa etimológica. Sem ontologia.
        Bárbaros, crédulos, pitorescos e meigos. Leitores de jornais. Pau-Brasil. A floresta e a escola. O Museu Nacional. A cozinha, o minério e a dança. A vegetação. Pau-Brasil."
                        OSWALD DE ANDRADE. In: Correio da Manhã, 18 de março de 1924.
      Disponível em: http://www.lumiarte.com / luardeoutono/oswald/manifpaubr.html.
                                                              Acesso em 20 abril 2003.
Entendendo o texto:
01 – Qual é a finalidade de um texto como esse?
      Apresentar e justificar uma nova proposta estética e literária.

02 – A quem parece ser dirigido?
      Ao público em geral, especialmente, àqueles interessados em arte e em poesia.

03 – Releia s seguintes enunciados. Qual é a finalidade deles para o propósito do texto?
·        “Só não se inventou uma máquina de fazer versos – já havia o poeta parnasiano.”
·        “O trabalho contra o detalhe naturalista – pela síntese; contra a morbidez romântica – pelo equilíbrio geômetra e pelo acabamento técnico; contra a cópia, pela invenção e pela surpresa.”
·        “Instituíra-se o naturalismo. Copiar. Quadros de carneiros que não fosse lã mesmo, não prestava. A interpretação no dicionário oral das Escolas de Belas Artes queria dizer reproduzir igualzinho...”
      Negar o que estava sendo feito então, através de crítica ao movimento parnasiano na poesia e o Naturalismo, na prosa.

04 – Explique com suas palavras a seguinte declaração do Manifesto: “Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres.”
      É interessante levar o aluno a compreender que a produção modernista, tal como estava sendo proposta, não poderia ser analisada sob a luz dos acadêmicos de então.

05 – Observe que o Manifesto, de forma metalinguística, apresenta aquilo que prega. Cite e comente trechos do Manifesto que se utilizam da metalinguagem.
      Apenas brasileiros de nossa época. O necessário de química, de mecânica, de economia e de balística. Tudo dirigido. Sem meeting cultural. Práticos. Experimentais. Poetas. Sem reminiscências livrescas. Sem comparações de apoio. Sem pesquisa etimológica. Sem “ontologia”. Nesse trecho, o poeta manifesta, por meio de metalinguagem, economia e experimentalismo linguísticos, rompendo com a tradição da norma culta portuguesa da época, que prescrevia a sintaxe corrente e condenava as frases truncadas, a linguagem telegráfica, a falta de conjunções e preposições.

06 – “A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.”
a)   O que se defende nesse trecho?
Uma língua brasileira, não condicionada ao padrão europeu.

b)   Faça um exercício: transforme esse trecho em um parágrafo mais corrente, adequado à sintaxe tradicional, empregando preposições, conjunções e verbos.
É preciso que a nossa língua esteja desprovida de arcaísmos, que seja empregada sem erudição, de forma natural e neológica. Todos os erros que cometemos são contribuições milionárias para a formação de um língua própria, que deve estar de acordo com o que falamos e com o que somos.

c)   Qual das formas é mais adequada para expressar o protesto do poeta?
A primeira. A forma que se distancia da sintaxe tradicional.

07 – A ironia e o deboche podem ser considerados recursos persuasivos, pois inibem os contra-argumentos de caráter lógico. Cite um trecho irônico e um satírico do “Manifesto Pau-Brasil”.
      “Toda a história bandeirante e a história comercial do Brasil. O lado doutor, o lado citações, o lado autores conhecidos. Comovente.” “As meninas de todos os lares ficaram artistas. Apareceu a máquina fotográfica. E com todas as prerrogativas do cabelo grande, da caspa e da misteriosa genialidade de olho virado – o artista fotógrafo.”

08 – Compare as ideias contidas no “Manifesto Pau-Brasil” com os seguintes poemas, retirados do livro Poesia Pau-Brasil, publicado em 1925.

ESCAPULÁRIO

No Pão de Açúcar
De Cada Dia
Dai-nos Senhor
A Poesia
De Cada Dia.

      ANDRADE, Oswald de. Pau-Brasil. 5. ed. São Paulo: Globo, 1991, p. 53.

a)   A que outro texto remete o poema?
À oração católica “Pai Nosso”.

b)   A primeira frase do Manifesto é “A poesia está nos fatos”. Relacione essa frase com o poema “Eucapulário”.
A poesia, para os modernistas da primeira geração, era visto como algo cotidiano, como o pão.

VÍCIO NA FALA

Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior dizem pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.

      ANDRADE, Oswald de. Pau-Brasil. 5. ed. São Paulo: Globo, 1991, p. 80.

a)   A ideia de uma língua brasileira foi uma das preocupações de Oswald de Andrade. Como se manifesta nesse poema?
Os “telhados”, os textos, são construídos pelo povo, pela língua cotidiana.

b)   O que seria, metaforicamente, os “telhados” mencionados no último verso?
Pode ser uma referência aos textos, a tudo aquilo que se constrói, que se edifica.

O CAPOEIRA

- Qué apanhá sordado?
- O quê?
- Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.

       ANDRADE, Oswald de. Pau-Brasil. 5. ed. São Paulo: Globo, 1991, p. 87.

a)   Compare o poema com tomadas de uma câmara cinematográfica. O que há de semelhante?
A simultaneidade de imagens.

b)   Que outra característica própria da primeira geração modernista pode ser observada nesse poema?
A incorporação da linguagem popular.





TEXTO: AINDA MAIS ANTIGO - REVISTA VEJA - COM QUESTÕES GABARITADAS


Texto: Ainda mais antigo
   
      Tumbas de 5000 anos revelam o requinte da escrita e da arte dos primeiros egípcios

    O antigo cemitério egípcio de Helwan, a 20 quilômetros do Cairo, sempre foi considerado uma área pouco promissora para escavações arqueológicas. Descoberto em 1942, e com mais de 10.000 sepulturas, era destinado aos plebeus de Memphis, a capital do antigo império egípcio. Na semana passada, um grupo de arqueólogos australianos descobriu em Helwan um pequeno tesouro. Eles acharam três das mais antigas tumbas já escavadas no país, com cerca de 5000 anos. Além de corpos mumificados e de peças de cerâmica com oferendas, havia lápides de pedra repletas de desenhos e hieróglifos, um achado surpreendente em se tratando de tumbas tão antigas e de pessoas comuns. Até agora, os arqueólogos só tinham encontrado decorações semelhantes em cemitérios onde estavam as tumbas monumentais de reis e nobres, como os de Abidos e Saqqara.
      A descoberta é uma prova de que, já no início da civilização egípcia, o uso da escrita pode ter sido mais popular do que se imaginava, e não se restringia apenas à nobreza. “Com esses hieróglifos e os objetos encontrados, será possível entendermos não só como era o cotidiano de Memphis, mas também como foi a evolução da escrita no princípio do império”, explica a coordenadora da escavação. Christiana Kohler. A descoberta reforça a tese de que os egípcios criaram um sistema de escrita independente de outras formas que já existiam.
       Até pouco tampo atrás, os hieróglifos eram considerados uma adaptação da escrita desenvolvida na Mesopotâmia. Numa das lápides, os pesquisadores encontraram uma imagem comparável às mais belas representações de arte antiga egípcia conhecidas. Ela retrata uma mulher sentada, cercada de desenhos e sinais que indicam seu nome, sua posição social e os víveres que levava para além-túmulo. É uma obra rara porque os egípcios não costumavam adornar tumbas de mulheres plebeias, mesmo sendo ricas.
        A maioria dos sepultamentos da necrópole de Helwan ocorreu entre a primeira e a terceira dinastias – de 3000 a 2500 antes de Cristo. Nessa época, o país se unificou e passou a ser governado por um rei, que no entanto não recebia ainda o título de faraó. Sistemas de irrigação permitiam a produção agrícola em larga escala, e o governo central cobrava impostos das vilas e aldeias. “Quando pensamos em civilização egípcia, frequentemente nos lembramos da tumba suntuosa de Tutancâmon, dos templos de Luxor, um egípcio que floresceu 2000 anos depois de as sepulturas de Helwan serem construídas”, diz o arqueólogo australiano David Pritchard, membro da equipe que realizou a descoberta. Na verdade, a ideia que temos do Egito antigo começou a ser construída já nos primórdios da civilização à beira do Nilo, como provam os túmulos de Helwan.

                                    Veja, Abril, São Paulo, ano 35, n. 5, p. 70, 6 fev. 2002.
Entendendo o texto:
01 – Que diferenças essenciais  existem entre a explicação mitológica e a científica? Comente.
      A explicação mitológica é mágica, depende da crença e da religiosidade de cada um.
      A explicação científica pretende demonstrar através de métodos, determinada tese.

02 – Levante alguns dados no texto de divulgação cientifica – localidade, data e nome dos pesquisadores – e depois responda: os dados informados podem ser confirmados? Qual é a importância de se informar esses dados?
      Sim. Informar tais dados confere caráter de verdade ao que foi relatado.

03 – Qual é a função da foto em um texto de divulgação científica?
      Tem a mesma função dos dados: conferir caráter de verdade.

04 – Agora, observe quais foram os objetivos de cada parágrafo. O objetivo do primeiro parágrafo foi descrito abaixo. Leia-o e continue no seu caderno.
1° parágrafo: Relatar o que aconteceu, fornecer os dados para localizar o leitor.
2° parágrafo: explicar qual é a importância da descoberta arqueológica.
3° parágrafo: comparar os estudos de até então com as novas descobertas.
4° parágrafo: contar brevemente a história do Egito.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

MÚSICA(ATIVIDADES): A FEIRA - O RAPPA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Música(Atividades): A Feira

                         O Rappa
É dia de feira
Quarta-feira, Sexta-feira
Não importa a feira
É dia de feira
Quem quiser pode chegar

É dia de feira
Quarta-feira, Sexta-feira
Não importa a feira
É dia de feira
Quem quiser pode chegar

Vem maluco, vem madame
Vem Maurício, vem atriz
Pra comprar comigo

Vem maluco, vem madame
Vem Maurício, vem atriz
Pra levar comigo

Tô vendendo ervas
Que curam e acalmam
Tô vendendo ervas
Que aliviam e temperam

Tô vendendo ervas
Que curam e acalmam
Tô vendendo ervas
Que aliviam e temperam

Mas eu não sou autorizado
Quando o Rappa chega
Eu quase sempre escapo
Quem me fornece
É que ganha mais
A clientela é vasta
Eu sei!
Porque os remédios normais
Nem sempre
Amenizam a pressão
Amenizam a pressão
Amenizam a pressão

É dia de feira
Quarta-feira, sexta-feira
Não importa a feira
É dia de feira
Quem quiser pode chegar

É dia de feira
Quarta-feira, sexta-feira
Não importa a feira
É dia de feira
Quem quiser pode chegar

Vem maluco, vem madame
Vem Maurício, vem atriz
Pra comprar comigo
Vem maluco, vem madame
Vem Maurício, vem atriz
Pra levar comigo...

Tô vendendo ervas
Que curam e acalmam
Tô vendendo ervas
Que aliviam e temperam

Tô vendendo ervas
Que curam e acalmam
Tô vendendo ervas
Que aliviam e temperam

Mas eu não sou autorizado
Quando o Rappa chega
Eu quase sempre escapo
Quem me fornece
É que ganha mais
A clientela é vasta
Eu sei!
Porque os remédios normais
Nem sempre!
Amenizam a pressão
Amenizam a pressão
Amenizam a pressão
Amenizam a pressão

Porque os remédios normais não amenizam
Pressão!
Porque os remédios normais não amenizam
Pressão!
Porque os remédios normais não amenizam
Pressão!
Porque os remédios normais não amenizam
Pressão!
Porque os remédios normais não amenizam
Pressão!
Porque os remédios normais não amenizam
Pressão!
Porque os remédios normais não amenizam
Pressão!
Porque os remédios normais não amenizam
Pressão!

É dia de feira
Quarta-feira, sexta-feira
Não importa a feira
É dia de feira, quem quiser pode chegar

É dia de feira
Quarta-feira, sexta-feira
Não importa a feira
É dia de feira, quem quiser pode chegar

                                         Composição: Falc / Lauro Farias / Marcelo Lobato / Marcelo Yuka / Xandão

Entendendo a canção:
01 – Qual é a acusação principal?
      “Porque os remédios normais nem sempre amenizam a pressão”.

02 – De que o poeta fala na canção?
      O Rappa fez a proeza de falar sobre as drogas, o tráfico e a realidade das favelas quase sem ser notado.

03 – Segundo o poeta, o que ele está vendendo na feira e para que serve? Copie os versos.
      “Tô vendendo ervas
      Que curam e acalmam
      Tô vendendo ervas
      Que aliviam e temperam”.

04 – A que ele se refere nos versos: “Mas eu não sou autorizado / Quando o Rappa chega / Eu quase sempre escapo”?
      Refere-se aos policiais.

05 – Em que versos faz referência aos traficantes?
      “Quem me fornece / É que ganha mais”.


POEMA: ONDE ESTÁS - CASTRO ALVES - COM GABARITO

Poema: ONDE ESTÁS
          Castro Alves


É meia-noite... e rugindo
Passa triste a ventania,
Como um verbo de desgraça,
Como um grito de agonia.
E eu digo ao vento, que passa
Por meus cabelos fugaz:
"Vento frio do deserto,
Onde ela está? Longe ou perto?"
Mas, como um hálito incerto,
Responde-me o eco ao longe:
"Oh! minhamante, onde estás?. . .

Vem! É tarde! Por que tardas?
São horas de brando sono,
Vem reclinar-te em meu peito
Com teu lânguido abandono! ...
Stá vazio nosso leito...
Stá vazio o mundo inteiro;
E tu não queres queu fique
Solitário nesta vida...
Mas por que tardas, querida?...
Já tenho esperado assaz...
Vem depressa, que eu deliro
Oh! minhamante, onde estás? ...

Estrela — na tempestade.
Rosa — nos ermos da vida;
lris — do náufrago errante,
Ilusão — dalma descrida!
Tu foste, mulher formosa!
Tu foste, ó filha do céu! ...
... E hoje que o meu passado
Para sempre morto jaz ...
Vendo finda a minha sorte,
Pergunto aos ventos do Norte...
"Oh! minhamante, onde estás?..."
                                                          Castro Alves.
Entendendo o poema:

01 – Sobre o poema, considere as afirmativas a seguir:
I – Na primeira estrofe, o eu lírico dirige-se ao vento frio do deserto; na segunda, dirige-se à amada distante.
II – O eu lírico pergunta ao vento sobre o paradeiro de sua amada, revelando a dor pela distância que os separa.
III – O eu lírico acusa os ventos do Norte, que passam como gritos de agonia, por ter finda sua sorte e estar morto seu passado.
IV – “Estrela” e “rosa” são usadas pelo eu lírico para designar sua agonia; “íris” e “ilusão” referem-se à ventania.

Assinale a alternativa correta:
a)   Somente as afirmativas I e II são corretas.
b)   Somente as afirmativas I e III são corretas.
c)   Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d)   Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
e)   Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

02 – Assinale a alternativa que relaciona corretamente versos do poema a figuras de linguagem:
a)   A comparação entre o vento e a amada é verificada nos versos “Mas por que tardas, querida? ... / Já tenho esperado assaz...”.
b)   Em: “Como um verbo de desgraça, / Como um grito de agonia”, a antítese opõe a fuga – cidade do vento à tristeza da ventania.
c)   Os versos: “Tu foste, mulher formosa! / Tu foste, ó filha do céu! ...” comparam a amada à triste e fugaz ventania, pois ambas impedem seu brando sono.
d)   A comparação presente nos versos “Mas, como um hábito incerto, / Responde-me o eco ao longe”. Reforça a ausência de resposta sobre o paradeiro da amada.
e)   A antítese, presente em todo o poema, é exemplificada pelos versos “... E hoje que o meu passado / Para sempre morto jaz ...”.


TEXTO: EU ME AMO - ADAPTADO DE RIBEIRO, BRUNO ALVARENGA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Texto: Eu me amo
     
    "Eu me amo, eu me amo, não posso mais viver sem mim": narcisismo, ciberespaço e capitalismo

        Caetano Veloso, em tom poético, cantou que "Narciso acha feio o que não é espelho". O Mito de Narciso é uma história que nos remete à mitologia grega, uma história que fala sobre um jovem que, ao se deparar com sua imagem na lâmina d'água de um lago, apaixona-se por si mesmo. O mito é utilizado para fazer referência ao apego de muitas pessoas a si mesmas. Essas pessoas são geralmente chamadas de narcisistas ou até mesmo de egocêntricas.
          Narcisismo e egocentrismo são dois termos de grande difusão social, o que se deve à Psicanálise, que utilizou o mito de Narciso para explicar a dificuldade de muitas pessoas em adiar suas satisfações, guiadas por um sentimento de urgência. Daí surgiu o termo narcisismo, que consiste numa fixação presente nos primeiros estágios do desenvolvimento humano, quando somos guiados pela urgência de satisfazer nossas necessidades. A criança chora e a mãe dá-lhe o peito. A satisfação quase sempre é imediata. Disso podem resultar registros mentais que levam à busca de satisfação imediata, e, no futuro, a pessoa pode se tornar um adulto que toma a si mesmo como medida de todas as coisas, ou seja, coloca seu "eu" (ego) como centro do universo.
        Ego é outro termo psicanalítico. Quase um sinônimo de "eu", o ego seria a estrutura mental responsável por negociar com o id (inconsciente) quando a satisfação de nossos desejos ocorrerá. O ego é regido pelo princípio de realidade, dominado pela razão; já o id é regido pelo princípio do prazer, da busca de satisfação de desejos reprimidos. Um ego frágil vai ceder aos impulsos do id, tendo, portanto, dificuldades de adiar a satisfação dos desejos e de lidar com frustrações. Deriva dessa dificuldade o egocentrismo. Daí a aproximação entre os conceitos de narcisismo e egocentrismo.
        Essa propensão à intolerância quase sempre é produto de esquemas de reforçamento contínuo. Nesse tipo de esquema, o reforço segue o comportamento praticamente todas as vezes que ele é emitido e costuma estar presente em histórias de pessoas "mimadas", que tiveram de se esforçar muito pouco para obter a satisfação de suas necessidades e desejos, pois os pais ou outros membros da família quase sempre proviam essa satisfação ao menor sinal de alteração emocional. É sabido que quanto mais imediato um reforço ocorre depois de um comportamento, maior a chance de esse comportamento ser fortalecido. Portanto, a intolerância como padrão comportamental pode ter relação com o esquema de reforçamento e com a imediaticidade com a qual os reforços foram apresentados ao longo da história do indivíduo.
        Sendo assim, pessoas podem se tornar reféns do reforço, tornando-se incapazes de adiar a satisfação de seus desejos e necessidades. São modeladas não somente para ser intolerantes às frustrações, como também para buscar satisfação imediata. Elas se tornam presas fáceis do ciberespaço, onde a satisfação pode ser obtida apenas com um clique.
        No ciberespaço, tudo parece ser mais fácil. As amizades são virtuais, sendo assim, os aborrecimentos podem ser evitados bloqueando ou excluindo alguém da rede de contatos. O prazer pode ser buscado em chats e redes sociais.
        Talvez seja hora de parar e pensar nos efeitos da cultura digital sobre o comportamento das pessoas. Essa cultura não criaria circunstâncias favoráveis para a modelagem de comportamentos narcisistas? Essa cultura não favorece o fechamento sobre si mesmo, de modo que as pessoas passem a entender que se bastam a si mesmas? Essa cultura não acaba por favorecer o individualismo? Quais são os efeitos da obtenção tão facilitada de reforços com apenas um clique?
        Se, na vida real, os reforços podem ser adiados por causa de uma série de circunstâncias, no ciberespaço eles são facilmente obtidos. Mas que tipos de comportamentos estão sendo reforçados? Comportamentos de não fazer nada, ou de se empenhar em atividades que concorrem com outras mais produtivas. Muitas empresas bloqueiam o acesso a chats e redes sociais, pois navegar em tais redes e chats afeta o trabalho e a produtividade, acarretando prejuízos.
        Não estaria o mundo digital contribuindo para a criação de uma cultura do imediatismo? Creio que não. Talvez esteja apenas fortalecendo contingências que já operavam no mundo antes de sua existência, contingências que fazem parte de um mundo capitalista em que "tempo é dinheiro", um mundo do "just in time", um mundo regido pela urgência em produzir, pois existe, de outra parte, a urgência em consumir. Um mundo, pois, regido por produção versus consumo.
        Se produzir com urgência é preciso, pois existe premência de consumir o que se produz, cria-se um círculo vicioso em que o consumo é uma satisfação inadiável e é realizado sem que se pense nas consequências, sem consciência das contingências que o determinam. Dessa forma, não se questiona sobre o que está sendo consumido, pois o que importa é consumir para obter prazer.
        O produto desse ciclo é a construção de pessoas cada vez menos conscientes dos determinantes de seu comportamento, incapazes de assumir um posicionamento crítico sobre seu modo de vida e o mundo em que vivem, inseridas numa teia de consumo em que elas mesmas são um produto à venda em stands reais e virtuais. O não pensar nas consequências produz pessoas alienadas, enamoradas por seu prazer, como Narciso por sua imagem refletida no espelho d'água, pessoas que podem ser descritas com o refrão da música do Ultraje a Rigor: "Eu me amo, eu me amo, não posso mais viver sem mim".
Adaptado de Ribeiro, Bruno Alvarenga. "Eu me amo, eu me amo, não posso mais viver sem mim": narcisismo, ciberespaço e capitalismo. Em:
                         Acesso em 10.01.2018.
Entendendo o texto:
01 – A expressão “Narcisismo” se origina:
a) de um uso reiterado numa canção de Caetano Veloso.
b) num mito difundido no senso comum sobre pessoas vaidosas.
c) do nome de um personagem de uma narrativa mitológica grega.
d) no aumento do egocentrismo e do consumismo dos tempos atuais.
e) de uma descoberta da Psicanálise a respeito do comportamento humano.

02 – De acordo com o texto, sobre a diferença entre narcisismo e egocentrismo, está correto o que se afirma em:
I – O narcisismo é um sentimento de urgência em obter satisfação; o egocentrismo se caracteriza pela focalização exclusiva em si mesmo.
II – O narcisismo é um modo de buscar compensar a falta de beleza; o egocentrismo implica o desejo de superar limitações pessoais.
III – O narcisismo se revela na intolerância e frustração do indivíduo frente à não satisfação de seus desejos; no egocentrismo, o que se destaca é a ausência de consideração do outro como referência de seus atos.
IV – No narcisismo, há uma insatisfação do indivíduo com sua própria aparência; já no egocentrismo, predomina, na mente do indivíduo, uma visão de inferioridade, que é compensada pelo ensimesmamento e rejeição da realidade objetiva.
V – O narcisismo consiste na busca de resolução imediata e urgente de necessidades pessoais; já o egocentrismo se caracteriza pela centralização do indivíduo em si mesmo como definidor de suas ações, concepções e decisões.
A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a:
a) I e II.
b) II e IV.
c) IV e V.
d) I, III e V.
e) II, III e V.

03 – Sobre o Ego e o Id, tal como são concebidos no texto, está correto o que se afirma em:
a) Nos indivíduos narcisistas, há um apagamento do Id pela supremacia absoluta do Ego na tomada de decisões.
b) Tanto o Ego como o Id se revelam extremamente fortes nos indivíduos narcisistas, propiciando o controle de impulsos reprimidos.
c) O Ego propicia a fuga da realidade, levando o indivíduo à busca desenfreada de satisfação dos seus desejos não revelados pelo Id.
d) O Ego, por possuir vínculos com a realidade, negocia com o Id, vinculado ao inconsciente, o momento de satisfazer desejos reprimidos.
e) O Id vincula o indivíduo à sua realidade, ajudando-o a controlar e regular seus impulsos ou desejos inconscientes que são explicitados pelo Ego.

04 – Marque com V ou com F, conforme sejam verdadeiras ou falsas as alternativas que apresentam características dos esquemas de reforçamento contínuo apresentadas no texto.
( ) O excesso de reforço a comportamentos adequados do indivíduo gera um padrão comportamental marcado pela intolerância.
( ) Esquemas de reforçamento contínuo alimentam, nos indivíduos, a tendência à intolerância frente à não satisfação de seus desejos.
( ) No reforçamento contínuo, ocorre uma recompensa todas as vezes que o comportamento é evidenciado, o que propicia a sua repetição.
( ) O provimento imediato e frequente dos desejos e necessidades de uma pessoa pode fortalecer o comportamento de exigir satisfação imediata de desejos.
( ) O comportamento que é reforçado continuamente tende a se extinguir, por força da necessidade de satisfação de outros desejos e prioridades do indivíduo.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a:
a) F V F V V
b) V V F V F
c) V V V F F
d) V F V F V
e) F V V V F.

05 – Há uma asserção verdadeira sobre o conteúdo do texto em:
I – Os trechos de músicas de Caetano Veloso e do Ultraje a Rigor mencionados no texto fazem referência a pessoas narcisistas, cujo principal foco de interesse recai em si mesmas.
II – O autor considera que a imersão no ambiente do ciberespaço, criado pelo capitalismo, é a principal causa do crescimento de uma cultura do imediatismo e do consumismo.
III – O “círculo vicioso” mencionado na linha 95 se refere à relação entre a urgência em produzir, marca do capitalismo, e a intensa necessidade consumir de pessoas egocêntricas ou narcisistas.
IV – A predominância de pessoas egocêntricas e narcisistas no ciberespaço constitui o principal fator de ascensão do capitalismo, cujo princípio fundamental é aumento crescente da produção e do consumo.
V – Há uma relação de influência recíproca entre “narcisismo, ciberespaço e capitalismo” (título), a qual se vincula à produção de pessoas alienadas num contexto que privilegia rapidez, produção e consumo.

A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a:
a) I e II.
b) II e IV.
c) IV e V.
d) I, III e V.
e) II, III e V.

06 – Marque com V ou com F, conforme sejam verdadeiras ou falsas as alternativas que apresentam fatos de morfossintaxe.
( ) Tanto em “Narciso acha feio” como em “O Mito de Narciso é uma história”, o predicado é nominal.
( ) Em “apaixona-se por si mesmo.”, há uma ocorrência de verbo pronominal.
( ) Em “apego de muitas pessoas a si mesmas.”, verifica-se a ocorrência de objeto direto e objeto indireto.
( ) Em “Daí surgiu o termo narcisismo”, o verbo é intransitivo.
( ) Em “Disso podem resultar registros mentais” e “Deriva dessa dificuldade o egocentrismo.”, os sujeitos estão pospostos.

A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a:
a) F V F V V
b) V V F V F
c) V V V F F
d) V F V F V
e) F V V V F.

07 – Releia o período: “Se produzir com urgência é preciso, pois existe premência de consumir o que se produz, criasse um círculo vicioso em que o consumo é uma satisfação inadiável e é realizado sem que se pense nas consequências, sem consciência das contingências que o determinam.”
Há uma reformulação adequada desse período, com manutenção do sentido original em:
a) O consumo é uma satisfação inadiável que se realiza sem que se pense em consequências e contingências que determinam a criação de um círculo vicioso produzido pela premência de produzir e de consumir com urgência o que se produz.
b) Não se pensa nas consequências da premência em consumir o que se produz, nem nas contingências que determinam a criação de um círculo vicioso que torna o consumo uma satisfação inadiável, gerando a necessidade de produzir com urgência.
c) Sem consciência das contingências que determinam a premência de consumir o que se produz e sem que se pense nas consequências do círculo vicioso criado pela satisfação inadiável da realização do consumo, torna-se preciso produzir com urgência.
d) Existe premência de consumir o que se produz, pois se cria um círculo vicioso entre a necessidade de produzir com urgência e o consumo como satisfação inadiável, sem que haja consciência das contingências que determinam as consequências de sua realização.
e) Por existir premência em consumir o que se produz, é preciso produzir com urgência, criando-se um círculo vicioso, no qual o consumo é uma satisfação inadiável, realizado sem consciência das contingências que o determinam e das suas consequências.