terça-feira, 10 de abril de 2018

TEXTO: VITÓRIA-RÉGIA - DIDÁTICO-CIENTÍFICO - GABRIELA BRIOSCHI - COM GABARITO

TEXTO:  VITÓRIA – RÉGIA -  Didático-científico

     Ela ganhou esse nome como uma homenagem à rainha Vitória, da Inglaterra.
       Os índios Guarani chamam essa planta de “yrupé”: que quer dizer “prato d`água”. Elas são mesmo como bandejas verdes e aguentam até uma criança pequena em cima dalas!
        É da mesma família das ninfeias da Europa e dos lótus da Ásia, todas plantas aquáticas.
        Suas raízes ficam no fundo da água, de onde sai um ramo coberto de espinhos. A superfície inferior da folha tem pequenos canais cheios de ar, que funcionam como pequeninas boias – por isso ela flutua. Sua flor é a maior da região amazônica. Durante seus três únicos dias de vida, muda de cor. Tem várias camadas de pétalas e, no meio, um botão circular guarda as sementes. Essas flores só se abrem à noite e medem aproximadamente trinta centímetros! Seu perfume é delicioso.
        A vitória-régia é uma planta aquática típica dos rios da Amazônia. Foi levada para muitos lugares do mundo por sua beleza.
        De noite, quando as flores estão abertas, os besouros vão dentro delas e, como elas se fecham ao amanhecer, ficam presos ali.

     Gabriela Brioschi. Plantas do Brasil. São Paulo: Odysseus, 2003.

Entendendo o texto:
01 – Qual é o tema do texto lido?
      O texto fala sobre as características da planta vitória-régia. Educador: faça esta pergunta para os alunos responderem oralmente antes de registrarem a resposta por escrito.

02 – Releia os seguintes trechos do texto:
      Trecho 1: é da mesma família das ninfeias da Europa e dos lótus da Ásia, todas plantas aquáticas.

      Trecho 2: sua flor é a maior da região amazônica. Durante seus três únicos dias de vida, muda de cor. Tem várias camadas de pétalas e, no meio, um botão circular guarda as sementes.

     a)   Transcreva cinco características da vitória-régia.
      É da família das ninfeias da Europa e dos Lótus da Ásia (todas plantas aquáticas); sua flor é a maior da região amazônica; durante seus três únicos dias de vida, muda de cor; tem várias camadas de pétalas; no meio, um botão circular guarda as sementes.

     b)   Essas características foram atribuídas à planta pela ciência? Como você concluiu isso?
      Sim. É possível concluir isso pelo fato de as informações serem baseadas na observação e na comprovação objetiva.

03 – A partir da leitura e dos exercícios sobre a lenda e o texto didático-científico que trata da vitória-régia, compare o tema e o que se diz sobre essa planta.
        Identifique as semelhanças e as diferenças entre os dois textos completando as frases a seguir.

        Semelhanças e diferenças
        O tema dos dois textos é: semelhante.

        O que se diz sobre a vitória-régia nos dois textos é: diferente.

        Segunda etapa: Construa uma justificativa para cada resposta, seguindo a orientação do educador.

- O tema dos dois textos é: semelhante, pois tem como central a vitória-régia.

-  O que se diz sobre a vitória-régia nos dois textos é: diferente, pois eles explicam de modo diverso a origem da planta. O primeiro é uma lenda e conta a origem da vitória-régia baseando-se na tradição indígena e o segundo explica a origem por meio de informações científicas.









CRÔNICA: MEU IDEAL SERIA ESCREVER... - RUBEM BRAGA - COM GABARITO

CRÔNICA: MEU IDEAL SERIA ESCREVER...
                      RUBEM BRAGA


       Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse – “ai meu Deus, que história mais engraçada!” E então a contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa (que não sai de casa), enlutada (profundamente triste), doente. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si própria – “mas essa história é mesmo muito engraçada!”
        Que um casal que estivesse em casa mal-humorado, o marido bastante aborrecido com a mulher, a mulher bastante irritada como o marido, que esse casal também fosse atingido pela minha história. O marido a leria e começaria a rir, o que aumentaria a irritação da mulher. Mas depois que esta, apesar de sua má vontade, tomasse conhecimento da história, ela também risse muito, e ficassem os dois rindo sem poder olhar um para o outro sem rir mais; e que um, ouvindo aquele riso do outro, se lembrasse do alegre tempo de namoro, e reencontrassem os dois a alegria perdida de estarem juntos.
        Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera, a minha história chegasse – e tão fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida e tão pura que todos limpassem seu coração com lágrimas de alegria; que o comissário (autoridade policial) do distrito (divisão territorial em que se exerce autoridade administrativa, judicial, fiscal ou policial), depois de ler minha história, mandasse soltar aqueles bêbados e também aquelas pobres mulheres colhidas na calçada e lhes dissesse – “por favor, se comportem, que diabo! Eu não gosto de prender ninguém!” E que assim todos tratassem melhor seus empregados, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e espontânea homenagem à minha história.
        E que ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil maneiras, e fosse atribuída a um persa (habitante da antiga Pérsia, atual Irã), na Nigéria (país da África), a um australiano, em Dublin (capital da Irlanda), a um japonês, em Chicago – mas que em todas as línguas ela guardasse a sua frescura, a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que no fundo de uma aldeia da China, um chinês muito pobre, muito sábio e muito velho dissesse: “Nunca ouvi uma história assim tão engraçada e tão boa em toda a minha vida; valeu a pena ter vivido até hoje para ouvi-la; essa história não pode ter sido inventada por nenhum homem, foi com certeza algum anjo tagarela que a contou aos ouvidos de um santo que dormia, e que ele pensou que já estivesse morto; sim, deve ser uma história do céu que se filtrou (introduziu-se lentamente em) por acaso até nosso conhecimento; é divina.”
        E quando todos me perguntassem – “mas de onde é que você tirou essa história?” – eu responderia que ela não é minha, que eu a ouvi por acaso na rua, de um desconhecido que a contava a outro desconhecido, e que por sinal começara a contar assim: “Ontem ouvi um sujeito contar uma história...”
        E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu inventei toda a minha história em um só segundo, quando pensei na tristeza daquela moça que está doente, que sempre está doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa cinzenta de meu bairro.
                                                       Rubem Braga

Entendendo o texto:
01 – Por que o autor deseja escrever uma história engraçada?
      Para tornar as pessoas felizes, principalmente uma moça triste, doente que mora numa casa cinzenta.

02 – Por que ele diz que a moça tem uma casa cinzenta, e não verde, azul ou amarela?
      Porque cinza, lembra tristeza.

03 – Ao descrever um raio de sol, o autor lhe atribui características que, de certa forma, se opõem às da moça. Cite algumas dessas características opostas.
      Raio de sol, loiro, quente, moça enlutada, sombria, triste, doente.

04 – Como você interpretaria a oração “que todos limpassem seu coração com lágrimas de alegria”?
      Quando todos se tornassem mais alegres e humanos.

05 – O autor sonha em tornar mais felizes e sensíveis apenas as pessoas de seu país? Justifique.
      Não. Ele imagina sua história esparramados pelo mundo e fosse contada de mil maneira por pessoas de várias nacionalidades.

06 - Relacione as colunas conforme as reações das pessoas diante da história:
(a) moça triste                
(b) amigas da moça triste 
(c) casal mal-humorado
(d) comissário do distrito
(e) sábio chinês.

(D) libertaria os detentos, dizendo-lhes para se comportarem, pois não gostava de prender ninguém
(C) sentir-se-ia tão feliz que se lembraria do alegre tempo de namoro
(B) ficariam espantadas com a alegria repentina da moça
(E) concluiria que teria valido a pena viver tanto, só para ouvir uma história tão engraçada.
(A) ficaria feliz e contaria a história para a cozinheira e as amigas.


07 – Por que o autor não contaria aos outros que havia inventado a história engraçada para alegrar a moça triste e doente? Copie a alternativa correta:
(a) porque, na verdade, a moça triste não existia
(b) por que ele mesmo não achava a história engraçada
(c) por modéstia e humildade.
(d) porque não acreditariam que ele fosse capaz de inventar aquela história

08 – Afinal, que história Rubem Braga inventou para alegrar e comover tantas pessoas?
      Na crônica, a autor não contou a história engraçada, ficou apenas no desejo.

09 – Na sua opinião, o que mais sensibiliza as pessoas: histórias engraçadas ou dramáticas? Justifique.
      Resposta pessoal.

10 – Rubem Braga diz que queria escrever uma história.
a)   Qual seria a característica mais marcante dessa história?
Ser uma história muito engraçada, que fizesse as pessoas chorar de rir.

b)   Que efeito principal ele gostaria que essa história tivesse na vida das pessoas?
O efeito de produzir alegria na vida delas.

c)   Cite algumas situações que, de acordo com o desejo do cronista, seriam modificadas a partir da história escrita por ele.
A moça reclusa, enlutada, doente se tornaria alegre; o marido e a mulher recuperariam a alegria do tempo do namoro; todos tratariam melhor seus empregados, dependentes e semelhantes.

11 – O texto se organiza a partir de dois planos: o plano concreto, isto é, o da realidade em que o cronista vive, e um plano imaginário, da realidade desejada. Na frase “Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada”, com a qual começa a crônica, duas palavras introduzem o leitor no mundo imaginário. Quais são essas palavras?
a)   Ideal.
b)   História.
c)   Seria.
d)   Engraçada.

12 – As formas verbais utilizadas ao longo do texto sustentam a ideia de um mundo imaginário, que não existe ainda. Identifique essas formas verbais nos trechos a seguir e indique o tempo e o modo em que elas estão.
a)   “E então a contasse para a cozinheira e telefonasse par duas ou três amigas para contar a história”.
Contasse, telefonasse / pretérito imperfeito / subjuntivo.

b)   “E quando todos me perguntassem – ‘mas de onde é que você tirou essa história’ – eu responderia”.
Perguntassem, responderia / pretérito imperfeito e futuro do pretérito, respectivamente / subjuntivo e indicativo, respectivamente.

13 – Compare estes dois enunciados:
“O marido a leria e começaria rir, o que aumentaria a irritação da mulher.”
“O marido a lerá e começará a rir, o que aumentaria a irritação da mulher.”
a)   Em que tempo e modo estão as formas verbais nos dois enunciados?
No primeiro enunciado, estão no futuro do pretérito do indicativo; no segundo, estão no futuro do presente do indicativo.

b)   Em qual dos enunciados os tempos verbais dão a noção de certeza de que a ação verbal vai acontecer?
No segundo enunciado.

c)   Em qual dos enunciados os tempos verbais dão a noção de possibilidade de a ação verbal vir a acontecer?
No primeiro enunciado.

14 – No parágrafo final do texto, o autor deixa o plano imaginário e conduz o leitor novamente para o plano da realidade.
a)   Que expressão do parágrafo demonstra esse retorno ao plano da realidade?
Humilde verdade.

b)   Qual é o elemento do plano da realidade que leva o cronista a criar o mundo imaginário que ele descreve no texto?

A moça doente, reclusa e enlutada que vive na pequena casa cinzenta do bairro em que vive o cronista.



TEXTO: A TV LIGA NOSSAS ANTENAS AO MUNDO - COM GABARITO

TEXTO: A TV LIGA NOSSAS ANTENAS AO MUNDO


     A televisão, desde que começou a se transformar no poderoso meio de comunicação que é hoje, passou a ser tema de análises, estudos e discussões. 
    Muitos estudiosos criticam a influência da televisão na vida das pessoas, argumentando que ela contribui muito para desfazer os laços sociais das comunidades ou das famílias e que influencia em excesso na formação da visão de mundo das pessoas, principalmente, das crianças e jovens. 
     Os professores apontam o fato de que a televisão afasta os jovens da leitura, diminuindo-lhes a capacidade de imaginação, porque, num livro, quando um lugar é descrito ou uma cena é narrada, o leitor exercita sua capacidade inventiva, participando ativamente da construção do lugar ou da cena; na TV, diferentemente, tudo é apresentado pronto. 
       Outra crítica que se faz à TV é quanto à qualidade do que ela oferece ao público. Há programas apelativos; programas humorísticos com personagens ridículas, preconceituosas; filmes em que a violência é mostrada como a forma mais eficiente de resolver os problemas; programas infantis que, mais que educar e divertir as crianças, criam nelas o desejo de possuir, comprar e consumir. 
        Tudo isso é inquestionável. Basta ligarmos a TV para comprovar. 
        Mas as virtudes da televisão talvez sejam maiores que seus defeitos. 
     Inicialmente, é necessário lembrar que a TV é uma das pouquíssimas opções de lazer gratuito para a população mais pobre. Além disso, ela é, para milhões de pessoas, a única fonte de informação. Seus noticiários, embora quase sempre superficiais, substituem a leitura de jornais e revistas, que poucos leem, seja por falta de hábito de leitura, seja por falta de dinheiro para comprá-los. 
        A televisão exerce também um importante papel de orientação social nas campanhas de vacinação infantil, nas eleições e nas campanhas de solidariedade, por exemplo. 
     Quanto à relação da TV com a leitura, é necessário não posicioná-las como inimigas, pois ambas são formas distintas de diversão, lazer e conhecimento. A televisão pode, inclusive, ser uma boa maneira de introduzir as crianças e os jovens no mundo da leitura. Quando a televisão apresentou a série O Sítio do Pica-pau Amarelo, houve um grande aumento no interesse das crianças para ler os livros de Monteiro Lobato. 
     Se, no entanto, deixarmos de lado esses e tantos outros aspectos mais cotidianos a respeito desse meio de comunicação e pensarmos na influência mais ampla que ele exerce em nossas vidas, perceberemos por que a televisão fascina tanto: ela coloca diante de nós, instantaneamente, a multiplicidade do mundo. 
     É ela que nos possibilita ver o lançamento de uma nave espacial, vibrar com um gol da seleção de futebol, tomar conhecimento de um problema social, ver o nascimento de um filhote de uma espécie em extinção, ver uma criança morta pela estupidez da fome ou da guerra. É ela que, ao nos mostrar as alegrias e as tristezas do mundo, lembra-nos, de forma surpreendente ou chocante, que somos parte dele. 
      Quem pode negar, então, que a TV, apesar de todos os seus defeitos e distorções, mostra-nos a vida?
                              (Texto adaptado) 

Entendendo o texto:
01 – De acordo com texto lido, pode-se destacar como uma característica positiva da televisão o fato de:
       A – ( ) influenciar, excessivamente, na visão de mundo das pessoas.
       B – ( ) afastar os jovens da leitura.
       C – ( ) oferecer programas de má qualidade.
       D – (X) representar uma opção de lazer gratuito.
       E – ( ) despertar, nas crianças, o desejo de possuir, comprar e consumir produtos.

02 – Houve indicação inadequada de vocábulo ou vocábulos, entre parênteses, que podem substituir os termos destacados em:
       A – ( ) “... argumentando que ela contribui muito...” (televisão) 
       B – ( ) “... diminuindo-lhes a capacidade de imaginação...” (jovens) 
       C – (X) “... seja por falta de dinheiro para comprá-los.” (livros) 
       D – ( ) “... é necessário não posicioná-las como inimigas...” (TV e leitura) 
       E – ( ) “... ao nos mostrar as alegrias...” (telespectadores em geral) –

 03 – Marque a opção cuja palavra em destaque não possui função qualitativa:
       A – ( ) programas infantis
       B – ( ) lazer gratuito
       C – ( ) importante papel
       D – (Xinteresse das crianças
       E – ( ) influência mais ampla.


CONTO: JARDIM MORTO - FREDERICO GARCIA LORCA - COM GABARITO

CONTO: JARDIM MORTO
                 Frederico Garcia Lorca

    Cai chuvosa a manhã sobre o jardim... No final duma ladeira lamosa e junto de uma cruz, verde e negra de umidade, está a porta de madeira carcomida que dá entrada ao recinto abandonado. Mais além há uma ponte de pedra cinzenta e na distância brumosa uma montanha nevada. No fundo do vale e entre penhas corre o rio manso cantarolando sua velha canção.
 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_jyQUH-tc_WsB-VKGG1ryYxgz6WxBZbrVOhkjWwMfeCNPnUrUPeWxpgiYD3CZf2y_5WCwIV3_7MZTUEDIzY96Fv8yrWvllYG4lhXNePm13lgD3RhazvmC0QNbc2wKxRNQf7pux-EqhBENoI_pXkpSyjo2Aa2h9zuCdXxbC3-aAtZ0gegmaVt4wI1F5AA/s320/Jardim%20Sem%20Vida.jpg



        Em um nicho negro que há junto da porta, dois velhos com capas rasgadas aquecem-se ao lume de uns tições mal acesos... O interior do recinto é angustioso e desolado. A chuva acentua mais esta impressão. Escorrega-se com facilidade. No chão, há grandes troncos mortos... Os muros, altos e amarelos, estão cruzados de gretas enormes, pelas quais saem as lagartixas, que passeiam formando com seus corpos arabescos indecifráveis. No fundo há um resto de claustro com heras e flores secas com as colunas inclinadas. Nas fendas das pedras desmoronadas há flores amarelas cheias de gotas de chuva; nos chãos há charcos de umidade entre as ervas...
        Não restam mais do que as altas paredes onde houve claustros soberbos que viram procissões com custódias de ouro entre a magnifica seriedade dos tapetes...
        Uma coluna ruiu sobre a fonte, e ao celebrar suas bodas de pedra o musgo amoroso cobriu-as com seus finos mantos. Pelos vazios de um capitel jacente assomam ervas miúdas de verde luminoso.
        Abrem-se as plantas umas com outras, a hera cobre as velhas colunas que ainda se têm de pé, a água que transborda da fonte lambe o solo de pedra que há em seu redor e depois se entrega à terra, que a bebe com repugnância... A restante se perde por um buraco negro, que a bebe com avidez.
        (...)
        A chuva aumenta e cai sobre o jardim produzindo ruído surdo e apagado... Umas folhas grandes estremecem suavemente e entre elas assoma com sua cabeça achatada um grande lagarto... que sai correndo a esconder-se entre umas pedras. Deixa a cauda de fora e depois se introduz de todo... As ervas que o peso do lagarto inclinou voltam preguiçosamente a ocupar sua primitiva posição... Com o vento, todas as flores amarelas tremem e se sacodem da água que têm entre suas pétalas... Há caramujos pregados aos muros... O tempo foi desapiedado para com este jardim: Secou seus rosais e cinamomos e, em troca, deu vida a plantas traidoras e mal olentes...
        Não para a chuva de cair.

                          Garcia Lorca, Frederico. Prosa viva/Ideário coligido.
          Trad. Oscar Mendes. Rio de Janeiro. J. Aguilar. 1975. p. 18-9.

Entendendo o texto:
01 – “Cai chuvosa a manhã sobre o jardim...” (primeiro parágrafo) e “Não para a chuva de cair” (último parágrafo). De que forma essas duas frases colaboram para criar a impressão dominante que o texto nos transmite?
     Abrindo e fechando o texto, essas frases instauram e sintetizam o clima de melancolia e degradação criado pelo texto. A palavra mais apropriada para condensar o estado de espírito desenvolvido no texto é deliquescente.

02 – Releia atentamente o texto e elabore um esquema que mostre a sequência seguida pelo autor para apresentar o jardim morto.
     1º parágrafo: visão geral, situando o jardim na paisagem ampla.
     2º parágrafo: Passa-se pela porta e penetra-se no jardim, fornecendo-se uma primeira impressão geral do mesmo.
     Parágrafos seguintes: particularizam-se alguns detalhes do jardim, como as ruínas dos claustros, a coluna “abraçada” com a fonte, o fluxo de água, o lagarto entre as plantas.

03 – Quais sentidos foram sensibilizados pela imagem do jardim?
     Visão: (por exemplo, “verde e negra”).
     Audição: (“cantarolando sua velha canção”).
     Tato: (“escorrega-se com facilidade”) e
     Olfato: (“mal olentes”).

04 – Em vários pontos do texto, o autor atribui vida e sentimento a seres inanimados, utilizando uma figura de linguagem chamada prosopopeia ou personificação. Aponte passagens do texto em que isso ocorre.
     Por exemplo; “a água... lambe o solo de pedra...”; “a água... se entrega à terra, que a bebe...”; “... um buraco negro, que a bebe...”; “... o rio manso cantarolando...”; “... claustros soberbos que viram...”; “... musgo amoroso...”, etc.

05 – Na sua opinião, o autor faz uma descrição objetiva ou subjetiva do jardim? Ele aponta tudo o que vê ou seleciona o que mais o sensibiliza? Há emoção da parte de quem descreve? Comente.
     A descrição é subjetiva: Além de selecionar aquilo que mais o sensibiliza, o autor incorpora ao que vê aquilo que está sentindo (por exemplo, “O interior do recinto é angustioso e desolado.”), num depoimento emocionado sobre a decadência e a ruína.

06 – O jardim descrito teve alguma relação com atividades religiosas? Por quê?
     SIM. O terceiro parágrafo é esclarecedor.


07 – Associe as colunas pelo significado:
(1) “...distância brumosa ...”, linha 3.              (2) rochas
(2) “...entre penhas...”, linha 3.                        (3) cavidade
(3) “Em um nicho ...”, linha 5.                          (6) cheirosas
(4) “...com heras e flores...”, linha 9.                (1) nevoenta
(5) “...resto de claustro”, linhas 8/9.                 (4) trepadeiras
(6) “...plantas mal olentes”, linha 23.                (5) pátio interior.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
A) 3-2-6-1-4 -5
B) 2-3-6-1-4 -5
C) 2-6-3-4-1-5
D) 6-5-3-1-2-4.

08 – Não se relaciona, semanticamente, com a palavra “chuvosa”, linha 1:
A) lamosa
B) umidade
C) brumosa
D) carcomida.

09 – Há no texto uma predominância de elementos:
A) narrativos
B) descritivos
C) dissertativos
D) argumentativos.

10 – Encerra opinião do autor:
A) “A chuva aumenta e cai sobre o jardim...”, linha 18
B) “... assoma com sua cabeça achatada um grande lagarto...”, linha 19
C) “Com o vento, todas as flores amarelas tremem e se sacodem...”, linha 21
D) “O tempo foi desapiedado para com este jardim...”, linha 22

11 – Em várias passagens do texto, como “...claustros soberbos que viram procissões...” e “a água que transborda da fonte lambe o solo...”, o autor dá vida a seres inanimados. Tal processo é chamado de:
A) metonímia
B) metáfora
C) catacrese
D) prosopopeia.

12 – Flexionam-se no plural, respectivamente, como “procissões” e “chãos” os substantivos:
A) folião e cidadão
B) escrivão e faisão
C) cidadão e cristão
D) tabelião e capelão.

13 – O “SE” aparece como índice de indeterminação do sujeito na opção:
A) “... dois velhos com capas rasgadas aquecem-se...”, linha 5
B) “Escorrega-se com facilidade.”, linhas 6/7
C) “Abrem-se as plantas umas com as outras...”, linha 15
D) “A restante se perde por um buraco negro...”, linha 17.

14 – Aponte a passagem do texto em que o autor revela explicitamente o que pensa sobre o jardim descrito.

      “O tempo foi desapiedado para com este jardim: secou seus rosais e cinamomos e, em troca, deu vida a plantas traidoras e mal olentes...”.



segunda-feira, 9 de abril de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): ÍNDIOS - LEGIÃO URBANA - COM GABARITO

Música(Atividades): Índios

                                                               Legião Urbana
Quem me dera ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem
Conseguiu me convencer que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha

Quem me dera ao menos uma vez
Esquecer que acreditei que era por brincadeira
Que se cortava sempre um pano de chão
De linho nobre e pura seda

Quem me dera ao menos uma vez
Explicar o que ninguém consegue entender
Que o que aconteceu ainda está por vir
E o futuro não é mais como era antigamente

Quem me dera ao menos uma vez
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
Fala demais por não ter nada a dizer

Quem me dera ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente

Quem me dera ao menos uma vez
Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três
E esse mesmo Deus foi morto por vocês
Sua maldade, então, deixaram Deus tão triste

Eu quis o perigo e até sangrei sozinho, entenda
Assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim

E é só você que tem a
Cura pro meu vício de insistir
Nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi

Quem me dera ao menos uma vez
Acreditar por um instante em tudo que existe
E acreditar que o mundo é perfeito
E que todas as pessoas são felizes

Quem me dera ao menos uma vez
Fazer com que o mundo saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz ao menos obrigado

Quem me dera ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos índios
Não ser atacado por ser inocente

Eu quis o perigo e até sangrei sozinho, entenda
Assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim

E é só você que tem a
Cura pro meu vício de insistir
Nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi

Nos deram espelhos e vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.

Compreendendo o texto:

1 – No título a palavra “Índios” está escrito entre aspas, por quê?
      Para nos mostrar a boa e grande ironia intelectual do autor que fala de falsos índios.

2 – O que significa a palavra “índios”?
      Significa que a canção diz respeito a quem é ingênuo e puro, livre de maldade, tal como os índios.

3 – Na canção, o autor inicia várias estrofes com o verso: “Quem me dera ao menos uma vez”. Que figura sintática é esta?
      A figura é repetição.

4 – Na 5ª estrofe o autor se refere a: “... mas nos deram espelhos”, o que ele mostra nestes versos?
      Mostra o desejo de voltar ao passado, tentar compreender os fatos, mudar a história. Ele queria um mundo diferente, com pessoas menos egoístas.

5 – Na canção, o conceito da Trindade (um Deus que é Pai, Filho e Espirito Santo em uma só pessoa) nos remete à catequização dos índios. Para eles este conceito era tão incompreensível quanto o fato de Jesus ser morto pelo branco e Deus, que também é Jesus, continuar vivo explorado pelos brancos. Escreva a sua opinião.
      Resposta pessoal do aluno.

6 – Os Portugueses deram espelhos para agradar os índios. O que faz o governo, hoje, para comprar as famílias pobres?
      Ele cadastra estas famílias de baixa renda no bolsa família, entre outros programas.
7 – A 1ª estrofe da música faz referência à período histórico do Brasil?
a)   Que período é esse?
Descobrimento do Brasil.

b)   Qual o significado dos versos dessa estrofe?
Ele diz que gostaria de ter o ouro que lhe foi roubado por promessas mal feitas, promessas essas, que foram conquistadas com falsas imagens de amizade.

8 – Leia o trecho da letra da música a seguir.
      [...]
      Quem me dera ao menos uma vez
      Fazer com que...
      Não ser atacado por ser inocente.
      [...]
      Ao utilizar a letra da música Índios, de Renato Russo, para motivar o estudo dos povos indígenas na época das grandes navegações, o professor deve:
a)   Desconsiderar aspectos que caracterizam a produção de uma letra de música, conforme procedimento conferido os fatos históricos.
b)   Descartar o uso de relatos e imagens do período histórico a ser tratado, para facilitar aos alunos a contextualização dos acontecimentos.
c)   Evitar anacronismo, abordando o contexto histórico da época em que foi feita a letra da música e aquele relacionado ao acontecimento.

d)   Afastar-se dos conhecimentos prévios e das representações dos alunos, que dificultam a compreensão da história.