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sexta-feira, 15 de outubro de 2021

PEÇA TEATRAL: A FUGA - RENATO ARLEM - COM GABARITO

 Peça teatral: A fuga

   Renato Arlem

Maria Lúcia (lugar-tenente)

Helena (chefe)

Jorge (chefe)

Gabi (medrosa)

Lúcia (medrosa)

Joana (quieta)

Mariana (brigona)

Renata

Juliana

Paulo

(Uma casa vazia só com um telefone. O bando chega, menos Paulo e Juliana.)

Helena: É aqui?

Gabi: De quem é essa casa?

Jorge: É do meu pai. Está desalugada.

Joana: E se descobrem?

Helena: Como vão descobrir?

Gabi: E se chamam a polícia?

Jorge: Claro que vão chamar a polícia, mas nunca vão pensar que viemos para uma casa vazia.

Renata: E quando é que a gente vai viajar?

Maria Lúcia: Calma, Renata. Primeiro a gente se instala aqui.

Joana: Minha mãe vai ficar muito nervosa.

Helena: E não é isso que a gente quer? Quando eles ficarem bem velhos a gente telefona e exige respeito.

Joana: Vou telefonar agora.

Jorge: Vai coisa nenhuma. Primeiro o susto. Depois a gente apresenta nossas reivindicações.

Gabi: Não quero, não.

Renata: Nem eu. Quero a minha mãe.

Helena: Olha aqui, menina covarde, se você pegar neste telefone vai se ver comigo.

Joana: Cadê Juliana e o Paulo?

Helena: Devem estar chegando. Olha na janela, anda Gabi.

(Gabi volta.)

Gabi: Lá vêm eles.

(Entram Juliana e Paulo cheios de compras de supermercado.)

Juliana: Legal esta casa.

Paulo: Compramos tudo.

Mariana: Trouxe o meu Toddy?

Paulo: Não. Nescau.

Mariana: Mas eu pedi Toddy.

Paulo: E daí?

Mariana: Você é um chato.

Paulo: Leite, Nescau, pão, chocolate.

Mariana: Me dá um.

Helena: Agora não. Temos que economizar.

Gabi (Gorda.) Quando é o almoço?

Helena: Calma, Gabi. Primeiro vamos nos instalar. Vamos ver a casa.

Gabi: Tô com uma fome!

(Saem Helena, Jorge, Maria Lúcia, Mariana, Juliana e Paulo.)

Lúcia: Não sei o que estou fazendo aqui.

Gabi: Nem eu.

Renata: Vamos fugir?

Lúcia: Helena me mata.

Gabi: Será que isto vai dar certo?

Lúcia: Se os pais da gente caírem, dá.

Renata: Meu pai não vai cair e ainda vai me dar uma surra.

Gabi: O que é que vocês vão pedir?

Lúcia: Vou exigir que papai se case de novo com mamãe.

Renata: Mas isto não vale, nós combinamos. Isto é assunto deles. A gente não pode se meter.

Gabi: Eu vou exigir da minha mãe que ela fique mais em casa.

Renata: Mas por que é que ela tanto sai?

Gabi: Cabelo, unha, jogo, amigas.

Renata: Mas ela não está separada do teu pai, está?

Gabi: Não, isto não. Mas é pior. Está separada da gente. Vive na rua.

Lúcia: À minha, vou exigir que pare de me pôr de castigo quando não estudo. Afinal, não sou mais uma criancinha.

Renata: Ao meu pai, que pare de tanto viajar e depois pare também de fingir que é um pai bom.

Lúcia: O que ele faz?

Renata: Quando chega de viagem começa a beber, a ler jornal e ainda diz que ama a família acima de tudo.

Lúcia: E vocês, que fazem?

Renata: A gente vê logo que é bafo porque ele só pensa em ganhar dinheiro. Bebe, bebe, bebe e dorme. Mamãe diz que ele está cansado e assim ele nunca conversou com a gente. Ignora nossa existência. E compra a gente com ­dinheiro. Por isso é que pude dar mais para o bolo.

Lúcia: Valeu!... O meu, para dizer a verdade, prefere ler jornal a conversar com a gente.

(Voltam os outros.)

Helena: A casa está toda depredada.

Jorge: O único lugar bom é este aqui.

Maria Lúcia: Acho melhor a gente se arrumar aqui mesmo.

Mariana: Cadê o rádio, Jorge?

Jorge: Tá aqui na mochila. Será que dizem alguma coisa?

Mariana: Liga. Tá na hora das notícias.

(Ouve-se música, depois a voz do repórter.)

Repórter: (Alto-falante.) E de novo o caso do desaparecimento de 10 crianças de um dos bairros mais elegantes da cidade. Depois dos comerciais. “Se você se sente presa, incomodada, use Sempre Livre.” E agora ouviremos o apelo de Dona Lúcia, mãe de uma das crianças.

Mariana: É mamãe!

Voz: Estou desesperada. Minha filhinha querida sumiu de casa desde ontem. Não aguento mais. Minha filhinha adorada foi raptada, garanto!

Mariana: Agora sou filhinha adorada! Nunca deu a menor bola para mim. Vivia na rua. Seus clientes eram muito mais importantes.

Todos: Psiu!!!

Repórter: Vai falar o Dr. Souza Aguiar, pai da menina Helena.

Pai: Se é dinheiro que querem estes raptores, pago o que quiserem. Quero minha filhinha de volta.

Helena: Ué, hoje não é dia de jogo? O que é que ele está fazendo no rádio?

Jorge: Desliga isto. (Desligam.)

Juliana: E agora, gente?

Paulo: Deixa eles sofrerem um pouco.

Joana: Minha mãe, garanto que ainda nem reparou. Está ocupada demais com o novo namorado.

Mariana: Os meus vão ter que ver comigo. Me prendem tanto em casa que não vou a uma festa!

Juliana: A minha mãe vai largar meu pai, não é? Pois então vou largar ele também.

Maria Lúcia: Tô com fome.

Helena: Vamos comer.

(Aparece um aluno com uma tabuleta ou o alto-falante anuncia: três dias depois, todos estão caídos pelos cantos, meio desgrenhados.)

Maria Lúcia: Tô com fome.

Renata: Eu também.

Helena: Para de ter fome, Maria Lúcia.

Gabi: Quero ir para casa!

Renata: Quero minha mãe.

Helena: Covardes!

Jorge: É preciso aguentar mais um pouco.

Mariana: E você vai arrumar mais comida, vai?

Jorge: Claro que vou.

Mariana: Com que dinheiro?

Helena: Acabou tudo. Também, vocês comem demais.

Juliana: E você, não?

Gabi: Não quero mais fugir não. Quero meu pai!

Joana: Estou me sentindo mal. Tô com dor de barriga.

Paulo: Essa casa é uma droga. Não sei quem teve essa ideia!

Joana: Quero voltar para minha casa. Quero meu pai, quero minha mãe.

Helena: Mas sua mãe não é uma chata?

Joana: É chata, sim, mas eu quero ela!

Gabi: Estou toda torta. Não aguento mais dormir neste chão. Quero minha cama.

Maria Lúcia: Tô com fome.

Joana: Droga! Droga! Droga!

Jorge: Então vamos telefonar para nossos pais e fazer as reivindicações.

Juliana: Não quero reivindicação nada, quero minha mãe!

Helena: Vou ligar o rádio. (Toca alguma música da moda.)

Jorge: Vamos dançar. (Os dois tentam dançar.)

Mariana: Dançar coisa nenhuma! Quero minha mãe.

(Todos gritam em cima da música.)

Todos: Quero minha mãe!! Quero meu pai! Quero minha casa!

 Machado, Maria Clara. Exercícios de palco. 2. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1996.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 7º ano – Ensino Fundamental – IBEP 4ª edição São Paulo 2015 p. 98-102.

Entendendo a peça teatral:

01 – Por que as crianças fugiram de casa? O que reivindicavam?

      Reivindicavam mais atenção dos pais, possibilidade de convivência com eles e mais liberdade.

02 – É possível supor a idade das personagens? Como você chegou a essa conclusão?

      As personagens devem ter uma idade aproximada de 9 a 11 anos. A rádio anuncia o desaparecimento de crianças. O teor da conversa durante a peça auxilia na formação de uma ideia a respeito disso.

03 – É possível afirmar que todas as personagens que falam no texto encontram-se no mesmo espaço físico? Explique sua resposta.

      Não, as crianças estão em uma casa vazia, desalugada, mas, no texto, ainda aparecem falas do repórter e dos pais das crianças desaparecidas, que estão em outro lugar, no estúdio de uma estação de rádio.

04 – Em determinado momento da narrativa, há uma mudança de direção na história. Que mudança é essa? Localize no texto a frase que introduz esse momento.

      Com o tempo, as crianças começam a se cansar da situação e sentem fome e saudade da família. A frase que inicia essa mudança é: “(Aparece um aluno com uma tabuleta ou o alto-falante anuncia: três dias depois, todos estão caídos pelos cantos, meio desgrenhados.)”

05 – Depois dos acontecimentos descritos na história, a que conclusão as crianças chegaram a respeito da vida que levavam com os pais?

      Chegaram à conclusão de que, apesar de tudo, era melhor a vida em casa com os pais do que a aventura.

06 – Em sua opinião, a saída das crianças de casa poderia provocar uma mudança de atitude dos pais e dos filhos? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

07 – Se você vivesse problemas parecidos com os das personagens, o que faria para tentar resolvê-los?

      Resposta pessoal do aluno.

08 – Em sua opinião, a que público se dirige essa peça? Por quê?

      A peça se dirige ao público em geral, inclusive aos jovens. Ela tanto interessa aos filhos como aos pais, pois enfoca problemas comuns nas famílias.

09 – Em quanto tempo se passa a história? Que recurso a autora utilizou para indicar esse tempo?

      Três dias. Um aluno entraria no palco com uma tabuleta para anunciar esse tempo ou ele seria informado por um alto-falante.

10 – Nesse texto, é possível identificar claramente algum narrador?

      Não, no texto não há o registro claro de alguém que conta a história.

11 – No texto dramático, para que servem as expressões entre parênteses?

      Elas servem para indicar características, gestos ou ações das personagens, além de detalhes sobre cenário, sonoplastia, etc. 

 

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

TEATRO: A VIDA NO PALCO - HILDEGARD FEIST - COM GABARITO

Teatro: A vida no palco

              Hildegard Feist

        A literatura conta histórias. Quando lê um romance, você viaja pelo mundo do autor: imagina aquelas pessoas que ele descreve, as paisagens, os ambientes... Já o teatro mostra histórias. Quando você assiste a uma peça, não precisa imaginar nada. As personagens e os cenários estão materializados diante da plateia.

      O texto no teatro é essencial, mesmo que os atores não abram a boca (nesse caso eles estariam representando com gestos uma história que teve de ser escrita por alguém).

        Mas no teatro o texto não é tudo, como acontece com a literatura. Você pode muito bem ler um livro, sozinho num canto, e imaginar à vontade. Também pode ler uma peça, sozinho do mesmo jeito, porém essa leitura solitária vai lhe dar apenas uma vaga ideia do que você veria no teatro. Porque uma peça só se realiza, só ganha vida, quando chega ao palco.

        Quando escreve para o teatro, o autor já está pensando em todas as pessoas que serão necessárias para dar vida ao seu texto. Seu trabalho de criação não termina no final da história, como no caso de um romance. O autor de um romance precisa de um editor para publicá-lo, de um livreiro para vende-lo e de um leitor para lê-lo, porém o que ele apresenta é uma obra acabada.

        O autor teatral, também chamado dramaturgo, precisa de muito mais gente: na verdade precisa de todo um batalhão de profissionais para mostrar o que escreveu. São atores, diretor, produtor, cenógrafo, figurinista, iluminador... sem falar no público.

        Vamos por parte.

          Os passos do processo

        Depois de escrever uma peça, o dramaturgo a leva para uma pessoa ligada ao teatro, geralmente um ator de prestígio ou um diretor.

        (...)

        Digamos que tudo corre às mil maravilhas. Os atores adoram o texto, identificam-se com suas personagens e no momento não têm nenhum compromisso que os impeça de participar do projeto.

        Agora precisam de um produtor, de alguém que banque o espetáculo, ou seja, que forneça o dinheiro para adquirir móveis, tecidos, roupas, acessórios – enfim, todo o material necessário para a montagem –, além de pagar despesas como o aluguel do teatro, a contratação de carpinteiros, eletricistas, costureiras e outros profissionais indispensáveis, a compra de espaço para publicidade nos jornais, revistas e TV...

        Mais uma vez dá tudo certo, e o trabalho pode começar. Primeiro se faz uma leitura dramática: todo o elenco se reúne, de preferência sentado em torno de uma mesa, e cada ator lê sua parte, já representado com a entonação de voz que pretende dar à personagem.

        O diretor vi corrigindo, vai mostrando a cada um como deve falar. Por exemplo, um simples “Eu te amo” pode ser dito com alegria, com tristeza, com fingimento, com desespero... depende da situação e também da maneira como o diretor imagina a cena.

        O diretor tem a visão geral do espetáculo e sabe qual é o resultado que quer conseguir. Alguns diretores simplesmente impõem sua opinião, porém a maioria conversa com os atores, explica o que tem em mente, escuta o que eles acham e todos chegam a um acordo (ou pelo menos é o que se espera).

        Não é só com os atores que o diretor dialoga. Ele também expõe seus objetivos aos demais membros da equipe, explicando o que espera de cada um. E, como cada um tem uma maneira de ver o espetáculo, seguem-se as discussões e as trocas de ideias. Tudo acertado, o cenógrafo trata de criar os cenários adequados; o iluminador estuda as várias formas de usar a luz; o figurinista concebe as roupas que cada personagem terá de vestir; e assim por diante.

        Depois de muito ensaio e muito trabalho, a peça está pronta para ser apresentada ao público. O dinheiro resultante da venda dos ingressos paga o salário do pessoal envolvido no espetáculo.

        Lance uma ideia em sua escola. Reúna uma turma para montar uma peça. É uma ótima experiência, pois, colocando-se na pele de uma personagem, você sai de si mesmo, esquece seus problemas e aprende a entender melhor essa complicada e maravilhosa criatura humana. Experimente.

    Pequena viagem pelo mundo da arte, Hildegard Feist.

                             Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 171/3.

Entendendo o teatro:

01 – Qual é a diferença entre um romance e o texto dramático (texto para ser representado)?

      1° parágrafo. “Quando lê um romance, você viaja pelo mundo do autor: imagina aquelas pessoas que ele descreve, as paisagens, os ambientes... Já o teatro mostra histórias.”

02 – Quando o teatro ganha realmente vida? Por quê? Justifique a partir do texto e de suas experiências e conhecimentos.

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Qual é a diferença entre um autor de um romance e um autor de peças teatrais? Por quê? Argumente a partir do texto.

      “O autor de um romance precisa de um editor para publicá-lo, de um livreiro para vende-lo e de um leitor para lê-lo, porém o que ele apresenta é uma obra acabada.”

      “O autor teatral, também chamado dramaturgo, precisa de muito mais gente: na verdade precisa de todo um batalhão de profissionais para mostrar o que escreveu. São atores, diretor, produtor, cenógrafo, figurinista, iluminador... sem falar no público.”

04 – Do que precisa um romancista para que seu livro fique pronto?

      O romancista precisa de um editor para publicar seu livro.

05 – O que é necessário para o autor teatral, também chamado de dramaturgo, expor sua obra?

      O autor teatral precisa de atores, diretor, produtor, cenógrafo, figurinista, iluminador e público.

06 – Fale sobre os passos do processo: desde a criação da peça teatral até sua representação no palco.

      Resumo do texto “Os passos do processo”.

07 – Produtor, material, publicidade são essenciais no teatro. E por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

08 – Na região em que você vive, a atividade teatral é comum? Existem escolas de teatro, arte dramática? E a comunidade tem o hábito de frequentar o teatro? Fale a partir da sua realidade de vida e justifique suas respostas.

      Resposta pessoal do aluno.

            

 


domingo, 26 de abril de 2020

PEÇA TEATRAL: CAVEIRINHA - LUÍS FRANCISCO CARVALHO FILHO - COM GABARITO

PEÇA TEATRAL: Caveirinha
         
   Luís Francisco Carvalho Filho

        [São catorze salas, de catorze juízes, lado a lado, unidas por um longo corredor. As portas permanecem fechadas, para que o trança-trança não atrapalhe. As audiências são marcadas com intervalo de cinco minutos entre uma e outra. Há pressa, não há pontualidade. Os intimados aguardam a chamada num saguão apertado, onde uma sucessão de fileiras de bancos de madeira se organiza em um pequeno auditório. Carta precatória é um procedimento: o juiz faz a inquirição de alguém e remete o texto para o juiz de outro lugar. O juiz daqui não conhece o caso e, provavelmente, nunca mais vai ouvir falar no processo.]
        Juiz: Qual o seu nome?
        G...: G...
        Juiz: Dizem os autos do inquérito policial que o senhor, R... e T... deram causa à morte de L..., provocando, por negligência, um acidente de trabalho na Indústria de Farinha. Diz a Justiça Pública que a vítima no recebeu treinamento para trabalhar na máquina, tendo sido sugado pelos exaustores no terceiro dia de trabalho. A morte da vítima foi imediata, o corpo foi dilacerado. O senhor e R... são acusados de omissão. Nada fizeram para evitar o acidente, apesar de previsível. T... é acusado de contratar a vítima, sem treinamento, para a realização de um trabalho perigoso. O que o senhor tem a dizer sobre a denúncia? O senhor conheceu a vítima?
        G...: Não. Eu sou um dos proprietários da indústria e trabalho aqui, na cidade. Eu me dedico à área financeira. A indústria fica a cem quilômetros. Há uma gerência industrial, chefiada por um administrador habilitado e bastante experiente no ramo, que cuida justamente de toda essa parte técnica. Nós sempre seguimos as regras de prevenção do Ministério dos Acidentes. Não houve negligência.
        Juiz: O senhor presenciou os fatos?
        G...: Não.
        Juiz: O que o senhor sabe do acidente?
        G...: Eu fui informado pelo meu gerente, uma hora depois, por telefone.
        Juiz: O que ele disse?
        G...: Disse que a vítima havia sido imprudente, que tinha ingressado na área de ventilação da máquina, que é cercada por tapumes. Disse que o rapaz foi socorrido imediatamente, mas morreu a caminho do hospital, que já avisara a família e que estava providenciando o enterro. Ele não tinha autorização para entrar ali, não tinha nada para fazer ali. Ali só entram mecânicos. Há uma placa, na parede, avisando do perigo. A placa tem uma caveirinha vermelha desenhada.
        Juiz: Ele recebeu treinamento?
        G...: Sim. A máquina não é perigosa. O operário não mantém contato com nenhuma engrenagem capaz de ferir. É fácil de ser operada. Ela só é barulhenta e os operários usam um protetor de ouvido. O trabalhador recebeu instruções, foi advertido para não entrar naquele recinto.
        Juiz: Se o senhor é inocente, por que então o senhor acha que foi denunciado?
        G...: Eu não sei. Talvez preconceito. Meu advogado diz que é preconceito. Mas eu não sou um empresário poderoso, minha empresa é pequena.
        Juiz: [Ditando.] Que não presenciou os fatos descritos na denúncia e nega a acusação. Que alega ser inocente, vítima de preconceito contra o empresariado. Que o interrogando trabalha na cidade e cuida da parte financeira da firma. Que a indústria tem um gerente técnico, que é responsável. Que recebeu um telefonema do gerente e soube do acidente. Que a culpa foi da vítima e que havia uma placa vermelha com o desenho de uma caveira no local, indicando perigo, e que mesmo assim ele foi irresponsável e desobedeceu. [Para o réu.] Quanto tempo durou o treinamento?
        G...: Não há um treinamento específico, porque eles não lidam com a parte mecânica da máquina, o senhor entende? Ele simplesmente jogava espigas de milho e mandioca no funil da máquina. Sem risco.
        Juiz: Mas quanto tempo durou o treinamento?
        G...: É imediato. Não há necessidade de cursos ou de aprendizados mais complexos.
        Juiz: Ele teve aulas?
        G...: Não, aulas não. Não precisava...
        Juiz: Ele já trabalhou na máquina no primeiro dia?
        G...: Sim, como todos os outros. Os novos empregados observam os companheiros antigos, começam ajudando, e começam a trabalhar. Não há perigo. Nunca houve um acidente.
        Juiz: Alguém tentou detê-lo?
        G...: Não, ninguém; olha, ninguém viu ele entrar naquela sala.
      Juiz: [Ditando.] Que o aprendizado da vítima foi imediato, sem preleções. Que os trabalhadores da indústria trabalham nas máquinas, já no primeiro dia de emprego, fáceis de ser operadas. Que os operários observam como os outros fazem e começam logo a trabalhar. Que a vítima só jogava milho e mandioca no funil e não corria riscos. Que a máquina é barulhenta e os operários usam fones de ouvido. Que a vítima não deveria estar naquele local e que ninguém o impediu. [Para o réu.] A vítima foi socorrida?
        G...: Sim, ele foi levado para o hospital, mas já estava morto.
        Juiz: Conhece os outros réus?
        G...: Sim. R... é meu sócio, cuida da parte comercial, e T... é o gerente da indústria.
        Juiz: Conhece as testemunhas do promotor?
        G...: Não.
      Juiz: [Ditando.] Que a vítima morreu a caminho do hospital. Que conhece os co-réus, sendo R... o seu sócio e T... o gerente. Que nada tem para alegar contra as testemunhas. Que sai ciente do prazo de três dias para defesa prévia e de que não pode mudar de endereço sem comunicar ao juízo deprecante, saindo também ciente da data da audiência. Nada mais...
        [O juiz é surpreendido pela intervenção.]
        Advogado: Excelência, eu sei que o advogado não pode interferir no interrogatório, nem é essa a minha intenção, mas eu gostaria, pela ordem, que alguns esclarecimentos do réu ficassem consignados no termo.
        Juiz: O senhor não pode interferir mesmo. Mas faltou alguma coisa? O quê? O réu não reclamou de nada.
        Advogado: É papel do advogado reclamar... O réu informou a Vossa Excelência que recebeu a notícia do acidente por um telefonema de seu gerente industrial. No termo ficou constatado que o réu “soube do acidente”. Eu peço...
        Juiz: Olha, eu não vejo nenhum erro no meu termo. Ele não presenciou o acidente. Não é? Ele ouviu falar do acidente, ele soube por telefone. Está certo? Qual o problema?
        Advogado: Excelência, tal como está no termo, o réu aparenta uma certa indiferença em relação aos fatos. Mas ele foi informado imediatamente, cobrou providências... Ele não ouviu dizer, ele foi informado, percebe? Tal como está escrito, parece que o réu reagiu com indiferença à notícia da tragédia. Não é o senhor quem julgará a causa. O juiz do caso pode fazer uma interpretação desfavorável do interrogatório. Correto?
        Juiz: Está bem. [Ditando.] Dada a palavra ao defensor, foi dito que ficasse consignado que o réu informou a esse juízo que soube do acidente, por um telefonema do co-réu T..., que já havia tomado todas as providências. – Está bem assim, doutor?
        Advogado: Obrigado, Excelência. É um detalhe, mas o réu informou que os operários usam “protetores de ouvido”. No termo ficou constando que eles usam “fones de ouvido”. São coisas diferentes...
        Juiz: Olha, doutor, eu me lembro muito bem, ele falou “fone de ouvido”. Não posso admitir que o senhor conduza o interrogatório. O que o senhor disse?
        G...: Eu disse que os operários usam “protetores de ouvido”, é um equipamento exigido pela legislação.
        Juiz: É “protetor”, é? O senhor falou “fone de ouvido”. Eu me lembro.
        G...: Não, eu disse “protetor”. Tenho certeza.
        Juiz: [Ditando] Que a vítima usava protetor de ouvido e não fone de ouvido, como constou acima.
        Advogado: Excelência, eu gostaria ainda que ficasse esclarecido que ninguém, na indústria, percebeu que a vítima entrou no recinto proibido antes do acidente.
        Juiz: Ah, ele não falou isso.
    Advogado: Excelência, quando o acusado respondeu a pergunta do senhor, informando que ninguém deteve a vítima, ele disse que ninguém na fábrica viu a vítima entra no local. Assim, ninguém poderia detê-la. Não é? O termo está incompleto.
        Juiz: Ele não disse isso, doutor. O senhor sabe que eu fui gentil. Eu permiti sua atuação. O senhor sabe, a lei não permite interferências da defesa e da acusação no interrogatório, mas o senhor vem e abusa. Assim, não dá. O senhor não pode induzir as palavras do interrogado.
        Advogado: Eu não induzi o réu a nada, Excelência. Eu não admito... Olha, eu agradeço a sua tolerância, eu... Eu gostaria de lembrar que o interrogatório é um ato de defesa do réu, que a palavra do réu não pode ser censurada e que tudo deve ser transcrito da maneira mais fiel possível. Eu sugiro que o senhor pergunte ao réu sobre o que ele disse realmente e se Vossa Excelência desejar, pode também consignar minha interferência.
        Juiz: O senhor não disse isso, disse?
        G...: Disse sim. Ninguém da indústria viu quando ele entrou no local do acidente.
        Juiz: [Ditando.] Que após interferência do advogado de defesa, o réu informou que havia dito que ninguém na empresa viu a vítima entrar na sala onde veio a falecer, referência esta não ouvida antes por este juízo. [Para a escrevente.] Chega, vamos encerrar este termo...
                             CARVALHO FILHO, Luís Francisco. Nada mais dito nem perguntado. São Paulo, Editora 34, 2001. p. 41-6.
Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. Editora Ática. 8ª série. p. 96-102.
Entendendo o texto:

01 – O texto lido, criado por um escritor, é a reprodução de uma audiência em que o juiz interroga o réu. Apresenta características de um texto de teatro. Que características são essas?
      Rubricas; falas de personagens, sem narrador.

02 – Apesar de ser ficcional, o texto parece extremamente realista, saindo diretamente dos tribunais. Justifique essa afirmativa.
      O autor, advogado criminalista, consegue transpor para a linguagem escrita os diálogos e os termos jurídicos com uma fidelidade incrível. Parece que o texto tem autonomia, é quase transcrição de algo gravado.

03 – Qual é o objetivo do primeiro parágrafo eu está entre colchetes?
      Descrever o ambiente do fórum onde se passa a audiência a ser relatada e explicar o procedimento adotado, que é uma carta precatória.

04 – O procedimento relatado é uma carta precatória, isto é, o juiz faz o interrogatório e remete o texto para um juiz de outro lugar, que fará o julgamento. Sendo assim, como deve ser a linguagem utilizada?
      A linguagem deve ser objetiva, precisa e extremamente fiel ao que foi dito no interrogatório.

05 – No texto, foram empregados dois tipos de discurso: o direto e o indireto. Em que situação foi empregada cada uma dessas formas de discurso?
      Discurso direto: no diálogo entre o juiz e o réu e entre o juiz e o advogado.
      Discurso indireto: nas passagens em que o juiz reproduz para a escrevente o que o réu falou.

06 – “Não houve negligência.” O que o réu quer dizer com essa afirmativa?
      Não houve descuido, desleixo, desatenção.

07 – Segundo o réu, qual foi a causa da morte da vítima?
      Imprudência: a pessoa entrou em lugar cercado por tapumes com aviso de perigo na parede.

08 – No texto, o juiz, ao ditar para a escrevente, começa as frases com que. É, em geral, dessa maneira que juízes e delegados relatam depoimentos. Como se pode explicar esse uso?
      O juiz está empregando o discurso indireto ao ditar para a escrevente. O emprego do que pressupõe um texto anterior: O réu afirmou / relatou / disse... Como essa frase introdutória é óbvia no contexto, o juiz a suprime.

09 – O advogado do réu interfere no interrogatório três vezes. Você concorda com as observações que ele faz? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

10 – A linguagem com que o advogado se dirige ao juiz é bastante formal e mesmo cerimoniosa. Que pronome o advogado emprega que revela esse nível formal de linguagem?
      Os pronomes de tratamento Excelência e Vossa Excelência.

11 – Na última fala do advogado, há um período que justifica muito bem a razão de suas interferências no interrogatório. Transcreva-o.
      “Eu gostaria de lembrar que o interrogatório é um ato de defesa do réu, que a palavra do réu não pode ser censurada e que tudo deve ser transcrito da maneira mais fiel possível.”

12 – Releia o primeiro trecho que o juiz dita para a escrevente. Compare-o com as falas do réu. Que declarações foram omitidas ou alteradas pelo juiz, além do que foi observado pelo advogado?
      O juiz omitiu que a indústria ficava a cem quilômetros da cidade, onde o réu trabalhava. Não disse que o administrador era habilitado e bastante experiente no ramo, mas simplesmente que ele era responsável. Mandou escrever que a vítima foi irresponsável e desobedeceu o aviso de perigo; o réu só dissera que a vítima tinha sido imprudente. O aviso, segundo o réu, era uma placa com uma caveirinha vermelha; de acordo com o juiz, havia uma placa vermelha com uma caveira.

13 – Caveirinha, no texto, significa perigo. Por que o texto se chama “Caveirinha”? Quem é que corre perigo, nesse caso?
      O réu corre perigo porque pode sofrer injustiça devido à interpretação que o juiz faz de suas afirmações. 



domingo, 17 de março de 2019

PEÇA TEATRAL: HUMOR E CRÍTICA - LUA NUA (FRAGMENTO) - COM QUESTÕES GABARITADAS

PEÇA TEATRAL: HUMOR E CRÍTICA - LUA NUA (Fragmento)

SÍLVIA – É ... O que é que a gente vai fazer?
LÚCIO – É um problema mesmo... Só que estou atrasadíssimo, depois você me liga para dizer como é que resolveu pôr hoje.
SÍLVIA – Espera aí, Lúcio. Acho que você não entendeu ainda. A saída da Dulce é um problema nosso e não apenas meu.
LÚCIO – Mas foi você que despediu a moça, você causou o problema, agora resolva você, ora.
SÍLVIA – Ela extrapolou todos os limites, poderia ter sido com você, é como se ela tivesse... pedido demissão. É um problema da nossa casa, a ser resolvido, portanto, conjuntamente.
LÚCIO – Só que eu tenho a entrevista com os americanos às dez e meia e estou atrasado.
SÍLVIA – Mas eu também tenho uma entrevista às dez e meia...
LÚCIO – Ah, você não vai querer me comparar agora essa sua entrevista com o meu trabalho, vai?
SÍLVIA – Ah! A minha entrevista é uma frescura, apenas. O seu trabalho é muito mais importante que o meu.
LÚCIO – Não é bem isso...
SÍLVIA – É? Diga. Responde, Lúcio. É mais importante?
LÚCIO – É! Pronto. Quis escutar, escutou, Sílvia. É claro que o meu trabalho é muito mais importante do que o seu.
SÍLVIA – Pooooooooooooooooor quê?
LÚCIO – Porque ... Ora, não vamos agora começar uma discussão mesquinha. Eu me nego a ser ridículo.
SÍLVIA – Pois eu proponho que o sejamos.
LÚCIO – Sílvia, eu estou atrasado, não tenho tempo para debates.
(Pega a pasta e vai em direção à porta da rua.)
SÍLVIA – Tem razão... Também estou atrasadíssima e não tenho tempo para debates.
(Pega a sua pasta e também vai em direção à porta.)
LÚCIO – Quer parar de brincadeira? [...]
SÍLVIA – [...] Por que o seu trabalho é mais importante que o meu, Lúcio?
                                                                                                    Leilah Assunção 
Entendendo o texto:

01 – Como é comum nos textos teatrais, o desenvolvimento dos fatos e o conhecimento sobre as personagens se dão por meio dos diálogos.
Compare as falas a seguir e associe-as aos locutores:
"Lúcio [...] depois você me liga para dizer como é que resolveu por hoje."
“Lúcio [...] você causou o problema, agora resolva você, ora."
"Sílvia [...] A saída da Dulce é um problema nosso e não apenas meu."
"Sílvia [...] É um problema da nossa casa. A ser resolvido, portanto, conjuntamente."
a)    Como Lúcio se posiciona diante do problema que surgiu naquele dia?
Ele fala pra Sílvia resolver o assunto, pois ele está muito atrasado.

b)    Pela reação de Lúcia, o que ela não quer mais?
Ela não queria resolver o problema e queria que Lúcio resolvesse.

02 – No confronto de interesses entre os dois, o casal acaba discutindo sobre a vida profissional de cada um.
a)   Que argumento básico Lúcio utiliza para convencer Sílvia de que o trabalho dele é mais impor­tante do que o dela?
Que o trabalho dele pesa mais, e porque ele é pra valer, e que ela já ficou em casa amamentando algum tempo, pode ficar mais.

b)   Para rebater o argumento do marido, Sílvia cita o exemplo da mãe dele. O que você acha que pode ter ocorrido com os pais de Lúcio?
Provavelmente, o pai de Lúcio trabalhava muito e depois deve ter sido mandado embora e sua mãe que teve que trabalhar e cuidar das despesas da família.

03 – Releia estes trechos:
"[...] você ficou três meses aqui, só amamentando..."
"O meu trabalho pesa mais que o seu porque ele que é para valer..."
a)   Que opinião Lúcio revela ter sobre a amamentação e sobre o trabalho de Sílvia?
Que ela só amamenta e ele pega pesado.

b)   Quais das afirmações a seguir confirmam sua resposta anterior?
• "O que você faz no escritório e o que você faz nesta casa são coisas valiosíssimas...”
• "você não passa de uma secretária de luxo..."
• "Eu digo para as pessoas: 'Minha mulher é advogada', e sinto orgulho."
• "É hoje que será resolvido se vamos ou não para os Estados Unidos."

04 – Releia esta fala de Sílvia:
"É que me divido tanto, são tantos os meus papéis, que chego a ficar confusa. É um absurdo... como é que eu pude me confundir tanto assim? (Vai até a janela e diz em voz baixa, para si mesma.) Aquilo lá é fuga, o importante está aqui, sou eu mesma, o meu trabalho..."
      a) Levante hipóteses: De que papéis Sílvia está falando?
      Do papel de ser advogada, mãe e dona de casa.

       b)No teatro, o pensamento precisa ser falado para que o público tome conhecimento dele. Assim, Sílvia "pensa alto" ao dizer para si mesma: "Aquilo lá é fuga, o importante está aqui, sou eu mesma, o meu trabalho...". Interprete: O que ela quer dizer com essa afirmação?
Que em seu trabalho ela se sente si mesma, e em casa é como se não fosse ela.

05 – Considerando a carreira profissional das duas personagens, Sílvia e Lúcio estão em situações diferentes.
a)   Qual e a situação de Lúcio em sua vida profissional?
É um engenheiro.

b)   E a de Sílvia?
Uma advogada.

c)   O que significa o caso Teixeira Leite para ela?
É o seu primeiro caso sozinha e que este caso tem muita influência é a sua chance de ser uma grande advogada.

06 – Compare estes trechos:
"Sílvia Sempre de braços dados com alguma referência, 'a mulher de", 'a mãe de' [...]. E eu, Sílvia, onde é que estou, o que é que eu sou?"
"Lúcio (perplexo) Não... não pode ser... Essa daí não é você..."
a)   Ao dizer "onde é que estou, o que é que eu sou?", em que Sílvia pensa, na verdade?
Que ela não sabe qual é seu papel na vida e não sabe quem é na verdade.

b)   Como Lúcio reage diante da nova Sílvia que vê à sua frente?
Lúcio diz que Silvia está muito feminista e assistindo muita novela das sete.

07 – Lúcio atribui as mudanças da esposa ao feminismo e à novela das sete. Releia este trecho:
"Acho que é por isso que eu quis ser advogada, para tentar colocar de novo essa palavra [justiça] no dicionário..."
Considerando quem é Sílvia, a profissão que ela exerce e a vida que tem levado ao lado de Lúcio, você acha que suas mudanças são fruto apenas da influência da TV? Por quê?
      Não. Porque com tanta coisa para ela fazer, acho que não sobra tempo para ver TV.

08 – O movimento feminista internacional alcançou ex­pressão no século XX, principalmente a partir da década de 1960. Encenada entre 1986 e 1989, a peça Lua nua põe em discussão a situação da mu­lher moderna, no lar e no trabalho.
a)     Pelo que se vê no texto, a libertação feminina, nesse momento, era um problema do passado?
Sim, pois as mulheres não podiam expor suas opiniões: não votavam, nem trabalhar fora de casa, e outras...

b)     E hoje? Você acha que a mulher atual ainda vive problemas semelhantes aos de Sílvia? Por quê?
Sim, infelizmente algumas mulheres não alcançaram sua independência, claro que podem votar e trabalhar, mas ainda sofrem problemas em relação ao preconceito.

09 – Lua nua foi traduzida para o inglês e, nessa língua, recebeu o nome de The sun of the naked moon (O sol da lua nua). Leilah Assunção, a autora, explica assim a alteração do título: "Porque toda mulher transparente, exposta, verdadeiramente nua, tem um sol dentro de si".
      Porque tem um brilho próprio.