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sexta-feira, 27 de julho de 2018

CRÔNICA: QUALIDADE DE VIDA - MARTHA MEDEIROS - COM GABARITO

CRÔNICA: Qualidade de vida
                 
              Martha Medeiros

        Os anos 90 insistiram numa ideia que virou sonho de consumo de todo mundo: qualidade de vida. Até hoje dá vontade de entrar numa loja e perguntar: tem qualidade de vida? Provavelmente nos responderiam que está em falta, muita procura, mas pode deixar encomendado.
        Qualidade de vida, se pudesse ser filmada, teria a cara de um comercial de margarina. Família bela e saudável, uma casa aconchegante, um dia de sol, café da manhã farto, papai empregado e filhos na escola. Qualidade de vida é um modelo de comportamento, qualidade de vida é um carro com um bagageiro enorme.
        E a qualidade das nossas emoções? Compra-se também. As mais fortes são as que têm mais saída. Tudo pelo preço de um ingresso de cinema.
        As pessoas têm estado cansadas demais para produzir seus próprios sentimentos. Assustadas demais para olhar para dentro. Confusas demais para reconhecer seus medos e desejos. Passivas demais para transformar tudo o que sentem em ativo. Procuram artigos prontos em vez de fabricá-los.
        Qualidade não vem com facilidade, não conquistamos com um estalar de dedos. Qualidade, essa palavra difícil de conceituar, só se consegue fazendo as coisas com amor, e eu mesma não me suporto dizendo uma coisa tão piegas, mas é que a pieguice tem lá seu cabimento e às vezes exige nossa rendição. Não há qualidade sem tratamento, sem olho atento, sem uma bela intenção.
        Qualidade é tudo o que a gente ordena sem precisar gritar, é a maneira educada com que nos relacionamos com as pessoas, é o cumprimento de nossas tarefas com responsabilidade, é o compromisso que estabelecemos com a gente mesmo de fazer as coisas da maneira menos estabanada.
        Qualidade é a verdade dos fatos, é não teatralizar a vida. É reconhecer-se humilde diante das nossas falhas, tantas. E tentar errar menos.
        Qualidade é viver de acordo com nossas possibilidades, administrar a vida com a humanidade de que dispomos, chorar de ódio por sermos vulneráveis, mas pensar que melhor isso do que não termos sensibilidade alguma.
        Qualidade é amor que se sustenta, é amizade que não é um blefe, é confiança que não é traída, é demonstrar o que se sente, apertar a mão com firmeza, dizer não e dizer sim com a mesma honestidade, é a inocência de uma fé generalizada e crença na própria natureza.
        Parece uma oração, eu que sou quase agnóstica. Mas é isso. Qualidade é tudo o que não se desmancha facilmente.

MEDEIROS, Martha. Non-stop. Crônicas do cotidiano.
Porto Alegre: L&PM, 2001.
Entendendo o texto
01 – Qual é a primeira definição de qualidade de vida que aparece no texto?
      Qualidade de vida é um modelo de comportamento.

02 – Em que parágrafos da crônica relaciona-se qualidade de vida a consumismo?
      Qualidade de vida, se pudesse ser filmada, teria a cara de um comercial de margarina. Família bela e saudável, uma casa aconchegante, um dia de sol, café da manhã farto, papai empregado e filhos na escola.

03 – No quarto parágrafo, que situações caracterizam as pessoas e reforçam a ideia de que elas “Procuram artigos prontos em vez de fabricá-los.”?
      As pessoas têm estado cansadas demais para produzir seus próprios sentimentos. Assustadas demais para olhar para dentro. Confusas demais para reconhecer seus medos e desejos. Passivas demais para transformar tudo o que sentem em ativo.  

04 – Qual o sentido de “estalar os dedos”, no texto?
      Tem o sentido que nada se consegue na vida com facilidade.

05 – Que frase do texto a cronista considera piegas?
      Não há qualidade sem tratamento, sem olho atento, sem uma bela intenção.

06 – A que se referem os termos destacados em “E a qualidade das nossas emoções? “Compra-se também. As mais fortes são as que têm mais saída. Tudo pelo preço de um ingresso de cinema.”
      Refere-se ao nossos sentimentos.

07 – Qual é o tema do texto?
      É a qualidade de vida.

 08 – Retire do texto um trecho que revele ironia.
      Qualidade é a verdade dos fatos, é não teatralizar a vida. É reconhecer-se humilde diante das nossas falhas, tantas. E tentar errar menos.

09 – Quem é o autor do texto?
      Martha Medeiros.

10 – No 9° parágrafo, a autora fala de alguns sentimentos. Quais são?
      Fala de amor, amizade, confiança, honestidade, inocência e crença.




domingo, 1 de julho de 2018

ARTIGO DE OPINIÃO: FELICIDADE REALISTA - MARTHA MEDEIROS - COM GABARITO


ARTIGO DE OPINIÃO: "FELICIDADE REALISTA"
Martha Medeiros

             
        De norte a sul, de leste a oeste, todo mundo quer ser feliz. Não é tarefa das mais fáceis. A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
        Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis. Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica, a bolsa Louis Vuitton e uma temporada num SPA cinco estrelas. E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
        É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Por que só podemos ser felizes formando um par, e não como ímpares? Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade a não ser que seja a felicidade de estar correspondendo às expectativas da sociedade, mas isso é outro assunto. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.
        Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.
        Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se.
        Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.
                            Martha Medeiros. Coluna do site “Almas Gêmeas”,
                                                                       Acesso em 08/01/2001.

Entendendo o texto:
01 – Qual é o assunto abordado no texto?
      O assunto abordam a vida, a felicidade e os elementos que contribuem para uma vida harmoniosa.

02 – Você concorda com título “Felicidade realista”? Justifique. Caso discorde, que título daria ao texto? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Na sua opinião, o que significa “não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio”?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: que o amor é sempre grande, verdadeiro e imponente, principalmente aquele que sentimos por nós mesmos.

04 – O que mais você acredita que não deve ser “minúsculo”?
      Resposta pessoal do aluno.

05 – Por que a autora está condenando um meio de comunicação? Você concorda com ela? Por quê?
      O texto dá a entender que a televisão atrai a atenção das pessoas para si, semeia fantasias e ilusões, materializa as pessoas.

06 – No último parágrafo, a autora termina com a frase “Invente seu próprio jogo”. Com base no texto, como seria esse jogo? Quais as regras?
      Resposta pessoal do aluno.

07 – O texto “Felicidade realista”, é um poema ou uma dissertação? Explique.
      É uma dissertação, isto é, um texto que procura levar ao leitor a mensagem de que a felicidade é algo mais simples do que imaginamos.

08 – “... mas nossos desejos são ainda mais complexos.” A conjunção “mas”, nesse trecho introduz uma ideia de:
a)   Adição.
b)   Oposição.
c)   Alternância.
d)   Conclusão.

09 – “... mas nossos desejos são ainda mais complexos.” A palavra “mais” aqui é um advérbio e apresenta uma circunstância de:
a)   Tempo.
b)   Modo.
c)   Intensidade.
d)   Oposição.

10 – “Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema” A conjunção “para”, nesse trecho, introduz uma ideia de:
a)   Condição.
b)   Causa.
c)   Consequência.
d)   Finalidade.

11 – “... queremos a piscina olímpica e uma temporada num SPA cinco estrelas.” A conjunção “e”, nesse trecho, introduz uma ideia de:
a)   Adição.
b)   Oposição.
c)   Alternância.
d)   Conclusão.

12 – De acordo com o texto, esses problemas são criados:
a)   Pela mente das pessoas.
b)   Pela televisão.
c)   Pela família.
d)   Por seres estranhos.

13 – “... ser felizes de uma forma mais realista.” Segundo o texto, seria:
a)   Aceitar a regras estabelecidas.
b)   Ignorar a felicidade.
c)   Ver que a felicidade pode existir de formas distintas.
d)   Não acreditar nos sonhos.

14 – De acordo com o 4° parágrafo do texto, falando sobre dinheiro o autor só NÃO DISSE que:
a)   É algo abençoado o dinheiro.
b)   O dinheiro pode ser uma prisão.
c)   É importantíssimo fazer uma poupança para o futuro.
d)   Muita coisa boa não custa nada.

15 – “Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno.” Essas ideias são exemplos de:
a)   Simplicidade.
b)   Ostentação.
c)   Irracionalidade.
d)   Incerteza.



segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

CRÔNICA: FOFOCA, UMA OBRA SEM AUTOR - MARTHA MEDEIROS - COM GABARITO

CRÔNICA: FOFOCA, uma obra sem autor
                      Martha Medeiros

   O próprio som da palavra dá a ela um certo ar de frivolidade. Fofoca, mexerico, coisa sem importância. Difamação é crime, mas fofoca é só uma brincadeira.

           O que seria da vida sem um bom diz-que-me-diz-que, não?
        Não. Dispenso fofocas e fofoqueiros. Quando alguém se aproxima de mim, segura no meu braço e olha para o lado antes de começar a falar, já sei que vem aí uma lama que não me diz respeito. Se não tiver como fugir, deixo que a indiscrição entre por um ouvido e saia pelo outro, dando assim o pior castigo para o meu interlocutor: não passarei adiante nem uma palavra.
        Não recuso uma olhada na revista Caras, especialista em entregar quem come quem, quem traiu quem faliu, quem casou, quem separou. É a única publicação do gênero que passa alguma credibilidade, porque sei que os envolvidos foram escutados, deram declarações por vontade própria, deixaram-se fotografar. São fofocas profissionais, consentidas e quase sempre assinadas. Fofoca anônima é que é golpe baixo.
        A fofoca nasce da boca de quem? Ninguém sabe. Ouviu-se falar. É uma afirmação sem fonte, uma suspeita sem indício, uma leviandade órfã de pai e mãe. Quem fabrica uma fofoca quer ter a sensação de poder. Poder o quê? Poder divulgar algo seu, ver seu “trabalho” passado adiante, provocando reações, mobilizando pessoas. Quem dera o criador da fofoca pudesse contribuir para a sociedade com um quadro, um projeto de arquitetura, um plano educacional, mas sem talento para tanto, ele gera boatos.
        Quem faz intrigas sobre a vida alheia quer ter algo de sua autoria, uma obra que se alastre e cresça, que se torne pública e que seja muito comentada. Algo que lhe dê continuidade. É por isso que fofocar é uma tentação. Porque nos dá, por poucos minutos, a sensação de ser portador de uma informação valiosa que está sendo gentilmente dividida com os outros. Na verdade, está-se exercitando uma pequena maldade, não prevista no Código Penal. Fofocas podem provocar lesões emocionais. Por mais inocente ou absurda, sempre deixa um rastro de desconfiança. Onde há fumaça há fogo, acreditam todos, o que transforma toda fofoca numa verdade em potencial. Não há fofoca que compense. Se for mesmo verdade, é uma bala perdida. Se for mentira, é um tiro pelas costas.

                          Medeiros, Martha. Almas gêmeas, 20 set. 1999. Disponível em:
                                                                    http://almas.terra.com.br/martha/martha_2D_09.htm/
                                                                                                 Acesse em: 7 dez. 2005. 
Interpretação do texto:
01 – Para tratar da fofoca, a autora do texto cria uma metáfora. Qual é ela?
      Martha Medeiros diz que a fofoca é uma “obra sem autor.”

a)   Que argumentos são utilizados, no texto, para justificar essa metáfora?
Para justificar a ausência de autoria de uma fofoca, o argumento utilizado é o fato de não ser possível identificar a fonte da fofoca. A fofoca seria gerada pelo desejo de quem a criou de ter uma “obra” sua comentada por todos, de ter seu “trabalho” divulgado, “provocando reações, mobilizando pessoas”, assim como ocorre com as obras de arte.

b)   Por que, segundo o texto, a fofoca é tentadora?
Porque daria ao seu autor a sensação de poder, de “ser portador de uma informação valiosa que está sendo gentilmente dividida com os outros.”

c)   No final do terceiro parágrafo, a autora do texto deixa clara a sua opinião sobre aqueles que produzem fofocas. Qual é ela?
A autora considera os fofoqueiros pessoas sem talento que, incapazes de contribuir para a sociedade com obras realmente significativas, acabam produzindo boatos.

02 – Releia:
        “Não há fofoca que compense. Se for mesmo verdade, é uma bala perdida. Se for mentira, é um tiro pelas costas.”
a)   Nesse trecho, há outras duas metáforas para a fofoca. Quais são elas?
“Bala perdida” e “Tiro pelas costas”.

b)   O que significa cada uma delas, considerando o contexto?
No primeiro caso, a metáfora faz referência à inutilidade da fofoca caso o que se conte seja verdade, já que não será uma afirmação fundamentada, mas sim uma exposição “maldosa” de algo ocorrido com outra pessoa.
A segunda metáfora sugere a relação de semelhança entre a fofoca e uma traição, um ato covarde, que impossibilita a defesa da vítima.

c)   Explique de que maneira as metáforas destacadas contribuem para fortalecer a crítica da autora sobre o assunto tratado.
Ao tratar a fofoca como uma “obra sem autor”, uma “bala perdida” e “um tiro pelas costas”, Martha Medeiros enfatiza o caráter inútil, covarde e traiçoeiro de criar ou reproduzir fofocas.




quinta-feira, 9 de novembro de 2017

ARTIGO DE OPINIÃO: POSTO, LOGO EXISTO - MARTHA MEDEIROS - COM GABARITO

Posto, logo existo
                                 
      Começam a pipocar alguns debates sobre as consequências de se passar tanto tempo conectado à internet. Já se fala em saturação social, inspirado pelo recente depoimento de um jornalista do The New York Times que afirmou que sua produtividade no trabalho estava caindo por causa do tempo consumido pelo Facebook, Twitter e agregados, e que hoje ele se vê diante da escolha entre cortar seus passeios de bicicleta ou alguns desses hábitos digitais que estão me comendo vivo.
        Antropofagia virtual. O Brasil, pra variar, está atrasado (aqui, dois terços dos usuários ainda atualizam seus perfis semanalmente), pois no resto do mundo já começa a ser articulado um movimento de desaceleração dessa tara por conexão: hotéis europeus prometem quartos sem wi-fi como garantia de férias tranquilas, empresas americanas desenvolvem programas de software que restringem o acesso à web e na Ásia crescem os centros de recuperação de viciados em internet. Tudo isso por uma simples razão: existir é uma coisa, viver é outra.
        Penso, logo existo. Descartes teria que reavaliar esse seu cogito, ergo sum, pois as pessoas trocaram o verbo pensar por postar. Posto, logo existo.
Tão preocupadas em existir para os outros, as pessoas estão perdendo um tempo valioso em que poderiam estar vivendo, ou seja, namorando, indo à praia, trabalhando, viajando, lendo, estudando, cercadas não por milhares de seguidores, mas por umas poucas dezenas de amigos. Isso não pode ter se tornado tão obsoleto.
        Claro que muitos usam as redes sociais como uma forma de aproximação, de resgate e de compartilhamento – numa boa. Se a pessoa está no controle do seu tempo e não troca o real pelo virtual, está fazendo bom uso da ferramenta. Mas não tem sido a regra. Adolescentes deixam de ir a um parque para ficarem trancafiados em seus quartos, numa solidão disfarçada de socialização.
        Isso acontece dentro da minha casa também, com minhas filhas, e não adianta me descabelar, elas são frutos da sua época, sua turma de amigos se comunica assim, e nem batendo com um gato morto na cabeça delas para fazê-las entender que a vida está lá fora. Lá fora!!
        O grau de envolvimento delas com a internet ainda é mediano e controlado, mas tem sido agudo entre muitos jovens sem noção, que se deixam fotografar portanto armas, fazendo sexo, mostrando o resultado de suas pichações, num exibicionismo triste, pobre, desvirtuado. São garotos e garotas que não se sentem com a existência comprovada, e para isso se valem de bizarrices na esperança de deixarem de ser “ninguém” para se tornarem “alguém”, mesmo que alguém medíocre.
        Casos avulsos, extremos, mas estão aí, ao nosso redor. Gente que não percebe a diferença entre existir e viver. Não entendem que é preferível viver, mesmo que discretamente, do que existir de mentirinha para 17.870 que não estão nem aí.
                                                          Martha Medeiros

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO:

1. Assinale a alternativa que indica a temática da crônica:
(A) O tempo que destinamos aos relacionamentos reais.
(B) As consequências de ficar muito tempo conectado na internet.
(C) Ao fato de ter o pensar como condição de existir.
(D) O grau de envolvimento na internet dos jovens tem sido extremamente responsável.

2. Assinale a alternativa que indica o fato que desencadeou a crônica:
(A) um jornalista ter afirmado que sua produtividade caiu em função da conexão à internet.
(B) de o Brasil estar atrasado na atualização dos perfis.
(C) É preferível viver, mesmo que discretamente, do que existir de mentirinha.
(D) As filhas da escritora viverem conectadas.

3. Na argumentação: “Claro que muitos usam as redes sociais como uma forma de aproximação, de resgate e de compartilhamento – numa boa.” A autora tem como finalidade:
(A) justificar ponto de vista anteriormente sustentado.
(B) introduzir argumento orientado para a conclusão do texto.
(C) fazer concessão ao ponto de vista contrário àquele que defende.
(D) refutar (contrapor-se a) ponto de vista defendido por outrem.

4. Para persuadir o leitor a chegar à mesma conclusão que ela, vale-se a autora de todas as estratégias argumentativas a seguir, EXCETO a que se lê em:
(A) ilustrar ponto de vista com elemento de natureza ficcional.
(B) apoiar-se em dados estatísticos.
(C) recorrer à exemplificação.
(D) apelar para o testemunho pessoal e de terceiros.

5. Assinale a alternativa em que há um testemunho pessoal, vivido pela própria autora:
(A) Tão preocupadas em existir para os outros, as pessoas estão perdendo um tempo valioso.
(B) Isso acontece dentro da minha casa também, com minhas filhas, e não adianta me descabelar, elas são frutos da sua época.
(C) São garotos e garotas que se valem de bizarrices na esperança de deixarem de ser “ninguém” para se tornarem “alguém”, mesmo que alguém medíocre.
(D) É preferível viver, mesmo que discretamente, do que existir de mentirinha.

6. “Se a pessoa está no controle do seu tempo e não troca o real pelo virtual, está fazendo bom uso da ferramenta. Mas não tem sido a regra.” Assinale a alternativa que indica uma conjunção que substitua a destacada sem alterar o sentido da frase.
(A) logo                 (B) portanto                    (C) e                      (D) porém.

7. Assinale a alternativa que indica o referente da expressão em destaque da frase posterior: “O grau de envolvimento delas com a internet ainda é mediano e controlado”
(A) Das crianças em geral
(B) Das filhas da autora
(C) Dos estudantes
(D) Das jovens em geral

8. Para Descartes a condição de existir era:
(A) Postar
(B) Pensar
(C) Consumir
(D) Parece

9. Todas as alternativas indicam atividades não muito comuns hoje em dia, exceto os:
(A) Relacionamentos com uma dezena de amigos
(B) Passeios de bicicleta
(C) Hábitos digitais
(D) passeios ao parque para se distrair

10. Pela estrutura estamos diante de um texto híbrido que trata um assunto cotidiano, mais precisamente diante de:
(A) um artigo de opinião
(B) um texto narrativo
(C) uma crônica argumentativa
(D) uma reportagem

GRAMÁTICA
11. Complete as lacunas com “eu” ou “mim”:
I. Eles partiram antes de _____.
II. Eles partiram antes de _____ partir.
III. Há alguma coisa para _____ fazer?
IV. Para _____, a seleção brasileira é a favorita.
V. Preciso de férias para _____ viajar.
a) mim – eu – mim – mim – mim
b) mim – eu – eu – mim – eu
c) eu – mim – eu – mim – mim
d) mim – mim – mim – eu – eu
e) eu – eu – mim – mim- mim

12. Julgue as proposições como verdadeiras ou falsas:
I. O pronome pessoal do caso reto “eu” não deve ser empregado antes de verbos no infinitivo.
II. O pronome oblíquo “mim” não deve ser empregado antes de verbos no infinitivo.
III. O pronome oblíquo “mim” pode ser empregado antes de um verbo no infinitivo desde que haja uma vírgula sinalizando pausa para uma alteração na ordem direta da frase.
a) F – F – F
b) V – V – V
c) V – F – F
d) F – V – V
e) F – V – F

13. Assinale a única frase correta quanto ao uso dos pronomes pessoais:
a) Para mim, viver em Veneza é um luxo.
b) Fizemos os relatórios para mim apresentar.
c) Quando chegará o relatório para mim fazer?
d) Entre eu e você não existem diferenças.
e) Você não vive sem eu.

14. Assinale o item em que há erro no emprego do pronome demonstrativo:
a) Por favor, ajude-me a trazer aqueles pacotes que estão na outra sala.
b) Por que você anda sempre com estas mãos enfiadas nos bolsos?
c) Qual o manequim desse vestido que você está usando?
d) Estes seus olhos azuis são como dois oceanos!
e) Tens notícias daquele garoto que conhecemos sábado?

15. Assinale o tratamento dado a um prefeito:
a) Vossa Majestade
b) Vossa Santidade
c) Vossa Excelência
d) Vossa Magnificência
e) Vossa Meritíssima

16. Marque a opção que apresenta um pronome possessivo:
a) Todos a ensinavam a respeitar a natureza.
b) Ele estava muito nervoso.
c) A mulher cuja lembrança me dói nem sabe que existo.
d) Esse homem foi detido, pois ameaçou o policial.
e) Entenda que as suas promessas já não valem nada.

17. “Visitei o sítio da amiga de Paula, o qual muito me encantou.” Usou-se o qual no lugar de que:
a) por uma questão de estilo;
b) pois só o qual é pronome relativo;
c) pois tanto faz usar um ou outro;
d) pois ali só caberia um pronome relativo;
e) para evitar-se ambiguidade (duplo sentido).

18. Em qual frase existe um pronome indefinido?
a) Quantos deixaram de pagar?
b) Existe isso mesmo?
c) Ninguém vai conseguir ir devido ao trânsito.
d) Você devia ir a um salão e se cuidar!
e) Os operários que aderiram a greve lutam por seus direitos.

19. Assinale a alternativa que apresenta um erro de colocação pronominal:
a) Alguns alunos fizeram a lição, outros se fizeram de desentendidos.
b) Contar-lhe-emos toda a verdade sobre o assunto.
c) Me perdi porque anotei seu endereço de maneira errada!
d) Por favor, peça-lhe que venha ao meu escritório.
e) Nunca se queixou dos problemas, era resignado e otimista.


20. Sobre a colocação pronominal estão corretas as seguintes proposições:
I. Diante de pronomes relativos, que, quem, qual, onde etc., o uso da próclise é facultativo.
II. Diante das conjunções subordinativas que, como, embora etc., o uso da próclise é obrigatório.
III. Quando o verbo não inicia a oração e quando o verbo estiver no infinitivo não flexionado precedido de palavra negativa ou de preposição, pode-se usar, indiferentemente, próclise ou ênclise.
IV. A mesóclise só é obrigatória quando se combinam dois fatores: verbo no futuro iniciando a oração e ausência de palavra atrativa exigindo próclise.
a) I, II e III
b) II, III e IV
c) III e IV
d) I e II
e) Todas estão corretas.