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quinta-feira, 14 de março de 2019

POEMA: A SERRA DO ROLA-MOÇA - MÁRIO DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: A SERRA DO ROLA-MOÇA
           Mário de Andrade


A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não...

Eles eram do outro lado,
Vieram na vila casar.
E atravessaram a serra,
O noivo com a noiva dele
Cada qual no seu cavalo.

Antes que chegasse a noite
Se lembraram de voltar.
Disseram adeus pra todos
E se puserem de novo
Pelos atalhos da serra
Cada qual no seu cavalo.

Os dois estavam felizes,
Na altura tudo era paz.
Pelos caminhos estreitos
Ele na frente, ela atrás.
E riam. Como eles riam!
Riam até sem razão.

A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não.

As tribos rubras da tarde
Rapidamente fugiam
E apressadas se escondiam
Lá embaixo nos socavões,
Temendo a noite que vinha.

Porém os dois continuavam
Cada qual no seu cavalo,
E riam. Como eles riam!
E os risos também casavam
Com as risadas dos cascalhos,
Que pulando levianinhos
Da vereda se soltavam,
Buscando o despenhadeiro.

Ali, Fortuna inviolável!
O casco pisara em falso.
Dão noiva e cavalo um salto
Precipitados no abismo.
Nem o baque se escutou.
Faz um silêncio de morte,
Na altura tudo era paz ...
Chicoteado o seu cavalo,
No vão do despenhadeiro
O noivo se despenhou.

E a Serra do Rola-Moça
Rola-Moça se chamou.
                                                   Mário de Andrade
Entendendo o poema:

01 – Quais as palavras empregadas no texto com o sentido de:
a)   Desvio ou caminho mais curto fora da estrada comum?
Pelos caminhos estreitos.

b)   Ruído de um corpo ao cair?
Nem o baque se escutou.

c)   Pequeno calhau, pedrinha?
Que pulando levianinhos.

d)   Abismo, precipício?
Precipitados no abismo.

e)   Precipitar-se, cair de grande altura?
Buscando o despenhadeiro.

f)    Destino, sorte, fado?
O noivo se despenhou.

g)   Vermelho, vivo, cor de sangue?
Faz um silêncio de morte.

h)   Cadeia de montanha com muitos picos e quebradas?
E atravessaram a serra.

i)     Esconderijo, gruta, grande socava?
Lá embaixo nos socavões.

j)     Grupo de pessoas que têm a mesma língua, os mesmos costumes, as mesmas tradições?
As tribos rubras da tarde.

02 – Enumere os acontecimentos que compõem a trama da história contada no poema.
1 – Os noivos foram à vila.
2 – Passaram o dia na vila.
3 – Despediram-se de todos.
4 – Voltaram pelos atalhos da serra.
5 – Conversavam e riam muito.
6 – O cavalo pisou em falso e a moça se despenhou.
7 – Ao perceber o silêncio de paz o noivo também se despenhou.

03 – Busque no poema os versos em que o verbo casar significa:
a)   Unir-se pelo matrimônio.
“Vieram na vila casar.”

b)   Combinar, estar conforme, conformar-se.
“E os risos também casavam
Com as risadas dos cascalhos”.

04 – Complete, observe o exemplo:
a)   Que não pode ser violado.
       Inviolável

b)   Que não pode ser perdoado.
      Imperdoável.

c)   Que não pode ser controlado.
      Incontrolável.

d)   Que não pode ser saciado.
      Insaciável.

e)   Que não pode ser curado.
      Incurável.

f)    Que não pode ser tratado.
      Intratável.

05 – Explique como morreu cada um dos noivos e porque “A Serra do Rola-Moça”. Rola-Moça se chamou?
      A noiva, o cavalo pisou em falso e caíram no precipício.
      O noivo, vendo o que aconteceu, chicoteou seu cavalo e caiu também.

06 – Quantos versos tem o poema e em quantas estrofes estão distribuídos?
      Possui 46 versos, distribuídos em 09 estrofes.

07 – Dá-se o nome de “refrão” ao verso ou grupo de verso repetido após as estrofes. Qual o refrão de “A Serra do Rola-Moça”?
      Está no 1° e 2° refrão. Ou seja, no 1° e 20° verso.

08 – Por que o poeta diz várias vezes no texto que os noivos riam, riam até se razão?
      Porque estavam tão felizes, que tudo era motivo para sorrir.

09 – Por que os noivos estavam naquele local?
      Porque era um caminho mais curto.

10 – Pode se dizer que os noivos passavam por local seguro? Por quê? 
      Não. Porque era um caminho estreito e perigoso, ainda mais a noite.

11 – Cite um verso que se refira especificamente ao caminho que eles trilhavam.
      “Pelos caminhos estreitos”.

12 – O que o poeta quis dizer com o verso: “Ali. Fortuna inviolável!”?
      Por causa do acidente, a vida dos recém casados chegava ao fim, sem mesmo ter começado.

13 – Como você explica a atitude do noivo ante a tragédia?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Na tentativa de salvar a noiva ele nem percebeu o que estava fazendo.

14 – Que atitude você acha que ele deveria ter tomado?
      Resposta pessoal do aluno.

15 – Por que eles caminhavam um na frente e outro atrás?
      Porque o caminho era estreito, e só cabia uma pessoa por vez.



terça-feira, 12 de março de 2019

POEMA: O POETA COME AMENDOIM - MÁRIO DE ANDRADE- COM GABARITO

Poema: O POETA COME AMENDOIM
           Mário de Andrade
                           

Noites pesadas de cheiros e calores amontoados...
Foi o sol que por todo o sítio imenso do Brasil
Andou marcando de moreno os brasileiros.
Estou pensando nos tempos de antes de eu nascer...
A noite era pra descansar. As gargalhadas brancas dos mulatos...
Silêncio! O Imperador medita os seus versinhos.
Os Caramurús conspiram na sombra das mangueiras ovais.
Só o murmurejo dos cre'm-deus-padres irmanava os homens de meu país...


Duma feita os canhamboras perceberam que não tinha mais escravos,
Por causa disso muita virgem-do-rosário se perdeu...
Porém o desastre verdadeiro foi embonecar esta república temporã.
A gente inda não sabia se governar...
Progredir, progredimos um tiquinho
Que o progresso também é uma fatalidade...
Será o que Nosso Senhor quiser!...
Estou com desejos de desastres...
Com desejos do Amazonas e dos ventos muriçocas
Se encostando na cangerana dos batentes...
Tenho desejos de violas e solidões sem sentido
Tenho desejos de gemer e de morrer.
Brasil...
Mastigado na gostosura quente do amendoim...
Falado numa língua corumim
De palavras incertas num remeleixo melado melancólico...
Saem lentas frescas trituradas pelos meus dentes bons...
Molham meus beiços que dão beijos alastrados
E depois semitoam sem malícia as rezas bem nascidas...
Brasil amado não porque seja minha pátria,
Pátria é acaso de migrações e do pão-nosso onde Deus der...
Brasil que eu amo porque é o ritmo do meu braço aventuroso,
O gosto dos meus descansos,
O balanço das minhas cantigas amores e danças.
Brasil que eu sou porque é a minha expressão muito engraçada,
Porque é o meu sentimento pachorrento,
Porque é o meu jeito de ganhar dinheiro, de comer e de dormir.

ANDRADE, Mário de. Poesias Completas. São Paulo: Martins Editora, 1955. p. 157-158.

Entendendo o poema:
01 – Nesse poema o eu lírico retoma os “[...] tempos de antes de eu nascer [...]”: a escravidão, o império, as conspirações, a libertação dos escravos (“canhamboras”) e, finalmente, a República. Por que, de acordo com o poema, “[...] o desate verdadeiro foi embonecar esta República temporã”?
      Sugestão de resposta: “embonecar a República” seria tê-la valorizado excessivamente, como se com ela se pudessem solucionar todos os problemas. De acordo com o poema, o povo brasileiro ainda não sabia se governar, entregava tudo à vontade de Deus – “[...] Será o que Nosso Senhor quiser! [...]” – ou, a quem detinha o poder. Assim, a proclamação da República, “fora” da época, não trouxe nenhuma mudança além de um “tiquinho” de progresso, o qual aconteceria de um jeito ou de outro, segundo o eu poético.

02 – No poema comenta-se a cor morena dos brasileiros, comentam-se o mulato e o índio (“Língua Curumim”). Que palavra da penúltima estrofe expressa a mistura de culturas diferentes, a miscigenação do povo brasileiro?
      O termo é mastigado.

03 – Como o eu poético explica seu amor pelo Brasil?
      Afirmando não amar o Brasil com amor patriota. O Brasil é sua identidade. O que ele gosta é das coisas simples, concretas, do seu dia-a-dia, características de uma pessoa comum, do povo (cantigas, amores, danças, comida, trabalho).

04 – Que características da linguagem oral mais informal aparecem na segunda estrofe?
      Formas sincopadas: “pra”, “cre’m-deus-padre”.
      O uso do verbo ter no lugar do verbo haver – “não tinha mais escravos.”
      A informalidade dos diminutivos: “versinhos”; “tiquinhos”.


sábado, 19 de maio de 2018

CARTA: CARTA A MANUEL BANDEIRA - MÁRIO DE ANDRADE - COM GABARITO

Carta: Carta a Manuel Bandeira, São Paulo, 28-III-31.

             Manú, bom-dia.

     Amanhã é domingo pé-de-cachimbo, e levarei sua carta, (isto é vou ainda rele-la pra ver si a passo levar tal como está, ou não podendo contarei) pra Alcântara com Lolita que também ficarão satisfeitos de saber que você já está mais faqueirinho e o acidente não terá consequência nenhuma. Esse caso de você ter medo duma possível doença comprida e chupando lentamente o que tem de perceptível na gente, pro lado lá da morte, é mesmo um caso sério. Deve ser danado a gente morrer com lentidão, mas em todo caso sempre me parece inda, não mais danado, mas semvergonhamente pueril, a gente morrer e repente. Eu jamais que imagino na morte, creio que você sabe disso. Aboli a morte do mecanismo da minha vida e embora já esteja com meus trinta e oito anos, faço projetos pra daqui a dez anos, quinze, como si pra mim a morte não tivesse de “vim” ... como todos pronunciam.
            A ideia da morte desfibra danadamente a atividade, dá logo vontade da gente deitar na cama e morrer, irrita. Aboli a noção de morte pra minha vida e tenho me dado bem regularmente com esse pragmatismo inocente. Mas levado pela sua carta, não sei, mas acho que não me desagradava não me pôr em contato com a morte, ver ela de perto, ter tempo pra botar os meus trabalhos do mundo em ordem que me satisfaça e diante da infalível vencedora, regularizar pra com Deus o que em mim sobrar de inútil pro mundo.

                 (ANDRADE, Mário de. Cartas de Mário de Andrade a Manoel Bandeira.
                                            Rio de Janeiro: Organização Simões, 1958, pp. 269-270).
Entendendo o texto:
01 – Embora procure manifestar para seu amigo Manú (Manoel Bandeira) uma visão prática e uma preocupação maior com a vida, Mário de Andrade deixa escapar certa preocupação com a vida após a morte. Releia a carta e, a seguir, explique em que passagem se pode verificar essa preocupação.
      No final da carta, Mário de Andrade manifesta a preocupação de “regularizar” com Deus aquilo que tiver feito “de inútil pro mundo”. Ou seja, Mário considera como “pecados”, ou como falhas pelas quais deverá prestar contas, toda a sua ação ou produção que não apresente valor ou utilidade para a vida dos outros homens. Vemos confirmado, assim, e existencialmente ampliado, o conceito que ele tinha de seu trabalho de escritor, que encarava como um serviço ao País, à cidadania e em geral à humanidade.

02 – Envolvido, como declara mais de uma vez em suas cartas, na criação de um discurso literário próprio, culto, mas com aproveitamentos de recursos e soluções da linguagem coloquial, Mário de Andrade apresenta nos textos de suas cartas soluções de ortografia, pontuação, variações coloquial de vocábulos e de regência que podem surpreender um leitor desavisado. Escreve, por exemplo, no último período do trecho citado, ver ela de perto, tal como se usa coloquialmente. Aponte a forma que teria essa passagem em discurso formal, culto.
      Reescrita conforme as normas a linguagem escrita culta, ver ela de perto se transforma em vê-la de perto.




terça-feira, 1 de maio de 2018

POEMA: ODE AO BURGUÊS - MÁRIO DE ANDRADE - COM GABARITO

POEMA: ODE AO BURGUÊS
                 Mário de Andrade


Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
O burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! O homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
É sempre um cauteloso pouco-a-pouco!
Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques zurros!
Que vivem dentro de muros sem pulos;
E gemem sangres de alguns mil-réis fracos
Para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
E tocam os “Printemps” com as unhas!
Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol?? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
O êxtase fará sempre Sol!
Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
Ao burguês-cinema! Ao burguês-tílburi!
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano!
“Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
Um colar... Conto e quinhentos!!!
Mas nós morremos de fome!”
Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma!
Oh! Purée de batatas morais!
Oh! Cabelos nas ventas! Oh! Carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
Sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
Cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!
Fora! Fu! Fora o bom burguês! ...

                                         Mário de Andrade. Paulicéia Desvairada. São Paulo:
                                                                                            Martins Editora, 1922.

Entendendo o texto:
01 – Uma das características da primeira fase do Modernismo é a atitude combativa diante de valores da sociedade da época. Como essa característica pode ser observada nesse poema?
      O eu-poético manifesta-se contra valores burgueses estabelecidos: o culto ao dinheiro, às aparências, à cautela, ao convencional.

02 – Que versos marcam as relações familiares burguesas? Como essas relações são descritas?
      Os versos “Ai, filha, que te darei pelos teus anos? / Um colar... conto e quinhentos!!!” sugerem relações familiares baseadas em valores materiais.

03 – Que efeito é produzido com o uso repetitivo dos pontos de exclamação?
      Os pontos de exclamação reforçam a indignação do poeta e o texto ganha um tom de exacerbada fúria.

04 – Releia os seguintes versos e explique as imagens produzidas.
“O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, / é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!”
“Fora os que algarismam os amanhãs!”
“Que vivem dentro de muros sem pulos: / e gemem sangues de alguns mil-réisfracos!”
      Resposta pessoal.

05 – Releia as expressões: “burguês-níquel”, “burguês-mensal”, “burguês-cinema”, “burguês-tílburi”. Observe que cada expressão descreve um traço do burguês. Explique que característica burguesa está sendo criticada em cada uma delas.
      “Burguês-níquel”: o culto ao dinheiro. “Burguês-mensal”: o esperado, o convencional. “Burguês-cinema”: a diversão convencional que dispensa reflexões, equivalente à TV de hoje. “Burguês-tílburi”: é o carro da época, símbolo de status.

06 – O que sugere a menção aos “barões lampiões”, “condes joões” e “duques zurros”?
        A citação da hierarquia nobiliárquica pode estar ressaltando o desejo de nobreza dos burgueses que, segundo ele, não passam de trabalhadores (lampiões), pessoas comuns (joões) e ruidosas (zurros).

07 – Compare o título com o poema e responda:
a)   O que há de estranho no tom e no significado dessa ode, em relação ao sentido tradicional do termo?
Nessa Ode, em vez de tom alegre, entusiástico, temos um tom agressivo, de insulto e ódio, e um significado não de exaltação, mas de demolição. Com o jogo sonoro do título, que opõe ode ao ódio, o autor reforça esse paradoxo.

b)   A quem o autor dirige sua crítica?
O autor dirige sua crítica centralmente a uma classe social, a burguesia.

08 – “Ode ao burguês” possui estrofes heterogêneas e versos livres, isto é, sem rima nem métrica, embora apresente ritmo e recursos sonoros. Releia o poema, atentando para esses aspectos formais, característicos do Modernismo. Depois fundamente com exemplos as seguintes afirmações:
a)   As estrofes do poema são heterogêneas?
As estrofes do poema são irregulares quanto ao número de versos: a primeira e a segunda compõem-se de seis versos; a terceira, de sete; a quarta, de oito; a quinta, de onze; a sexta, de cincos; e a sétima, de apenas um verso.

b)   O poema é livre quanto à métrica e à organização de rimas (você pode escolher apenas uma estrofe do poema para exemplificar sua resposta).
Em qualquer uma das estrofes a métrica é nitidamente livre, como se observa pela diversidade desordenada de sílabas poéticas com que se estruturam. Também em qualquer das estrofes percebe-se a inexistência de uma organização rímica regular no poema.

09 – Dentre os recursos sonoros, podemos ressaltar a presença de rimas dentro de um mesmo verso ou em versos seguidos, como ocorre no segundo e no terceiro versos da segunda estrofe.
a)   Repare que as semelhanças sonoras presentes em “Os barões Lampeões! os condes Joões” reforçam o contraste irônico entre imagens de diferentes significados. Que imagens são essas?
Barões e condes, títulos honoríficos, são imagens de superioridade social, enquanto Lampeões e Joões lembram bandidos populares (como Lampião) e homens comuns, como surge o nome João pluralizado.

b)   Já em “... duques zurros! / Que vivem dentro de muros sem pulos” a repetição da vogal u constitui um elemento de ridicularização, expresso, por exemplo, na associação da palavra duque a urros de animais (repare na onomatopeia sugerida em “duques zurros”). Na sua opinião, qual a crítica contida no verso “... vivem dentro de muros sem pulos”?

O verso sugere a imobilidade da aristocracia, a sua incapacidade de correr riscos, a sua falta de ousadia.





segunda-feira, 12 de março de 2018

FILME(ATIVIDADES): MACUNAÍMA - MÁRIO DE ANDRADE - COM GABARITO

 FILME(ATIVIDADES): Macunaíma (1969), baseado no livro homônimo de Mário de Andrade.


Ficha técnica:                                             Título original: Macunaíma
Gênero: Comédia                                        Duração: 1h48min 
Ano de lançamento: 1969                          Direção: Joaquim Pedro de Andrade
Elenco: Grande Otelo, Paulo José, Milton Gonçalves, Jardel Filho, Hugo Carvana, Dina Sfat.


Entendendo o filme:
01 – Os modernistas trouxeram para a Literatura uma nova concepção de linguagem, desvinculando-se da estética parnasiana e apresentando ao público e à crítica inovações formais que denotavam um interesse pela experimentação. Em Macunaíma, Mário de Andrade apresenta o que chamou de língua brasileira, uma mistura do português com as variações encontradas nos diversos falares do povo brasileiro, além de influências estrangeiras e alterações advindas da criatividade popular. Tal afirmação pode ser confirmada nos seguintes trechos da obra de Mário de Andrade:

I. “No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia, tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma. [...]”.
II. “[...] Ele dava risadas chatas, se espremendo de cócegas e gostando muito. Quando elas paravam pedia mais estorcendo já de antegozo. Vei pôs reparo na senvergonhice do herói, teve raiva. [...]”
III. “[…] O corpo dele relumeava de ouro cinzando nos cristaizinhos do sal e por causa do cheiro da maresia, por causa do remo pachorrento de Vei, e com a barriga assim mexemexendo com cosquinhas de mulher. [...]”.
IV. “[...] No outro dia Macunaíma não achou mais graça na capital da República. Trocou a pedra Vató por um retrato no jornal e voltou pra taba do igarapé Tietê. [...]”.

a) Apenas I está correta.
b) Todas estão corretas.
c) Apenas IV está correta.
d) II e III estão corretas.
e) I e IV estão corretas.

02 – (FUVEST)A presença da temática indígena em Macunaíma, de Mário de Andrade, tanto participa _________________, quanto representa uma retomada, com novos sentidos, _________________.
Mantida a sequência, os trechos pontilhados serão preenchidos corretamente por:
a) do movimento modernista da Antropofagia/do Regionalismo da década de 30.
b) do interesse modernista pela arte primitiva/do Indianismo romântico.
c) do movimento modernista da Antropofagia/do Condoreirismo romântico.
d) da vanguarda estética do Naturalismo/do Indianismo romântico.
e) do interesse modernista pela arte primitiva/do Regionalismo da década de 30.

03 – Pode-se afirmar que Mário de Andrade filiou-se à seguinte corrente literária:
a) Realismo.
b) Naturalismo.
c) Modernismo.
d) Pré-Modernismo.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.

04 – (FUVEST) Assinale a alternativa correta:
a) Macunaíma é "o herói sem nenhum caráter" porque, no âmbito individual, é múltiplo e contraditório e, no plano da representação de uma coletividade, é inescrupuloso e mau caráter.
b) Macunaíma é "o herói sem nenhum caráter" por apresentar uma personalidade complexa, caracterizada a partir de traços psicológicos delineados sob um ponto de vista objetivo e científico.
c) Macunaíma é "o herói de nossa gente" por retratar, a partir dos traços múltiplos e contrastantes que o caracterizam, a coletividade brasileira, formada pela miscigenação racial e cultural.
d) Macunaíma é "o herói de nossa gente" por ser, como os brasileiros, esperto e trapaceiro, valendo-se mais da criatividade que da inteligência em suas ações.
e) Macunaíma é "o herói sem nenhum caráter" por reunir, de um ponto de vista psicológico e antropológico, as características de um povo cujo comportamento se define pela preguiça e imoralidade.  

05 – O capítulo “Carta pras icamiabas” difere-se dos demais capítulos por:
a) Apresentar um narrador-personagem, o próprio herói.
b) Apresentar um apagamento do narrador na narrativa.
c) Apresentar o foco narrativo na terceira pessoa.
d) Apresentar um narrador-onisciente.
e) Apresentar um narrador-observador.
  
     06 – O romance de Mário de Andrade cumpre o projeto modernista de resgatar aspectos originais da cultura brasileira. Que elementos dessa cultura são apresentados no filme?
      Os elementos da cultura brasileira retrata no filme são: a fauna, flora, instrumentos medicinais, mitos, lendas, expressões indígenas e, valoriza também o modo de falar dos brasileiros, entre outros.
  
07 – Observe a parte do filme em que os três irmãos se banham na água da cova feita por Sumé. O que se explica nessa cena, de forma folclórica?
      Macunaíma enxergou numa lapa bem no meio do rio uma cova cheia de água. E a cova era igual uma marca de pé-gigante. O herói depois de muitos gritos por causa do frio entrou-se na cova e lavou-se inteirinho, mas a água era encantada porque aquele buraco era a marca do pé de Sumé do tempo em que andava pregando o evangelho de Jesus para os índios brasileiros. Quando o herói saiu do banho estava branco, louro, dos olhos azuis, a água lavara o pretume dele.

08 – Informações sobre Macunaíma:
a)   Que atitude da personagem demonstra sua fraqueza e despreocupação?
      Ele demonstra sua fraqueza pelo roubo de seu "muiraquitã" que foi roubado por Piamã (um comerciante). E sua despreocupação é que ele fica somente atoa, não trabalha e, gosta de ganhar as coisas pronta.

b)   O que demonstra a dissimulação de Macunaíma?
      Que Macunaíma é muito mentiroso, pratica muitas safadezas, fala muitos palavrões, além do fato de estar sempre com preguiça.

09 – Escreva uma palavra dita no filme que é um eufemismo.
      Ai que preguiça: o autor procura mostrar o perfil dos brasileiros.

10 – Quanto à linguagem da obra aponte os aspectos mais expressivos do projeto nacionalista de Mário de Andrade.
      A linguagem em Macunaíma é metafórica, é postiça para a comunicação diária. Mário de Andrade satiriza (zombar) a linguagem através de Macunaíma, devido ao seu desajuste apresentando um propósito de colocar um ridículo a norma culta que não corresponde à realidade brasileira e sim à realidade Portuguesa.