Mostrando postagens com marcador HISTÓRIA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador HISTÓRIA. Mostrar todas as postagens

domingo, 27 de novembro de 2022

FRAGMENTO DO LIVRO: O MISTÉRIO DO 5 ESTRELAS - MARCOS REY - COM GABARITO

 FRAGMENTO DO LIVRO: O MISTÉRIO DO 5 ESTRELAS

                                            Marcos Rey

                                    O 222

        Leo apertou a campainha do 222, recebera um chamado. Logo se abria um palmo de porta mostrando a cara e o sorriso largo do Barão. Embrulhado num robe azulão, ele parecia ainda mais gordo, mole e displicente.

        — Me traga os jornais de sempre — pediu o hóspede passando ao bellboy uma nota amassada.

        — Esse dinheiro não vai dar, senhor.

        — Tem razão. Um momento.

        Quando abriu o guarda-roupa para apanhar a carteira, Leo viu pelo espelho interno do móvel que o Barão tinha companhia: um homem pequeno, com pinta de índio vestindo roupas civilizadas, lavava concentradamente as mãos na pia do banheiro. Devia ser uma daquelas muitas pessoas que o Barão ajudava, pensou o rapaz.

         O volumoso hóspede do 222 demorava para encontrar a carteira nos bolsos de seus paletós, enquanto o bellboy aspirava vários cheiros do apartamento: o de charutos já fumados e amanhecidos, um mais agradável de lavanda e ainda outro de maçã, sempre vendo pelo espelho o tal homenzinho a lavar as mãos e a enxugá-las em toalhas de papel que ia jogando numa cesta. Depois, com o súbito receio de ser visto pelo espelho do guarda-roupa, fechou a porta do banheiro com uma cotovelada.

         Afinal o Barão reapareceu com mais dinheiro e um novo sorriso.

          — O troco é seu, meu filho. Leo disparou pelos corredores acarpetados do Emperor Park Hotel, esperou e apanhou o elevador e passou pela portaria. Novato ainda no emprego provava com a velocidade das pernas seu interesse pelo trabalho. À entrada do edifício, em seu belo uniforme branco com debruns dourados, viu o Guima (Guimarães), o porteiro, antigo amigo de sua família, a quem devia o salário, aquelas gorjetas todas e a nova profissão.  

          Ao entrar pela primeira vez com o Guima, há dois meses, no imenso e rico saguão do Park, como o chamavam simplesmente os funcionários, Leo ficou deslumbrado. No seu mundo da Bela Vista, o bairro do Bexiga, onde nascera e morava, jamais pisara num ambiente tão bonito, moderno e fofo. "Isso que é um cinco estrelas", explicou o porteiro com orgulho de proprietário. "Mas o que é um cinco estrelas?" Guima olhou-o como se sua ignorância lhe fizesse pena e disse que a qualidade dos hotéis é medida pela quantidade de estrelas que ostenta. Cinco é o máximo, só para estabelecimentos de nível internacional.

         Era uma sexta-feira; na segunda, já fardado e registrado, Leo começava a trabalhar no Emperor Park Hotel como bellboy, mensageiro, das 8 às 18 horas, quando voltava para casa, jantava às pressas e corria para a escola noturna. O horário era puxado e o serviço de cansar as pernas, mas as gratificações compensavam. Recebia gorjetas inclusive em dinheiro estrangeiro. Logo conheceu a cor do dólar, da libra, do peso, do franco, da peseta, que trocava por cruzeiros lá mesmo na casa de câmbio do Park.

         Leo precisou de um mês para percorrer os vinte e tantos andares do hotel, sem contar os subterrâneos destinados às garagens, lavanderia, depósito de gêneros alimentícios, adega, almoxarifados, um labirinto frio e deserto em muitas horas do dia.

        Não era, porém, no proletário subsolo que o rapaz da Bela Vista encontrava satisfações e interesses. Gostava de vagar pelo saguão, sempre cheio de hóspedes que chegavam ou partiam, numa confusão de malas, rótulos e idiomas, de espiar a piscina, no quarto andar, com suas águas muito cloradas, dum verde para ricos, o restaurante, com seus odores caprichados, a luxuosa boate, o imponente salão de convenções, o tropical garden, pequena floresta onde serviam gelados e sanduíches, a sauna, que vendia calor e fumaça, a quadra de shopping, com suas lojas sofisticadas, e no alto, lá em cima, o belo bar-terraço, coisa de cinema, com pista de dança, solário e um mirante envidraçado para se ver São Paulo inteira, à luz do sol, elétrica ou de vela em jantares ou ocasiões especiais.

        A maioria dos hóspedes do Park também parecia ter cinco estrelas estampadas na testa: gente importante, preocupada com telefonemas internacionais, políticos, desportistas e artistas famosos que recebiam jornalistas ou deles fugiam, evitando fotos e entrevistas. Logo na primeira quinzena de Park Leo esteve a dois metros de distância de Vera Stuart, atriz do cinema norte-americano, carregou as malas dum automobilista francês de Fórmula 1, e levou uma garrafa de mineral ao apartamento de um dos reis do petróleo do Oriente Médio, vestido em trajes típicos.

         Havia, ainda, hóspedes que moravam no hotel: dona Balbina, viúva rica e solitária, Mister O'Hara, que embora muito idoso e doente dirigia uma grande empresa quase sem sair do apartamento, o anão Jujuba, ídolo infantil da televisão, e o Barão. Certamente Barão era apenas apelido do homem gordo que mandou Leo comprar jornais, conhecido benemérito, protetor de inúmeras instituições assistenciais.

         Leo voltou com os jornais e tocou a campainha do 222. Desta vez o hóspede não abriu de imediato a porta. Antes que o fizesse, o bellboy ouviu ruídos.

           — Quem é? — perguntou o Barão, o que nunca fazia.

           — Sou eu, o bellboy. Trouxe os jornais. A porta abriu pouco e lentamente, o suficiente apenas para mostrar o rosto do hóspede. O Barão muito pálido, como um doente, teimava em sorrir, mas não devia estar bem porque suas mãos, trêmulas, deixaram cair os jornais. Leo abaixou-se para apanhá-los quando viu, sob a cama, dois pés calçados, apontando para a porta. Pegou os jornais e ao levantar-se notou que havia uma mancha vermelha, provavelmente de sangue, no robe do gordo do 222.

          — Obrigado — disse o Barão, segurando confusamente os jornais e apressando-se em fechar a porta.

           Mesmo diante da porta fechada, Leo deteve-se ainda um momento para relembrar e fixar na memória a cena que acabara de ver. Daí por diante começariam seus problemas.

                      GUIMA, SABE O QUE EU VI?

            Leo desceu para o saguão desejando que ninguém o chamasse. Precisava contar ao Guima o que vira no 222. O porteiro, na rua, parava um táxi para um casal de hóspedes estrangeiros. Ele era bastante considerado pela gerência porque falava um pouco diversos idiomas, até japonês.

           Guima, assim que o viu, aproximou-se:

           — Diga a dona Iolanda que domingo passo lá pra filar macarronada.

            Leo estava agora mais assustado do que no momento em que vira os pés debaixo da cama.

             — Guima, sabe o que eu vi?

             O porteiro sentiu que o rapaz estava sob forte tensão e ficou muito preocupado. Para um bellboy não era interessante ver certas coisas. Aliás, o perfeito mensageiro não tem olhos nem ouvidos: apenas pernas e cortesia.

              — Alguma mulher sem roupa?

              — Não, acho que vi um cadáver.

              [...]

 Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.7º ano Caderno 4 p.66 a 71.

 INTERAGINDO COM O TEXTO

01. Em geral, as histórias de detetive apresentam ao leitor algumas informações relacionadas ao espaço da narrativa.

a)   Identifique, no texto, o espaço em que os fatos narrados acontecem. Faça uma breve descrição desse espaço.

Os fatos narrados acontecem no Emperor Park Hotel, um cinco estrelas bonito, moderno e requintado.

b)   Há outros espaços mencionados na história. Identifique-os e explique por que eles são citados.

A Bela Vista, no bairro do Bixiga, é mencionada por ser o lugar onde Leo nasceu e morava.

c)   Você já ouviu falar sobre esses lugares? Esses lugares são fictícios, ou seja, foram inventados pelo autor? Justifique sua resposta.

Resposta pessoal.

Sugestão: Esses lugares não são fictícios. Bela Vista é um distrito situado na região central da cidade de São Paulo, onde fica localizado o bairro conhecido como Bixiga.

02. A descrição é um recurso que permite melhor visualização dos elementos que compõem a narrativa. Assim, aponte características que descrevem:

a)   o Hotel Emperor Park:

O saguão do hotel estava sempre cheio de hóspedes, a piscina tinha um verde para ricos, a boate era luxuosa, havia um imponente salão de convenções, quadra de shopping com lojas sofisticadas, um belo terraço-bar, etc.

b)   a maioria dos hóspedes do hotel:

Os hóspedes eram pessoas importantes, como atrizes de cinema, automobilistas, reis do petróleo, etc.

c)   os hóspedes que moravam no hotel:

Uma viúva rica e solitária; um idoso, que era diretor de uma grande empresa; um anão, ídolo infantil da televisão, etc.

03. Entre os personagens comuns nas narrativas de detetive estão a vítima, o(s) suspeito(s) e o detetive, ou alguém que desempenha o papel de esclarecer o mistério.

a)   É possível identificar esses personagens no trecho que você leu? Explique sua resposta.

Sim, provavelmente, o homem que Leo viu pelo reflexo do espelho é a vítima, o Barão e o suspeito e Leo é o personagem encarregado de esclarecer o mistério.

b)   Como esses personagens são caracterizados no texto?

O homem que Leo viu refletido no espelho era pequeno, tinha a aparência de índio vestindo roupas civilizadas; o Barão é descrito como gordo, mole e displicente, prestava assistência a inúmeras instituições; Leo nasceu e morava no Bela Vista, trabalhava como mensageiro no hotel das 8h às 18h e estudava à noite, demonstrava interesse pelo trabalho.

c)   O autor de histórias de detetive costuma deixar traços e pistas ao longo da história a fim de fazer revelações ou confundir o leitor, conduzindo a narrativa a um final quase sempre surpreendente. Que informações no texto permitiram que você identificasse esses personagens? Explique sua resposta.

Quando Leo bate à porta, atendendo ao chamado do Barão, é recebido com um sorriso largo, e o homem pequeno com aparência de índio, pelo reflexo do espelho, fecha a porta do banheiro com uma cotovelada, com receio de ser visto. Quando Leo bate à porta novamente para entregar os jornais, o Barão pergunta quem é, o que nunca fazia, demora para atende-lo e, ao abrir a porta, o que faz pouco e lentamente, mostra-se pálido, teimando em sorrir. Não parecia bem, pois suas mãos estavam trêmulas, deixando cair os jornais. Leo, então, abaixa-se para apanhá-los, quando vê, sob a cama, dois pés calçados apontando para a porta, pega os jornais e, ao se levantar, nota que havia uma mancha vermelha no robe do Barão, provavelmente de sangue.

04. Outro elemento que caracteriza as histórias de detetive é um crime ou um mistério a ser desvendado. Identifique esse elemento no trecho lido.

O enigma a ser desvendado é se os pés visto sob a cama eram do homem visto anteriormente no quarto, descobrir se ele realmente está morto e, em caso afirmativo, descobrir onde está o corpo e provar quem o matou.

 

 

 

 

 

quinta-feira, 14 de abril de 2022

HISTÓRIA: O POVO QUE INVENTOU O A B C - MONTEIRO LOBATO - COM GABARITO

 História: O povo que inventou o A B C

            Monteiro Lobato

  De Salomão, Dona Benta pulou para a Fenícia.

        -- No tempo em que ninguém sabia escrever – disse Dona Benta – porque o alfabeto ainda não fora inventado, vivia numa aldeia um carpinteiro de nome Cadmo. Era fenício, isto é, natural da Fenícia, uma nação de comerciantes muito espertos, estabelecida nas costas do Mediterrâneo. Cadmo estava um dia trabalhando no seu banco de carpinteiro, a certa distância de casa. Súbito notou a falta duma ferramenta qualquer, que esquecera de trazer. Fez então uns rabiscos num cavaco de madeira e disse a um escravo: “Fulano, leve isto à minha esposa e traga o que ela der.” O escravo levou o cavaco. A mulher de Cadmo leu o sinal escrito, tomou a ferramenta pedida e disse: “Aqui está o que ele pede”. O escravo abriu a boca, e ainda mais quando ao entregar a ferramenta ouviu o patrão dizer que era aquilo mesmo. Seu assombro diante do cavaco mágico foi tamanho que pediu licença a Cadmo para o trazer pendurado ao peito, como bentinho.

        -- Coitado! – exclamou a menina.

        -- O que há de verdade nisto, não sei. Mas o fato é que o alfabeto nos veio da Fenícia, inventado por esse Cadmo ou por quem quer que seja. Em grego as duas primeiras letras chamavam-se Alfa e Beta – daí o nome de alfabeto que ficou para o conjunto de todos os sinais ou letras. Já pensaram vocês, por um minuto, na invenção maravilhosa que foi o alfabeto?

        -- Ainda não – disse Pedrinho. – Vamos começar a pensar nisso de hoje em diante, porque só agora vovó nos abriu os olhos.

        -- Pois pensem. Se não fossem os fenícios, ou melhor, se o alfabeto não tivesse sido inventado, estaríamos hoje num grande atraso, talvez ainda usando os hieróglifos ou os caracteres cuneiformes dos babilônios. Vejam que desgraça.

        -- Estou compreendendo, vovó. Estou compreendendo muito bem a importância da invenção do alfabeto – disse Pedrinho. – Mas as letras, ou sinais adotados pelos fenícios, eram as mesmas que usamos hoje?

        -- Algumas letras não sofreram mudança, como o A, o E, o O e o Z. Mesmo assim o A era deitado e o E tinha a abertura voltada para a esquerda. As outras letras mudaram. Mas isto da forma dos sinais não tem a mínima importância. O que importa é haver um sinal para cada som, de modo que possamos escrever milhares de palavras com alguns sinais apenas.

        -- Como na música, vovó! – sugeriu Narizinho.

        -- Exatamente. Na música temos set notas, ou sete sinais. Com esse bocadinho de elementos, os músicos compõem maravilhosas músicas, desde o “Vem cá, Bitu” até as célebres sonatas de Beethoven. As sete notas são o alfabeto da música.

        -- Quem eram esses tais fenícios, vovó? Da mesma raça dos gregos?

        -- Eram um ramo da raça semita, localizado perto dos judeus, ao norte. Tiveram um grande rei de nome Hirã que viveu no tempo de Salomão, do qual foi amigo. Hirã chegou a mandar para Jerusalém muitos dos melhores operários da Fenícia a fim de trabalharem na construção do grande templo, apesar de não crer no deus de Salomão.

História do mundo para crianças. São Paulo, Brasiliense, p. 28-9.

Fonte: Português – Linguagem & Participação, 5ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 2ª ed. 1999, p. 61-3.

Entendendo a história:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Salomão: filho do rei Davi e também rei de Israel, citado na Bíblia, tornou-se um exemplo de sabedoria.

·        Mediterrâneo: mar que banha o sul da Europa e o norte da África.

·        Súbito: repentino, inesperado.

·        Babilônio: povo antigo da Babilônia.

·    Cuneiforme: em forma de cunha; escrita dos assírios, caracterizada por elementos em forma de cunha.

·        Beethoven: Ludwig Van Beethoven (1770-1827), músico e compositor alemão.

·        Hieróglifo: designação de cada um dos caracteres de uma escrita dos antigos egípcios, ainda conservada em inscrições.

·        Sonata: no conceito clássico, forma musical que consiste em três tempos, distintos no andamento e condicionados entre si pela tonalidade.

02 – Em que sentido as palavras destacadas nas frases estão sendo empregadas?

a)   Isto para mim é grego. Não entendo nada.

Língua grega.

b)   Meu vizinho é grego. Nasceu na ilha de Lesbos.

Nascido na Grécia.

c)   Estou sem dinheiro, preciso ir ao banco.

Lugar onde se guarda dinheiro.

d)   O diretor da escola disse que é nos bancos escolares que se constrói o futuro do Brasil.

Lugar onde se senta.

e)   Meu pai trabalha no ramo de calçados.

Área de atividade humana.

f)    Veja que belo ramo carregado de frutas.

Parte de uma árvore.

g)   Sou um Rivas do ramo de Granada.

Parte de uma família.

03 – Em geral, ao fazer uma leitura, não vamos ao dicionário à procura de cada palavra que desconhecemos. Primeiramente tentamos entender seu significado pelo contexto em que ela se encontra. Vejamos como está a sua habilidade de leitor para fazer esse reconhecimento. Procure descobrir os significados das palavras retiradas do texto que você leu, discuta-os com os colegas e depois confirme-os no dicionário.

a)   Fez então uns rabiscos num cavaco de madeira.

No dicionário o aluno vai encontrar dois significados diferentes: lasca de madeira e bate-papo, conversa. A resposta é lasca de madeira.

b)   Seu assombro diante do cavaco mágico foi tamanho...

Espanto, admiração.

04 – Encontre no texto palavras cognatas, ou seja, que pertencem à mesma família destas. Dizemos que isso ocorre quando, como os humanos, elas derivam de um mesmo tronco (exemplo: pedra, pedreira, pedreiro, pedrada).

·        Escrita: escrever.

·        Ferro: ferramenta.

·        Analfabeto: alfabeto.

·        Escravidão: escravo.

·        Comércio: comerciantes.

·        Abertura: abriu.

05 – Apesar da narrativa, o texto desta unidade tem também o propósito de transmitir informações ao público leitor. Que informação ele nos transmite por meio da conversa de Dona Benta com seus netos?

      A informação refere-se à invenção do alfabeto.

06 – De que nacionalidade era Cadmo, o homem que surpreendeu o escravo com seus “rabiscos mágicos”?

      Ele era fenício, isto é, natural da Fenícia.

07 – Que características tinha esse povo ao qual Cadmo pertencia?

      Os fenícios eram um povo de comerciantes estabelecidos nas costas do Mediterrâneo.

08 – A que se deve o nome “alfabeto”?

      O nome alfabeto se deve ao fato de as primeiras letras do alfabeto grego serem Alfa e Beta.

09 – Qual é a grande vantagem do alfabeto em relação a outros tipos de registros anteriormente inventados?

      A grande vantagem é a economia de caracteres, pois com a combinação de algumas letras podemos formar todos os sons que precisamos reproduzir e em diversas línguas. Essas letras não reproduzem exatamente o som que falamos, mas chegam bem perto.

10 – Dona Benta compara o alfabeto com outro tipo de registro. Que comparação é essa?

      O alfabeto é comparado à escrita musical, cuja combinação de sete notas permite escrever todas as músicas.

 

 

sexta-feira, 18 de março de 2022

HISTÓRIA: O NAVEGADOR SOLITÁRIO - FAMÍLIA SCHURMANN - COM GABARITO

 História: O navegador solitário

             Família Schurmann

        Estávamos atracados na marina de Rodney Bay, Santa Lúcia. O ano era 1987. Chovia muito, ainda assim ouvirmos barulho de velas: era um pequeno barco chegando. David e Wilhelm ajudaram o recém-chegado nas manobras. Uma vez atracado, o navegador solitário perguntou se viviam a bordo. Com a resposta positiva, perguntou se não podiam dar uma olhada no seu barco, enquanto ia em terra providenciar os documentos. Curiosos, os meninos perguntaram de onde vinha.

        -- Das Falklands – respondeu. – Vocês sabem onde fica?

        -- Sim, nós somos do Brasil – explicaram as crianças.

        -- Ah, sim? Já estive lá. Comi feijoada com farinha e até ganhei uma figa!

        Wilhelm deixou David conversando com o homem e veio nos contar do navegador que mal chegara das Falklands e já ia partir para Nova York. Esperamos que terminasse o trâmite dos seus papéis e o convidamos para um café. A conversa tornou-se longa e agradável, quando nos contou sua história.

        Chamava-se James Hatefield, era inglês. Desde pequeno adorava o mar, e sempre sonhou em navegar pelo mundo. Mas, quando tinha apenas dezesseis anos, teve sérios problemas cardíacos e precisou ser operado. Aos 28 anos, foi submetido a outras seis operações cardíacas. Os médicos não lhe deram muitas chances de sobrevivência, uns poucos meses que deveriam ser bem aproveitados.

        Assim, no pouco tempo de vida que tinha, resolvera realizar seu sonho: velejar pelo mundo, em contato com a natureza e com o mar. Já tinham se passado três anos, ele agora estava com 31, e continuava mais vivo do que antes.

        Saiu da Inglaterra em 1984 com um pequeno veleiro de 24 pés, o Cornisch Crabbes, com bolina e calado de apenas setenta centímetros. Levou 101 dias para chegar ao Rio, outros 42 até Cape Town e mais 63 até Perth. Deu a volta pelo sul do continente australiano e foi até Auckland. De Auckland seguiu rumo ao cabo Horn. Estava no meio do caminho, no paralelo 45°, quando ouviu um terrível barulho de colisão. Subiu ai convés e não viu nada, só a escuridão ao seu redor. No interior, a água já alcançava os paneiros. Mas o instinto de sobrevivência falou mais alto. Procurou ver o que tinha acontecido, descobriu ter perdido o leme. Tirou água do barco com balde e com a bomba de porão. Contatou seus amigos radioamadores que acompanhavam sua rota e lançou seu pedido de socorro.

        -- Imagine – dizia ele – se meu médico me visse daquele jeito, balde na mão, trabalhando sem parar, mal alimentado, quase sem descanso, tentando me salvar. Eu que, de acordo com seus prognósticos, já deveria ter morrido!

        Depois de seis dias e um trabalho insano, os amigos radioamadores conseguiram encontrar um cargueiro que navegava mais ou menos próximo e ele foi resgatado. O veleiro, infelizmente, naufragou.

        -- Quase morri do coração! – falou emocionado. – Não de doença, mas de tristeza!

        O cargueiro deixou-o na Nova Zelândia. No Hospital do Coração, souberam de sua desventura e se interessaram por ele. Cotizaram-se e deram-lhe um novo veleiro, de 29 pés, batizado com o nome de British Heart. As pessoas e empresas que colaboraram na construção do novo barco tiveram seus nomes registrados na borda do veleiro. Ganhou velas, mastros, roupa, equipamentos, alimentos. Em troca, um compromisso: velejar ao redor da Nova Zelândia, fazendo palestras em escolas, clínicas e hospitais, arrecadando fundos para o Hospital do Coração.

        -- Não sei como agradecer a este povo tão hospitaleiro, que me deu carinho e me alimentou por todo este tempo – dizia emocionado. Confessou também ter sido difícil a despedida, pois era grande a emoção dos amigos ao vê-lo partir.

        De Wellington fez o percurso até o cabo Horn em 42 dias, numa média de 133 milhas diárias, enfrentando muito mar e correntes. Passou pelas ilhas Falklands e depois, sem escalas, velejou diretamente para o Caribe, em Santa Lúcia.

        Permaneceu ao nosso lado apenas dois dias, tempo necessário para abastecer, lavar a roupa, trocar montanhas de livros com outros barcos ancorados e seguir direto até Nova York. Perguntamos-lhe por que não ficava mais um pouco.

        -- Oh, não – respondeu. – Gosto do que faço, estou bem e sou feliz. E o meu coração pertence ao mar!

Diário de uma aventura, Dez anos no mar. Record, 1995. p. 143-145.

Fonte: Português – Linguagem & Participação, 6ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1ª edição – 1998, p. 207-210.

Entendendo a história:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Atracado: preso ao cais do porto.

·        Marina: lugar onde se guardam os barcos.

·        Trâmite: procedimento para conseguir algo.

·        Cardíacas: do coração.

·        Bolina: peça de veleiro, cabo que puxa vela.

·        Calado: parte do barco que fica sob a linha d’água.

·        Colisão: choque, trombada.

·        Convés: assoalho do barco.

·        Posseiro: bancada à ré dos pequenos barcos, destinada aos passageiros.

·        Prognósticos: previsões.

·        Cotizaram-se: reuniram-se para contribuir para uma despesa comum.

·        Insano: que faz mal à saúde.

02 – Observe a importância de algumas pequenas palavras, como a do exemplo abaixo, e explique em seu caderno que ideias elas acrescentam às frases.

        tinham se passado três anos, ele agora estava com 31, e continuava mais vivo do que antes”. O uso do estabelece o pressuposto de que o tempo presente estava além do esperado.

a)   Chovia muito, ainda assim ouvimos barulho de velas...

O uso de ainda indica que, como chovia, era de se esperar que não se ouvisse nada.

b)   Mal chegara das Falklands e ia partir para Nova York.

O pressuposto era de que ele ia partir antes do que se esperava.

c)   Assim, no pouco tempo de vida que tinha, resolvera realizar seu sonho.

A palavra assim estabelece uma relação de continuidade entre esse momento e o vivido anteriormente.

d)   No interior, a água alcançava os paneiros.

Acrescenta uma circunstância de tempo: nesse momento, então.

03 – Qual é o significado da frase: “Quase morri do coração! – falou emocionado. – Não de doença, mas de tristeza!”?

      Fiquei muito triste. O coração aqui é utilizado como o centro dos sentimentos, das emoções e não como órgão do corpo simplesmente

04 – Em que circunstâncias de tempo e espaço os Schurmann encontraram James Hatefield?

      Eles encontraram com o navegador solitário em Rodney Bay, Santa Lúcia, em 1987.

05 – Quais são as características pessoais de James Hatefield?

     É um inglês que teve dos dezesseis aos vinte e oito anos sérios problemas cardíacos.

06 – Por que James começou a viajar?

      Ele foi praticamente desenganado pelos médicos e resolveu aproveitar o pouco tempo de vida que lhe restava realizando um sonho: navegar pelo mundo.

07 – Como o inglês escapou do naufrágio do Cornisch Crabbes?

      Durante seis dias James retirou água do barco e pediu ajuda aos amigos radioamadores que acompanhavam sua rota. Um cargueiro mais ou menos próximo o resgatou.

08 – Como James foi recebido na Nova Zelândia?

      Foi muito bem recebido. Cuidaram da saúde dele e deram-lhe um novo barco bem equipado.

09 – Por meio de suas atitudes o inglês revelou algumas qualidades interiores. Quais são elas? Justifique suas afirmações.

      Ele é inteligente, pois sabe se orientar no mar. Ama o mar e tem muita coragem. É um homem que está de bem com a vida. “Gosto do que faço, estou bem e sou feliz.”

10 – O que há de extraordinário na história de James Hatefield?

      Ele foi considerado sem saúde, deram-lhe pouco tempo de vida. Depois disso, viveu três anos no mar, navegando, solitário, enfrentando um trabalho insano. Com isso, seu problema cardíaco desapareceu.

11 – Por que o navegador inglês ficou apenas dois dias em terra?

      Porque ele ama estar no mar.

12 – Respondendo a estas perguntas, você estará resumindo o texto:

·        Quem? James Hatefield.

·        O quê? Navega solitário no mar.

·        Onde? Pelo mundo.

·        Por quê? Deram-lhe pouco tempo de vida devido a problemas cardíacos.

HISTÓRIA: BRINQUEDO LEGO - MARIA CRISTINA VON ATZINGEN - COM GABARITO

 História: Brinquedo LEGO

        Em 1932, na Dinamarca, um marceneiro chamado Ole Kirk Christiansen começou um pequeno negócio fabricando tábuas de passar roupa, escadas portáteis e brinquedos de madeira.

        Seu filho de 12 anos, Godtfred, o ajudava.

        Dois anos depois, com seis funcionários, deu à sua empresa o nome de LEGO, juntando as primeiras letras das palavras Leg Godt que significavam “boa brincadeira”.

        Seu lema era “Só o melhor é bom o suficiente”. Em 1949, criou o brinquedo LEGO, tijolinhos de plástico que juntos podiam se transformar em casas, carros e em tudo o mais que a imaginação permitisse. Para se ter uma ideia, com seis tijolinhos pode-se obter 102.981.500 combinações diferentes.

        Ole Kirk Christiansen morreu em 1958, aos 67 anos, e seu filho Godtfred assumiu a companhia.

        Hoje o Grupo LEGO emprega mais de 9400 pessoas, em 140 países, ocupando a posição de líder mundial no segmento de brinquedos.

        Os brinquedos LEGO atendem a crianças de três meses a dezesseis anos, que, além de brincar com os famosos tijolinhos, podem conhecer os parques temáticos Legoland localizados na Dinamarca, Inglaterra e Estados Unidos, construídos com milhões de peças. [...]

Maria Cristina Von Atzingen. A história dos brinquedos – Para as crianças conhecerem e os adultos se lembrarem. São Paulo: Alegro, 2001. p. 153-4.

Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 6ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 228-9.

Entendendo a história:

01 – De que se trata esse texto?

      Conta a história da criação do brinquedo LEGO.

02 – Por quem foi criado este brinquedo? Qual era sua profissão?

      Foi criado em 1932, por Ole Kirk Christiansen. Era marceneiro.

03 – Quem ajudava ele no começo? Qual era a sua idade?

      Seu filho Godtfred. Tinha 12 anos de idade.

04 – Quantos empregados possui o Grupo LEGO? E em quantos países ele ocupa a posição de líder?

      Hoje possui mais de 9.400 pessoas. E está em 140 países.

05 – Leia esta oração:

        “Em 1932, um marceneiro dinamarquês começou um pequeno negócio.”

a)   Identifique o sujeito da oração.

Um marceneiro dinamarquês.

b)   Destaque o núcleo do sujeito.

Marceneiro.

c)   Qual é a classe gramatical das palavras que acompanham o núcleo do sujeito?

Um: artigo; Dinamarquês: adjetivo.

06 – Observe o predicado da mesma oração.

a)   Qual é o objeto do verbo começar?

Um pequeno negócio.

b)   Identifique o núcleo do objeto e a classe gramatical a que ele pertence.

Negócio; substantivo.

c)   Identifique a classe gramatical a que pertencem as palavras que acompanham o núcleo do objeto.

Um: artigo indefinido; Pequeno: adjetivo.

07 – Compare:

        Um marceneiro dinamarquês começou um pequeno negócio.

        Marceneiro começou negócio.

        Que papel têm as palavras que acompanham os núcleos do sujeito e do objeto nessa orações?

      Elas determinam, indeterminam e qualificam os núcleos.