Mostrando postagens com marcador GREGÓRIO DE MATOS. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador GREGÓRIO DE MATOS. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

SONETO: AMOR FIEL - GREGÓRIO DE MATOS - COM QUESTÕES GABARITADAS


Soneto: Amor Fiel

“Ó tu do meu amor fiel traslado
Mariposa entre as chamas consumida,
Pois se à força do ardor perdes a vida,
A violência do fogo me há prostrado.

Tu de amante o teu fim hás encontrado, 

Essa flama girando apetecida;
Eu girando uma penha endurecida,
No fogo que exalou, morro abrasado.

Ambos de firmes anelando chamas,
Tu a vida deixas, eu a morte imploro
Nas constâncias iguais, iguais nas chamas.

Mas ai! que a diferença entre nós choro,
Pois acabando tu ao fogo, que amas,
Eu morro, sem chegar à luz, que adoro.”

                                                             Gregório de Matos
Entendendo o soneto:

01 – Qual o título do soneto e que é o autor?
      Amor fiel. Gregório de Matos.

02 – A que imagem o amor do eu lírico é comparado nos dois primeiros versos?
      A uma mariposa.

03 – Que imagem pode ser construída a partir da atitude da mariposa no segundo verso?
      Uma mariposa girando em torno da chama de uma vela ou de uma lâmpada.

04 – O que a mariposa representa na primeira estrofe?
      Representa o amante, o sujeito lírico.

05 – E o que representa a chama?
      Representa a mulher amada, aquela que atrai o sujeito.

06 – Por que o sujeito lírico diz que morre girando uma penha endurecida?
      Porque a mulher amada não corresponde ao seu amor.

07 – Por que o eu lírico implora a sua própria morte?
      Porque percebe que seu amor não é correspondido.

08 – Que verso revela a morte do amor de sua amada?
      "Tu a vida deixas, eu a morte imploro"

09 – Que verso do soneto revela a humilhação do eu lírico por um amor ainda não conquistado?
      "A violência do fogo me há prostrado."

10 – A quem se refere o pronome “nós” na última estrofe?
      A mariposa e ao eu lírico.

11 – A situação do amante é pior do que a da mariposa. Descreva o final da mariposa e do eu lírico.
      Mariposa: Antes da sua morte, ela alcança ao fogo (o amor). 
      Eu lírico: Morre antes de alcançar a luz (o amor).

12 – Localize no soneto duas antíteses.
      Vida e morte.

13 – Qual a estrutura de um soneto?
      Um soneto é composto de quatro estrofes, sendo as duas primeiras com quatro versos e as duas últimas estrofes com três versos.


quarta-feira, 19 de setembro de 2018

POEMA: EPÍLOGOS - GREGÓRIO DE MATOS GUERRA - COM GABARITO

Poema: Epílogos
                                Gregório de Matos Guerra

Que falta nesta cidade?................Verdade
Que mais por sua desonra?...........Honra
Falta mais que se lhe ponha..........Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
numa cidade, onde falta
Verdade, Honra, Vergonha.

Quem a pôs neste socrócio?..........Negócio
Quem causa tal perdição?.............Ambição
E o maior desta loucura?...............Usura.

Notável desventura
de um povo néscio, e sandeu,
que não sabe, que o perdeu
Negócio, Ambição, Usura.

Quais são os seus doces objetos?....Pretos
Tem outros bens mais maciços?.....Mestiços
Quais destes lhe são mais gratos?...Mulatos.

Dou ao demo os insensatos,
dou ao demo a gente asnal,
que estima por cabedal
Pretos, Mestiços, Mulatos.

Quem faz os círios mesquinhos?...Meirinhos
Quem faz as farinhas tardas?.........Guardas
Quem as tem nos aposentos?.........Sargentos.

Os círios lá vêm aos centos,
e a terra fica esfaimando,
porque os vão atravessando
Meirinhos, Guardas, Sargentos.

E que justiça a resguarda?.............Bastarda
É grátis distribuída?......................Vendida
Que tem, que a todos assusta?.......Injusta.

Valha-nos Deus, o que custa,
o que El-Rei nos dá de graça,
que anda a justiça na praça
Bastarda, Vendida, Injusta.

Que vai pela clerezia?..................Simonia
E pelos membros da Igreja?..........Inveja
Cuidei, que mais se lhe punha?.....Unha.

Sazonada caramunha!
enfim que na Santa Sé
o que se pratica, é
Simonia, Inveja, Unha.

E nos frades há manqueiras?.........Freiras
Em que ocupam os serões?............Sermões
Não se ocupam em disputas?.........Putas.

Com palavras dissolutas
me concluís na verdade,
que as lidas todas de um Frade
são Freiras, Sermões, e Putas.

O açúcar já se acabou?..................Baixou
E o dinheiro se extinguiu?.............Subiu
Logo já convalesceu?.....................Morreu.

À Bahia aconteceu
o que a um doente acontece,
cai na cama, o mal lhe cresce,
Baixou, Subiu, e Morreu.

A Câmara não acode?...................Não pode
Pois não tem todo o poder?...........Não quer
É que o governo a convence?........Não vence.

Que haverá que tal pense,
que uma Câmara tão nobre
por ver-se mísera, e pobre
Não pode, não quer, não vence.
                                                        Gregório de Matos Guerra. Antologia.
                                                                                  Porto Alegre: L&PM, 1999.
Entendendo a poesia:
01 – O que e quem o poeta está criticando com seus versos?
      Critica os desmandos, a corrupção e as autoridades.

02 – O poema se aplicaria aos nossos dias?
      Sim, porque todos os desmandos e corrupção ainda continua.

03 – Julgue o que se afirma sobre a estrutura do poema.
a) (V) Nos tercetos, predominam os versos decassílabos. Nos tercetos, predominam os versos decassílabos Nos tercetos, predominam os versos decassílabos Nos tercetos, predominam os versos decassílabos Nos tercetos, predominam os versos decassílabos
b) (V) Nos quartetos, predominam os versos em redondilha maior.
c) (F) Todas as rimas do poema são femininas.
d) (F) No primeiro quarteto, as rimas são pobres.
e) (F) O verso "numa cidade onde falta" contém oito sílabas métricas.

04 – Julgue o que se afirma sobre a estrofe seguinte:
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
numa cidade onde falta
Verdade, Honra, Vergonha.
a) (V) Pode-se trocar "se exponha" por "seja exposto" sem prejuízo gramatical.
b) (F) Pode-se trocar "onde" por "aonde" sem prejuízo gramatical.
c) (V) Pode-se trocar "onde" por "em que" sem prejuízo gramatical.
d) (F) A troca de "falta" por "faltam" fere a norma culta da língua escrita.
e) (F) No segundo verso, o segundo "a" pode ser trocado por "lhe" sem prejuízo gramatical.

05 – Julgue o que se afirma sobre a estrofe seguinte.
Quais são os seus doces objetos? Pretos
Tem outros bens mais maciços? Mestiços
Quais destes lhe são mais gratos? Mulatos.
a) (V) A rima entre "objetos" e "pretos" é pobre, feminina e imperfeita.
b) (V) A troca de "tem" por "há" altera o sujeito sintático, mas não caracteriza erro gramatical.
c) (F) O pronome "destes" representa o substantivo "objetos".
d) (F) A troca de "lhe" por "lhes" confere maior coesão à estrofe.
e) (V) O pronome "lhe" tem função de complemento nominal.

06 – Assinale a afirmativa incorreta sobre a estrofe seguinte:
Dou ao demo os insensatos,
dou ao demo a gente asnal,
que estima por cabedal
Pretos, Mestiços, Mulatos.
a) A estrofe contém anáfora.
b) O sujeito de "estima" é a expressão "gente asnal".
c) Há, na estrofe, oração com valor adjetivo.
d) Há, na estrofe, um único pronome.
e) Pode-se trocar "cabedal" por "haveres" sem prejuízo semântico.

07 – Assinale a afirmativa incorreta sobre a estrofe seguinte:
Valha-nos Deus, o que custa,
o que El-Rei nos dá de graça,
que anda a justiça na praça
Bastarda, Vendida, Injusta.
a) O pronome "nos" aparece duas vezes na função de objeto indireto.
b) No segundo verso, a sequência "o que" exibe dois pronomes: um demonstrativo, outro relativo.
c) No segundo verso, o complemento direto de "dá" é um pronome relativo.
d) O verbo "andar" (terceiro verso) é intransitivo.
e) No substantivo "Deus" há ditongo decrescente oral.

08 – Assinale a afirmativa incorreta sobre a estrofe seguinte:
E nos frades há manqueiras? Freiras
Em que ocupam os serões? Sermões
Não se ocupam em disputas? Putas.
a) Há, na estrofe, exemplo de verbo impessoal.
b) A troca de "há" por "existe" não agride a norma culta da língua escrita.
c) Em respeito à norma culta da língua escrita, o pronome átono do terceiro verso não pode ocupar outra posição em relação ao verbo.
d) No vocábulo "ocupam" há ditongo decrescente nasal.
e) No vocábulo "manqueiras" há mais letras que fonemas.

09 – (CEFET-MG) Das alternativas abaixo, apenas uma não apresenta características da obra do poeta barroco Gregório de Matos. Assinale-a:
a) Sentido vivo de pecado aliado à busca do perdão e da pureza espiritual.
b) Poesia com força crítica poderosa, pessoal e social, chegando à irreverência e à obscenidade.
c) Destaca a beleza física da amada e a sua transitoriedade.
d) Realça a beleza da flora, fauna e da paisagem brasileiras, em manifestação nativista.
e) Tentativa de conciliar elementos contraditórios, busca da unidade sob a diversidade.

10 – (PUC-SP) – Pode-se reconhecer nos versos abaixo, de Gregório de Matos:
Que falta nesta cidade? Verdade.
Que mais por sua desonra? Honra.
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.
a) caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço de uma crítica, em tom de sátira, do perfil moral da cidade da Bahia;
b) caráter de jogo verbal próprio da poesia religiosa do século XVI, sustentando piedosa lamentação pela falta de fé do gentio;
c) estilo pedagógico da poesia neoclássica, por meio da qual o poeta se investe das funções de um autêntico moralizador;
d) caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço da expressão lírica do arrependimento do poeta pecador;
e) estilo pedagógico da poesia neoclássica, sustentando em tom lírico as reflexões do poeta sobre o perfil moral da cidade da Bahia.

11 – ((UF-RN) A obra de Gregório de Matos, autor que se destaca na literatura barroca brasileira, compreende:
a) poesia épico-amorosa e obras dramáticas;
b) poesia satírica e contos burlescos;
c) poesia lírica, de caráter religioso e amoroso, e poesia satírica;
d) poesia confessional e autos religiosos;
e) poesia lírica e teatro de costumes.

12 – Gregório também se ocupou de atacar viperinamente o baixo clero baiano, com o qual tinha uma relação repleta de intrigas. Isso se explica:
a) por ter sido destituído do cargo eclesiástico de Tesoureiro-mor da Sé (que ocupou quando de seu retorno de Portugal para o Brasil);
b) por não ter as autoridades da Sé permitido que o poeta fosse estudar Direito em Coimbra;
c) por ter sido Eusébio de Matos, irmão do poeta, vítima de perseguição por parte da Sé.
d) por querer o poeta receber "ordens sacras" e usar batina, mesmo sem ser padre.
e) por ter sido o poeta exilado do Brasil graças a um processo movido pela igreja Católica.



quinta-feira, 26 de abril de 2018

SONETO: À MESMA DONA ÂNGELA - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

SONETO: À MESMA DONA ÂNGELA
                  Gregório de Matos


Anjo no nome, Angélica na cara:
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica Flor e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara:

Quem vira uma flor, que a não cortara,
Do verde pé, da rama fluorescente;
E quem um anjo vira tão luzente;
Que por Deus a não idolatrara?

Se pois como anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda,
Livrar eu de diabólicos azares

Mas vejo que por bela e por galharda,
Posto que os anjos nunca dão pesares,
Sois anjo, que me tenta, e não me guarda.
                                                                             
                                                         

Florente: relativo a flor, que faz florescer.
Galharda: vistosa.

Entendendo o soneto:
01 – A caracterização da mulher no texto se dá em dois planos. As palavras que configuram essas duas perspectivas aparecem na opção:
     a) Vida/morte.
     b) Anjo/Deus.
     c) Beleza/pureza.
     d) Frieza/altivez.

02 – “Sois anjo que me tenta, e não me guarda.”
Com esse verso, o poeta do texto, numa atitude estrutural típica da poética do Barroco, resume a visão que tem da personagem feminina.
A alternativa que explica a imagem criada pelo verso transcrito é:
     a) As influências religiosas da época levam o escritor barroco a só ver os elementos sagrados.
     b) A concepção filosófica leva o escritor barroco a ver o mundo ordenadamente.
     c) A postura contraditória e paradoxal caracteriza os escritores do barroco.
     d) O Renascimento levou ao Barroco a ideologia antropocêntrica

03 – Concebe-se o texto como representativo da poética do Barroco.
A afirmativa que justifica o que foi dito é:
     a) A concepção religiosa da salvação da alma.
     b) A utilização de uma linguagem objetiva e simples.
     c) A interpenetração de aspectos materiais e espirituais.
     d) A consciência da efemeridade da vida.

04 – Em que aspectos poéticos os textos se aproximam?
      Apuro formal; a tematização da admiração da mulher.



quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

SONETO: A INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDO - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

SONETO: A INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDO
                  Gregório de Matos

 
“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.”
                                                                

01 – A ideia central do texto é:
a) a duração efêmera de todas as realidades do mundo;
b) a grandeza de Deus e a pequenez humana;
c) os contrastes da vida;
d) a falsidade das aparências;
e) a duração prolongada do sofrimento.


02 – A preocupação com a brevidade da vida induz o poeta barroco a assumir uma atitude que:
a) descrê da misericórdia divina e contesta os valores da religião;
b) desiste de lutar contra o tempo, menosprezando a mocidade e a beleza;
c) se deixa subjugar pelo desânimo e pela apatia dos céticos;
d) se revolta contra os insondáveis desígnios de Deus;
e) quer gozar ao máximo seus dias, enquanto a mocidade dura.

03 – Qual é o elemento barroco mais característico da 1ª estrofe?
a) estrutura bimembre
b) estrutura correlativa, disseminativa e recoletiva
c) disposição antitética da frase
d) concepção teocêntrica
e) cultismo

04 – No texto predominaram as imagens:
a) táteis
b) olfativas
c) auditivas
d) visuais
e) gustativas

05 – Com referência ao Barroco, todas as alternativas são corretas, exceto:
a) O homem centra suas preocupações em seu próprio ser, tendo em mira seu aprimoramento, com base na cultura greco-latina.
b) O Barroco apresenta, como característica marcante, o espírito de tensão, conflito entre tendências opostas: de um lado, o teocentrismo medieval e, de outro, o antropocentrismo renascentista.
c) O Barroco estabelece contradições entre espírito e carne, alma e corpo, morte e vida.
d) A arte barroca é vinculada à Contrarreforma.
e) O barroco caracteriza-se pela sintaxe obscura, uso de hipérbole e de metáforas.

06 – Podemos perceber no poema muitas figuras de linguagem. Encontre as antíteses e cite os versos:
“Nasce o sol e não dura mais que um dia” – (vida/morte)
“Depois da luz, se segue a noite escura” – (claro/escuro)
“Em tristes sombras morre a formosura” – (feio/belo)
“Em contínuas tristezas a alegria” – (tristeza/alegria)

07 – Como é formado o poema?
    É formado por 2 quartetos e 2 tercetos, num total de 14 versos. Esta é a estrutura de um soneto.

08 – No poema percebemos que a linguagem barroca  enfatiza o quê?
   Tudo que é inconstante, que muda de aparência, que está em movimento. 



terça-feira, 28 de novembro de 2017

POEMA - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

POEMA: Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da a quem queria bem
Gregório de Matos


Ardor em firme coração nascido;
Pronto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido.
Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido.

Se és fogo, como passas brandamente,

Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!

Pois para temperar a tirania,
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria.

                                       Matos, Gregório de. In: Wisnik, José Miguel
                                             (Sel., Intr. e notas). Poemas escolhidos.
                                                         São Paulo: Cultrix, 1997. p. 218.
Interpretação do texto:
01 – Quais são os dois elementos da natureza que se opõem e representam as contradições que o sentimento amoroso desperta no eu lírico?
      O fogo (ardor) e a água (pranto, contenção).

a)   O que cada um deles simboliza no poema?
O fogo simboliza a paixão que toma o eu lírico, e a água, o pranto pelo sofrimento amoroso, mas também pode ser interpretada como a contenção dessa paixão.

b)   Nas duas primeiras estrofes, quais as imagens e metáforas utilizadas pelo eu lírico para fazer referência a esses elementos?
As imagens utilizadas para fazer referência ao fogo são: “ardor”; “incêndio”; “abrasas”, “chamas”.
As imagens para a água temos: “pranto”; “mares de água”; “rio de neve”; “corres desatado”; “cristais”.

02 – Releia:
        “Incêndio em mares de água disfarçado;
        Rio de neve em fogo convertido”.

a)   Qual é a figura de linguagem que indica a tensão entre os opostos? Explique.
A figura que indica essa tensão é a antítese: o eu lírico opõe os termos “incêndio” a “mares de água”; e “fogo” a “rio de neve”.

b)   Há outros exemplos dessa figura no poema? Quais?
Abrasas X corres desatado; fogo X cristais; cristal X chamas; fogo X neve.

c)   O Barroso apresenta não apenas o confronto dos opostos, mas também sua fusão ou aproximação. Como ela pode ser observada nos versos transcritos?
A fusão ou aproximação dos opostos se dá pela transformação dos elementos que simbolizam os sentimentos descritos: o “incêndio” está disfarçado em “mares de água”; o “rio de neve” se converte em “fogo”. Assim, a paixão se funde com a manifestação de seu refreamento/sofrimento.

03 – Quem é o interlocutor a que o eu lírico se refere na segunda e na terceira estrofes?
      O interlocutor é o sentimento amoroso, a paixão.

a)   Como ele é caracterizado?
A paixão é caracterizada a partir de duas diferentes manifestações: ela “queima” escondida no peito do eu lírico e corre em pranto pelo seu rosto. Além disso, é fogo e, quando assim se manifesta, está aprisionada em cristais, simbolizando a contensão ou a prudência com relação a esse sentimento; quando cristal, é derretido pelas chamas.

b)   Qual é o questionamento feito pelo eu lírico nesses versos?
O eu lírico questiona a contradição na manifestação do sentimento amoroso: se ele é fogo, não deveria passar brandamente; se é neve, não poderia queimar tanto. Mais uma vez, temos as contradições da paixão, que confundem o eu lírico por uma manifestação conflituosa.

04 – No soneto, vemos a habilidade de Gregório de Matos em trabalhar a linguagem para conciliar os opostos. Releia os versos a seguir, observando os trechos destacados em negrito e em itálico.

“Se és fogo, como passas brandamente,
 Se és neve, como queimas com porfia?”
“Como quis que aqui fosse a neve ardente,
 Permitiu parecesse a chama fria.”

a)   No início do poema, o eu lírico apresenta a oposição entre o calor e o frio, o fogo e a água, a paixão e a contenção (ou refreamento). Explique de que maneira os dois primeiros versos transcritos acima encaminham a fusão que ocorrerá entre esses elementos opostos no fim do poema.
Nos dois versos, há paradoxos que encaminham a fusão completa entre os opostos que se concretizam nos versos finais. Ao questionar a contradição extrema que há entre um “fogo que passa brandamente” e a “neve que queima”, o eu lírico aproxima os elementos que se fundirão em uma única expressão nos últimos versos (“neve ardente” / “chama fria”).

b)   As expressões destacadas nos dois últimos versos são paradoxos, construídos a partir da oposição dos mesmos elementos: frio x calor; fogo x neve. Elas encerram o mesmo sentido? Por quê?
Não. Embora sejam construídas a partir da oposição dos mesmos elementos, temos uma inversão na porção de cada um deles: em “neve ardente”, o primeiro elemento refere-se ao frio e o segundo ao calor; em “chama fria”, temos primeiro a referência ao calor e depois ao frio. Por si só, essa inversão já altera o significado de cada expressão, mas, no contexto do poema, essa diferença é mais significativa.

c)   Considerando que a neve simboliza a prudência/o controle e o fogo, a paixão, qual é o significado, no contexto do poema, das expressões “neve ardente” e “chama fria”?
O paradoxo “neve ardente” pode ser interpretado como a contenção que desaparece quando a paixão nasce; por oposição, “chama fria” pode significar a paixão “controlada”, que não representa ameaça ou descontrole (não queima).

05 – O eu lírico afirma que o Amor “temperou” sua tirania. De que maneira isso foi feito? Por quê?
      O Amor, segundo o eu lírico, utilizou uma estratégia para “disfarçar” a sua tirania, fazendo com que parecesse menos ameaçadora: o que ele desejava era despertar um sentimento mais arrebatado (“como quis que aqui fosse a neve ardente”) que eliminasse qualquer defesa ou prudência contra a paixão. Para que isso de fato ocorresse, fez com que a paixão parecesse, primeiro, um sentimento contido (“Permitiu parecesse a chama fria”). Assim, garantiu que o eu lírico não se precavesse contra a paixão que ameaçava dominá-lo.

06 – Releia a linha do tempo. Que acontecimento ilustra como o século XVII era uma época dividida entre a razão e a fé?
      O julgamento de Galileu Galilei pelo Tribunal do Santo Ofício.

a)   Explique de que forma esse acontecimento exemplifica o contexto que gera o conflito do ser humano durante o Barroco.
Gostaríamos que os alunos, ao refletirem sobre o julgamento de Galileu, percebessem que a condenação do cientista ilustra o embate que caracteriza o conflito barroco. De um lado, está a razão: de outro, estão a fé e os dogmas da Igreja Católica, que condena a teoria de Copérnico por contradizer a visão geocêntrica defendida por ela.