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domingo, 18 de abril de 2021

ENTREVISTA: ECONOMIA DE ÁGUA DEVE VIRAR ROTINA DEFENDE ESPECIALISTA - MARIANA TOKARNIA - COM GABARITO

 Entrevista: Economia de água deve virar rotina defende especialista


Por: Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil – Brasília

22 de março de 2017

  Sem perspectivas para o fim do racionamento, a população do Distrito Federal terá que se esforçar para reduzir o consumo. Situações de desperdício, como lavar calçadas com água tratada, são inaceitáveis para o coordenador do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Católica de Brasília e membro titular do Conselho de Recursos Hídricos do DF, Marcelo Resende. Em entrevista à Agência Brasil, ele disse ainda que os hábitos adquiridos em tempos de rodízio, mesmo que a economia compulsória termine, devem virar rotina, afinal, “a água é um bem finito”.

        [...]

        Eis os principais trechos da entrevista com Resende:

        Agência Brasil: Como o senhor vê esse cenário atual de crise no DF? O que mudou de 2015 para cá?

        Marcelo Resende: Parece até repetido, mas tivemos um agravante na virada de 2016 para 2017, que foram as questões meteorológicas e climáticas. Tivemos um ano mais uma vez atípico, com baixa precipitação. Esse é um dos grandes fatores do que estamos passando. Como os outros três fatores não foram modificados nesses dois anos, as coisas pioraram. Os outros fatores são a busca de novos mananciais, aumento da demanda e a baixa educação que temos sobre o uso dos recursos hídricos. As pessoas e as empresas continuam desperdiçando muita água, mesmo com o quadro negativo que a gente está tendo.

        Agência Brasil: Em 2015, o senhor disse que, mesmo que as condições meteorológicas se normalizassem, o sistema chegaria ao limite. Já estamos nesse limite de abastecimento?

        Marcelo Resende: Está provado que não conseguimos sobreviver com esses sistemas mais importantes de manancial que temos: o Descoberto e Santa Maria. Bastou passar pelo que estamos passando em termos meteorológicos para estarmos vivendo a questão do racionamento. Precisamos, sim, de novos mananciais, de novas alternativas de busca de água, mas eu vejo que, ao mesmo tempo que a gente tem que melhorar isso, temos que melhorar a educação.

        Agência Brasil: Pelos dados da Caesb, a população do DF está economizando mais. É suficiente? Dada essa nossa situação, o que o senhor prevê para o DF a curto, médio e longo prazo?

        Marcelo Resende: Estamos melhorando, mas ainda precisamos melhorar mais. Precisamos ver no fim da estação chuvosa que vai ser daqui a um mês mais ou menos. Se os nossos lagos chegarem até 60% ou mais, é bem possível que a gente vá ficar no racionamento da forma como está. Se não chegar, é bem possível que a gente parta para um racionamento mais ousado, com dois dias de interrupção para as cidades.

        Tudo que está sendo feito agora, em termos de obras, poderia ter sido feito de forma mais planejada, há alguns anos atrás. Não precisaríamos estar passando por isso. Mas, eu vejo que o risco de a gente ficar sem água é muito baixo.

        Agência Brasil: Essas medidas serão suficientes a longo prazo?

        Marcelo Resende: Estou dizendo até a próxima estação chuvosa. Se a gente tiver mais uma estação chuvosa ruim, em 2017, em 2018, a gente vai precisar de novo recorrer a outras alternativas, como Corumbá e uma retirada mais contínua do Lago Paranoá do que a que está prevista hoje.

        Agência Brasil: O que a população pode fazer?

        Marcelo Resende: Eu acho que nós somos um dos principais fatores do processo, se a gente ajudar, eu acho que a gente vai passar com mais tranquilidade esse ano. Agora, já estamos economizando, mas acho que precisa ser mais algo mais difundido, as pessoas precisam colaborar mais ainda. Existem muitas pessoas que acham que isso é uma farsa, que essa crise não existe, que é um cenário criado. Eu sou favorável a aplicação de multa para pessoas que estejam usando água tratada para lavar calçada, lavar carro, porque isso não deveria ser feito, nem em momento em que não houvesse crise. Eu acho que o cidadão tem que participar mais ativamente e a ação de fiscalização é fundamental nesse processo.

        Agência Brasil: Esse racionamento deveria ter começado antes?

        Marcelo Resende: Deveria, mas era uma questão muito mais política. Eu imagino que em setembro do ano passado já deveria ter começado.

        Agência Brasil: Uma vez que o volume de água aumenta nos reservatórios atuais ou mesmo que se acrescentem novas fontes, os moradores do DF poderão voltar ao consumo normal?

        Marcelo Resende: A economia deve continuar, pois a água é um bem finito e deve ser preservado. Muitas famílias consomem muito acima do que deveriam e desperdiçam muita água tratada com ações que poderiam ser feitas com água de reuso.

TOKARNIA, Mariana. Economia de água deve virar rotina, defende especialista. Agência Brasil, Brasília, 22 mar. 2017. Disponível em: http://bit.ly/2xGWKe7. Acesso em: 27 set. 2018.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 6º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição- 2018. P. 179-183.


Entendendo a entrevista:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Mananciais: todas as fontes de água da superfície ou subterrâneas que podem ser usadas para o abastecimento da população.

·        Precipitação: queda de água para a superfície da Terra, sob a forma de chuva, neve, gelo ou granizo.

02 – Observe o título da entrevista, e responda.

        “Economia de água deve virar rotina, defende especialista”

a)   O título apresenta fato ou opinião do entrevistado?

Apresenta opinião do entrevistado.

b)   Pelo título, é possível saber o assunto (ou um dos assuntos) tratado na entrevista? Explique.

É possível saber o assunto: a economia de água.

c)   Em que tempo verbal se encontra o título da entrevista? Está em primeira ou em terceira pessoa?

Está no tempo presente e em terceira pessoa.

d)   Qual é o efeito de sentido das escolhas do tempo do verbo e da pessoa de discurso?

Para criar o sentido de atualidade ao tema (tempo presente) e de objetividade (terceira pessoa), ou seja, para apresentar o tema de modo atual, fiel e exato na veiculação da opinião do especialista.

03 – Releia um trecho da entrevista.

         Sem perspectivas para o fim do racionamento, a população do Distrito Federal terá que se esforçar para reduzir o consumo. Situações de desperdício, como lavar calçadas com água tratada, são inaceitáveis para o coordenador do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Católica de Brasília e membro titular do Conselho de Recursos Hídricos do DF, Marcelo Resende.” Responda:

a)   Quem é o entrevistado? Que cargo(s) ocupa?

Marcelo Resende, coordenador do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Católica de Brasília e membro do Conselho de Recursos Hídricos do Distrito Federal.

b)   Por que a Agência Brasil o escolheu para a realização de entrevista?

Porque Marcelo Resende é especialista no tema abordado na entrevista.

c)   Sobre qual situação o especialista foi chamado para prestar esclarecimento e dar opiniões?

Sobre a crise hídrica no Distrito Federal e as medidas tomadas pelo governo e pela população.

d)   A qual parte da entrevista o trecho acima se refere?

Ao primeiro parágrafo, antes da parte em que há perguntas e respostas.

04 – Analise o trecho a seguir.

        Agência Brasil: O que a população pode fazer?

        Marcelo Resende: Eu acho que nós somos um dos principais fatores do processo, se a gente ajudar, eu acho que a gente vai passar com mais tranquilidade esse ano. Agora, já estamos economizando, mas acho que precisa ser mais algo mais difundido, as pessoas precisam colaborar mais ainda.

        Responda:

a)   Como o texto está organizado?

Em perguntas, realizadas pela Agência Brasil, e respostas do entrevistado Marcelo Resende.

b)   Em sua opinião, como a repórter Mariana Tokarnia registrou e reproduziu tudo que o entrevistado falou?

Resposta pessoal do aluno.

05 – Releia os trechos a seguir, extraídos da entrevista, transcreva-os e marque O para opinião e F para fato.

·        Tivemos um ano mais uma vez atípico, com baixa precipitação. Esse é um dos grandes fatores do que estamos passando. (F)

·        Precisamos, sim, de novos mananciais, de novas alternativas de busca de água, mas eu vejo que, ao mesmo tempo em que a gente tem que melhorar isso, temos que melhorar a educação. (O)

·        Se a gente tiver mais uma estação chuvosa ruim, em 2017, em 2018, a gente vai precisar de novo recorrer a outras alternativas, como Corumbá e uma retirada mais contínua do Lago Paranoá do que a que está prevista hoje. (F)

·        Tudo que está sendo feito agora, em termos de obras, poderia ter sido feito de forma mais planejada, há alguns anos atrás. Não precisaríamos estar passando por isso. Mas, eu vejo que o risco de a gente ficar sem água é muito baixo. (O)

·        Eu acho que nós somos um dos principais fatores do processo, se a gente ajudar, eu acho que a gente vai passar com mais tranquilidade esse ano. (O)

06 – Segundo Resende, a crise hídrica de 2017 teve agravantes em relação ao ano de 2015. Leia o trecho.

        Tivemos um ano mais uma vez atípico, com baixa precipitação. Esse é um dos grandes fatores do que estamos passando. Como os outros três fatores não foram modificados nesses dois anos, as coisas pioraram. Os outros fatores são a busca de novos mananciais, aumento da demanda e a baixa educação que temos sobre o uso dos recursos hídricos.” Responda:

a)   Quais são os quatro fatores que agravaram a crise hídrica em 2017?

Falta de chuva (baixa precipitação), a [não] busca de novos mananciais (fonte de água), aumento da demanda (do consumo) e baixa educação para o uso dos recursos hídricos.

b)   Em sua opinião, por que “as pessoas com baixa educação para lidar com a água” são um agravante para a crise hídrica?

Resposta pessoal do aluno.

07 – Por que, segundo Resende, deve haver busca de novos mananciais?

      Os mananciais existentes no Distrito Federal (Descoberto e Santa Maria), mostraram-se insuficientes para abastecer a população, em situação de baixa precipitação (falta de chuva). Assim, o governo e a empresa responsável pelo abastecimento de água devem buscar novos mananciais.

08 – O entrevistado afirma que a população deve aprender a usar a água de forma consciente. Releia o trecho a seguir em que há a opinião dele sobre o assunto.

        “Agora, já estamos economizando, mas acho que precisa ser mais algo mais difundido, as pessoas precisam colaborar mais ainda. [...] Eu sou favorável a aplicação de multa para pessoas que estejam usando água tratada para lavar calçada, lavar carro, porque isso não deveria ser feito, nem em momento em que não houvesse crise. Eu acho que o cidadão tem que participar mais ativamente e a ação de fiscalização é fundamental nesse processo [...] Muitas famílias consomem muito acima do que deveriam e desperdiçam muita água tratada com ações que poderiam ser feitas com água de reuso.” Responda:

a)   De acordo com o entrevistado, quais são as duas ações que o cidadão pode fazer para colaborar?

Economizar água e fiscalizar o mau uso.

b)   Na opinião do especialista, qual medida deve ser tomada em relação às pessoas que usam água tratada para lavar calçadas e carros?

Aplicação de multa para pessoas que estejam usando água tratada para lavar calçada, lavar carro, mesmo em momento em que não haja crise.

c)   Pesquise na internet: Quais atividade do dia-a-dia podem ser feitas com água de reuso?

Resposta pessoal do aluno.

 

 

terça-feira, 9 de março de 2021

ENTREVISTA COM GARI NA IMUNDÍCIE DA CIDADE - MARILENE FELINTO - COM GABARITO

 Entrevista com gari na imundície da cidade

                            MARILENE FELINTO

        Entrevista de propósito com um gari de São Paulo. J.S. 35, baiano de Jacobina, há três anos veio de lá, onde era ajudante de pedreiro, e trabalha na "varreção", da cidade. O lugar, perto do Mercado Municipal, no centro, recendia a mijo e restos de comida.

        Casado, sem filhos, ele estudou até o primeiro ano primário. Mantive a fala original de J.S., só corrigindo as concordâncias, porque às vezes ele soa como um personagem de Guimarães Rosa.

        Pergunta – É humilhante esse trabalho de varrer rua?

        Gari – Não, eu não acho. É um trabalho e é honra. O pior é tirar dos outros, né? Roubar o dos outros é que é feio.

        Pergunta – Não era melhor ser ajudante de pedreiro?

        Gari – Ah, exatamente não, porque lá eu ganhava um salário mínimo só, e aqui eu ganho quase três. Ganho R$ 260,00. A cesta básica é R$ 62,00, o ticket refeição é R$ 185,00, mais a insalubridade, que é R$ 22,00. Mas isso eu acho que eles não estão pagando, que eu não vejo. E precisa você denunciar aí que os supermercados não estão aceitando mais o ticket refeição. E que também o nosso fundo de garantia eles não estão depositando.
Nessa empresa aqui tem também, por exemplo, que eu trabalhei antes, oito meses, pintando guia de rua com cal, mas eles não querem contar como tempo de serviço, que era sem carteira. Mas eu tenho testemunha. Eu caminhava mais de 10 km por dia pintando guia. E lá eu ganhava outra coisa. Trabalhar com tinta é uma coisa, e com varreção, é outra. Que aqui também eles mandam a gente trabalhar de coletor. Eu digo: não, não sou coletor, não vou trabalhar de graça. Eu sou da varreção. Coletor ganha é R$ 400,00.

        Pergunta – Você trabalha sem luvas?

        Gari – Luva eles dão. Mas eu não botei hoje porque está muito quente. Mas não dão é bota de borracha. Só esse sapatinho aqui, e a gente nessa água podre, pegando frieira.

        Pergunta – Quanto você paga de aluguel?

        Gari – Não pago. Moro na casa de uma tia. Se eu pagasse, oxente, já estava passando fome, como tem muita gente aqui. Se você vai alugar uma casa, é 200 contos. Não dá. Se eu pagasse aluguel, já tinha ido embora. Diretamente eu ia para Salvador vender gelinho ou cerveja numa caixa.

        Pergunta – O que você acha que deve ser feito para as pessoas não sujarem as ruas?

        Gari – É aí, olha. Que as pessoas sujam demais as ruas e não têm respeito por nós. Em convém, eu acho assim, o pessoal, esse Brasil nosso, eles acham que nós somos obrigados a limpar. A gente acabou de barrer ali, eles vão e sujam. Eu fico olhando assim. Eu digo: dona, eu acabei de barrer aí e a senhora vai sujar de novo bem aí? Eles dizem que a obrigação da gente é limpar mesmo. Eles não põem na cabeça deles. Eu acho assim, determinado, que a imundície já é da casa deles pra rua. Porque, que a gente é assim uma pessoa fraca, de pouco dinheiro, mas a gente quer um copo limpinho pra tomar água e tudo. Porque a limpeza é bonita em todo canto, não é?

 Marilene Felinto. Folha de São Paulo, 26/8/1997. 3° caderno, p.2.

Fonte: Práticas de Linguagem. Leitura & Produção de Textos. Volume 4. Ernani & Nicola. Editora Scipione. P. 08-12.

Entendendo a entrevista:

01 – Para que servem as entrevistas?

      Há entrevistas cujo objetivo é expressar a opinião do entrevistado. Outros servem para a obtenção de dados, tais como as entrevistas para pesquisas de mercado e recenseamento.

02 – Embora muitas entrevistas sejam feitas por escrito (o entrevistador manda as perguntas por escrito ao entrevistado, que as responde também por escrito), a maior parte delas é realizada oralmente. Que diferenças existem entre as entrevistas orais e as registradas por escrita?

      Teoricamente, numa entrevista oral a linguagem tende a ser mais espontânea e natural, pois o entrevistado é obrigado a responder as perguntas de imediato, dispondo de pouco tempo para produzir respostas mais elaboradas. Por outro lado, nas entrevistas por escrito, o entrevistado tem a oportunidade de preparar e elaborar melhor suas respostas, já que não será necessário fornecê-las de imediato.

03 – O que você acha: as pessoas são mais espontâneas quando falam ou quando escrevem?

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Por que a entrevistadora perguntou ao gari se o trabalho dele era humilhante? Será que ela própria tem essa opinião?

      A pergunta se deve ao fato de, infelizmente, muitas pessoas considerarem humilhante a atividade dos garis. Todavia, isso não significa, necessariamente, que a entrevistadora tenha essa opinião.

05 – Comente a seguinte fala do gari: “E precisa você denunciar aí que os supermercados não estão aceitando mais o ticket refeição. E que também o nosso fundo de garantia eles não estão depositando”. A que se refere o advérbio ?

      O advérbio refere-se ao jornal em que será publicado a entrevista. Por saber que está dando uma entrevista para um órgão de imprensa, o gari aproveita a chance para fazer denúncias, esperando que a publicação da denúncia colabore para reparar as injustiças.

06 – Quanto o gari recebe mensalmente por seu trabalho na “varreção”?

      O intuito da questão é fazer o aluno perceber qual é o salário bruto do gari – a soma de seu salário-base mais as vantagens (R$ 260,00. A cesta básica é R$ 62,00, o ticket refeição é R$ 185,00, mais a insalubridade, que é R$ 22,00) perfaz um total de 5229 reais. Admitindo que ele realmente não receba o valor relativo à insalubridade, seu salário seria de 507 reais. Ressaltar para os alunos que esse é, provavelmente, seu salário bruto, sobre a qual ainda incidirão descontos, como a contribuição previdenciária.

07 – Cesta básica é o conjunto de alimentos essenciais (arroz, feijão, óleo, açúcar, etc.) necessários para manter um trabalhador adulto por um mês. Em sua opinião, os 62 reais que o gari recebe para a cesta básica são suficientes para suprir por um mês essas necessidades?

      Resposta pessoal do aluno.

08 – Auxílio insalubridade é uma quantia em dinheiro acrescentada ao salário-base de um trabalhador quando ele exerce alguma atividade insalubre.

a)   O que é uma atividade insalubre?

Atividade insalubre é aquela que traz prejuízos à saúde, isto é, que pode gerar doenças.

b)   Dê alguns exemplos de atividades insalubres.

Trabalhos em ambientes de altíssimas ou baixíssimas temperaturas (em siderúrgicas, frigoríficos, etc.) atividades em que se fica exposto a substâncias tóxicas ou radioativas (em metalúrgicas, laboratórios químicos, indústrias de tintas e resinas, etc.).

c)   Quais elementos do texto indicam que o gari exerce atividade insalubre?

A referência à necessidade do uso de luvas e botas de borracha, para evitar o contato com a “água podre”.

09 – Você concorda com a afirmação de que “as pessoas sujam demais as ruas”?

      Resposta pessoal do aluno.

10 – O gari afirma que, se tivesse de pagar aluguel, preferiria ir para Salvador, onde iria “vender gelinho ou cerveja numa caixa”. Por que ele “escolheria” esse tipo de trabalho?

      Ressaltar que, devido à sua baixa escolaridade, para o gari as oportunidades de trabalho formal são cada vez mais escassos. Assim, ele seria fatalmente levado para um trabalho informal, como o de vendedor ambulante.

11 – Na fala do gari, que elementos comprovam que ele veio do Nordeste e só cursou o primeiro ano primário?

      O uso de formas como exaltamente, em vez de exatamente, e barrer, em vez de varrer, revela a baixa escolaridade. O termo oxente pode indicar que ele veio do Nordeste.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

ENTREVISTA: ZIRALDO ENTREVISTA MAURÍCIO DE SOUSA - ABZ DO ZIRALDO - COM GABARITO

 Ziraldo entrevista Mauricio de Sousa


no ABZ do Ziraldo

 Ziraldo: Vamos começar o programa que hoje é um programa completamente diferente, completamente diferente, e vocês vão entender por quê. Porque eu… eu… eu vou contar aqui, na companhia dele, a biografia de um sujeito muito importante na minha vida, na vida do Brasil inteiro. Realizou um milagre fantástico na história cultural do Brasil e eu… eu acompanho a vida dele praticamente desde que ele começou. É uma das mais antigas amizades da minha vida. Ele se chama Mauricio de Sousa. Pããããã!

Mauricio de Sousa: (risos )

Z: Mauricio de Sousa, que coisa fantástica, hein? Olha quanta coisa aconteceu nesses 50 anos na sua vida! Aí está o Mauricio de Sousa, criador deste universo que faz parte da história de… contemporânea do Brasil. Tem também as… as coisas didáticas que o Mauricio faz que as pessoas encomendam, escola, institutos, é… tudo. É muito… muita coisa didática, inclusive pro mundo inteiro! Esta aqui é uma história, né?

MS: É… essa é do…

Z: Conta a história da… da… da descoberta da América ééé para uma revista do Vietnã. É uma coisa impressionante. Mauricio, vamo começar a contar. Mauricio de Sousa nasceu em…?

MS: Santa Isabel, estado de São Paulo!

Z: O que é isso?! Mogi das Cruzes, rapaz.

MS: Não, não, nasci em Santa Isabel, uma cidade pequena, perto de Mogi das Cruzes…

Z: Hã…

MS: Minha família viajou para Santa Isabel, nasci lá…

Z: Mas chegou a morar em Santa Isabel?

MS: Lá ela ficou uns tempos lá, até eu ficar taludinho e poder mudar pra Mogi das Cruzes, onde eu me criei.

Z: Você já desenhava na infância e o tempo todo obsessivamente, naturalmente…?

MS: Eu me lembro da infância desenhando, pintando, rabiscando. Papai era poeta, ele tinha umas… livros, uns cadernos de poesia muito bonitos e eu adorava, quando ele saía, pegar o caderno dele e ilustrar as poesias dele. Z: Ah…!

MS: Ilustrar daquele jeito estragando o caderno dele, né? (risos)

Z: (risos)

MS: Daí o meu pai, muito sabido…

Z: Deixou você, deixou…

MS: Olhou… falou: “ah, você gosta disso?” Saiu, comprou um caderno igual o dele, lápis, tudo mais e me deu falando: “esse aqui é seu, esse aqui é meu. Agora cê usa o seu”.

Z: (risos)

[…]

MS: Quandooo eu tava pra fazer o Bidu, um colega meu, Lourenço Diaféria, jornalista, tava fazendo uma revista e ele falou “Mauricio, eu tô precisando de uma página com charges pra minha revista. Cê pode fazer uma pra mim?” Falei: “eu posso fazer”. Fui pra casa e desenhei umas charges com um cachorrinho, que era parecido com o Bidu, né?, daí ele falou “me traz amanhã tudo pronto”. No dia seguinte, eu levei, peguei o material pra levar pra ele, pra vender, né, e esqueci no táxi o desenho. Falei: “ih, Lourenço, esqueci no táxi! Mas me dá mais 24 horas”. Fui pra casa, desenhei de novo as charges. No que você desenha de novo, você sabe disso, você melhora, você já tá dominando mais…

Z: Claro, claro…

MS: … a técnica e o personagem e tudo mais.

 Transcrição de entrevista concedida por Mauricio de Sousa a Ziraldo. Disponível em: (parte 1) e (parte 2). Acesso em: 31 jul. 2018. (Fragmentos).

1.   O que torna a entrevista feita por Ziraldo semelhante a uma biografia?

Assim como em uma biografia, as perguntas conduzem o entrevistado a contar uma parte da história de sua vida.

2.   O que as torna diferentes?

Na biografia, um produtor conta a história de vida de uma pessoa pública ou, no caso da autobiografia, a figura pública conta sua própria história de vida. Na entrevista, essa história chega ao leitor por meio de uma interação (pergunta-resposta) entre o entrevistador e a pessoa pública.

3.   Embora seja uma situação de comunicação formal, essa entrevista se assemelha a um bate-papo entre amigos. Explique por quê.

Porque o entrevistador, com frequência, interrompe o entrevistado para completar ou reconduzir sua fala, e parece haver grande intimidade entre eles.

4.   Por ser uma transcrição, o texto mantém marcas que são típicas da fala. Cite duas delas.

Sugestão: Alongamento de vogais (“Quandooo eu tava pra fazer o Bidu […]”), marcadores conversacionais (“Esta aqui é uma história, né?”), repetições (“Porque eu… eu… eu vou contar aqui […]”) e encurtamento de palavras (“Cê pode fazer uma pra mim?”).

5.   Observe o que aconteceu com os turnos de fala entre as linhas 14 e 18.

a)    Que elemento usado por Ziraldo, no primeiro trecho, levou Mauricio a entender que deveria responder?

O marcador “né?”

b)    Era essa a expectativa do entrevistador? Justifique analisando sua reação.

Não, como mostra o fato de Ziraldo rapidamente interromper.

c)    Provavelmente a reação de Ziraldo ocorreu porque ele tinha planejado um roteiro para a conversa. Com o que ele queria começar?

Pela narrativa da infância do entrevistado.

6.   Releia, agora, as linhas 38 a 42. Ziraldo invade o turno conversacional de Mauricio. Qual é o objetivo dele ao fazer isso?

Participar da narrativa, ajudar a contar a história.

7.   desafio de escrita .Como já dissemos no início deste capítulo, os boxes “De quem é o texto?” são brevíssimas biografias. Usando as informações da entrevista, redija um desses boxes para apresentar Mauricio de Sousa.

 

    

           Sugestão de resposta: Mauricio de Sousa nasceu em Santa Isabel, próximo a Mogi das Cruzes, onde morou durante a infância. Começou a desenhar ilustrando poemas de seu pai, e hoje suas obras estão em vários lugares do mundo. Seu primeiro personagem foi Bidu e, quanto mais ele o desenha, mais aprimora seus traços.

       

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

ENTREVISTA: CONHEÇA O "PAI" DO ARMANDINHO - JORNAL DA CIDADE DE UBERABA - COM GABARITO

 Conheça o "pai" do Armandinho

NOTÍCIASENTREVISTA

PUBLICADO POR
Redação JC
jcuberabacontato@gmail.com

Um garoto inocente e cheio de dúvidas. Um cabelo azul e várias pernas de adultos. Um mundo visto sempre da melhor forma. Armandinho é o protagonista de uma das tirinhas mais famosas do momento no Brasil. Sua página oficial no Facebook já recebeu mais de 570 mil curtidas. Os quadrinhos encantam crianças, adultos e idosos e levam o público à reflexão de como encarar os problemas e pensar neles de forma positiva. 

 O pai de Armandinho é o ilustrador de Florianópolis (SC) Alexandre Beck. Antes de desenhar, ele se formou em Agronomia, Jornalismo e Publicidade. O sucesso já garantiu quatro livros sobre o personagem. O portal Jornal da Cidade conversou com exclusividade com o ilustrador. Acompanhe o bate-papo e conheça um pouco mais sobre as tirinhas:

 Jornal da Cidade: A vida adulta é difícil? Como levar a sensibilidade e a atenção das crianças para os adultos?

 Alexandre: Em geral, a vida de adulto é difícil. Em parte por nossa responsabilidade. Envolvidos por compromissos e na luta por satisfazermos as cobranças da sociedade, deixamos de questionar, de nos encantar, de perceber outros caminhos e de apreciar a beleza do simples. Penso que as crianças possuem isso. Talvez a vida nunca se torne fácil, mas talvez possamos torná-la mais leve.

 JC: Como e quando o personagem Armandinho surgiu? Ele foi criado com qual objetivo?

 Alexandre: As primeiras tiras do que veio a se tornar o Armandinho fiz em 2009. Foram feitas às pressas, pra ilustrar uma matéria que seria publicada no dia seguinte no jornal. As tiras que eu fazia na época, com outros personagens, não se encaixavam na matéria, que falava de economia familiar, com pais e filhos. Criei os roteiros das tiras, usei um desenho que já tinha pronto, rabisquei pernas para representar os pais e fiz as tiras, que foram publicadas no jornal no dia seguinte.

Depois disso, fui amadurecendo uma ideia, e em 2010 – seis meses depois - substituí os antigos personagens pelo menino de cabelo azul.

 JC: O Armandinho já foi hobby? Se sim, quando passou a se tornar um trabalho sério? 

 Alexandre: Sempre fiz as tiras de forma séria, mas por um bom tempo eu criava as tiras do Armandinho em meio a vários outros trabalhos. Sempre foi divertido, dinâmico, e prazeroso, mas antes me tomava relativamente pouco tempo. Gradualmente este tempo foi se ampliando, para responder mensagens e produzir os livros, e ocupando o espaço dos outros trabalhos.

 JC: O personagem se transformou em objeto de Educação, incluído no ensino fundamental e médio?

 Alexandre: Recebi pedidos de editoras para o uso de tiras em livros do ensino fundamental e médio. Muitos professores também relatam que usam as tiras em provas. Nunca imaginei isso, e jamais fiz uma tira com esse objetivo, mas pra mim é algo extremamente gratificante.

 

Nos diálogos com o pai, Armandinho sempre busca mostrar outra visão de encarar a realidade/ Foto: reprodução

 JC: Quais são os principais temas abordados por Armandinho? De onde você tira os assuntos?

 Alexandre: Um dos assuntos que abordo com mais frequência nas tiras é o meio ambiente. Sou engenheiro agrônomo e minha preocupação ambiental vem de criança. Mas acredito ser bastante eclético nos temas. Cidadania, justiça, relacionamento entre pais e filhos e reflexões diversas. Às vezes até me arrisco no humor.

 JC: Por que você escolheu as tirinhas para se comunicar?

 Alexandre: Aceitei um convite pra criar tirinhas no Diário Catarinense, em 2002. Já trabalhava com quadrinhos educativos, o que não é a mesma coisa, mas me dava alguma experiência. Foi um desafio na época – e continua sendo. 

 JC: Quais são suas principais influências no desenho?

 Alexandre: Os primeiros traços do desenho do Armandinho foram feitos de forma rápida, praticamente um esboço, e não foi alterado da forma original. É muito simples.

Já na linguagem e forma de comunicação, creio que uma grande influência tenha sido os livros do Pequeno Nicolau, que minha vó lia para os netos quando éramos crianças.

 JC: Quais são seus sonhos e objetivos para o Armandinho?

 Alexandre: Gostaria de continuar a fazer as tiras da forma que faço desde o início. Reflexões pessoais, assuntos que gosto, que julgo importantes e situações que eu vejo graça. Independência pra isso é fundamental. 

O Armandinho já foi muito além do que eu podia esperar. E a responsabilidade cresce com isso. Hoje fico feliz por poder - por meio do personagem - ajudar a divulgar projetos que julgo importantes, principalmente na área ambiental e de cidadania.

 

Tirinha sobre o incêndio da boate Kiss, em Santa Maria (RS) / Foto: reprodução

 JC: Você faz outros personagens?

 Alexandre: Trabalho com quadrinhos educativos há mais de 12 anos, e personagens que se mantiveram durante todo esse período. O Guto e a Ana, que fiz para trabalhar temas ambientais para a Polícia Militar Ambiental e Fundação do meio Ambiente de Santa Catarina, estão em mais de 25 histórias. Há também personagens que fiz para a Defesa Civil, prefeituras e empresas. 

 JC: Você já conseguiu mudar a postura, o pensamento e o comportamento de alguém com as tirinhas? Como é o retorno do público?

 Alexandre: O retorno dos leitores - principalmente na internet e em lançamentos - é muito grande e positivo. Há vários relatos e depoimentos. As tiras podem ajudar a refletir, motivar e trazer mais informações, mas quem faz a mudança é a pessoa. Eu - como autor - por buscar informações, pensar e repensar enquanto faço as tiras, com certeza tive, e continuo tendo, grandes mudanças.

 Matéria de Isabel Minaré

 

ESTUDO DE TEXTO

1)    O título da entrevista é: “Conheça o “pai” do Armandinho”.

a)    Por que a entrevista recebeu esse título?

             Porque o desenhista autor da personagem Armandinho é o entrevistado.

b)    Explique o uso das aspas na palavra “pai”.

               Elas indicam que a palavra foi usada em sentido conotativo; o desenhista é o criador da personagem, por isso foi chamado de pai.

2)    Releia os dois primeiros parágrafos para responder às perguntas a seguir.

a)    Quem é o entrevistado?

Alexandre Beck.

b)    Quem o entrevistou?

O Jornal da Cidade, de Uberaba.

c)    Ao ser escolhido para dar uma entrevista, pressupõe-se que o entrevistado tenha algo interessante ou relevante para contar. No caso da entrevista lida, qual seria a razão da escolha do entrevistado?

Alexandre Beck criou Armandinho, uma personagem infantil de tirinhas que ficou famosa no Facebook e conquistou um público leitor formado por crianças, adultos e idosos.

 d)    Quem se interessaria por essa entrevista?

Fãs das tiras de Armandinho que tenham curiosidade pelo autor da tira, por exemplo.

e)    Logo após os dois   primeiros parágrafos o texto se modifica. O que aparece? Como o leitor percebe que há uma mudança?

A entrevista propriamente dita. O texto passa a ser organizado em perguntas e respostas que compõe a entrevista.

 f)     Que função esses dois primeiros parágrafos desempenham no texto?

Servem para fazer uma introdução e apresentar o entrevistado.

 

3)    A entrevista é feita por meio de perguntas endereçadas ao entrevistado. Releia a primeira pergunta e a primeira resposta.

a)    Alexandre considera a vida adulta difícil? Por quê?

Sim, pois acredita que os adultos têm muitas responsabilidades e compromissos e recebem muitas cobranças da sociedade.

b)    Para o entrevistado, como o olhar da criança pode ajudar na vida dos adultos?

Pode ajuda-los a se encantar, a apreciar a beleza das coisas simples.

 

c)    Por que o jornal acredita que o desenhista saberia de que modo é possível. “levar a sensibilidade e a atenção das crianças para os adultos”?

Porque criou uma tira cuja personagem principal é uma criança.

4)    Algumas perguntas se referem à criação e às características de Armandinho.

a)    Nos aspectos mencionados sobre Armandinho, identifique informações sobre:

·         a criação da personagem;

O processo de criação da personagem começou em 2009 e, em 2010, ela ganhou a forma que possui hoje.

 

·         meios em que as histórias da personagem passaram a circular;

Materiais didáticos, materiais voltados para a educação.

 

·         temas discutidos nas tiras pela personagem.

Meio ambiente, cidadania, justiça, relacionamento entre pais e filhos, entre outros.

 

b)    O que influenciou Alexandre a se tornar desenhista e a criar Armandinho?

As histórias do Pequeno Nicolau que a avó do desenhista lia para ele quando criança.

 

c)    Se você fosse o entrevistador, o que mais perguntaria sobre o personagem?

Resposta pessoal.

 

5)    Ao falar sobre a personagem que criou, Alexandre expõe alguns detalhes de sua vida pessoal.

a)    Qual é a formação do autor de Armandinho?

Agronomia, Jornalismo e Publicidade.

 

b)    Que relações podem ser estabelecidas entre a formação dele e a atividade que desempenha?

O fato de ser jornalista e publicitário foi uma influência para se tornar desenhista e trabalhar com linguagens.

Os estudos de Agronomia influenciam na escolha dos temas discutidos, por Armandinho, como meio ambiente.

 

6)    Para o “pai” de Armandinho, qual é a importância social das tirinhas?

Para ele, as tirinhas influenciam as pessoas a refletir e a pensar em mudar sua própria vida e a realidade em que vivem.