sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

CAPA LIVRO: A ILHA PERDIDA - MARIA JOSÉ DUPRÉ - COM GABARITO

 Capa livro: A ilha perdida

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhy2hazTgoAtVCIW_N6rLuyAf-3yaauLpYxeoHLjiVyu1oZqVG6N0rl34BjfFzYLSyjI6skzpg9AfDNlYS83nv2wCS8ZpGitmB73CYArDuixedSPbS_zscYsUqLfUi3bBWDAQe2eDFZ-mTft2VqymwO8VPl28jNthXwl133H9F6IigZD-tWRCRd8GVN=s275


    
Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 154.

Entendendo a capa livro:

01 – Descreva a imagem central.

      Na imagem há dois meninos, um de costas e o outro de frente em uma canoa na água. Eles seguram remos e há uma corda na cano. Ao fundo, vemos a vegetação da margem.

02 – O que os meninos estão segurando? Para que serve?

      Estão segurando remos, que servem para guiar a canoa.

03 – O menino de cabelo escuro parece dialogar com o outro. Observe sua expressão corporal. Que movimento ele faz com o braço esquerdo? O que isso pode indicar?

      Ele aponta para o lugar para onde provavelmente estão indo.

04 – Qual é o título do livro? Quem é sua autora?

      A ilha perdida. Maria José Dupré.

05 – Relacione o título do livro com a imagem. O que essa relação sugere?

      Sugere que os meninos irão para a ilha perdida.

06 – Como você acha que essa narrativa se desenvolverá?

      Resposta pessoal do aluno.

 

HISTÓRIA: ROBINSON CRUSOÉ - (FRAGMENTO I E III) - DANIEL DEFOE - COM GABARITO

 História: Robinson Crusoé (Fragmento I e III)

I – Minha primeira viagem

        Muito cedo me convenci de que minha mãe tinha toda a razão. Vida de marinheiro é vida pesada. Não sobra tempo para brincar, a bordo dum navio, ou pelo menos não sobrava a bordo do meu navio. Mesmo quando o mar estava sereno e o dia lindo, serviços não faltavam, um atrás do outro.

        Uma noite o vento começou a soprar com fúria cada vez maior. O navio era jogado em todas as direções, como se fosse casca de noz. Nunca supus que tempestade fosse assim.

        Toda a noite o vendaval soprou e nos judiou. Fiquei tão amedrontado que não sabia o que fazer, nem o que pensar. Era impossível que o navio não fosse ao fundo.

        Lembrei-me então de casa e das palavras de minha mãe. – Se escapo desta – disse comigo –, outra não me pilha. Chega de ser marinheiro. Só quero agora uma coisa – voltar para casa e nunca mais deixar a companhia dos meus pais.

        A manhã rompeu e a tempestade ainda ficou pior que de noite. Convenci-me de que estava tudo perdido e resignei-me. De tarde, entretanto, o céu começou a clarear e o vento a diminuir. As ondas perderam a fúria. O navio foi parando de pinotear. A tempestade chegara ao fim.

        Na manhã seguinte o sol apareceu, o céu fez-se todo azul e o mar parecia um carneirinho, de tão manso. Que beleza foi essa manhã!

        Eu estava de pé no convés, olhando o mar, quando ouvi passos atrás de mim. Era o imediato do navio, um homem que sempre se mostrava bondoso para comigo.

        – Que é isso, Bob? Você parece que teve medo do ventinho da noite passada.

        – Ventinho? – respondi. – Tempestade e das boas, isso sim.

        O velho marujo riu-se.

        – Você é muito novato, Bob. Não sabe ainda o que é uma tempestade. Mas saberá qualquer dia e então há de rir-se de si próprio de haver chamado tempestade ao ventinho de ontem.

        [...]

III – O naufrágio

        Quando tudo ficou pronto para a longa viagem, embarquei no naviozinho. Fazia justamente oito anos que tinha deixado a casa de meus pais. Qualquer coisa me dizia que não fizesse tal viagem, mas eu havia me comprometido e não podia voltar atrás.

        O vento estava de feição, como dizem os marinheiros. As velas se enfunaram e o navio lá se foi.

        Por muitos dias só tivemos bom tempo. O navio navegava firme, tudo parecendo indicar que a viagem seria das mais felizes. Mas não foi assim.

        Uma violenta tempestade veio de sudoeste, e eu, que em oito anos de vida marítima tinha visto muitas, nunca vi tempestade mais furiosa. Nada pudemos fazer senão deixar o navio flutuar ao sabor dos ventos. Dias e dias fomos assim arrastados pelo mar afora, esperando a todo momento um fim terrível.

        A tempestade crescia de violência. Nenhum de nós conservava esperança de salvar-se. Mas no décimo segundo dia o vento amainou e as vagas perderam a fúria. Nossas esperanças renasceram.

        No décimo terceiro dia, pela manhã, um marinheiro gritou: “Terra!”

        Corri ao convés para ver, mas justamente nesse instante o navio bateu num banco de areia e ficou imóvel. Estava encalhado. Grandes ondas vinham quebrar-se no convés, e toda a tripulação teria sido varrida para o mar se não se houvesse escondido nas cabinas. “Que havemos de fazer?”, gritou um marinheiro.

        – Nada – respondeu o capitão. – Nossa viagem está no fim. Só nos resta esperar que as ondas despedacem o navio e nos engulam a todos.

        – Há ainda uma esperança – gritou o imediato. – Sigam-me!

        Corremos todos para o convés atrás dele e pudemos ver que um dos escaleres ainda estava no seu lugar. Num relance cortamos as cordas que o prendiam aos ganchos e o pusemos n’água, com todos os homens dentro.

        Nenhum bote poderia flutuar por muito tempo num mar agitado como aquele, mas nós estávamos vendo terra por perto e tínhamos esperança de chegar até lá. Era a única salvação possível.

        Vagalhões furiosos nos foram levando em direção dumas pedras que pareciam ainda mais terríveis que as ondas. De repente uma vaga maior cobriu o bote. Ninguém teve tempo de gritar ou pensar. Fomos todos engolidos pelas águas.

        [...]

DEFOE, Daniel. Robinson Crusoé: aventuras dum náufrago perdido numa ilha deserta, publicadas em 1719. Tradução e adaptação de Monteiro Lobato. São Paulo: Brasiliense, 1980. p. 6, 7, 9 e 10.

        Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 143-6.

Entendendo a história:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Enfunar: inflar-se com o vento.

·        Imediato: oficial que ocupa o segundo lugar de comando num navio.

·        Amainar: diminuir.

·        Escaler: pequeno barco, bote.

·        Vagalhão: grande onda.

02 – O texto começa com a seguinte afirmação do narrador.

        “Muito cedo me convenci de que minha mãe tinha toda a razão”.

a)   O que é possível pressupor por meio da afirmação?

A mãe de Robinson teria dado uma opinião sobre a vida de marinheiro; a mãe teria dado conselhos ao filho.

b)   Por que o narrador faz essa afirmação?

Porque, ao viajar, ele constata que a vida de marinheiro é pesada, com muito trabalho e pouco tempo para brincar.

03 – Identifique, no texto do Capítulo I, as sequências descritivas que caracterizam a situação em que se encontrava Robinson Crusoé.

      - “Mesmo quando o mar estava sereno e o dia lindo [...]”;

      - “Uma noite o vento começou a soprar com fúria cada vez maior”;

      - “[...] o céu começou a clarear e o vento a diminuir. As ondas perderam a fúria. O navio foi parando de pinotear”; “[...] o céu fez-se todo azul e o mar parecia um carneirinho [...]”.

04 – No 2° parágrafo do texto do Capítulo I, o narrador fala sobre a tempestade e descreve a própria reação diante dela. Como as sequências descritivas caracterizam a tempestade? E como é descrita a reação do narrador?

      Como uma tempestade forte, capaz de levar o navio a afundar. O narrador ficou apavorado, com muito medo e confuso.

05 – No 3° parágrafo do texto do Capítulo I, o narrador interrompe a narrativa sobre a tempestade para fazer uma reflexão. Em que ele pensou?

      Ele pensou em sua mãe, nos conselhos que ela lhe dera, e decidiu que nunca mais seria marinheiro, pois só desejava voltar para a casa dos pais.

06 – Releia o trecho a seguir:

        “Uma noite o vento começou a soprar com fúria cada vez maior. O navio era jogado em todas as direções, como se fosse casca de noz.”

a)   Que expressão indica o momento em que se inicia um novo acontecimento?

“Uma noite”.

b)   Por que esse acontecimento pode ser considerado uma complicação na narrativa?

Porque mudam as condições do mar e isso representa perigo para a navegação.

c)   Agora, imagine-se no lugar de Robinson Crusoé. Elabore um parágrafo que mostre como você se sentiria no momento da tempestade.

Resposta pessoal do aluno.

07 – Mais adiante, o narrador diz:

        “A manhã rompeu e a tempestade ainda ficou pior que de noite. Convenci-me de que estava tudo perdido e resignei-me. De tarde, entretanto, o céu começou a clarear e o vento a diminuir. As ondas perderam a fúria.”

a)   Como a complicação se resolveu?

O tempo voltou a ficar bom, a temperatura terminou e o navio continuou sua viagem.

b)   Como termina esse trecho da aventura? Qual é a situação final?

Ao final desse episódio, Robinson Crusoé, que tinha ficado assustado durante a tempestade, achando que o navio afundaria, contempla o mar e conversa com o imediato do navio.

08 – Releia o diálogo final do Capítulo I, entre o menino e o imediato do navio.

a)   Há alguma diferença entre as opiniões deles sobre a tempestade? Explique sua resposta.

Sim. Para o menino, tinha havido uma tempestade forte e perigosa, mas, para o imediato, a tempestade não passara de um “ventinho”.

b)   A atitude do marujo, ao rir da resposta do menino, possibilita que o leitor avalie se a resposta que deu a Robinson Crusoé era verdadeira. O que você pensa sobre esse diálogo?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O riso indica que o marujo falou com ironia, brincando com o menino, porque os ventos foram fortes, jogaram o navio de um lado para o outro. Dessa forma, poderia demonstrar coragem e rir do medo de Robinson.

09 – O Capítulo III, narra uma viagem que Robinson fez oito anos mais tarde. Observe:

        “O vento estava de feição, como dizem os marinheiros. As velas se enfunaram e o navio lá se foi.”

a)   Com base no significado de enfunar, no glossário, aponte o sentido da expressão “o vento estava de feição”.

As velas inflaram, pois o vento estava bom, favorável.

b)   De acordo com trecho, explique como foi a partida da viagem.

A partida foi fácil e rápida.

10 – O terceiro parágrafo do Capítulo III, descreve o início da viagem.

        “Por muitos dias só tivemos bom tempo. O navio navegava firme, tudo parecendo indicar que a viagem seria das mais felizes. Mas não foi assim.”

a)   Que sequência descritiva mostra como estava o tempo?

“Por muitos dias só tivemos bom tempo”.

b)   Qual sequência descreve como o navio segura?

“O navio navegava firme”.

c)   No trecho em destaque, que palavra dá, ao leitor, uma pista de que algo acontecerá? Explique sua resposta.

Parecendo, pois apenas parecia que tudo seria tranquilo; mas, na verdade, algo estava para acontecer.

d)   Em sua opinião, a descrição do início da viagem e o título do Capítulo, “O Naufrágio”, provocam que efeitos no leitor?

Deixam o leitor curioso. O título já informa que haverá um naufrágio e a descrição do início da viagem deixa o leitor na expectativa dos acontecimentos seguintes.

11 – Até o penúltimo parágrafo do trecho do Capítulo III, há uma sequência narrativa que conta um episódio ocorrido antes do naufrágio. Identifique, nessa sequência, a situação inicial, a complicação e a resolução da complicação.

      Situação inicial: Robinson sai em viagem oito anos mais tarde. Complicação: uma forte tempestade cai e o barco encalha. Resolução da complicação: os tripulantes do navio conseguem escapar em um bote.

12 – Releia o último parágrafo do Capítulo III.

        “Vagalhões furiosos nos foram levando em direção dumas pedras que pareciam ainda mais terríveis que as ondas. De repente uma vaga maior cobriu o bote. Ninguém teve tempo de gritar ou pensar. Fomos todos engolidos pelas águas.”

a)   O que assombrava os tripulantes? Se for preciso, consulte o glossário para explicar.

As imensas ondas que os levavam em direção às pedras.

b)   Que fato conduz à situação final do capítulo?

O fato de o bote ter virado durante a tempestade.

c)   O que há de diferente entre a situação final do Capítulo I e a do Capítulo III?

Em I, tudo fica resolvido de forma positiva; Em III, o acontecimento é negativo, pois todos os tripulantes foram “engolidos pelas águas”.

d)   Que efeitos essa diferenças constroem na narrativa? Como o leitor reage a cada uma dessas situações finais?

Em I, a tensão acaba, tudo fica resolvido e o leitor pode ficar tranquilo. Em III, gera-se tensão e suspense, e o leitor fica impactado, querendo saber o que virá em seguida.

 

 

 

CARTAZ: ABAIXO-ASSINADOS - COM GABARITO

 Cartaz: Abaixo-assinados


Fonte da imagem -  https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhyn1RBcls_xxLZKnjyn0fbhRh1i9M77vJXxhjgMjwnRSkNecuSBXB51djcX_7WOuQej2H1_CcCtfvh770mYB-kiJE4u6gJQ4vi7VBCHa4v1GGrR_JHJMoTC_W0j_lLb0rpePxUxfDPwp4-k-i4EFxOryXYHq-9XmwNSVO5khHldClkwONfdt6ePIPh=s195

Disponível em: www.charge.org/about. Acesso em: 4 jun. 2018.

         Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 202.

Entendendo o cartaz:

01 – A página é dividida em duas partes. Observe-a atentamente e descreva-a.

      A parte superior apresenta uma tarja (ou faixa) vermelha com uma frase em fonte de cor branca e tamanho grande: “A melhor e maior plataforma de abaixo-assinados do mundo”. Por trás do texto, há uma imagem de pessoas andando na rua. A parte inferior tem fundo branco e apresenta informações sobre o site, organizadas em duas colunas, com fonte preta e menor que a da parte superior. Ao lado de cada item, há, em vermelho, um pequeno símbolo.

02 – Abaixo da tarja vermelha são apresentados os objetivos do site. Quais são eles?

      O site permite que as pessoas façam mobilizações, consigam apoio e convençam os responsáveis pelas decisões públicas.

03 – Charge é uma palavra inglesa que pode ser usada como substantivo ou como verbo. Significa “mudança” ou “mudar”. Troque ideias com seus colegas e, com a ajuda do professor(a), explique o que se pede.

a)   Que relação você supõe que exista entre o nome do site e os objetivos dele?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O objetivo do site – ajudar pessoas que desejam mudar alguma situação a buscar apoio para resolver problemas – está explícito no nome dele.

b)   No contexto do site, o que se entende por mobilização?

Significa “ato de reunir pessoas em torno de uma causa comum; concentração de pessoas em atividades de interesse coletivo; articulação entre pessoas com o mesmo interesse”.

04 – Observe mais uma vez os símbolos e as informações sobre quem usa a Charge. Org. Que pessoas podem interessar-se pelo site?

      Pessoas interessadas em faze abaixo-assinados e seus apoiadores, organizações, governantes, empresas, cidadãos, clientes, jornalistas.

05 – Abaixo-assinado é uma palavra composta. Pense nos elementos que a constituem e considere o contexto do site. Você saberia definir um abaixo-assinado?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Os elementos de composição sugerem o sentido de “aquele que assina embaixo”, “os que estão abaixo do texto, por meio de suas assinaturas".

HISTÓRIA: ROBINSON CRUSOÉ -(FRAGMENTO) - DANIEL DEFOE - COM GABARITO

 História: Robinson Crusoé – (Fragmento)

                 Daniel Defoe

       [...] Deixando que soubessem de mim como quisesse o acaso, sem pedir a bênção de Deus ou de meu pai, sem qualquer consideração das circunstâncias ou consequências, e em má hora, Deus o sabe, a 1º de setembro de 1651, subi a bordo de um navio com destino a Londres. Acredito que jamais os infortúnios de um jovem aventureiro começaram mais cedo, ou se prolongaram tanto como os meus. Mal o navio deixara o Humber, o vento começou a soprar e as ondas cresceram assustadoramente; como eu jamais estivera no mar, fiquei indescritivelmente enjoado e em pânico. Comecei então a refletir com seriedade sobre o que fizera, sobre quão justamente estava sendo surpreendido pelo juízo do Céu, pela forma perversa como fugira da casa de meu pai e abandonara meu dever. Todos os bons conselhos recebidos, as lágrimas de meu pai e as súplicas de minha mãe retornaram vividamente ao meu espírito, e minha consciência, que ainda não fora reduzida ao grau de insensibilidade que atingira desde então, censurou-me por desprezar o conselho e transgredir o dever para com Deus e com meu pai.

        Tudo isso enquanto a tempestade recrudescia, e o mar, no qual eu nunca estivera antes, subia muito alto, embora sequer se comparasse com o que vi muitas vezes mais tarde. Não, nem com o que vi poucos dias depois, mas naquele momento foi o bastante para impressionar-me, eu que não passava de um jovem marinheiro e jamais soubera coisa alguma a esse respeito. Temia que cada onda fosse nos engolir, e sempre que o navio caía, como eu pensava, no abismo cavado pelas ondas, achava que não viríamos mais à tona. Em meio a essa agonia fiz muitas juras e promessas: se Deus houvesse por bem poupar-me a vida nessa única viagem, se um dia eu tornasse a pôr o pé em terra firme enquanto vivesse, iria diretamente para a casa de meu pai e jamais me precipitaria de novo em desgraças como essas. Agora eu enxergava claramente o acerto de suas observações acerca da situação intermediária na vida, como ele vivera todos os seus dias com tanto sossego, tanto conforto e jamais fora exposto a tempestades no mar ou dificuldades em terra; e resolvi que, como um verdadeiro pródigo arrependido, retornaria à casa paterna.

        Estes sábios e sóbrios pensamentos prolongaram-se durante todo o tempo que durou a tempestade, na verdade, um pouco mais, mas no dia seguinte o vento amainara, o mar estava mais calmo, e comecei a habituar-me com ele. No entanto, eu estava muito abatido em razão de tudo que me acontecera no dia anterior e também ainda um pouco indisposto. Mas ao fim da tarde o tempo clareou, quase não havia mais vento, e seguiu-se um lindo e agradável entardecer. O sol se pôs perfeitamente claro e assim se ergueu na manhã seguinte. Havendo pouco ou nenhum vento, o mar tranquilo e o sol luzindo acima dele, o panorama pareceu-me o mais encantador que já me fora dado vislumbrar.

        Eu dormira bem à noite e agora já não estava enjoado, ao contrário: cheio de ânimo, olhava maravilhado para o mar, tão encrespado e terrível no dia anterior e capaz de mostrar-se tão plácido e agradável pouco tempo depois. Então, temendo que perseverasse nos meus bons propósitos, meu companheiro – que na verdade me instigara a partir – aproximou-se de mim.

        – Então, Bob – diz ele, apertando meu ombro –, como é que você está se sentindo? Garanto que ficou assustado com aquele vento que bateu na noite passada, não?

        – Você chama aquilo de vento? – disse eu. – Foi uma tempestade terrível.

        – Tempestade, não seja bobo – retruca ele –, você chama aquilo de tempestade? Ora, aquilo não foi nada. Basta termos um bom barco e espaço de manobra e nem ligamos para um ventinho desses, mas você é marinheiro de primeira viagem, Bob. Venha, vamos fazer um ponche e esquecer tudo. Veja só que tempo lindo está fazendo agora!

Daniel Defoe. As aventuras de Robinson Crusoé. Trad. por Albino Poli Jr. Porto Alegre: L&PM, 2008. p. 13-15.

        Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 146-9.

Entendendo a história:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Humber: área na costa leste da Norte da Inglaterra onde vários rios deságuam no mar. Trata-se de um estuário, ou seja, uma grande faixa de deságuas.

·        Amainar: tornar brando, calmo, sereno; acalmar-se.

02 – Compare um trecho da tradução original do Capítulo I [I] com um trecho da adaptação feita por Monteiro Lobato [II].

I – Comecei então a refletir com seriedade sobre o que fizera, sobre quão justamente estava sendo surpreendido pelo juízo do Céu, pela forma perversa como fugira da casa de meu pai e abandonara meu dever. Todos os bons conselhos recebidos, as lágrimas de meu pai e as súplicas de minha mãe retornaram vividamente ao meu espírito [...]. Em meio a essa agonia fiz muitas juras e promessas: [...] e resolvi que, como um verdadeiro pródigo arrependido, retornaria à casa paterna.”

II – “Lembrei-me então de casa e das palavras de minha mãe. – Se escapo dessa – disse comigo – outra não me pilha. Chega de ser marinheiro. Só quero agora uma coisa – voltar para casa e nunca mais deixar a companhia dos meus pais”.

a)   O texto adaptado usa o mesmo vocabulário do texto original? Que diferenças você nota?

Não, o texto adaptado utiliza um vocabulário mais usual, com palavras mais conhecidas e comuns. O texto original usa palavras desconhecidas e menos usuais.

b)   Pela observação, como a adaptação interfere no modo de apresentar as ideias?

A adaptação torna o texto mais curto, usa palavras mais comuns e simplifica a narrativa.

03 – Leia dois trechos do texto original.

I – “[...] a tempestade recrudescia, e o mar, no qual, eu nunca estivera antes, subia muito alto [...]”.

II – “[...] Temia que cada onda fosse nos engolir, e sempre que o navio caía, como eu pensava, no abismo cavado pelas ondas, achava que não viríamos mais à tona. [...]”.

a)   Volte ao texto do Capítulo I e identifique de que modo Monteiro Lobato adaptou esse trechos originais.

I – “O navio era jogado em todas as direções, como se fosse casca de noz. Nunca supus que tempestade fosse assim. Toda a noite o vendaval soprou e nos judiou”; II – “A manhã rompeu e a tempestade inda ficou pior que de noite”.

b)   Que marcas, no original e na adaptação, mostram a intensidade da tempestade?

Em I, as palavras recrudescia, engolir e abismo indicam a força da tempestade. Em II, a comparação do navio com casca de noz, a descrição do navio jogado em todas as direções e o advérbio pior mostram a intensidade da tempestade.

c)   Imagine que você seja o adaptador do trecho I e tenha de adaptá-lo a leitores adolescentes, com idades próximas à sua.

·        Como você o reescreverá?

Resposta pessoal do aluno.

·        Que linguagem usará? Se for preciso, consulte um dicionário.

Resposta pessoal do aluno.

04 – Compare mais uma vez dois trechos das versões original [I] e adaptada [II], que descrevem o estado do mar durante e após a tempestade.

I – “[...] olhava maravilhado para o mar, tão encrespado e terrível no dia anterior e capaz de mostrar-se tão plácido e agradável pouco tempo depois. [...]”.

II – “As ondas perderam a fúria. O navio foi parado de pinotear. [...]

      [...] o céu fez-se todo azul e o mar parecia um carneirinho, de tão manso”.

a)   De que modo os textos caracterizam o mar durante a tempestade?

O texto original qualifica o mar como “encrespado e terrível”, o texto adaptado sugere que o mar estava em “fúria” durante a tempestade.

b)   E depois da tempestade? Como os textos caracterizam o mar?

O original mostra que ficou “plácido e agradável” e a adaptação diz que ficou “manso como um carneirinho”.

c)   Compare os dois trechos e responda: Qual é o sentido da palavra plácido no trecho I?

Plácido significa “calmo”.

05 – Observe dois trechos da adaptação.

        “[...] O navio era jogado em todas as direções, como se fosse casca de noz. [...]”

        “[...] o céu fez-se todo azul e o mar parecia um carneirinho, de tão manso. [...]”.

a)   De que modo a adaptação mostrou como estava o navio durante a tempestade e como ficou o mar depois dela?

Por meio de comparações. Comparou o navio com uma casca de noz e o mar com um carneirinho.

b)   Que efeito esse recurso cria na narrativa?

Torna a narrativa mais concreta.

c)   Por que o adaptador usou esse recurso?

Para que o leitor possa compreender os acontecimentos narrados.

06 – O vocabulário do texto original usa palavras menos comuns. Reescreva as passagens a seguir, de modo a adaptar a história ao público infanto-juvenil. Para isso, substitua as palavras assinaladas por outras de sentido equivalente, após consultar o quadro com opções abaixo.

        Pedidos – brilhando – sofrimentos – levantou – entrever.

a)   “Acredito que jamais os infortúnios de um jovem aventureiro começaram mais cedo, ou se prolongaram tanto como os meus”.

Sofrimentos.

b)   “Todos os bons conselhos recebidos, as lágrimas de meu pai e as súplicas de minha mãe retornaram vividamente ao meu espírito”.

Pedidos.

c)   “O sol se pôs perfeitamente claro e assim se ergueu na manhã seguinte”.

Levantou.

d)   “Havendo pouco ou nenhum vento, o mar tranquilo e o sol luzindo acima dele, o panorama pareceu-me o mais encantador que já me fora dado vislumbrar”.

Brilhando – entrever.

07 – Por meio da comparação do original com a adaptação, faça as atividades a seguir.

a)   Resuma as ideias principais, o enredo da história.

Um jovem resolve sair pelo mundo em busca de aventura. Foge da casa dos pais e embarca em um navio. Em primeira viagem, passa por uma tempestade que o deixa muito assustado e faz arrepender-se de ter embarcado. Ele promete a si mesmo, então, que voltará para casa.

b)   Para resumir a história, em qual das versões você se baseou?

Resposta pessoal do aluno.

08 – Com base nas observações feitas, caracterize cada um dos textos, o original e o adaptado, em relação:

a)   Ao detalhamento das descrições de personagens e situações.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: no texto original, há mais detalhes sobre personagens e situações; além dos adjetivos, a narrativa conta também com advérbios que favorecem a caracterização de personagens e situações; e, no texto adaptado, a narrativa é apresenta por meio de períodos mais curtos, contando com adjetivos, mas sem muitos advérbios. Caso tenham dificuldades, apresente alguns trechos como exemplo e indique essas diferenças.

b)   À linguagem empregada.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: o texto original recorre a um léxico e a uma organização discursiva mais adequada ao contexto em que foi escrito e ao momento de produção da obra (1719). O texto adaptado considera a faixa etária a que se destina e também as características contextuais consideradas por Monteiro Lobato.

09 – Com base na comparação entre as duas versões do texto, responda às questões a seguir.

a)   Há diferenças entre o público-alvo de cada texto? Explique sua resposta.

Sim. O texto original, por ter uma linguagem mais rebuscada e maior detalhamento de personagens e situações, portanto, exige do leitor mais maturidade e experiência de leitura. A adaptação, por ser mais simples e ter um vocabulário casual, destina-se aos jovens leitores, ainda em formação.

b)   Você já leu outros textos adaptados? Para você, qual é a função das adaptações?

Resposta pessoal do aluno.

10 – Faça uma pesquisa na internet e descubra outras obras clássicas adaptadas para HQ digitando “obras adaptadas para HQ” na barra de pesquisa do navegador. Compartilhe suas descobertas com os colegas e o professor.

      Resposta pessoal do aluno.

PINTURA: CARROSSEL - MILTON DACOSTA - COM GABARITO

 Pintura: Carrossel

             Milton Dacosta

Fonte da imagem -  https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhKAAYqNF9DOs5hGc_ess8WbZmqVQpehtxzYkCsOz_3pF20Ul88hWfccNoWMqumn7ArgFP9izcM4S5QSNoj3h6tW3nL_9AMsMqJXDKBpebWq2KQwJ1nE6ULWR251__MfHtVMSCSx4d-C_UZFfVBt8B2NMf3V6yWPZ1-McqScYvJsL4iZwlIXkEWDqAt=s249

Milton Dacosta. Carrossel, 1945. Óleo sobre tela, 39 cm x 47 cm. Coleção particular.

Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 114-5.

Entendendo a pintura:

01 – Observe a reprodução de uma pintura do brasileiro Milton Dacosta (Niterói, 1945 – Rio de Janeiro, 1988). O que você vê na imagem? Descreva-a com detalhes, apontando as figuras, ações e cores que chamam sua atenção.

      Um carrossel, com uma menina sobre um cavalo vermelho – em destaque – com as mãos soltas e os cabelos esvoaçantes. Há um menino no cavalinho de trás outra criança à frente da menina, todos com as mãos soltas dos cavalinhos.

02 – Onde costuma acontecer uma cena como essa?

      Em um parque de diversões.

03 – Você já experimentou o brinquedo representado na pintura?

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Numa pintura, a cena representada é resultado do trabalho do artista, que mistura experiência, imaginação e o conhecimento sobre os materiais e as técnicas. Na pintura analisada, qual foi o resultado final dessa mistura? Você gostou? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

 



PEÇA TEATRAL: MAROQUINHAS FRU-FRU RECEBE UMA SERENATA - MARIA CLARA MACHADO - COM GABARITO

 Peça Teatral: MAROQUINHAS FRU-FRU RECEBE UMA SERENATA

  Maria Clara Machado

Personagens: Maroquinhas, Zé Meloso, Guarda Pedrito, empregados.

Cenário: Uma praça com uma a casa de Maroquinhas ao fundo. Uma janela com cortina leve. É noite. (Surge Zé Meloso com grande capa preta e chapéu de abas. Sob a capa, um violão).

Ato único

        ZÉ MELOSO: Onde será? Onde será a casa dela? É aqui. Não. Sei que é o número 35, mas está tão escuro que nada vejo. Sinto cheiro de jasmim... Ouço um suspiro forte de moça. De onde virá? Daqui? Não, este ainda não é o número 35. É o 33. Diga 33, Zé Meloso, para ver se acalma o seu coração. Estou perto, 33, 34, eis o 35. Vou começar a agir agora mesmo. E vocês verão que de Zé Meloso ninguém ganha. (Cantando). Ai! Ai! Quem tem cavanhaque é bode. Com Zé Meloso ninguém pode! (Joga a capa preta na beira do palco e tira um violão).

       Lá... lá... lá... (Cantando) Ma... Ma... Ma... roquinhas... Maroquinhas...

        Meu morango, minha uva, meu abacate,

        Meu chuchu, meu repolhinho, meu mamão,

        Teus olhinhos

        Me derretem o coração.

        Oh! Beleza encantadora... Oh! Senhora... Fru-Fru! Fru das fru-tas... (pausa) Vejo luz no quarto da minha bela, oh! Oh!

        MAROQUINHAS: (aparecendo à janela) Oh! Desconhecido, de onde vindes? Quem sois vós que a esta avançada hora vindes despertar-me dos meus sonhos?

        ZÉ MELOSO: Sou o Zé de Sousa Meloso, vim de Minas Gerais, e trouxe para a senhora lindos presentes da minha terra. Um filhote de zebu, um santinho de pedra-sabão, e uma água-marinha. E trago ainda um pote de melado, um papagaio falador e um xale de tricô.

        MAROQUINHAS: Um pote de melado! Oh, senhor Meloso, que delicadeza! Estava mesmo sonhando com um pote de melado... Um papagaio! Um xale de tricô! Ai, meu Deus!

        ZÉ MELOSO: Então sonhavas comigo! (Noutro tom) Que perigo!

        MAROQUINHAS: Nem tanto, senhor, nem tanto!

        ZÉ MELOSO: E agora, minha empada, meu tutu, meu pastelão,

        Minha rosa, meu cravo, meu jasmim

        Comecem a música, pi-rim-pim-pão...

        E tragam os presentes, pi-rim-pim-pim...

        (Começam a desfilar os presentes trazidos pelos criados). (Pedrito, o guarda, aparece num canto e fica muito surpreso).

        PEDRITO: (Para o público). Que vejo, meu Deus, que vejo! Será um ladrão? Sou o guarda Pedrito e tenho que vigiar a casa de Maroquinhas Fru-Fru. Oh! É uma serenata. Vou me esconder.

        MAROQUINHAS: Oh, senhor Meloso! Que presentes tão lindos!

        ZÉ MELOSO: E agora, minha senhora Fru-Fru, posso começar a serenata?

        MAROQUINHAS: Pode, sim.

        ZÉ MELOSO: Vim de longe do sertão,

        Passei serra, passei mundo,

        Tô cansado, tô imundo,

        Queridoca, tô aqui

        Pra pedir a sua mão.

        (Noutro som) Senhora vim pedi-la em casamento.

        MAROQUINHAS: Oh! Oh! Oh!

        PEDRITO: (Para o público): Em casamento! Ora, vejam só!

        ZÉ MELOSO: Sou solteiro, batizado e vacinado, tenho casa com jardim e galinheiro. Senhora Fru-Fru, quer casar comigo? (Noutro tom) Também tenho dinheiro.

        MAROQUINHAS: Oh, senhor... senhor! Sou noiva... (Bem melodramática).

        PEDRITO (Aliviado): Ah!

        ZÉ MELOSO: Quem é o noivo?

        MAROQUINHAS: O guarda Pedrito.

        PEDRITO (Para o público): Eu.

        ZÉ MELOSO: O guarda Pedrito? Há... Ha... Ha... (rindo).

        PEDRITO (Com um pau na mão):Há... há... há... o quê?

        ZÉ MELOSO (Sempre sem ver Pedrito): Aquele guarda é um bobão...

        MAROQUINHAS: Oh!

        ZÉ MELOSO: Que nem sabe tocar violão!

        MAROQUINHAS: Ah! Isto é verdade.

        PEDDRITO: Oh!

        ZÉ MELOSO: E nem sabe cantar as modinhas da cidade.

        MAROQUINHAS: Ah! Isto é verdade.

        PEDRITO: Oh!

        ZÉ MELOSO: E nem sabe dar lindos presentes.

        MAROQUINHAS: Isto é verdade.

        ZÉ MELOSO: Ele por acaso já deu tão ricos presentes?

        MAROQUINHAS: Somente um saco de pipocas. (Sempre com voz declamatória).

        ZÉ MELOSO: E estavam gostosas?

        MAROQUINHAS: De-li-ci-o-sas...

        ZÉ MELOSO: Espere um pouco (Sai de cena e volta logo depois, seguido de um empregado, carregando um enorme saco de pipocas).

        MAROQUINHAS: (Içando o saco e provando as pipoca): Estas também estão deliciosas!

        ZÉ MELOSO: Senhora Fru-fru, em nome dessas pipocas, quer se casar comigo?

        MAROQUINHAS: Não posso, senhor, não posso. (Declamando) Sou n-o-i-v-a...

        ZÉ MELOSO: O guarda Pedrito não sabe jogar futebol, sabe?

        MAROQUINHAS: Não, ele não sabe.

        ZÉ MELOSO: E, ainda por cima, o guarda Pedrito é um grande medroso.

        MAROQUINHAS: Ah, isso não... O guarda Pedrito é o guarda mais corajoso do mundo. E o senhor pode ir embora, está ouvindo? Ninguém pode chamar o guarda Pedrito de Medroso. (Entra e fecha a janela).

        ZÉ MELOSO: Senhora Fru-Fru, senhora Fru-Fru... Volte, que eu também sou corajoso...

        PEDRITO: (Entrando em cena) Se é corajoso, prepare o muque.

        ZÉ MELOSO: (Fugindo) O guarda Pedrito... Ui... Ui... (Pedrito persegue Meloso, iniciam um jogo de esconde-esconde até que brigam. [...] dirigi-se depois para a janela de Maroquinha).

        PEDRITO (com voz doce): Maroquinhas... Maroquinhas... Apareça, minha querida.

        VOZ DE MAROQUINHAS: Já disse, senhor Meloso, que não quero nada com o senhor...

        PEDRITO: (Para o público) Ela está pensando que eu sou o Meloso. Sou eu, Maroquinhas, sou eu o guarda Pedrito.

        MAROQUINHAS: E ainda por cima querer passar pelo guarda Pedrito. Imitando a voz dele. Espere aí, que você aprenderá. (Aparece com um vaso-d’água e derrama em cima de Pedrito, jogando, a seguir, o vaso em sua cabeça) E agora vá-se embora, senhor Meloso... Homem audacioso.

        PEDRITO: Ui... Ui... (Cambaleia e desmaia).

        MAROQUINHAS: (Percebendo o que fez) Oh! É o Pedrito... Oh, que fiz? Será que quebrei o seu nariz? (Sai da janela e desce em cena).

        PEDRITO: Ai... Ai...

        MAROQUINHAS: Aqui estou, meu formoso... Tudo por causa do Meloso. (Abana Pedrito) Será que ele morreu? Acorde, acorde, Pedrito, que eu entro num faniquito.

        PEDRITO: Ai... Ai...

        MAROQUINHAS: Oh! Ele está vivo... Acorde, acorde, meu herói...

        PEDRITO: (Levantando-se) Ai, minha cabeça, como dói...

        MAROQUINHAS: Oh! Pedrito, vamos passear, vamos ao parque.

        PEDRITO: Comprar pipocas?

        MAROQUINHAS: Sim, pipocas. Vamos. Pedrito, vamos logo. São tão gostosas as pipocas do parque...

        PEDRITO: Maroquinhas... Maroquinhas.

        MAROQUINHAS: Que é, Pedrito?

        PEDRITO: (Envergonhado) Eu... Eu tenho uma surpresa para você...

        MAROQUINHAS (Curiosa): O que é Pedrito?

        PEDRITO: (Envergonhadíssimo) Sabe Maroquinhas... Eu fiz um verso para você... (Dá uma corridinha e volta encabulado).

        MAROQUINHAS (Deslumbrada) Oh! Pedrito, diga. Diga logo, Pedrito... Deve ser tão bonito...

        PEDRITO: Então lá vai:

        Quando o Meloso vi em tua janela,

        Confesso que fiquei bastante aflito,

        Mas logo vi que o maior amor no mundo

        É só de Maroquinhas e de Pedrito...

        MAROQUINHAS: Lindo... Lindo, Pedrito, profundo... Você é o poeta melhor do mundo... E o melhor guarda-noturno!

        PEDRITO: Vamos passear? Meu bem?

        MAROQUINHAS: Vamos, Pedrito, vamos comer pipocas.

        (Os dois saem, de braços dados). VOZ AO LONGE: Olha o pipoqueiro... PANO – FIM.

                       Maria Clara Machado. A aventura do teatro & Como fazer teatrinho de bonecos. 2. Ed. Rio de Janeiro: Singular, 2009. p. 112-120.

Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 81-6.

Entendendo a peça teatral:

01 – As personagem de uma peça situam-se em determinado lugar e época.

a)   Quais são as personagens da peça?

Zé Meloso, Maroquinhas, Pedrito e empregados.

b)   Onde a ação se passa?

Em uma praça em frente à casa de Maroquinhas.

c)   Que cenário você criaria para encenar esse texto?

Resposta pessoal do aluno.

d)   Em que época está situada a história da peça?

No texto não há indicação do momento em que tudo ocorre. Isso pode significar que a história é atemporal, sendo possível ocorrer em qualquer época.

e)   Em sua opinião, a peça é séria ou descontraída? Leva o espectador a rir ou chorar? Justifique sua resposta.

Resposta pessoal do aluno.

02 – Observe atentamente o nome das personagens.

a)   O que sugere o sobrenome Meloso? Leia os significados da palavra, que é um adjetivo, em um dicionário on-line.

Meloso adj.

[...]

1.   Doce.

2.   Semelhante ao mel.

3.   Que chora ou se comove por qualquer ninharia. = PIEGAS

4.   Que suscita comoção ou sensibilidade. = PIEGAS.

Plural: melosos [ó].

     [...].

Dicionário Priberam da língua portuguesa. (on-line), 2008-2013. Disponível em: www.priberam.pt/dlpo/meloso. Acesso em: 9 abr. 2018.

·        Qual ou quais desses sentidos mostram a relação entre sobrenome de Zé Meloso e a personalidade dele? Justifique sua resposta.

Os sentidos 3 e 4. Zé Meloso quer agradar, mas suas palavras não são adequadas; ele exagera para comover Maroquinhas e acaba sendo piegas. (Com excesso de sentimentalismo).

b)   Você já ouviu a palavra Fru-Fru? Veja algumas acepções desse verbete.

Fru-fru [...] sm. 1. Pop. Aquilo que é infantilizado, ingênuo [...]. 2. Pop. Conjunto de enfeites, babadinhos, etc. com que se ornam as roupas. 3. Rumor de folhas ou tecido, ger. De seda.

                     Caldas Aulete. Minidicionário contemporâneo da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Lexicon, 2009. p. 388.

·        Que relação há entre o significado de fru-fru e o modo como Maroquinhas é caracterizada?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A palavra “Pop”, significa “popular”, ou seja, são os significados com que a palavra fru-fru é usada. Maroquinhas é frágil, fala de modo melodramático e é caracterizada como uma mulher cheias de fru-frus.

c)   Pedrito é diminutivo de Pedro, nome que se relaciona a pedra. Que contraste há entre os nomes Zé Meloso e Pedrito?

Zé Meloso é piegas e medroso. Pedrito é duro como a pedra e corajoso. O uso do diminutivo, entretanto, acrescenta suavidade à personagem.

03 – Volte ao início do texto e releia a cena da chegada de Zé Meloso.

a)   De onde ele vinha?

De Minas Gerais.

b)   O que ele pretendia fazer?

Conquistar Maroquinhas.

c)   De acordo com as informações do texto, é possível supor que Zé Meloso já conhecia Maroquinhas? Explique sua resposta.

Sim. Zé Meloso sabia o endereço de Maroquinhas e já a amava.

d)   Maroquinhas já conhecia Zé Meloso? Justifique sua resposta.

Não, pois ela o chama de desconhecido.

04 – Para tentar conquistar Maroquinhas, Zé Meloso usa várias estratégias.

a)   O que ele trouxe para Maroquinhas?

Ele trouxe vários presentes da terra dele: Um filhote de zebu, um santinho de pedra-sabão, uma água-marinha, um pote de melado, um papagaio falador e um xale de tricô.

b)   O que ele disse que tinha?

Uma casa com jardim e galinheiro, além de dinheiro.

c)   Quais são os talentos dele?

Sabe tocar violão, cantar e fazer versos.

d)   O que ele afirma sobre o guarda Pedrito?

Diz que é medroso e não dava presentes a Maroquinhas.

e)   Resuma as estratégias usadas por Zé Meloso em sua tentativa de conquistar Maroquinhas.

Ele traz presentes, exalta as próprias qualidades, mostra suas posses e aponta defeitos em Pedrito.

05 – Maroquinhas não aceitou a proposta de casamento.

a)   Por quê?

Porque era noiva de Pedrito e não aceitou que Zé Meloso falasse mal de seu noivo.

b)   O que isso prova em relação às estratégias de conquista de Zé Meloso?

Prova que as estratégias dele não foram boas, porque Maroquinhas não deu importância às posses, às qualidades do pretendente, nem aos presentes.

c)   O que você pensa da atitude de Maroquinhas?

Resposta pessoal do aluno.

06 – Releia o trecho a seguir.

        “[...] Diga 33, Zé Meloso, para ver se acalma o seu coração. Estou perto, 33, 34, eis o 35. Vou começar a agir agora mesmo. E vocês verão que de Zé Meloso ninguém ganha. (Cantando). Ai! Ai! Quem tem cavanhaque é bode. Com Zé Meloso ninguém pode! (Joga a capa preta na beira do palco e tira um violão). Lá... lá... lá... (Cantando) Ma... Ma... Ma... roquinhas... Maroquinhas...”. 

Além da fala da personagem, o que mais aparece no trecho?

      Orientações, entre parênteses, sobre sobre o que ele deve fazer: cantar e jogar a capa preta na beira do palco.

07 – No início do texto há indicações sobre as personagens.

a)   Localize as indicações para:

·        Maroquinhas: Dama loura, frágil, indefesa.

·        Zé Meloso: Poeta.

·        Pedrito, o guarda-noturno: Valente, noivo de Maroquinhas.

b)   Quais características você acrescentaria a cada personagem, depois de ter lido o texto e conhecido melhor cada uma delas?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Maroquinhas: sincera, fiel, leal. Zé Meloso: enrolador, conquistador, vaidoso. Pedrito guarda-noturno: desconfiado, corajoso, brigão.

08 – Chamam-se rubricas as instruções entre parênteses ao longo do texto ou antes dele. Leia as passagens a seguir e explique a função de cada rubrica.

-- Maroquinhas (Aparecendo à janela): Indica qual é o cenário e orienta a movimentação da personagem.

-- Maaroquinhas (Deslumbrada). Oh! Pedrito, diga. Diga logo, Pedrito... deve ser tão bonito: Explica a reação da personagem.

-- Pedrito Ui... Ui... (Cambaleia e desmaia): Orienta a movimentação do ator na cena.

-- Maroquinhas. Vamos, Pedrito, vamos comer pipocas. (Os dois saem, de braços dados): Orienta a movimentação dos atores na cena.

09 – Releia a fala de Pedrito e fique atento à rubrica.

        PEDRITO (Envergonhado): Eu... eu tenho uma surpresa para você...

a)   Por que Pedrito estava envergonhado?

Porque ele havia feito uns versos para Maroquinhas.

b)   Em outra passagem do texto, as rubricas indicam que o estado expresso por Pedrito na passagem acima deve ser acentuar. Localize tal passagem no texto e transcreva-a em seu caderno.

“PEDRITO (envergonhadíssimo): Sabe Maroquinhas... eu fiz um verso para você... (Dá uma corridinha e volta encabulado).”

c)   Indique, na nova rubrica, um sinônimo para envergonhado.

Encabulado.

d)   A indicação sobre o estado da personagem orienta o ator que estiver, representando o papel na encenação. Como você acha que o ator representaria essa cena?

Resposta pessoal do aluno.

10 – Releia a passagem a seguir e observe o verbete de dicionário com os significados da palavra “melodramático”:

        Maroquinhas: Oh! Senhor... senhor! Sou noiva... (Bem melodromática).

        Melodramático:

1.   Ref. A melodrama (gênero melodramático, repertório melodramático)

2.   Que, por envolver sentimentalização excessiva, apresenta características próprias de um melodrama: Ela adora criar situações melodramáticas.

a)   A indicação na rubrica recomenda que Maroquinhas se expressa de que modo?

A personagem deve expressar-se com sentimentalismo exagerado.

b)   Experimente dizer a fala de Maroquinhas em tom melodramático. Depois descreva de que modo projetou sua voz.

Resposta pessoal do aluno.

c)   Você já protagonizou ou presenciou uma situação melodramática? Conte como foi.

Resposta pessoal do aluno.

11 – Como as rubricas ajudam na encenação do texto?

      As rubricas orientam a encenação; elas indicam as reações e o movimento dos atores e explicam como a cena deve ser representada.

12 – Qual é a diferença entre o texto dramático que você leu e a encenação dele no palco?

      O texto é a descrição das falas e das rubricas. A encenação é a montagem da peça no palco.