segunda-feira, 1 de novembro de 2021

NOTÍCIA: MÃE DE CRIANÇA CADEIRANTE CRIA PLAYGROUND INCLUSIVO NO INTERIOR DE SÃO PAULO - FERNANDA TESTA - COM GABARITO

 Notícia: Mãe de criança cadeirante cria playground inclusivo no interior de São Paulo

                        Projeto tem brinquedos com cinto de segurança e gangorras com travas

11/05/18 às 17h00 – FERNANDA TESTA – RIBEIRÃO PRETO

        A cena de Maria Eduarda, 10, brincando com o irmão João Lucas, 6, no gira-gira do parquinho em uma praça de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, parece comum não fosse o detalhe do brinquedo: ele tem espaço para uma cadeira de rodas, o que permite a Duda, que não anda nem fala, fazer parte da brincadeira.

        Graças à mãe dela, Selma Meneses Nalini, 34, a menina e outras crianças com deficiência têm a oportunidade de brincar em playgrounds 100% acessíveis. Desde 2016, Selma conduz o projeto Duda Nalini, que implanta parquinhos inclusivos em diferentes regiões do município.

        Três espaços (nas zonas sul, norte e leste) já foram contemplados com os playgrounds, e um quarto local deve ser inaugurado até o fim deste ano.

        Além do gira-gira com acesso para cadeira de rodas, os playgrounds têm brinquedos como balanços com cinto de segurança específico, gangorras com travas e assentos maiores, com cinto ajustável. Os equipamentos também têm painéis de comunicação alternativa – para pessoas sem fala ou sem escrita funcional.

        Desde que soube da má-formação congênita da filha, no início da gravidez, Selma procura meios de garantir qualidade de vida para a menina.

        Portadora de agenesia cerebelar (ausência de cerebelo), Duda nasceu sem expectativa de sobrevida. No decorrer dos anos, no entanto, passou por inúmeras internações e cirurgias e segue estável, prestes a completar 11 anos.

        Nas idas e vindas de hospitais, Selma conheceu famílias semelhantes à dela. Começou a organizar, em casa, eventos como piqueniques e festinhas temáticas para promover o encontro entre mães e crianças.

        “As mães trocavam experiências. Era um ambiente de apoio e, ao mesmo tempo, lazer”, diz. Com o passar do tempo, o grupo de mães cresceu e o espaço ficou pequeno. Também Selma viu que o caçula queria um meio de brincar mais com a irmã.

        Ela passou a pesquisar a acessibilidade em outros países. “Vi que existiam fábricas de brinquedos inclusivos, e pensei que com esses brinquedos eu poderia fazer algo permanente para as crianças. Foi aí que veio a ideia de instalá-los em áreas públicas”.

        Em 2016, protocolou um projeto na prefeitura. Após tramitar por seis pastas diferentes, foi finalmente aprovado no início do ano seguinte.

        Com ajuda da iniciativa privada, Selma consegue a doação, implantação e manutenção dos brinquedos em áreas públicas. Cabe à prefeitura apenas autorizar o uso dessas áreas para que os playgrounds sejam construídos.

        O primeiro espaço foi inaugurado em junho do ano passado, na zona sul; o segundo, em outubro em uma praça na zona leste. Em abril deste ano, um parque na zona norte foi contemplado. Outro espaço, na zona sul, deve ganhar o parque inclusivo ainda este ano.

        Característica comum a todos os locais, os brinquedos permitem que crianças com e sem deficiência brinquem juntas. “Não queria algo somente para pessoas com deficiência. Quero acabar com essa cultura da exclusão e do isolamento. Colocando todos juntos, acredito que podemos diminuir o preconceito”.

Disponível em: www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/05/mae-de-crianca-cadeirante-cria-playground-inclusivo-no-interior-de-são-paulo.shtml. Acesso em: 6 jun. 2018.FOLHAPRESS.

Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 41-3.

Entendendo a notícia:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Acessibilidade: possibilidade de acesso, de entrada e saída de lugares.

·        Cadeirante: pessoa que se locomove em cadeira de rodas.

·        Cerebelo: parte do cérebro responsável pela coordenação dos movimentos.

·        Congênito: que se manifesta desde o nascimento.

·        Inclusivo: que possibilita a inclusão, o acolhimento, a integração.

·        Playground: palavra da língua inglesa que significa “área com brinquedos usada para recreação de crianças”.

02 – Observe o título da notícia e responda às questões. Se necessário, consulte o glossário.

a)   Quem é a pessoa de quem se fala?

A mãe de uma criança cadeirante.

b)   O que ela fez?

Criou playgrounds inclusivos no interior de São Paulo.

c)   Por que a ação noticiada é importante?

Porque as crianças cadeirantes muitas vezes não podem brincar em playgrounds, já que os brinquedos não são próprios para elas. A notícia divulga uma iniciativa importante para a comunidade. 

03 – O subtítulo acrescenta quais informações? Por que elas são importantes?

      O subtítulo explica que os brinquedos têm cinto de segurança e travas nas gangorras. Isso é importante porque mostra como são os brinquedos do playground inclusivo.

04 – No primeiro parágrafo da notícia:

a)   Quem são as pessoas citadas? Onde elas estão? O que estão fazendo?

Maria Eduarda e seu irmão João Lucas. No parquinho de uma praça em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Brincando no gira-gira do parquinho.

b)   Que dados numéricos a respeito delas são citados?

A idade. A menina tem 10 anos e o menino, 6 anos.

05 – Indique a alternativa correta. A cena descrita no primeiro parágrafo:

a)   Contém todos os detalhes da notícia.

b)   Apresenta as pessoas envolvidas, mas não diz o que faziam.

c)   Mostra o lugar onde tudo ocorreu, sem nada informar sobre a ação desenvolvida.

d)   Resume os elementos fundamentais a serem desenvolvidos no restante do relato feito pela notícia.

06 – No segundo parágrafo, a notícia tem continuidade.

a)   Que outra pessoa é citada? Que dado se informa sobre ela?

A mãe da menina, Selma Meneses Nalini, informa-se que ela tem 34 anos.

b)   Com base no glossário, explique o que caracteriza um playground 100% acessível.

Um playground 100% acessível é aquele que possibilita o acesso também de pessoas com dificuldade de locomoção.

c)   O nome do projeto faz referência a que pessoa citada na notícia?

O projeto tem o nome de Duda Nalini, a menina com dificuldade de locomoção.

07 – Releia o trecho a seguir.

        “Desde que soube da má-formação congênita da filha, no início da gravidez, Selma procura meios de garantir qualidade de vida para a menina.

        Portadora de agenesia cerebelar (ausência de cerebelo), Duda nasceu sem expectativa de sobrevida. No decorrer dos anos, no entanto, passou por inúmeras internações e cirurgias e segue estável, prestes a completar 11 anos.

        Nas idas e vindas de hospitais, Selma conheceu famílias semelhantes à dela. Começou a organizar, em casa, eventos como piqueniques e festinhas temáticas para promover o encontro entre mães e crianças.”

a)   No trecho transcrito, que tempo verbal predomina: presente, passado ou futuro?

Passado.

b)   O que esse tempo verbal indica a respeito das ações relatadas?

Indica que elas já aconteceram.

c)   Coloque em ordem a sequência de acontecimentos de acordo com a notícia.

1 – No início da gravidez, Selma soube da má-formação congênita da filha.

2 – Selma conheceu famílias semelhantes à dela.

3 – Duda passou por internações e cirurgias.

4 – Selma organizou eventos em casa para promover encontros entre mães e crianças.

5 – Duda nasceu sem expectativa de sobrevida.

      A sequência é: 1 – 4 – 3 – 5 – 2.

d)   Lembre-se do que aprendeu na Unidade 1 a respeito das sequências descritivas e narrativas e identifique o tipo de sequência predominante no trecho destacado. Justifique sua resposta.

Sequências narrativas, porque o trecho destacado relata uma sucessão de acontecimentos.

08 – Observe o trecho a seguir.

        “As mães trocavam experiências. Era um ambiente de apoio e, ao mesmo tempo, lazer”, diz.

a)   Quem fala nesse trecho?

Selma, a mãe de Duda.

b)   Você considera que é importante ouvir as pessoas envolvidas na notícia? Por quê?

Resposta pessoal do aluno.

09 – Relembre as características que você já observou na notícia.

·        Relato bem apresentado do fato noticiado.

·        Localização do acontecimento no tempo e no espaço.

·        Citação de nomes e dados das pessoas envolvidas.

·        Fala direta das pessoas envolvidas.

Esses procedimentos indicam que a notícia oferece informações:

a)   Comprováveis, que levam o leitor a confiar na notícia.

b)   Duvidosas, pois não podem ser conferidas e deixam o leitor em dúvida sobre o fato.

c)   Desnecessárias, uma vez que o leitor não precisa saber de nada disso para compreender o fato noticiado.

d)   Verdadeiras, mas pouco importantes, porque não garantem a confiança do leitor na notícia.

 

 

TIRINHA: CARAMELO NOVOS HÁBITOS - CLARA GOMES - FRASE EXCLAMATIVA - COM GABARITO

 Tirinha: Caramelo novos hábitos


 

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeRvDHP_r_0vB2vDf3SJ6dehLW_pSgSPEu9SU6tTNCUoBCrSIQaTSnQO-NfYLKakgt1vIU3jX5C0mz7TZzQWiU7lJA20ePgkjH1eXITecMgbOqWIDBpaJSpwNvwxJpM4rDHbintpWN78s/s415/CARAMELO.jpg

Clara Gomes. Novos hábitos. Bichinhos de jardim: histórias mequetrefes, 11 jan. 2017. Disponível em: http://bichinhosdejardim.com/novos-habitos. Acesso em: 29 mar. 2018.

Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 31.

Entendendo a tirinha:

01 – Que história a tirinha narra?

      A tira narra a história do caracol fazendo pequenos movimentos e, no final, exclamando, com alívio, que malhou, isto é, fez exercícios físicos.

02 – Em apenas um dos quadros há um balão de fala. Que tipo de frase foi usado?

      Frase exclamativa.

03 – Que sentimentos da personagem as frases indicam?

      Alívio, alegria.

LIVRO(FRAGMENTO): SE A MEMÓRIA NÃO ME FALHA - SYLVIA ORTHOF - COM GABARITO

 Livro: Se a memória não me falha (fragmento)

         Sylvia Orthof

        [...]

        Dona Sylvia não adoecia. Tinha a mania odiosa de, no meio da aula, de repente, me descobrir, sumida, lá na última carteira... e dizer, com voz meio cantada:

        -- Minha xará... ao quadro! (Eu sentava na última carteira, na aula de matemática.)

        Lá ia eu, tremendo. E começava o desespero: se um trem a tantos quilômetros vai de A a B, e outro, com a velocidade de xyz, trafega de B a A, em qual ponto da reta eles se encontrarão?

        [...].

Sylvia Orthof. Se a memória não me falha. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987. p. 53.

Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 30.

Entendendo o livro:

01 – Para dar mais vivacidade à narrativa, a narradora transcreve a fala direto da professora. Explique como isso é feito.

      A narradora usa travessões para indicar que a professora fala diretamente: “-- Minha xará... ao quadro!”.

02 – Que sinal de pontuação foi usado na fala da professora? O que essa pontuação indica?

      Foi usado o ponto de exclamação. Indica que a professora deu uma ordem à aluna.

03 – A aula era de que matéria?

      De Matemática.

04 – Que sinal de pontuação foi usado na pergunta feita pela professora?

      Ponto de interrogação.

05 – Imagine que você é a aluna Sylvia e foi chamada pela professora à lousa para resolver um problema. Elabore frases para dizer à professora:

a)   Que você não sabe a resposta do problema.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: -- Dona Sylvia, não sei resolver o problema.

b)   Que você sabe a resposta na ponta da língua e está contente por isso.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: -- Dona Sylvia, eu já sei a resposta!

c)   Que você tem uma dúvida naquele problema. Formule uma pergunta sobre sua dúvida.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: -- Dona Sylvia, qual era mesmo a velocidade do segundo trem?

 

 

HISTÓRIA EM QUADRINHOS: MENINO MALUQUINHO - PELA METADE - ZIRALDO - COM GABARITO

 História em Quadrinhos : Menino Maluquinho – Pela Metade

Fonte da imagem -https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgolfylY17_kPEUlqDm4cbYtSCgAb1pPPzRm2G31caR79BZiLohOwZCAWSjm8MzJin1h1DazMfvnBn1TJcLxbCwp7zNzJXjFGA828be68AvHIkja2pRpOzsiko54u6T6MQaLBZcq7mPcIY/s174/metade.jpg


ZIRALDO. Curta o menino maluquinho. São Paulo: Globo, 2007. v. 2. p. 14.

        Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 19.

Entendendo a história:

01 – Explique por que o título dessa história é “Pela metade”.

      Porque Maluquinho pede ao amigo que o deixe usar o computador por dez minutos, mas Sugiro só empresta a máquina pela metade do tempo, cinco minutos. Depois, quando Maluquinho quebra o computador, ele diz ao amigo que ele só havia quebrado metade do aparelho e que, por isso, Sugiro não devia ficar inteiramente bravo.

02 – Como Sugiro Fernando expressa que ficou bravo com o que Maluquinho fez?

      Ele grita o nome de Maluquinho. Sua expressão está muito zangada.

03 – Que recursos dos quadrinhos mostram essa irritação do amigo?

      O desenho da fisionomia de Sugiro, com olhos saltados, boca aberta, cabelos desarrumados, e o balão com o nome do Maluquinho escrito em letras maiúsculas e com as sílabas separadas.

04 – Você já sabe que, quando falamos, os fonemas se organizam em unidades chamadas sílabas. Qual é a função da separação de sílabas nesse desenho?

      A função é mostrar que o nome foi gritado com todos os sons, com força e irritação.

05 – Examine as sílabas da palavra Maluquinho.

a)   Mostre, nas duas primeiras sílabas, quais fonemas são consoantes e quais são vogais.

Em ma, m é consoante e a, vogal. Em lu, l é consoante e u, vogal.

b)   Observe a última sílaba. Se não houvesse a vogal, a sílaba poderia ser pronunciada em português? Por quê?

Não, porque nh sozinho não forma sílaba. É preciso haver uma vogal para formar uma sílaba.

REPORTAGEM: MUSEU EM AMSTERDÃ INCENTIVA VISITANTES A DESENHAR EM VEZ DE FOTOGRAFAR - O VIAJANTE - COM GABARITO

 Reportagem: Museu em Amsterdã incentiva visitantes a desenhar em vez de fotografar

        O Rijksmuseum, em Amsterdã, na Holanda, encontrou uma nova maneira de incentivar os visitantes a apreciar a arte: estimulando-os a desenhar as obras que veem, em vez de fotografá-las. O museu não proíbe o uso de câmeras ou de celulares, mas sugere que as pessoas deixem os equipamentos em casa.

        Como o próprio museu explica em seu site, “uma visita ao museu é, com frequência, uma experiência passiva e superficial. Os visitantes se distraem facilmente e não experienciam de verdade toda a beleza, mágica e maravilha daquilo que veem”.

        Esse é o motivo pelo qual o Rijksmuseum desenvolveu a campanha #Startdrawing. Ao desenhar, é possível perceber proporções, linhas e detalhes que não seriam notados num simples clique de foto. Essa assimilação mais completa também permite uma aproximação e uma maior compreensão da obra do artista.

        Não é necessário ser um expert em desenho para se juntar à campanha – a ideia é incentivar a participação de pessoas com diferentes níveis de habilidades. Trata-se de uma iniciativa que valoriza mais a experiência em si do que o resultado final.

        Embora o Rijksmuseum esteja sempre aberto para desenhistas, é nos sábados que o museu oferece gratuitamente cadernos de desenho e lápis aos visitantes.

   Museu em Amsterdã incentiva visitantes a desenhar em vez de fotografar. O Viajante, 25 nov. 2015. Disponível em: www.oviajante.uol.com.br/museu-em-amsterda-incentiva-visitantes-a-desenhar-em-vez-de-fotografar. Acesso em: 6 jun. 2018.

           Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 16.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual é o objetivo do museu ao desestimular fotografias?

      Incentivar os visitantes a apreciar a arte desenhando as obras, em vez de apenas fotografá-las.

02 – Por que, segundo o museu, o desenho é incentivado no lugar da fotografia?

      Porque o desenho possibilita perceber proporções, linhas e detalhes que não seriam notados num simples clique de foto.

03 – No primeiro parágrafo, há uma informação que, de certa forma, contraria a placa colocada na entrada. Que informação é essa?

      Não proíbe o uso de câmeras ou de celulares, mas sugere que as pessoas deixem os equipamentos em casa.

04 – Considerando a resposta anterior, qual, seria, então, a função da placa?

      A função seria chamar a atenção para a prática da fotografia nos museus, mostrar uma proibição que, de fato, não existe, mas que mostra um problema comum na visita a essas instituições. Em suma, a placa leva o visitante a refletir sobre a pertinência de fotografar a visita ao museu.

05 – O que você pensa a respeito da iniciativa do Rijksmuseum?

      Resposta pessoal do aluno.

AUTOBIOGRAFIA: LÁZARO RAMOS, A ILHA (FRAGMENTO) - NA MINHA PELE - COM GABARITO

 Autobiografia: LÁZARO RAMOS, A ILHA (Fragmento)

      [...]

        Minha história começa numa ilha com pouco mais de duzentos habitantes, na baía de Todos os Santos. Uma fração de Brasil praticamente secreta, ignorada pelas modernidades e pelos mapas: nem o (quase) infalível Google Maps consegue encontrá-la. É nessa terra minúscula, a Ilha do Paty, que estão minhas raízes. O lugar é um distrito de São Francisco do Conde — município a 72 quilômetros de Salvador, próximo a Santo Amaro e conhecido por sua atual importância na indústria do petróleo. Na ilha, as principais fontes de renda ainda são a pesca, o roçado e ser funcionário da prefeitura.

        No Paty, sapatos são muitas vezes acessórios dispensáveis. Para atravessar de um lado para o outro na maré de águas verdes, o transporte oficial é a canoa, apesar de já existirem um ou outro barco, cedidos pela prefeitura. Ponte? Nem pensar, dizem os moradores, em coro. Quando alguém está no “porto” e quer chegar até o Paty, só precisa gritar: “Tomaquê!”.

        Talvez você, minha companhia de viagem, não saiba o que quer dizer “tomaquê”. É uma redução, como “oxente”, que quer dizer “O que é isso, minha gente”. Ou “Ó paí, ó”, que é “Olhe pra isso, olhe”. Ou seja, é simplesmente “Me tome aqui, do outro lado da margem”. É muito mais gostoso gritar “Tomaquê!”.          

        Assim, algum voluntário pega sua canoa e cruza, a remo, um quilômetro nas águas verdes e calmas. Entre os dois pontos da travessia se gastam uns quarenta minutos. Essa carona carrega, na verdade, um misto de generosidade e curiosidade. Num lugar daquele tamanho, qualquer visita vira assunto, e é justamente o remador quem transporta a novidade.

        Até hoje procuro visitar a ilha todos os anos. Gosto de entender minha origem e receber um abraço afetuoso dos mais velhos. Vou também para encontrar um sentimento de inocência, uma felicidade descompromissada, que só sinto por lá.

        Graças à sua refinaria de petróleo, São Francisco do Conde é um dos municípios mais ricos do país. (....) Essa dinheirama, porém, não chega até o cotidiano de quem mora no Paty. Eles até conseguem ver vantagens na vida simples que levam: como não há violência, não há polícia na ilha, e as portas das casas estão sempre abertas para quem quiser entrar. O que faz falta mesmo é a água encanada. Para tudo: dar descarga nos banheiros, lavar pratos e roupas, tomar banho.

        Não faz muito tempo, luz também era luxo. Na minha infância, a energia elétrica vinha de um único gerador, usado exclusivamente à noite, quando os televisores eram ligados nas novelas. As janelas da casa de meu avô, que teve uma das primeiras TVs do Paty, ficavam sempre cheias de gente. Era o nosso cineminha.

        [...]

Lázaro Ramos. Na Minha Pele. Rio de Janeiro: Objetiva, 2017. p.16-17.

Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 11-2.

Entendendo a autobiografia:

01 – O texto está organizado em parágrafos, marcados por uma entrada em branco na mudança de linha e um sinal de pontuação final. Releia o primeiro parágrafo.

a)   A qual localidade referem-se as passagens abaixo?

Referem-se à Ilha do Paty, onde o autor nasceu.

I – “[...] Ilha com pouco mais de duzentos habitantes, na Baía de Todos os Santos”.

II – “Uma fração de Brasil praticamente secreta, ignorada pelas modernidades e pelos mapas [...]”.

III – “[...] nem o (quase) infalível, Google Maps conseguiu encontrá-la.”

IV – “[...] terra minúscula [...]”.

b)   Que características do lugar são reforçadas pela caracterização feita pelo autor nas passagens acima?

A pequena dimensão da ilha e seu afastamento em relação às modernidades.

c)   Com base em seu conhecimento de mundo, explique o que vem a ser Google Maps. Por que ele seria quase infalível, segundo o autor?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O Google Maps é uma ferramenta digital que localiza lugares em mapas. A ferramenta seria “(quase) infalível” porque há, ao menos, um lugar que ela não localiza – a Ilha do Paty.

d)   O modo detalhado pelo qual o autor apresenta seu local de nascimento é importante para o leitor? Por quê?

Sim, porque o autor o descreve com detalhes e o leitor pode imaginar que ele nasceu num lugar bem pequeno e afastado de tudo.

02 – Identifique no texto mais algumas informações sobre o autor.

a)      Ele ainda mora na ilha? Justifique sua resposta com uma passagem do texto.

Não. Isso pode ser deduzido do trecho: “Até hoje procuro visitar a Ilha todos os anos”.

b)      No último parágrafo, o autor fala de um tempo passado. Que lembranças ele traz para o texto?

Ele fala do tempo em que não havia luz na ilha e se recorda das janelas da casa de seu avô, que funcionavam como cinema, porque dali as pessoas viam televisão.

c)       Com base nas informações do texto, como você imagina a infância do autor?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Foi uma criança livre, que viveu em uma ilha sem violência, em contato com a natureza. Tem boas lembranças do avô e dos hábitos da ilha, como andar descalço e aproveitar a generosidade dos habitantes.

d)      Que sentimentos ele parece ter em relação a ilha? Escolha elementos do texto para explicar sua resposta.

Aparenta ter sentimentos positivos, pois afirma, por exemplo, que gosta de visitar o lugar todos os anos e reencontrar os mais velhos. Isso o faz “encontrar um sentimento de inocência uma felicidade descompromissada”, que só sente em seu lugar de origem.

03 – O estilo de vida dos moradores da ilha é o mesmo da época em que o autor era criança? Justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Parece haver poucas mudanças, já que a vida dos habitantes permanece simples (a travessia de canoa, a inexistência de pontes, o hábito de manter as casas abertas, etc.). A principal mudança foi a chegada da luz elétrica.

04 – Nas frases a seguir, aparecem elementos linguísticos, como verbos, pronomes, que indicam ser o próprio autor quem relata sua história.

        “Minha história começa numa ilha.”

        “Até hoje procuro visitar a ilha todos os anos.”

a)   Em que pessoa verbal foi escrito o relato?

Na 1ª pessoa.

b)   Destaque do texto mais uma passagem que confirme o uso dessa pessoa verbal.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: “Gosto de entender minha origem e receber um abraço afetuoso dos mais velhos”; “Vou também para encontrar um sentimento de inocência, uma felicidade descompromissada, que só sinto por lá”.

c)   Indique as duas alternativas corretas. Esse tipo de relato:

(X) Produz um efeito de verdade, de que o autor conta o que de fato aconteceu na vida dele.

(  ) Tem efeito de dissimulação e incerteza, porque o autor admite estar inventando tudo.

(   ) Afasta autor e leitor, porque esse último desconfia do que lê, já que tudo parece invenção.

(   ) Constrói efeito de fantasia e ficção, porque nada do que se conta parece ter verdadeiramente acontecido.

(X) Aproxima autor e leitor, porque este último acredita na sinceridade do relato pessoal.

05 – Na seção Antes da leitura você e seus colegas pensaram em algumas hipóteses sobre o conteúdo do livro “Na Minha Pele”, depois de ler o texto suas ideias iniciais se confirmaram? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.     

06 – No texto aparecem algumas formas abreviadas, ou seja, reduzidas, de expressões, como oxente, que significa “O que é isso, minha gente”; e Ó paí, ó em vez de “Olhe pra isso, olhe”.

a)   As expressões abreviadas usadas pelos habitantes da ilha mostram um uso próprio da região. Em que situações essas expressões são empregadas por eles?

No dia-a-dia, nas conversas entre eles, no uso cotidiano.

b)   O autor diz que é “mais gostoso” usar a forma abreviada tomaquê do que a frase completa “me tome aqui, do outro lado da margem”.

Os falantes são os habitantes da ilha e essa é a forma usada por todos da região para pegar a canoa no dia-a-dia; é uma forma familiar, mais simples e mais direta, que identifica os moradores da ilha e todos de lá a reconhecem.

c)   Você provavelmente utiliza expressões como essas ou outras abreviações em seu dia-a-dia. Discorra sobre algumas situações em que você as utiliza.

Resposta pessoal do aluno.

07 – Releia a seguinte passagem do texto.

        “Graças à sua refinaria de petróleo, São Francisco do Conde é um dos municípios mais ricos do país. (....) Essa dinheirama, porém, não chega até o cotidiano de quem mora no Paty. [...]”.

a)   Em vez de usar a palavra dinheiro, o autor preferiu dizer dinheirama. O que significa a palavra empregada?

Muito dinheiro.

b)   O autor usa a palavra num contexto em que está criticando a distribuição do dinheiro arrecadado pelo município. Qual é a crítica que ele faz?

Ele diz que o munícipe é um dos mais ricos do país por causa da refinaria de petróleo, mas que o dinheiro não ajuda a melhorar o dia-a-dia da população.

c)   Pode-se dizer que o aumentativo empregado ajuda a construir a crítica? Por quê?

Sim, porque, ao usar o aumentativo, o autor quis mostrar que a quantidade de dinheiro é muito grande. Isso reforça a crítica: se é tanto dinheiro, por que os moradores não veem melhorias em seu dia-a-dia?

 

AUTOBIOGRAFIA: JOSÉ SARAMAGO(FRAGMENTO) - FUNDAÇÃO JOSÉ SARAMAGO - COM GABARITO

 Autobiografia: José Saramago (Fragmento)

              Nasci numa família de camponeses sem terra, em Azinhaga, uma pequena povoação situada na província do Ribatejo, na margem direita do rio Almonda, a uns cem quilómetros a nordeste de Lisboa. Meus pais chamavam-se José de Sousa e Maria da Piedade. José de Sousa teria sido também o meu nome se o funcionário do Registo Civil, por sua própria iniciativa, não lhe tivesse acrescentado a alcunha por que a família de meu pai era conhecida na aldeia: Saramago. (Cabe esclarecer que saramago é uma planta herbácea espontânea, cujas folhas, naqueles tempos, em épocas de carência, serviam como alimento na cozinha dos pobres). Só aos sete anos, quando tive de apresentar na escola primária um documento de identificação, é que se veio a saber que o meu nome completo era José de Sousa Saramago… Não foi este, porém, o único problema de identidade com que fui fadado no berço. Embora tivesse vindo ao mundo no dia 16 de Novembro de 1922, os meus documentos oficiais referem que nasci dois dias depois, a 18: foi graças a esta pequena fraude que a família escapou ao pagamento da multa por falta de declaração do nascimento no prazo legal.

        [...]

        Fui bom aluno na escola primária: na segunda classe já escrevia sem erros de ortografia, e a terceira e quarta classes foram feitas em um só ano. Transitei depois para o liceu, onde permaneci dois anos, com notas excelentes no primeiro, bastante menos boas no segundo, mas estimado por colegas e professores, ao ponto de ser eleito (tinha então 12 anos…) tesoureiro da associação académica… Entretanto, meus pais haviam chegado à conclusão de que, por falta de meios, não poderiam continuar a manter-me no liceu. A única alternativa que se apresentava seria entrar para uma escola de ensino profissional, e assim se fez: durante cinco anos aprendi o ofício de serralheiro mecânico. O mais surpreendente era que o plano de estudos da escola, naquele tempo, embora obviamente orientado para formações profissionais técnicas, incluía, além do Francês, uma disciplina de Literatura. Como não tinha livros em casa (livros meus, comprados por mim, ainda que com dinheiro emprestado por um amigo, só os pude ter aos 19 anos), foram os livros escolares de Português, pelo seu carácter “antológico”, que me abriram as portas para a fruição literária: ainda hoje posso recitar poesias aprendidas naquela época distante. Terminado o curso, trabalhei durante cerca de dois anos como serralheiro mecânico numa oficina de reparação de automóveis. Também por essas alturas tinha começado a frequentar, nos períodos nocturnos de funcionamento, uma biblioteca pública de Lisboa. E foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela leitura se desenvolveu e apurou.

        [...]

José Saramago. Autobiografia de José Saramago. Fundação José Saramago. Disponível em: www.josesaramago.org/autobiografia-de-jose-saramago. Acesso em: 29 mar. 2018.

Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 36-7.

Entendendo a autobiografia:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Alcunha: apelido, nome não oficial criado para identificar alguém com base em uma característica específica dessa pessoa.

·        Antológico: algo notável, exemplar, que merece ser lembrado; pertencente a uma antologia ou coletânea de textos.

·        Fadado: destinado (a algo).

·        Fruição: prazer.

·        Herbáceo: relativa ou semelhante a erva.

·        Liceu: estabelecimento em que antigamente era ministrado o Fundamental II e o Ensino Médio.

·        Tesoureiro: pessoa responsável pelo dinheiro e pelas finanças de uma empresa, instituição, etc.

02 – Você deve ter percebido que a grafia de certas palavras do texto é diferente da grafia delas no português do Brasil.

a)   Observe as palavras quilómetros e académica. Como são grafadas no Brasil? O que a diferença indica?

No Brasil, são grafadas quilômetro e acadêmica. Indica que a vogal com acento agudo, em Portugal, é aberta, e no Brasil, com acento circunflexo, é fechada.

b)   Em certas palavras, os portugueses usam consoantes que indicam uma particularidade da pronúncia deles, diferente da pronúncia brasileira. Encontre no texto a forma da palavra noturnos tal como é usada em Portugal.

Nocturnos.

c)   Em outros casos, os portugueses eliminam uma consoante, como na palavra registo. Qual é a forma usada no português do Brasil?

Registro.

03 – O tema principal do trecho lido é:

a)   O surgimento do gosto pela literatura.

b)   A pobreza dos camponeses portugueses.

c)   Os problemas de identidade do narrador.

d)   A dificuldade de estudar francês e literatura em uma escola de ensino profissional.

04 – Releia o trecho a seguir:

        “[...] Como não tinha livros em casa (livros meus, comprados por mim, ainda que com dinheiro emprestado por um amigo, só os pude ter aos 19 anos), foram os livros escolares de Português, pelo seu carácter “antológico”, que me abriram as portas para a fruição literária: ainda hoje posso recitar poesias aprendidas naquela época distante. [...]”.

·        Consulte o glossário e responda às questões.

a)   Por que o autor afirma que os livros escolares de Português têm caráter antológico?

Porque os livros escolares reúnem textos e esses textos são exemplares, são textos importantes e representativos.

b)   Por que, segundo o autor, a leitura desses livros abriu para ele as portas para a “fruição literária”?

Porque ele passou a gostar de Literatura. A leitura dos textos, nos livros escolares, fez com que descobrisse o prazer da literatura.

05 – O trecho em que o autor da autobiografia aparece em 1ª pessoa é:

·        “A única alternativa que se apresentava seria entrar para uma escola de ensino profissional [...]”.

·        “[Cabe esclarecer que Saramago é uma planta herbácea espontânea, cujas folhas, naqueles tempos, em épocas de carência, serviam como alimento na cozinha dos pobres]”.

·        “E foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela leitura se desenvolveu e apurou.”

·        “O mais surpreendente era que o plano de estudos da escola, naquele tempo, embora obviamente orientado para formações profissionais técnicas, incluía, além do Francês, uma disciplina de Literatura.”

06 – Releia o trecho a seguir e responda às questões.

        “Fui bom aluno na escola primária: na segunda classe já escrevia sem erros de ortografia, e a terceira e quarta classes foram feitas em um só ano. Transitei depois para o liceu, onde permaneci dois anos, com notas excelentes no primeiro, bastante menos boas no segundo, mas estimado por colegas e professores, ao ponto de ser eleito (tinha então 12 anos…) tesoureiro da associação académica… Entretanto, meus pais haviam chegado à conclusão de que, por falta de meios, não poderiam continuar a manter-me no liceu. [...]”.

a)   Predominam sequências de que tipo?

Narrativas.

b)   Qual marcador temporal introduz a passagem do narrador de uma fase escolar a outra?

Depois.