sábado, 26 de setembro de 2020

CRÔNICA: FOBIA - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Crônica: Fobia

                   Luís Fernando Veríssimo

     Não sei como se chamaria o medo de não ter o que ler. Existem as conhecidas claustrofobia (medo de lugares fechados), agorafobia (medo de espaços abertos), acrofobia (medo de altura) e as menos conhecidas ailurofobia (medo de gatos), iatrofobia (medo de médicos) e até a treiskaidekafobia (medo do número 13), mas o pânico de estar, por exemplo, num quarto de hotel, com insônia, sem nada para ler não sei que nome tem. É uma das minhas neuroses. O vício que lhe dá origem é a gutembergomania, uma dependência patológica na palavra impressa. Na falta dela, qualquer palavra serve. Já saí de cama de hotel no meio da noite e entrei no banheiro para ver se as torneiras tinham “Frio” e “Quente” escritos por extenso, para saciar minha sede de letras. Já ajeitei o travesseiro, ajustei a luz e abri uma lista telefônica, tentando me convencer que, pelo menos no número de personagens, seria um razoável substituto para um romance russo. Já revirei cobertores e lençóis, à procura de uma etiqueta, qualquer coisa.

        Alguns hotéis brasileiros imitam os americanos e deixam uma Bíblia no quarto, e ela tem sido a minha salvação, embora não no modo pretendido. Nada como um best-seller numa hora dessas. A Bíblia tem tudo para acompanhar uma insônia: enredo fantástico, grandes personagens, romance, sexo em todas as suas formas, ação, paixão, violência, – e uma mensagem positiva. Recomendo “Gênesis” pelo ímpeto narrativo, “O cântico dos cânticos” pela poesia e “Isaías” e “João” pela força dramática, mesmo que seja difícil dormir depois do Apocalipse. 

        Mas, e quando não tem nem a Bíblia? Uma vez liguei para a recepcionista do hotel de madrugada e pedi uma Amiga.

        – Desculpe, cavalheiro, mas o hotel não fornece companhia feminina…

        – Você não entendeu! Eu quero uma revista Amiga, Capricho, Caras, qualquer coisa.

        – Infelizmente, não tenho nenhuma revista.

        – Não é possível! O que você faz durante a noite?

        – Tricô.

        Uma esperança!

        – Com manual?

        – Não.

        Danação.

        – Você não tem nada para ler? Na bolsa, sei lá.

        – Bem… Tem uma carta da mamãe.

        – Manda!

Luís Fernando Veríssimo. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

Fonte: Língua Portuguesa. Entre palavras – Edição renovada. Mauro Ferreira. 5ª série. Ed. FTD – São Paulo – 1ª edição – 2002. P. 12-5.

Entendendo a crônica:

01 – Em um texto narrativo, quem conta a história é o narrador, que pode ser de dois tipos:

·        Aquele que apenas conta a história, sem participar dos acontecimentos.

·        Aquele que é também personagem, isto é, conta o que aconteceu com ele mesmo.

No texto lido, quem conta os fatos e apenas narrador ou é narrador-personagem?

      O narrador conta fatos que aconteceram com ele mesmo; é, portanto, um narrador-personagem.

02 – O narrador fala de situações que ele viveu e que foram motivadas por uma fobia que ele tem.

a)   Qual é essa fobia?

A fobia de não ter à disposição alguma coisa para ler.

b)   O narrador cita algumas maneiras que ele já usou para, de forma desesperada, resolver o problema. O que ele fez, em cada caso?

1 – Foi ao banheiro tentar ler as palavras “quente” e “frio” nas torneiras;

2 – Leu a lista telefônica.

3 – Procurou a etiqueta de lençóis e cobertores.

4 – Leu a Bíblia.

5 – Ligou para a telefonista do hotel e pediu uma revista.

03 – Releia: “Já ajeitei o travesseiro, ajustei a luz e abri uma lista telefônica, tentando me convencer que, pelo menos no número de personagens, seria um razoável substituto para um romance russo.”

a)   Em uma história, o que são as personagens?

Personagens são as pessoas que participam dos fatos que acontecem na história.

b)   Os nomes que aparecem em uma lista telefônica são realmente personagens? Por quê?

Não. São apenas nomes de pessoas. Para se tornarem personagens, deveria haver uma história da qual essas pessoas participariam.

c)   O narrador dá a entender que, nos romances russos, aparecem muitas ou poucas personagens? Justifique sua resposta.

Muitas. Ele diz que a lista telefônica substitui um romance russo no número de personagens. Como uma lista telefônica tem muitos nomes, conclui-se que os romances russos são histórias com muitas personagens.

04 – Releia: “[...] deixam uma Bíblia no quarto, e ela tem sido a minha salvação, embora não no modo pretendido. Nada como um best-seller numa hora dessas.”

a)   Costumeiramente, que tipo de salvação a Bíblia oferece aos leitores?

A Bíblia oferece a salvação espiritual; da alma.

b)   A Bíblia “salva” o narrador de que situação?

Ela “salva” o narrador da situação desesperadora de não ter o que ler quando está num quarto de hotel.

c)   Calcula-se que já tenham sido impressos mais de três bilhões de cópias da Bíblia. Ela é o maior best-seller de todos os tempos. O que significa dizer que um livro é um best-seller?

Significa que ele é um livro muito vendido; que tem grande aceitação do público leitor.

05 – Releia: “Recomendo [...] ‘Isaías’ e ‘João’ pela força dramática, mesmo que seja difícil dormir depois do Apocalipse”. O Apocalipse é uma das diversas partes da Bíblia. Baseado no trecho acima, você acha que, no Apocalipse, são narradas coisas agradáveis ou coisas terríveis e ameaçadoras?

      Se depois de ler o Apocalipse é difícil dormir, conclui-se que ele narra coisas inquietantes, amedrontadoras, que fazem o leitor perder o sono.

06 – O narrador diz que é maníaco por leitura. E você, de que tipo de leitura mais gosta? Procure se lembrar de um livro ou de uma história que você tenha lido e que tenha achado muito interessante. Converse com seus colegas sobre essa sua experiência com a leitura.

      Resposta pessoal do aluno.

07 – Na escola e também fora dela, você tem contato com diferentes tipos de textos escritos ou falados. Cada texto tem uma finalidade: ensinar, divertir, orientar, discutir um assunto, etc.

a)   Na sua opinião, para que serve o texto que estamos estudando?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Trata de um texto humorístico, que tem, portanto, a finalidade de divertir o leitor.

b)   No final do texto, aparece, em letras menores, o título do livro do qual esse texto foi extraído. Esse título confirma a resposta que você deu no item a? Justifique.

Sim. O livro chama-se Comédia para ler na escola. Comédia é o nome dado a uma situação engraçada, que faz rir.


CONTO: OS TRÊS ASTRONAUTAS - UMBERTO ECO E EUGENIO CARMI - COM GABARITO

 Conto: OS TRÊS ASTRONAUTAS


  Umberto Eco e Eugenio Carmi

        Era uma vez a Terra. E era uma vez Marte.

        Estavam muito distantes um do outro, no meio do céu, e em volta havia milhões de planetas e de galáxias.

        Os homens que moravam na Terra queriam alcançar Marte e os outros planetas: mas estavam tão longe!

        De qualquer forma eles fizeram o possível. Primeiro lançaram satélites que giravam em volta da Terra durante dois dias e depois voltavam.

        Depois lançaram foguetes que também giravam algumas vezes em volta da Terra, mas em vez de voltar, escapavam da atração terrestre e se perdiam no espaço infinito.

        Primeiro colocaram cães nos foguetes: mas os cães não sabiam falar; e pelo rádio só transmitiam “au-au”. E os homens não entendiam o que eles tinham visto e aonde haviam chegado.

        No fim encontraram homens corajosos que queriam ser astronautas.

        O astronauta se chamava assim porque partia para explorar o espaço infinito, com os astros, os planetas, as galáxias e tudo aquilo que existe em volta.

        Os astronautas partiam sem saber se iriam voltar. Queriam conquistar as estrelas, para que um dia todos pudessem viajar de um planeta para o outro, porque a Terra tinha ficado muito apertada, e os homens aumentavam dia a dia.

        Uma bela manhã partiram da Terra, de três pontos diferentes, três foguetes. No primeiro tinha um americano que assobiava alegremente uma musiquinha de jazz. No segundo tinha um russo que cantava com voz profunda “Volga, Volga”. No terceiro tinha um chinês que cantava uma bela canção, que aos outros dois parecia desafinada.

        Cada um dos três queria ser o primeiro a chegar a Marte, para mostrar que era o melhor. Na verdade o americano não gostava do russo, o russo não gostava do americano, e o chinês desconfiava dos outros dois. E isso porque o americano, para dizer bom dia, dizia: “how do you do” e o russo dizia: “fig.”. Por isso não se entendiam e se achavam diferentes.

        Mas como todos os três eram muito bons, chegaram a Marte quase ao mesmo tempo. Desceram das astronaves, de capacete e macacão espacial... e encontraram uma paisagem maravilhosa e inquietante: o solo era sulcado por longos canais cheios de uma água verde-esmeralda. Havia estranhas árvores azuis com pássaros jamais vistos, com plumas de cor estranhíssima. No horizonte se viam montanhas vermelhas que mandavam estranhos reflexos.

        Os astronautas olhavam-se uns aos outros, e cada um ficava no seu canto, um desconfiado do outro.

        Depois chegou a noite. Havia em volta um estranho silêncio, e a Terra brilhava no céu como se fosse uma estrela longínqua.

        Os astronautas se sentiam tristes e perdidos, e o americano, na escuridão, chamou a mãe. Disse “Mommy...” E o russo disse: “Mama”. E o chinês disse: “MaMa”.

        Mas logo entenderam que estavam falando a mesma coisa e tinham os mesmos sentimentos. Assim um sorriu para o outro, se aproximaram, acenderam juntos uma bela fogueira, e cada um cantou as músicas da sua terra. Então criaram coragem e, esperando a manhã, aprenderam a se conhecer.

        Enfim chegou a manhã: fazia muito frio. E de repente, detrás de uma moita saiu um marciano. Era mesmo horrível de se ver! Todo verde, com duas antenas no lugar das orelhas, uma tromba e seis braços.

        O marciano olhou-os e disse: “GRRRR!” Que na língua dele queria dizer: “Minha nossa, quem são aqueles seres horríveis?!”

        Mas os terrestres não o entenderam e acharam que aquilo fosse um rugido de guerra. Era tão diferente deles que não conseguiam entendê-lo nem amá-lo. Subitamente se sentiram de acordo e se uniram contra ele. Frente àquele monstro, suas pequenas diferenças sumiam. Que importância tinha se falavam línguas diferentes? Compreenderam que eram todos os três seres humanos. O outro não. Era muito feio, e os terrestres pensavam que quem é feio é também mau. Assim decidiram matá-lo com seus desintegradores atômicos.

        Mas de repente, no grande frio da manhã, um passarinho marciano, que com certeza tinha escapado do ninho, caiu no chão tremendo de frio e medo. Piava desesperadamente, mais ou menos como um passarinho terrestre. Dava mesmo pena. O americano, o russo e o chinês o olharam e não conseguiam segurar uma lágrima de compaixão.

        E naquele momento aconteceu um fato estranho. Também o marciano se aproximou do passarinho, olhou-o e deixou escapar dois filetes de fumaça da tromba. E os terrestres, imediatamente, compreenderam que o marciano estava chorando. À sua maneira, como fazem os marcianos. Depois viram que ele se inclinava sobre o passarinho e o erguia com seus seis braços, tentando aquecê-lo.

        O chinês se virou então para seus dois amigos terrestres.

        “Entenderam?”, ele falou. “Nós achávamos que este monstro fosse diferente de nós, mas ele também ama os animais, sabe comover-se, tem um coração e, sem dúvida, também um cérebro! Acreditam que seja ainda o caso de matá-lo?’’

        Nem era preciso perguntar. Os terrestres já tinham entendido a lição: não é porque dois seres são diferentes que têm que ser inimigos. Por isso se aproximaram do marciano e lhe estenderam a mão. E o marciano, que tinha seis mãos, apertou de uma só vez a mão dos três, enquanto com as livres fazia gestos de saudação. E apontando a Terra lá no céu, deixou entender que queria fazer uma viagem, para conhecer os outros habitantes e estudar junto com eles a maneira de fundar uma grande república espacial, na qual todos vivessem em paz e harmonia.

        Bem contentes, os terrestres disseram que sim. E para festejar o acontecimento lhe ofereceram uma garrafinha de água fresquíssima trazida da Terra. O marciano, todo feliz, enfiou o nariz na garrafa, aspirou, e depois disse que tinha gostado muito daquela bebida, mesmo que o tivesse deixado um pouco tonto. Mas agora mais nada surpreendia os terrestres.

        Tinham compreendido que na Terra, como nos outros planetas, cada um tem seus próprios gostos, e que é só uma questão de se entenderem uns aos outros.

Umberto Eco e Eugênio Carmi. Os três astronautas. Tradução de Liliana e Michele Iacocca. São Paulo. Ática, 1994.

Fonte: Língua Portuguesa. Entre palavras – Edição renovada. Mauro Ferreira. 5ª série. Ed. FTD – São Paulo – 1ª edição – 2002. P. 142-8.

Entendendo o conto:

01 – Suponha que uma pessoa leia apenas o início do texto (linhas 1 a 16).

a)   Na primeiras linha aparece a expressão “era uma vez”. Que expectativa essa expressão cria no leitor?

A expressão sugere que o texto apresentará fatos fantasiosas, imaginários.

b)   A continuidade da leitura até a linha 16 confirma ou modifica essa expectativa?

Todos os fatos citados até a linha 16 fazem parte do mundo real; portanto, a expectativa inicial se modifica.

02 – Qual é, no texto, o primeiro fato a deixar bem claro para o leitor que essa narrativa é uma história ficcional, isto é, inventada pelo autor?

      A ficção se instala no texto a partir da linhas 36/37.

03 – Dentro de cada um dos três foguetes lançados para Marte havia um astronauta.

a)   Qual a nacionalidade de cada um deles?

Um americano, um russo e um chinês.

b)   Por que você acha que o autor escolheu essas três nacionalidades?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Porque elas são potências mundiais que competem pelo poder no mundo.

c)   O fato de dois astronautas acharem que o terceiro cantava de modo desafinado sugere o quê?

Revela a antipatia pelo outro, gerada pela rivalidade, pela competição entre os três.

04 – Releia as linhas 45 a 54 e responda.

a)   Que motivos fizeram os três astronautas sentirem tristeza e solidão?

A chegada da noite, o estranho silêncio ao redor deles e a longa distância que os separava da Terra.

b)   Os astronautas mantiveram-se orgulhosos e autoconfiantes? Justifique.

Não. Eles se sentiram frágeis, indefesas, como se fossem crianças pequenas, e, por isso, chamaram as mães.

c)   O que levou os três astronautas a se tornarem amigos?

Eles se tornaram amigos porque perceberam que tinham os mesmos sentimentos (tristeza, medo, saudade, solidão).

05 – Releia estre trecho do texto.

        “E de repente, / detrás de uma moita saiu um marciano. / Era mesmo horrível de se ver! Todo verde, / com duas antenas no lugar das orelhas, / uma tromba e seis braços.”

a)   Se você fosse um dos astronautas, como reagiria diante do marciano?

Resposta pessoal do aluno.

b)   E se você também fosse marciano?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Reagiria com naturalidade, já que teria a mesma aparência que ele.

c)   No que diz respeito à aparência, o marciano teve sobre os humanos a mesma impressão que os humanos tiveram dele? Explique.

Sim. Ele também achou que os humanos eram “seres horríveis”.

d)   O que as respostas aos itens anteriores permitem concluir?

Algo ou alguém só é “horrível” dependendo do ponto de vista, do referencial. Um marciano não acharia outro marciano “horrível”, porque já está acostumado com ele.

06 – Que raciocínio os astronautas fizeram para chegar à conclusão de que deviam matar o marciano?

      Eles consideraram que o marciano era diferente e, por isso, feio. Concluíram que quem é diferente é perigoso e, então, decidiram mata-lo.

07 – Antes que os astronautas realizassem seu plano contra o marciano, apareceu um passarinho “tremendo de frio e de medo”.

a)   A reação dos astronautas diante do sofrimento do pássaro foi a mesma que o marciano teve? Justifique sua resposta.

Sim. Tanto os astronautas como o marciano ficaram emocionados com o sofrimento do pássaro e choraram: os astronautas derramaram lágrimas, e o marciano soltou dois filetes de fumaça pela tromba.

b)   O que o chinês concluiu ao ver o marciano tentando ajudar o passarinho?

Ele concluiu que o marciano se emocionava e pensava.

c)   Qual foi a lição que os astronautas aprenderam?

Eles aprenderam que dois seres diferentes não precisam, obrigatoriamente, ser inimigos.

08 – Os desejos que o marciano revelou após cumprimentar os astronautas confirmam ou desmentem que ele era amigável e pacífico?

      Confirmam. Ele desejou conhecer a Terra e junto com os humanos criar uma república espacial em que todos vivessem em paz.

09 – Que “mensagens” esse texto procura transmitir ao leitor?

      O texto procura mostrar que as pessoas não devem ter opiniões preconcebidas e que é importante ter respeito pelas diferenças. Sugere também que a fraternidade e a conciliação entre as pessoas trazem a paz, que torna a vida melhor e mais bonita.

 

TEXTO: ALGUNS MATERIAIS QUE FORMAM O LIXO - REVISTA GLOBO CIÊNCIA - COM GABARITO

 Texto: Alguns materiais que formam o lixo

          Revista Globo Ciência

 O Brasil produz aproximadamente 130 mil toneladas de lixo por dia.

 Esse lixo é quase todo jogado no ambiente, onde vira alimento de ratos e urubus, polui o solo e as águas subterrâneas ou serve de criadouro para mosquitos que transmitem doenças.

        Muitos dos materiais encontrados no lixo demoram até 400 anos para desaparecer.

        PAPEL

        A palavra papel vem da palavra papiro. Há mais de 3.000 anos, no Egito, o papiro já era empregado para escrever; funcionava como se fosse uma folha de papel dos dias atuais. Quem primeiro propôs usar madeira para fabricar papel foi um francês chamado Reamur, a partir de observações feitas com os marimbondos, insetos que fazem seus ninhos “mastigando” cascas de árvores e formando estruturas parecidas com folhas. Mas foi um chinês que, há quase 2.000 anos, fabricou a primeira folha de papel usando bambu e galhos de amoreira.

        VIDRO

        É o mais antigo material que o homem conseguiu criar, a partir da mistura de diferentes materiais. Foi inventado por comerciantes fenícios que, reunidos em torno de uma fogueira à beira-mar, deixaram cair por acaso um pouco de salitre no fogo. O salitre, que é um tipo de sal, ao cair no fogo derreteu-se, misturou-se com a areia e, para surpresa de todos, formou os primeiros pedaços de vidro da humanidade. Isso aconteceu há mais de 6.000 anos.

        PLÁSTICO

        O primeiro plástico foi produzido há aproximadamente 150 anos (em 1862) e logo substituiu chifres, ossos e cascos de tartarugas na fabricação de pentes e botões.

        METAL

        A peça mais antiga de metal que se conhece é uma foice de 5.000 anos, encontrada no Egito e provavelmente feita com ferro que veio do espaço sob a forma de um meteoro. Antigamente, depois de uma batalha entre dois exércitos, as espadas que ficavam pelo chão eram recolhidas como sucata para fabricar novas armas.

Baseado em dados da Revista Globo Ciência. N° 37, ano 4. São Paulo, Globo, 1994.

Fonte: Língua Portuguesa. Entre palavras – Edição renovada. Mauro Ferreira. 5ª série. Ed. FTD – São Paulo – 1ª edição – 2002. P. 217-8. Manual do professor 45.

Entendendo o texto:

01 – Quais os quatro materiais citados no texto?

      Papel, vidro, plástico e metal.

02 – Em relação ao papel, responda:

a)   O que era o papiro e em que país ele era utilizado?

Era um tipo de papel usado no Egito, para escrever.

b)   A partir de que observações o francês Reamur chegou à conclusão de que o papel poderia ser produzido a partir da madeira?

Ele observou que marimbondos fazem seus ninhos usando casca de árvore, que eles mastigam para criar estruturas semelhantes a folhas de papel.

c)   Quem primeiro fabricou uma folha de papel foi um chinês. Que materiais ele usou para isso?

Ele usou bambu e galhos de amoreira.

03 – De acordo com o texto, o vidro é o mais antigo material sintético, isto é, não extraído diretamente da natureza.

a)   Quem o produziu, por acaso, pela primeira vez?

Foram os comerciantes fenícios.

b)   Como aconteceu esse fato?

Alguns comerciantes estavam ao redor de uma fogueira numa praia e, sem querer, deixaram cair salitre no fogo. O salitre derreteu e misturou-se com a areia e virou vidro.

04 – O primeiro plástico foi inventado em 1862. Antes dessa invenção, de que material eram feitos os pentes e botões?

      Esses objetos eram feitos de ossos, chifres e cascos de tartarugas.

05 – Reciclagem é a transformação de materiais e objetos inúteis em matéria a ser utilizada na produção de novos objetos. Qual o caso de reciclagem de metais que, segundo o texto, acontecia antigamente nas guerras?

      As espadas eram recolhidas nos campos de batalhas e com elas eram feitas novas armas.

06 – Nas ruas das cidades atuais é comum a presença de catadores de sucata recolhendo papel, metal, plástico e vidro. Por que o trabalho dessas pessoas é importante e útil para toda a sociedade?

      É importante por dois aspectos: 1° Aos materiais que são recolhidos e reaproveitados, gerando economia; 2° Ao fato de essa atividade ajudar a proteger o ambiente, pois evita que a sucata seja jogada na natureza, geralmente nos lixões.

07 – Se os objetos abaixo forem atirados nos lixões, depósitos a céu aberto, quanto tempo você acha que eles demorarão para se decompor, isto é, para desaparecer?

      Resposta pessoal do aluno.

a)   Chiclete: 05 anos.

b)   Corda de náilon: 30 anos.

c)   Lata de alumínio: 300 a 400 anos.

d)   Embalagem de plástico: Até 450 anos.

e)   Garrafa de vidro: Mais de 2.000 anos.

 

PERSONAGENS DO FOLCLORE BRASILEIRO - COM GABARITO

LENDA: Personagens do folclore brasileiro

          CURUPIRA

        A imaginação popular descreve o Curupira como um bicho em forma de moleque, mas muito feio, peludo e de orelhas grandes.

        O Curupira tem os calcanhares virados para frente e os pés virados para trás. Assim, quando seus rastros parecem indicar que ele foi para um lado, ele foi em sentido contrário. É por isso que ninguém consegue encontra-lo na floresta.

        É um ser protetor dos animais e das árvores da selva Amazônica. Conta-se que, durante as tempestades na floresta, é possível ouvir batidas nos troncos das grandes árvores. É o Curupira, que, batendo nelas com um pedaço de pau, verifica se elas vão aguentar o vento.

        Ele castiga sem dá as pessoas que, apenas por simples diversão, matam os animais da floresta e seus filhotes, mas protege os caçadores que caçam apenas o que precisam para se alimentar; protege também os pescadores que se arriscam nos rios na época das grandes chuvas.

 Texto baseado em: http://200.197.201.111/amazonlife/site/faqs/faq105.csp - 4/1/2002.

 

          CAIPORA (ou Caapora)

        O Caipora é um ser protetor dos animais da floresta. Ele os defende e chega a espancar os cachorros dos caçadores. Anda sempre montado num porco selvagem e, durante a noite, observa, escondido, o movimento dos caçadores na mata. Para apavorar quem tem a intenção de matar os animais da floresta, o Caipora assobia fininho e atira pedras. Diz a lenda que ele bate nos cachorros dos caçadores com um cipó para que eles não tenham mais vontade de ajudar seus donos a encontrar os bichos que estes pretendem matar.

        Dizem que um dos poucos jeitos de ficar livre do Caipora é colocar um pedaço de fumo de corda num pau oco. O Caipora vem, pega o fumo, mastiga-o, fica meio tonto e perde toda a vontade de perseguir os caçadores e seus cachorros naquela noite.

Texto baseado em: http://www.terravista.pt/ferNoronha/2152/Piaui/Folclore/Duendes.htm - 4/1/2002.

          BOIÚNA

        A lenda da Boiúna fala de uma cobra imensa que vive no fundo de grandes lagos, rios e igarapés, num lugar chamado boiaçuquara que, na língua dos índios, significa “morada da cobra grande”. Seu corpo é muito brilhante e, à noite, reflete a luz da lua. Seus olhos brilham no escuro como se fossem duas luzes, por isso enganam os pescadores, que, pensando tratar-se das luzes de um barco, aproximam-se da cobra e são devorados por ela.

Texto baseado em: http://200.19.2201.111/amazonlife/site/faqs/faq/105.csp - 4/1/200222.

Fonte: Língua Portuguesa. Entre palavras – Edição renovada. Mauro Ferreira. 5ª série. Ed. FTD – São Paulo – 1ª edição – 2002. P. 123/5 e Manual do professor 38-9.

Entendendo os textos:

01 – Qual o ponto em comum entre os três trechos que você ouviu?

      Os três fazem referência a personagens de lendas brasileiras.

02 – Em relação ao Curupira:

a)   Quais são suas características físicas, isto é, como é a aparência dele?

É um moleque, feio, peludo, de orelhas grandes e que tem os calcanhares virados para a frente e os pés virados para trás.

b)   Ele ataca e castiga qualquer pessoa que encontra dentro da floresta? Justifique.

Não. Ele castiga quem entra na floresta para destruí-la, para matar sem necessidade os animais e seus filhotes. Por outro lado, protege os caçadores e pescadores que tiram da floresta somente o pouco de que precisam para sobreviver.

03 – Em relação ao Caipora:

a)   O que ele faz para assustar e espantar da floresta os caçadores?

Ele assobia fininho, joga pedras e bate com um cipó nos cachorros dos caçadores.

b)   Você conseguiu criar em sua cabeça uma imagem de como é a aparência do Caipora? Justifique.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Não, porque o texto não informa como é o Caipora; não dá informações sobre o tamanho, a forma, a cor dele, etc.

04 – O último trecho lido faz referência a uma imensa cobre.

a)   Como ela se chama e como ela é?

Chama-se Boiúna. Ela é muito grande, tem o corpo muito brilhante e seus olhos parecem duas luzes.

b)   Segundo o texto, a cobra vive num lugar chamado boiaçuquara. O que significa essa palavra na língua dos índios?

Significa “morada da cobra grande”.

c)   De que maneira a cobra atrai suas presas, isto é, as pessoas que ela ataca?

Ela usa o brilho dos olhos para enganar os pescadores. Eles pensam que são as luzes de um barco, aproximam-se e são devorados pela cobra.

05 – Você conhece alguma lenda? Se conhece, conte-a a seus colegas.

      Resposta pessoal do aluno.

06 – Todos os povos do mundo têm suas lendas. Em sua opinião, por que elas existem e para que elas servem?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: As lendas são explicações fantasiosas para fatos cuja compreensão lógica ultrapassa os conhecimentos de um determinado grupo social. Contar/ouvir histórias é uma forma de diversão, de educação e de relacionamento social cultivada há séculos. As lendas são, por isso, importantes para preservar os vínculos culturais de um povo; reforçar os elos entre as gerações e preservar a identidade coletiva do grupo social.

 

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

TEXTO: UMA LEMBRANÇA PARA GUARDAR COM CARINHO(FRAGMENTO O PEQUENO NICOLAU) - GOSCINNY - COM GABARITO

 Texto: Uma lembrança para guardar com carinho

                                                           Goscinny

   Hoje de manhã todo mundo chegou muito contente na escola, porque nós vamos tirar uma fotografia da classe, que vai ficar de lembrança para a gente guardar por toda a vida, como a professora disse. Ela também disse para todo mundo vir bem limpo e penteado. Eu entrei no pátio do recreio cheio de brilhantina na cabeça. Todos os meus amigos já estavam lá e a professora estava brigando com o Godofredo, que veio vestido de marciano. O Godofredo tem pai muito rico, que compra todos os brinquedos que ele quer. O Godofredo estava dizendo para a professora que ele queria de todo jeito ser fotografado de marciano e que, senão, ele ia embora. O fotógrafo também já estava lá com a máquina, e a professora disse para ele andar logo, porque senão a gente ia perder a aula de matemática. O Agnaldo, que é o primeiro da classe e o queridinho da professora, disse que seria uma pena não ter aula de matemática, porque ele gosta muito e tinha feito todos os problemas. O Eudes, um colega muito forte, queria dar um soco no nariz do Agnaldo, mas o Agnaldo usa óculos e a gente não pode bater nele tanto quanto gostaria. A professora começou a gritar que nós éramos insuportáveis, que se continuasse assim não ia ter mais fotografia e que ia todo mundo para a classe. Aí o fotógrafo disse: “Vamos, vamos, calma, calma. Deixe que eu sei como se fala com criança, vai dar tudo certo.”

       O fotógrafo resolveu que a gente tinha que ficar em três filas: a primeira fila sentada no chão, a segunda em pé em volta da professora, que ia ficar sentada numa cadeira, e a terceira, em pé em cima de uns caixotes. Esse fotógrafo tem boas ideias mesmo. Fomos buscar os caixotes que estavam no porão da escola. Foi muito divertido, porque não havia muita luz no porão e o Rufino enfiou um saco velho na cabeça e ficou gritando: “UUU! Eu sou um fantasma”. E aí a gente viu a professora chegar. Ela não parecia muito contente, então nós saímos depressa com os caixotes. O único que ficou foi o Rufino. Com aquele saco ele não via o que estava acontecendo e continuava gritando: “UUU! Eu sou um fantasma”, e foi a professora que tirou o saco da cabeça dele. O Rufino levou um baita susto. Quando chegou de novo no pátio, a professora largou a orelha dele e bateu com a mão na testa e disse: “Mas vocês estão imundos.” Era verdade, a gente tinha se sujado um pouco fazendo palhaçadas no porão. A professora estava zangada, mas aí o fotógrafo disse que não fazia mal, que dava tempo da gente se lavar enquanto ele arrumava os caixotes e a cadeira para a foto. O único que estava com a cara limpa era o Agnaldo, e fora ele também o Godofredo, porque ele estava com a cabeça dentro do capacete de marciano, que parecia um aquário. O Godofredo disse para a professora: “Está vendo só, professora, se todos tivessem vindo vestidos como eu não tinha acontecido nada disso.” Eu vi que a professora estava com muita vontade de puxar as orelhas do Godofredo, mas não tinha jeito de segurar, no aquário. Essa roupa de marciano é um arranjo incrível!

(Goscinny. O Pequeno Nicolau. Martins Fontes, São Paulo, 1986)

ENTENDENDO O TEXTO 

1. A pessoa que está contando essa história é

(A) o Godofredo, um dos alunos.

(B) o fotógrafo que vai fotografar a classe.

(C) a professora da classe.

(D) um dos alunos da classe.

 

2 "Hoje de manhã todo mundo chegou muito contente na escola, porque nós vamos tirar uma fotografia da classe, que vai ficar de lembrança para a gente guardar por toda a vida". Nesse trecho, as palavras grifadas, todo mundonós, e a gente representam

(A) os alunos da classe.

(B) as pessoas em geral e a professora.

(C) os alunos, a professora e o fotógrafo.

(D) todas as pessoas da cidade.

 

3. O narrador comenta: “Essa roupa de marciano é um arranjo incrível”! porque

(A) com o capacete parece um aquário.

(B) ele acha essa roupa uma fantasia bonita e gostaria de ter uma.

(C) o capacete não deixa que a professora puxe as orelhas de quem está com ele.

(D) o capacete protege o rosto e o aluno não precisa se lavar.

 

4- No trecho "e foi a professora que tirou o saco da cabeça dele", a palavra grifada quer dizer:

(A) do Rufino.

(B) do Godofredo.

(C) do velho.

(D) do Agnaldo.

 

5- Quando o fotógrafo diz "eu sei como se fala com criança", ele quer

(A) fazer uma brincadeira com a professora.

(B) mostrar que pode, com calma, organizar as crianças para a foto.

(C) mostrar que é preciso ser rigoroso com as crianças.

(D) que as crianças tenham medo dele.

 

6) Em “O fotógrafo resolveu que a gente tinha que ficar em três filas:...” os dois pontos servem para

(A) pôr em dúvida a arrumação dos alunos.

(B) obrigar os alunos a ficar em filas.

(C) perguntar como seria cada fila.

(D) apresentar a explicação de como será cada fila.

Fonte: Saresp- LP-6EF- Manha