segunda-feira, 3 de junho de 2019

POEMA: VISÃO 1944 - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: Visão 1944
       
              Carlos Drummond de Andrade

Meus olhos são pequenos para ver
a massa de silêncio concentrada
por sobre a onda severa, piso oceânico
esperando a passagem dos soldados.


Meus olhos são pequenos para ver
luzir na sombra a foice da invasão
e os olhos no relógio, fascinados,
ou as unhas brotando em dedos frios.


Meus olhos são pequenos para ver
o general com seu capote cinza
escolhendo no mapa uma cidade
que amanhã será pó e pus no arame.


Meus olhos são pequenos para ver
a bateria de rádio prevenindo
vultos a rastejar na praia obscura
aonde chegam pedaços de navios.

Meus olhos são pequenos para ver
o transporte de caixas de comida,
de roupas, de remédios, de bandagens
para um porto da Itália onde se morre.


Meus olhos são pequenos para ver
o corpo pegajento das mulheres
que foram lindas, beijo cancelado
na produção de tanques e granadas.


Meus olhos são pequenos para ver
a distância da casa na Alemanha
a uma ponte na Rússia, onde retratos,
cartas, dedos de pé boiam em sangue.


Meus olhos são pequenos para ver
os milhares de casas invisíveis
na planície de neve onde se erguia
uma cidade, o amor e uma canção.


Meus olhos são pequenos para ver
as fábricas tiradas do lugar,
levadas para longe, num tapete,
funcionando com fúria e com carinho.


Meus olhos são pequenos para ver
na blusa do aviador esse botão
que balança no corpo, fita o espelho
e se desfolhará no céu de outono.


Meus olhos são pequenos para ver
o deslizar do peixe sob as minas,
e sua convivência silenciosa
com os que afundam, corpos repartidos.


Meus olhos são pequenos para ver
os coqueiros rasgados e tombados
entre latas, na areia, entre formigas
incompreensivas, feias e vorazes.


Meus olhos são pequenos para ver
essa fila de carne em qualquer parte,
de querosene, as ou de esperança
que fugiu dos mercados deste tempo.

Meus olhos são pequenos para ver
a gente do Pará e de Quebec
sem notícia dos seus e perguntando
ao sonho, aos passarinhos, às ciganas.


Meus olhos são pequenos para ver
todos os mortos, todos os feridos,
e este sinal no queixo de uma velha
que não pôde esperar a voz dos sinos.


Meus olhos são pequenos para ver
países mutilados como troncos
proibidos de viver, mas em que a vida
lateja subterrânea e vingadora.

Meus olhos são pequenos para ver
as mãos que se hão de erguer, os gritos roucos,
os rios desatados, e os poderes
ilimitados mais que todo exército.


Meus olhos são pequenos para ver
toda essa força aguda e martelante,
a rebentar do chão e das vidraças,
ou do ar, das ruas cheias e dos becos.


Meus olhos são pequenos para ver
tudo que uma hora tem, quando madura,
tudo que cabe em ti, na tua palma,
ó povo! que no mundo te dispersas.

Meus olhos são pequenos para ver
tuas sonhadas ruas, teus objetos,
e uma ordem consentida (puro canto,
vai pastoreando sonos e trabalhos).

Meus olhos são pequenos para ver
essa mensagem franca pelos mares,
entre coisas outrora envilecidas
e agora a todos, todas ofertadas.


Meus olhos são pequenos para ver
o mundo que se esvai em sujo e sangue,
outro mundo que brota, qual nelumbo
– mas veem, pasmam, baixam deslumbrados.

                                     Carlos Drummond de Andrade. Visão 1944. In: ________ A Rosa do Povo. São Paulo: Companhia das letras.
Entendendo o poema:

01 – De acordo com o poema, qual o significado das palavras abaixo:
·        Luzir: brilhar, irradiar luz.
·        Bandagens: tecido que se aplica sobre a pele servindo como curativo.
·        Pegajento: que é maçante, que aborrece.
·        Catre: cama rústica, simples.
·        Envilecidas: sem valor, desprezível.
·        Nelumbo: tipo de planta.

02 – Que tipo de sentimento esse poema despertou em você?
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Em sua opinião, com que intensão o poeta Drummond teria escrito esse poema?
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Com base no título do poema, é possível inferir qual será o assunto abordado?
      Sim, pois ele indica que será mostrado um ponto de vista sobre um acontecimento ocorrido em 1944, no caso, a Segunda Guerra Mundial.

05 – O poema lido foi publicado pela primeira vez no livro A Rosa do Povo, em 1945. Esse livro, considerado pelos críticos como a melhor obra de Drummond, é composto de 55 poemas escritos entre os anos de 1943 e 1945, momento em que o mundo vivenciava os horrores da Segunda Guerra Mundial. Leia a seguir algumas das principais características desse livro:
·        A poesia social;
·        A reflexão existencial (o eu e o mundo);
·        A poesia sobre a própria poesia;
·        O passado;
·        O amor;
·        O cotidiano;
·        A celebração dos amigos.

Em sua opinião, em qual dessa temáticas se enquadra o texto “Visão 1944”? Por quê?
      Poesia social, pois ela se refere a um acontecimento relacionado a toda a sociedade.

06 – No poema, o eu lírico está vivenciando os fatos ou ele os relata de um lugar distante? Por quê?
      Ele relata os fatos de um lugar distante, pois descreve acontecimentos que ocorreram em alguns países da Europa.

07 – No final da 1ª estrofe, o eu lírico diz que a passagem dos soldados em combate é esperada por uma massa concentrada. Em sua opinião, o que essa cena reflete em relação ao sentimento das pessoas?
      Ela mostra a angústia das pessoas que presenciam a cena.

08 – Na 3ª estrofe, é apresentado um exemplo do que acontece em uma guerra.
a)   O que está sendo narrado nesse trecho?
O eu lírico do poema refere-se aos militares escolhendo a próxima cidade a ser atacada pelo exército alemão.

b)   De que forma o eu lírico retrata esse acontecimento?
De forma trágica.

09 – No poema, é descrito o que acontecia com os judeus nos campos de concentração. Identifique em que estrofe isso é mostrado e explique o que ocorria com eles nesses locais.
      A descrição ocorre na 14ª estrofe. Nos campos de concentração, os judeus realizavam muitos trabalhos pesados e depois eram mortos.

10 – Ao longo do poema, são mostrados várias situações de destruição decorrentes da guerra, enfatizando que ela, por meio da destruição e das mortes provocadas, leva a dor ao ser humano. Na 8ª estrofe, por meio da apresentação de determinados elementos, é constituída uma cena.
a)   Que cena é essa?
A cena cotidiana de uma casa, de uma família.

b)   Qual é o efeito dela para esse contexto?
Mostrar que a Guerra destruiu, inclusive, a família, os lares.

11 – O poema foi escrito em 1944 e, nesse período, a guerra ainda não havia terminado. Releia a última estrofe do poema em que é mostrado o que o eu lírico espera com relação ao futuro. Que consequências ele acredita que a guerra ainda trará para as pessoas?
      Que ela ainda trará muita dor e sofrimento, pois o eu lírico, mesmo tendo esperança, não consegue ver outra solução positiva para o futuro.

ARTIGO DE OPINIÃO: DO QUE VOCÊ TEM MEDO? GILBERTO DIMENSTEIN - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: Do que você tem medo?       
                                               Gilberto Dimenstein

        Das alternativas a seguir, quais são as cinco coisas de que você mais tem medo?
01– Fantasma.
02 – Escuro.
03 – Assalto.
04 – Reprovação na escola.
05 – Separação dos paias.
06 – Sequestro.
07 – Morte dos pais.
08 – Acidente de carro.
09 – Acidente de avião.
10 – Meninos de rua.
11 – Doenças graves.
12 – Desemprego.
13 – Reprovação no vestibular.
14 – Morte.
        Se você comparar a sua resposta com a de seus colegas, verá que o medo da violência é uma das alternativas mais recorrentes.
        Mas nem sempre foi assim. Houve um tempo em que o que mais aterrorizava as pessoas eram os monstros e outras criaturas fictícias. Hoje, muitos dos monstros dos jovens são resultados dos problemas sociais brasileiros.
        Na década de 1970, a palavra “sequestro” era geralmente ligada a motivos políticos. Por exemplo, na época da ditadura, grupos revolucionários sequestraram o embaixador dos Estados Unidos exigindo a libertação de presos políticos. Raramente esse assunto preocupava a população em geral. Atualmente, são corriqueiras as mais variadas modalidades de sequestro de cidadãos comuns, inclusive o sequestro-relâmpago, que já fez inúmeras vítimas em nosso país.
        A paisagem urbana também mudou muito dos anos 1970 para cá: eram poucas as casas com grades, alarmes, cercas eletrificadas e havia poucos condomínios resguardados por sistemas de segurança com tecnologia avançada. Carros blindados, então, eram um privilégio de autoridades importantes. Não era tão perigoso andar nas ruas e as pessoas tinham menos medo de parar nos faróis ou andar sozinhas à noite. Gente comum não sentia a necessidade de aprender técnicas de autodefesa ou a manejar armas de fogo, como acontece hoje em dia.
    Mas a situação mudou. O tráfico de drogas, que até então era um problema de “vizinhos”, como a Colômbia, tomou o Brasil – literalmente – de assalto. O crime organizado agravou muito a violência urbana. Em alguns lugares, ele chega a ser um “poder paralelo”, sendo tão ou mais forte que a autoridade legal, como a polícia.
        Embora o tráfico de drogas não seja o único fator que causa a violência, a relação é direta. E, nesse ponto, novamente a falta de cidadania gera inúmeras consequências, que, juntas, viram uma bola de neve: o jovem entra no tráfico, já que sem a formação educacional não consegue arrumar um trabalho lícito que lhe garanta um padrão de vida digno. Dentro do tráfico, ele é obrigado a fazer uso da violência, para ser respeitado. É claro que as coisas não acontecem de modo tão simples, afinal, outros motivos como o desamparo familiar e o convívio social também influenciam o jovem a entrar no tráfico. Porém, essa trajetória é comum. E esse é um exemplo de como uma mazela social, a falta de educação para crianças e jovens, pode ter decorrências graves e afetar toda a sociedade, inclusive você.
        Esse cenário faz o Brasil conhecer um novo tipo de geografia urbana: pessoas de classe média alta, inconformadas e assustadas com a falta de segurança, as guerras de quadrilhas, os assaltos à mão armada, os confrontos entre polícia e criminosos nos grandes centros, isolam-se em caríssimos condomínios, onde é possível fazer quase tudo sem sair deles, pois há academias, shopping centers, escritórios, consultórios médicos. Esse é um mau sinal: sem promover o desenvolvimento das comunidades em seu entorno, o isolamento dos mais ricos só gera mais desigualdade e insegurança. Prova disso são os constantes arrastões a esses oásis de luxo.
        A boa notícia é que em alguns estados as taxas de criminalidade caíram significativamente. O estado de São Paulo, por exemplo, pelo nono ano seguido registrou queda no número de assassinatos. O índice ainda é muito alto se comparado ao dos países desenvolvidos, mas desde 1999 a queda é significativa, de 65,5%. A OMS (Organização Mundial da Saúde) ainda considera o estado como “zona endêmica de homicídios” com a taxa de 10,76 casos por cada 100 mil moradores. Mas São Paulo está bastante próximo de sair dessa zona, quando atingir a marca inferior a 10 homicídios para cada 100 mil habitantes. O número de sequestros registrados também caiu entre janeiro e setembro de 2008 foram 41 casos, 53% menos que no mesmo período de 2007.
        Será que esses dados apontam para um futuro menos violento?

          Gilberto Dimenstein. Violência. In:__________ O cidadão de papel: aa infância, a adolescência e os direitos humanos no Brasil. 22. ed. São Paulo: Àtica, 2009. p. 26-7.
Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Lícito: que é permitido e de acordo com a lei.

·        Oásis: região em um meio hostil ou após uma sequência de situações desagradáveis, é sinônimo de prazer.

·        Endêmica: peculiar à determinada população ou região.

02 – Com base nas alternativas listadas pelo autor do texto, comente quais você assinalaria.
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Compare os itens que você marcou com os marcados pelos colegas e verifique se o medo da violência aparece de forma mais recorrente ou não.
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Dos itens listados, quais estão relacionados à violência?
      Estão o assalto e sequestro.

05 – Qual é a relação entre o título e o conteúdo do texto?
      No título, o autor traz um questionamento sobre o medo das pessoas. Em seguida, ao longo do texto, pressupõe que a violência urbana é o medo que atinge a maioria das pessoas e, por isso, passa a discutir esse tema.

06 – Dimenstein faz uma comparação entre o que aterrorizava as pessoas antigamente com o que as assusta na atualidade. Que diferenças são apontadas?
     Antigamente, as pessoas tinham medo de situações ligadas ao imaginário, como monstros e criaturas. Atualmente, elas têm medo de situações ligadas à realidade.

07 – O autor explica qual foi a origem do sequestro. Qual é a diferença entre o que acontecia na década de 1970 e atualmente em relação a esse tipo de violência?
      O sequestro originou-se vinculado a motivos políticos, no entanto, hoje também ocorre com cidadãos comuns, visando a interesses pessoais.

08 – No texto é explicado que a violência não era algo que preocupava os cidadãos comuns. No entanto, situações como o sequestro deixaram de ser casos isolados para fazer parte do cotidiano. Em sua opinião, por que essas transformações ocorreram?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Porque a violência tornou-se banal e um meio de as pessoas tirarem proveito sem grande esforço ou mérito.

09 – No trecho: “Gente comum não sentia a necessidade de aprender técnicas de autodefesa ou a manejar armas de fogo [...].”, fica claro quem eram os grupos de pessoas que deveriam se prevenir contra a violência? Quem era esses grupos?
      Não fica explícito, mas é possível inferir que os grupos eram os policiais de forma geral, os seguranças, entre outros.

10 – Com o passar do tempo, a violência urbana se intensificou, tornando-se um grave problema para a sociedade.
a)   De acordo com o texto, o que agravou a violência urbana?
O crime organizado do tráfico de drogas.

b)   De acordo com o texto, quais são os principais motivos que levam uma pessoa a entrar para o tráfico?
A falta de formação educacional que diminui as oportunidades de emprego; O desamparo familiar e o convívio social.

11 – Segundo o autor, a paisagem urbana sofreu várias mudanças nos últimos anos.
a)   Em que consiste essas mudanças?
Percebe-se na paisagem urbana a tentativa das pessoas se protegerem da violência. Hoje as casas são protegidas, por exemplo, com alarmes, grades e cercas elétricas. Além disso, os mais ricos se isolam em caríssimos condomínios onde é possível fazer quase tudo.

b)   Em sua opinião, quais são as causas e as consequências dessas mudanças?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A causa é a violência urbana, que leva as pessoas a buscar proteção. Uma das consequências é o progressivo isolamento e confinamento do ser humano.

domingo, 2 de junho de 2019

MÚSICA: BRINQUEDO TORTO - PITTY - COM QUESTÕES GABARITADAS


Música: Brinquedo Torto
                                                  Pitty
Esqueci as regras do jogo
E não posso mais jogar
Veio escrito na embalagem
Use e saia pra agitar
Vou com os outros pro abate
O meu dono vai lucrar
Seja cedo ou seja tarde
Quando isso vai mudar?

Não me diga: "eu te disse"
Isso não vai resolver
Se eu explodo o meu violão
O que mais posso fazer?
Isso é tão desconfortável
Me ensinaram a fingir
E se eu for derrotado
Nem sei como me render

E eu me vendo como um brinquedo torto
E eu me vendo como uma estátua(x2)

Esqueci as regras do jogo
E não posso mais jogar
Veio escrito na embalagem
"Use e saia pra agitar"
Vou com os outros pro abate
O meu dono vai lucrar
Seja cedo ou seja tarde
Quando isso vai mudar?

E eu me vendo como um brinquedo torto
E eu me vendo como uma estátua.

                                      Composição: Pitty
Entendendo a canção:
01 – A letra desta canção é muito crítica, desprovida de simbolismo. Que tema aborda?
      A prostituição.

02 – Que tipo de narrador encontramos na canção. Copie um verso que afirme sua resposta.
      Ela é escrita em primeira pessoa do singular. “Esqueci as regras do jogo”.

03 – O que a personagem diz esquecer-se?
      Das regras do fogo, do jogo social, do jogo da vida.

04 – Como a personagem diz se sentir?
      Sente que não pode mais jogar. Sente-se descartada.

05 – Por que a personagem se acha “um brinquedo torto”?
      Porque ela se vende como um objeto quebrado, como uma peça sem importância, uma estátua sem sentimentos e sem noções.

                                      (Análise: Eduardo Rezende).
     

POEMA: POÉTICA - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

Poema: Poética
               Manuel Bandeira

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.

Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis.

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo.

De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare.

--- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

                        Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 2. ed.
Rio de Janeiro: J. Olympio, 1970. p. 108.
Entendendo o poema:

01 – Se necessário, utilize o dicionário, e de o significado das palavras abaixo:
·        Vernáculo: relativo à língua genuína, pura.
·        Ritmo: no poema, com o sentido também de métrica.
·        Barbarismos: erros gramaticais relativos à palavra, inclusive emprego de palavras estrangeiras.
·        Pungente: que causa sofrimento ou aflição.
·        Clowns: palhaços.

02 – Assinale a alternativa FALSA sobre o poema acima:
a)   No texto, a forma exterior contradiz o conteúdo que expressa.
b)   O texto retoma, radicalizando-a, a noção de poesia própria do Romantismo.
c)   Somente a libertação total do rigor das regras poéticas e da obediência a modelos permite a expressão do “profundo sentir”, segundo “Poética”.
d)   Os versos de Bandeira exprimem a reação ao exagero formal que esvaziara o conteúdo poético dos poemas.
e)   O significado desse versos se opõe à concepção de poesia da escola parnasiana.

03 – O uso do vocábulo “antes” no verso “Quero antes o lirismo dos loucos”:
a)   Indica tempo anterior.
b)   Pressupõe a existência de um lugar anterior.
c)   Sugere uma ação passada num tempo passado.
d)   É equivalente ao emprego de “nesse interin” e “nesse meio tempo”
e)   Remete à ideia de preferência.

04 – Qual das características presentes nas alternativas abaixo é mais clara no poema de Bandeira?
a)   Liberdade formal.
b)   Originalidade linguística.
c)   Crítica aos estilos do passado.
d)   Procura de novos temas.
e)   Tentativa de originalidade.

05 – Além da função poética sempre presente na poesia, quais as outras funções de linguagem mais predominantes no texto?
a)   Função apelativa, pois o emissor refere-se constantemente ao destinatário e referencial.
b)   Função metalinguística, pois discute a própria linguagem utilizada pelo emissor e função emotiva.
c)   Função referencial, pois a mensagem é centrada no contexto e o emissor procura fornecer informações da realidade e função fática.
d)   Função fática, pois o canal é posto em destaque pelo emissor e função metalinguística.
e)   Função emotiva, pois mensagem é centrada nas opiniões e emoções do emissor e função apelativa.

06 – Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta:
a)   Critica o lirismo louco do movimento modernista.
b)   Critica todo e qualquer lirismo na literatura.
c)   Propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.
d)   Propõe o retorno do movimento romântico.
e)   Propõe a criação de um novo lirismo.


FÁBULA: A RAPOSA E O GALO - ESOPO - COM GABARITO

Fábula: A raposa e o galo
           Esopo

        A raposa encontrou o galo e lhe propôs uma aposta:
        -- Compadre, vamos ver quem passa mais tempo com os olhos fechados?
        -- Vamos! – topou o galo.
        Então a raposa fechou os olhos, e o galo fechou um e deixou o outro aberto.
       A raposa, que estava procurando um momento para abocanhar o galo, abriu os olhos e o viu com um olho fechado e outro aberto. Reclamou:
        -- Compadre galo, é pra fechar os dois olhos!
        -- Não, comadre raposa! Com um amigo incerto é um olho fechado e outro aberto! ...

        MORAL: "Com um amigo incerto é um olho fechado e outro aberto! ...".

                                                                     Fábula de ESOPO

Entendendo a fábula:

01 – Quais são os personagens dessa fábula?
      A raposa e o galo.

02 – A raposa e o galo sendo animais (aves), são personagens do texto por que:
a)   Antigamente os animais falavam.
b)   Na história, eles agem, falam e raciocinam como se fossem pessoas.
c)   O texto fala sobre eles.

03 – Como o autor caracteriza o galo?
      Como esperto e desconfiado.

04 – Numa fábula há sempre uma crítica a determinado tipo de comportamento, que se deveria evitar. Na fábula A raposa e o galo, a crítica refere-se a que tipo de atitude?
      Ao fato da raposa tentar enganar o galo, para devorá-lo.

05 – Qual o desfecho (situação final) da fábula?
      O galo ficou com um olho aberto e viu que a comadre raposa estava com os dois olhos abertos pronta para devorá-lo.

06 – Qual a moral da fábula?
      “Com um amigo incerto é um olho fechado e outro aberto!”.


SONETO: CAMINHO - CAMILO PESSANHA - COM QUESTÕES GABARITADAS


Soneto: CAMINHO


Tenho sonhos cruéis; n’alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...

Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!...

Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora.

Porque a dor, esta falta d’ harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d’agora.

                Camilo Pessanha. Biblioteca Ulisséia de Autores Portugueses, p. 37.

Entendendo a poesia:
01 – Os movimentos poéticos parnasiano e simbolista diferem em diversos aspectos. Porém, a partir do texto acima, percebemos que ambos apresentam semelhança quando:

a) Exaltam o caráter subjetivo da poesia.
b) Apresentam uma predileção pela forma do soneto.
c) Expressam o pessimismo e a dor do poeta pela existência.
d) Retomam elementos da tradição romântica.
e) Privilegiam o misticismo e a religiosidade.

02 – O caráter lírico da poesia lido advém sobretudo da exposição dos sentimentos do eu lírico. Observe algumas das imagens do poema: “sonhos cruéis”, “alma doente”, “medo”, “saudades do presente”, “véu escuro”, etc. Como se sente o eu lírico diante da vida e do mundo?
      Nota-se que o “eu lírico” não se separa da saudade por estar agarrado ao presente, e o poeta, de alma doente, viaja ao futuro por um caminho cheio de arestas.

03 – O tempo predominante na poesia é o presente, como se verifica pelas formas verbais “tenho”, “sinto”, “vou”, “alumia” e outras. No entanto, na primeira estrofe, o eu lírico faz uma projeção para o futuro, nestes versos:
          “Vou a medo na aresta do futuro,
          Embebido em saudades do presente...”

a)   Que contradição reside nas “saudades” sentidas pelo eu lírico?
O fato de, no futuro, ele sentir saudades do presente, ou seja, saudades da dor que o oprime.

b)   Logo, o futuro representa uma perspectiva para o eu lírico?
Não, no futuro ele vai sentir saudades do presente, e no presente não consegue eliminar a dor que sente no peito. Assim, o eu lírico é um ser deslocado e sem perspectiva.

04 – A dor, a angústia e o sofrimento são elementos constantes na poesia de Camilo Pessanha. Não se trata, contudo, de uma dor de natureza amorosa.
a)   Qual é a natureza da dor vivida pelo eu lírico?
A dor de existir.

b)   De acordo com as ideias da poesia, que interpretação pode ser dada ao verso “Sem ela (a dor) o coração é quase nada”?
A dor é a essência do coração humano, logo, para o eu lírico a vida resume num jogo, cujo objetivo é expulsar a dor do peito, sendo porém ela a própria razão desse jogo.

05 – A poesia de Camilo Pessanha é valorizada pela riqueza sonora e musical e pela originalidade de suas imagens. Tais qualidades podem ser encontradas também na poesia “Caminho”? Justifique.
      Destacam-se as aliterações, com fonemas oclusivos na segunda estrofe (fonemas /d/ e /k/), e imagens ricas como “Vou a medo na aresta do futuro”, ao desmaiar sobre o poente / Cobrir-me o coração dum véu escuro!", entre” outros.