sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

CONTO: A DISCIPLINA DO AMOR - LYGIA FAGUNDES TELLES - COM GABARITO

Conto: A disciplina do amor
              Lygia  Fagundes Telles

        Foi na França, durante a Segunda Grande guerra: um jovem tinha um cachorro que todos os dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde. Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e na maior alegria acompanhava-o com seu passinho saltitante de volta à casa. A vila inteira já conhecia o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia, chegava até a correr todo animado atrás dos mais íntimos. Para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe.
        Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de esperá-lo? Continuou a ir diariamente até a esquina, fixo o olhar naquele único ponto, a orelha em pé, atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presença do dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele voltava para casa e levava sua vida normal de cachorro, até chegar o dia seguinte. Então, disciplinadamente, como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao posto de espera. O jovem morreu num bombardeio mas no pequeno coração do cachorro não morreu a esperança. Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando àquela hora ele disparava para o compromisso assumido, todos os dias.
        Todos os dias, com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se para outros familiares. Os amigos para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina.
        As pessoas estranhavam, mas quem esse cachorro está esperando… Uma tarde (era inverno) ele lá ficou, o focinho voltado para aquela direção.

Lygia Fagundes Telles. A disciplinas do amor.
Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980.p. 99-100.
Entendendo o conto:

01 – Quando ocorreu a história que você leu? E qual é o espaço (onde)?
      Durante a segunda grande guerra, na França.

02 – Qual é o personagem principal da história? Fale dele.
      Um cachorro que todos os dias ia esperar o dono voltar do trabalho.

03 – Por que o cão esperou pelo seu dono até a morte?
      Porque gostava muito dele.

04 – Conte o que aconteceu depois que o jovem soldado morreu.
      As pessoas, os familiares e os amigos esqueceram-se do soldado, menos o cão.

05 – Por que os parentes e amigos se esqueceram do soldado e só o seu cão não o esqueceu?
      Porque a memória dos homens, com o passar do tempo, vai ficando mais fraca.

06 – Qual o foco narrativo usado pela autora? Comprove com dois exemplos.
      Foco narrativo em 3ª pessoa: “Foi na França, durante a segunda grande guerra” / “Casou-se a noiva com um primo”.

07 – Há uma pequena passagem em que a narradora dialoga com o leitor. Localize-a.
      “Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de espera-lo?”

08 – O narrador é personagem da história?
      Não. O narrador não é personagem da história.

09 – Em alguns textos, o narrador interrompe a narrativa em 3ª pessoa e se introduz na história para organizá-la, para explicar fatos fundamentais ao entendimento do que está sendo narrado. Em “A disciplina do amor”, com que finalidade a narradora interrompe a narrativa?
      A autora se introduz na narrativa para retomar a história, para voltar ao relato do fato acontecido durante a guerra, interrompido para apresentação dos personagens.

POEMA: DIVERSONAGENS SUSPERSAS - PAULO LEMINSKI - COM GABARITO

Poema: DIVERSONAGENS SUSPERSAS
                 
             Paulo Leminski

Meu verso, temo, vem do berço.
Não versejo porque eu quero,
Versejo quando converso
E converso por conversar.
Pra que sirvo senão pra isto,
Pra ser vinte e pra ser visto,
Pra ser versa e pra ser vice,
Pra ser a super-superfície
Onde o verbo vem ser mais?

Não sirvo pra observar.
Verso, persevero e conservo  
Um susto de quem se perde
No exato lugar onde está.


Onde estará meu verso?
Em algum lugar de um lugar,
Onde o avesso do inverso
Começa a ver e ficar.

Por mais prosas que eu perverta,
Não permita Deus que eu perca
Meu jeito de versejar.
                Paulo Leminski. Distraídos venceremos. São Paulo: Brasiliense, 1995, p. 83.

Entendendo o poema:

01 – As aliterações presentes nos versos referem-se à repetição de que fonemas?

      Elas se referem à repetição dos fonemas consonantais /v/ e/s/, representados pelas letras v; s; ç e c, respectivamente.

02 – Como se dá a assonância nesses versos?

      A assonância se dá pela repetição dos fonemas vocálicos representados pelas letras e e i.

03 – Releia primeira estrofe. Que sons se repetem?

      Os sons representados pelas consoantes V e S.

04 – Que efeito se obteve com essa repetição?

      Destacou-se a palavra verso, cujas consoantes serviram de base para o ritmo do poema.

05 – Há predomínio de algumas vogais no poema? Quais?

      Sim. As vogais E e O.

06 – Essas vogais também pertencem à palavra-chave do poema?

      Sim.

07 – Há algum exemplo de paralelismo no poema de Leminski? Transcreva abaixo.

      “Pra ser vinte e pra ser visto, / Pra ser versa e pra ser vice”.

08 – Que regularidades nos versos que você transcreveu permanecem?

      A estrutura da frase é a mesma e as palavras, embora signifiquem coisas diferentes, possuem sonoridade semelhante: iniciam com a mesma consoante, possuem o mesmo número de sílabas e a mesma tonicidade.

09 – O poema de Paulo Leminski possui anáforas?

      A palavra pra, na primeira estrofe, se repete em quatro versos seguidos, constituindo uma anáfora.

10 – Todas as palavras do poema “Diversonagens suspersas” constam no dicionário ou algumas foram inventadas?

      Muitas foram inventadas.

11 – Por que foram inventadas?

      Para preservar o ritmo cadenciado e a sonoridade do poema.


TEXTO: MANIFESTO PAU-BRASIL/ESCAPULÁRIO/VÍCIO NA FALA/O CAPOEIRA - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

Texto: Manifesto Pau-Brasil

                        Oswald de Andrade

        "A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos.
        O Carnaval no Rio é o acontecimento religioso da raça. Pau-Brasil. Wagner submerge ante os cordões de Botafogo. Bárbaro e nosso. A formação étnica rica. Riqueza vegetal. O minério. A cozinha. O vatapá, o ouro e a dança.
        Toda a história bandeirante e a história comercial do Brasil. O lado doutor, o lado citações, o lado autores conhecidos. Comovente. Rui Barbosa: uma cartola na Senegâmbia. Tudo revertendo em riqueza. A riqueza dos bailes e das frases feitas. Negras de Jockey. Odaliscas no Catumbi. Falar difícil.
        O lado doutor. Fatalidade do primeiro branco aportado e dominando politicamente as selvas selvagens. O bacharel. Não podemos deixar de ser doutos. Doutores. País de dores anônimas, de doutores anônimos. O Império foi assim. Eruditamos tudo. Esquecemos o gavião de penacho.
        A nunca exportação de poesia. A poesia anda oculta nos cipós maliciosos da sabedoria. Nas lianas da saudade universitária.
        Mas houve um estouro nos aprendimentos. Os homens que sabiam tudo se deformaram como borrachas sopradas. Rebentaram.
        A volta à especialização. Filósofos fazendo filosofia, críticos, critica, donas de casa tratando de cozinha.
        A Poesia para os poetas. Alegria dos que não sabem e descobrem.
        Tinha havido a inversão de tudo, a invasão de tudo: o teatro de tese e a luta no palco entre morais e imorais. A tese deve ser decidida em guerra de sociólogos, de homens de lei, gordos e dourados como Corpus Juris.
        Ágil o teatro, filho do saltimbanco. Ágil e ilógico. Ágil o romance, nascido da invenção. Ágil a poesia.
        A poesia Pau-Brasil. Ágil e cândida. Como uma criança.
        Uma sugestão de Blaise Cendrars: – Tendes as locomotivas cheias, ides partir. Um negro gira a manivela do desvio rotativo em que estais. O menor descuido vos fará partir na direção oposta ao vosso destino.
        Contra o gabinetismo, a prática culta da vida. Engenheiros em vez de jurisconsultos, perdidos como chineses na genealogia das ideias.
        A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.
        Não há luta na terra de vocações acadêmicas. Há só fardas. Os futuristas e os outros.
        Uma única luta - a luta pelo caminho. Dividamos: Poesia de importação. E a Poesia Pau-Brasil, de exportação.
        Houve um fenômeno de democratização estética nas cinco partes sábias do mundo. Instituíra-se o naturalismo. Copiar. Quadros de carneiros que não fosse lã mesmo, não prestava. A interpretação no dicionário oral das Escolas de Belas Artes queria dizer reproduzir igualzinho... Veio a pirogravura. As meninas de todos os lares ficaram artistas. Apareceu a máquina fotográfica. E com todas as prerrogativas do cabelo grande, da caspa e da misteriosa genialidade de olho virado - o artista fotógrafo.
        Na música, o piano invadiu as saletas nuas, de folhinha na parede. Todas as meninas ficaram pianistas. Surgiu o piano de manivela, o piano de patas. A pleyela. E a ironia eslava compôs para a pleyela. Stravinski.
        A estatuária andou atrás. As procissões saíram novinhas das fábricas.
        Só não se inventou uma máquina de fazer versos – já havia o poeta parnasiano.
        Ora, a revolução indicou apenas que a arte voltava para as elites. E as elites começaram desmanchando. Duas fases: 1º) a deformação através do impressionismo, a fragmentação, o caos voluntário. De Cézanne e Malarmé, Rodin e Debussy até agora. 2º) o lirismo, a apresentação no templo, os materiais, a inocência construtiva.
        O Brasil profiteur. O Brasil doutor. E a coincidência da primeira construção brasileira no movimento de reconstrução geral. Poesia Pau-Brasil.
        Como a época é miraculosa, as leis nasceram do próprio rotamento dinâmico dos fatores destrutivos.
        A síntese
        O equilíbrio
        O acabamento de carrosserie
        A invenção
        A surpresa
        Uma nova perspectiva
        Uma nova escala.
        Qualquer esforço natural nesse sentido será bom. Poesia Pau-Brasil.
        O trabalho contra o detalhe naturalista – pela síntese; contra a morbidez romântica – pelo equilíbrio geômetra e pelo acabamento técnico; contra a cópia, pela invenção e pela surpresa.
        Uma nova perspectiva.
        A outra, a de Paolo Ucello criou o naturalismo de apogeu. Era uma ilusão ética. Os objetos distantes não diminuíam. Era uma lei de aparência. Ora, o momento é de reação à aparência. Reação à cópia. Substituir a perspectiva visual e naturalista por uma perspectiva de outra ordem: sentimental, intelectual, irônica, ingênua.
        Uma nova escala:
        A outra, a de um mundo proporcionado e catalogado com letras nos livros, crianças nos colos. O redame produzindo letras maiores que torres. E as novas formas da indústria, da viação, da aviação. Postes. Gasômetros Rails. Laboratórios e oficinas técnicas. Vozes e tics de fios e ondas e fulgurações. Estrelas familiarizadas com negativos fotográficos. O correspondente da surpresa física em arte.
        A reação contra o assunto invasor, diverso da finalidade. A peça de tese era um arranjo monstruoso. O romance de ideias, uma mistura. O quadro histórico, uma aberração. A escultura eloquente, um pavor sem sentido.
        Nossa época anuncia a volta ao sentido puro.
        Um quadro são linhas e cores. A estatuária são volumes sob a luz.
        A Poesia Pau-Brasil é uma sala de jantar domingueira, com passarinhos cantando na mata resumida das gaiolas, um sujeito magro compondo uma valsa para flauta e a Maricota lendo o jornal. No jornal anda todo o presente.
        Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres.
        Temos a base dupla e presente – a floresta e a escola. A raça crédula e dualista e a geometria, a álgebra e a química logo depois da mamadeira e do chá de erva-doce. Um misto de "dorme nenê que o bicho vem pegá" e de equações.
        Uma visão que bata nos cilindros dos moinhos, nas turbinas elétricas; nas usinas produtoras, nas questões cambiais, sem perder de vista o Museu Nacional. Pau-Brasil.
        Obuses de elevadores, cubos de arranha-céus e a sábia preguiça solar. A reza. O Carnaval. A energia íntima. O sabiá. A hospitalidade um pouco sensual, amorosa. A saudade dos pajés e os campos de aviação militar. Pau-Brasil.
        O trabalho da geração futurista foi ciclópico. Acertar o relógio império da literatura nacional.
        Realizada essa etapa, o problema é outro. Ser regional e puro em sua época.
        O estado de inocência substituindo o estada de graça que pode ser uma atitude do espírito.
        O contrapeso da originalidade nativa para inutilizar a adesão acadêmica.
        A reação contra todas as indigestões de sabedoria. O melhor de nossa tradição lírica. O melhor de nossa demonstração moderna.
        Apenas brasileiros de nossa época. O necessário de química, de mecânica, de economia e de balística. Tudo digerido. Sem meeting cultural. Práticos. Experimentais. Poetas. Sem reminiscências livrescas. Sem comparações de apoio. Sem pesquisa etimológica. Sem ontologia.
        Bárbaros, crédulos, pitorescos e meigos. Leitores de jornais. Pau-Brasil. A floresta e a escola. O Museu Nacional. A cozinha, o minério e a dança. A vegetação. Pau-Brasil."
                        OSWALD DE ANDRADE. In: Correio da Manhã, 18 de março de 1924.
      Disponível em: http://www.lumiarte.com / luardeoutono/oswald/manifpaubr.html.
                                                              Acesso em 20 abril 2003.
Entendendo o texto:
01 – Qual é a finalidade de um texto como esse?
      Apresentar e justificar uma nova proposta estética e literária.

02 – A quem parece ser dirigido?
      Ao público em geral, especialmente, àqueles interessados em arte e em poesia.

03 – Releia s seguintes enunciados. Qual é a finalidade deles para o propósito do texto?
·        “Só não se inventou uma máquina de fazer versos – já havia o poeta parnasiano.”
·        “O trabalho contra o detalhe naturalista – pela síntese; contra a morbidez romântica – pelo equilíbrio geômetra e pelo acabamento técnico; contra a cópia, pela invenção e pela surpresa.”
·        “Instituíra-se o naturalismo. Copiar. Quadros de carneiros que não fosse lã mesmo, não prestava. A interpretação no dicionário oral das Escolas de Belas Artes queria dizer reproduzir igualzinho...”
      Negar o que estava sendo feito então, através de crítica ao movimento parnasiano na poesia e o Naturalismo, na prosa.

04 – Explique com suas palavras a seguinte declaração do Manifesto: “Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres.”
      É interessante levar o aluno a compreender que a produção modernista, tal como estava sendo proposta, não poderia ser analisada sob a luz dos acadêmicos de então.

05 – Observe que o Manifesto, de forma metalinguística, apresenta aquilo que prega. Cite e comente trechos do Manifesto que se utilizam da metalinguagem.
      Apenas brasileiros de nossa época. O necessário de química, de mecânica, de economia e de balística. Tudo dirigido. Sem meeting cultural. Práticos. Experimentais. Poetas. Sem reminiscências livrescas. Sem comparações de apoio. Sem pesquisa etimológica. Sem “ontologia”. Nesse trecho, o poeta manifesta, por meio de metalinguagem, economia e experimentalismo linguísticos, rompendo com a tradição da norma culta portuguesa da época, que prescrevia a sintaxe corrente e condenava as frases truncadas, a linguagem telegráfica, a falta de conjunções e preposições.

06 – “A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.”
a)   O que se defende nesse trecho?
Uma língua brasileira, não condicionada ao padrão europeu.

b)   Faça um exercício: transforme esse trecho em um parágrafo mais corrente, adequado à sintaxe tradicional, empregando preposições, conjunções e verbos.
É preciso que a nossa língua esteja desprovida de arcaísmos, que seja empregada sem erudição, de forma natural e neológica. Todos os erros que cometemos são contribuições milionárias para a formação de um língua própria, que deve estar de acordo com o que falamos e com o que somos.

c)   Qual das formas é mais adequada para expressar o protesto do poeta?
A primeira. A forma que se distancia da sintaxe tradicional.

07 – A ironia e o deboche podem ser considerados recursos persuasivos, pois inibem os contra-argumentos de caráter lógico. Cite um trecho irônico e um satírico do “Manifesto Pau-Brasil”.
      “Toda a história bandeirante e a história comercial do Brasil. O lado doutor, o lado citações, o lado autores conhecidos. Comovente.” “As meninas de todos os lares ficaram artistas. Apareceu a máquina fotográfica. E com todas as prerrogativas do cabelo grande, da caspa e da misteriosa genialidade de olho virado – o artista fotógrafo.”

08 – Compare as ideias contidas no “Manifesto Pau-Brasil” com os seguintes poemas, retirados do livro Poesia Pau-Brasil, publicado em 1925.

ESCAPULÁRIO

No Pão de Açúcar
De Cada Dia
Dai-nos Senhor
A Poesia
De Cada Dia.

      ANDRADE, Oswald de. Pau-Brasil. 5. ed. São Paulo: Globo, 1991, p. 53.

a)   A que outro texto remete o poema?
À oração católica “Pai Nosso”.

b)   A primeira frase do Manifesto é “A poesia está nos fatos”. Relacione essa frase com o poema “Eucapulário”.
A poesia, para os modernistas da primeira geração, era visto como algo cotidiano, como o pão.

VÍCIO NA FALA

Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior dizem pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.

      ANDRADE, Oswald de. Pau-Brasil. 5. ed. São Paulo: Globo, 1991, p. 80.

a)   A ideia de uma língua brasileira foi uma das preocupações de Oswald de Andrade. Como se manifesta nesse poema?
Os “telhados”, os textos, são construídos pelo povo, pela língua cotidiana.

b)   O que seria, metaforicamente, os “telhados” mencionados no último verso?
Pode ser uma referência aos textos, a tudo aquilo que se constrói, que se edifica.

O CAPOEIRA

- Qué apanhá sordado?
- O quê?
- Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.

       ANDRADE, Oswald de. Pau-Brasil. 5. ed. São Paulo: Globo, 1991, p. 87.

a)   Compare o poema com tomadas de uma câmara cinematográfica. O que há de semelhante?
A simultaneidade de imagens.

b)   Que outra característica própria da primeira geração modernista pode ser observada nesse poema?
A incorporação da linguagem popular.





TEXTO: AINDA MAIS ANTIGO - REVISTA VEJA - COM QUESTÕES GABARITADAS


Texto: Ainda mais antigo
   
      Tumbas de 5000 anos revelam o requinte da escrita e da arte dos primeiros egípcios

    O antigo cemitério egípcio de Helwan, a 20 quilômetros do Cairo, sempre foi considerado uma área pouco promissora para escavações arqueológicas. Descoberto em 1942, e com mais de 10.000 sepulturas, era destinado aos plebeus de Memphis, a capital do antigo império egípcio. Na semana passada, um grupo de arqueólogos australianos descobriu em Helwan um pequeno tesouro. Eles acharam três das mais antigas tumbas já escavadas no país, com cerca de 5000 anos. Além de corpos mumificados e de peças de cerâmica com oferendas, havia lápides de pedra repletas de desenhos e hieróglifos, um achado surpreendente em se tratando de tumbas tão antigas e de pessoas comuns. Até agora, os arqueólogos só tinham encontrado decorações semelhantes em cemitérios onde estavam as tumbas monumentais de reis e nobres, como os de Abidos e Saqqara.
      A descoberta é uma prova de que, já no início da civilização egípcia, o uso da escrita pode ter sido mais popular do que se imaginava, e não se restringia apenas à nobreza. “Com esses hieróglifos e os objetos encontrados, será possível entendermos não só como era o cotidiano de Memphis, mas também como foi a evolução da escrita no princípio do império”, explica a coordenadora da escavação. Christiana Kohler. A descoberta reforça a tese de que os egípcios criaram um sistema de escrita independente de outras formas que já existiam.
       Até pouco tampo atrás, os hieróglifos eram considerados uma adaptação da escrita desenvolvida na Mesopotâmia. Numa das lápides, os pesquisadores encontraram uma imagem comparável às mais belas representações de arte antiga egípcia conhecidas. Ela retrata uma mulher sentada, cercada de desenhos e sinais que indicam seu nome, sua posição social e os víveres que levava para além-túmulo. É uma obra rara porque os egípcios não costumavam adornar tumbas de mulheres plebeias, mesmo sendo ricas.
        A maioria dos sepultamentos da necrópole de Helwan ocorreu entre a primeira e a terceira dinastias – de 3000 a 2500 antes de Cristo. Nessa época, o país se unificou e passou a ser governado por um rei, que no entanto não recebia ainda o título de faraó. Sistemas de irrigação permitiam a produção agrícola em larga escala, e o governo central cobrava impostos das vilas e aldeias. “Quando pensamos em civilização egípcia, frequentemente nos lembramos da tumba suntuosa de Tutancâmon, dos templos de Luxor, um egípcio que floresceu 2000 anos depois de as sepulturas de Helwan serem construídas”, diz o arqueólogo australiano David Pritchard, membro da equipe que realizou a descoberta. Na verdade, a ideia que temos do Egito antigo começou a ser construída já nos primórdios da civilização à beira do Nilo, como provam os túmulos de Helwan.

                                    Veja, Abril, São Paulo, ano 35, n. 5, p. 70, 6 fev. 2002.
Entendendo o texto:
01 – Que diferenças essenciais  existem entre a explicação mitológica e a científica? Comente.
      A explicação mitológica é mágica, depende da crença e da religiosidade de cada um.
      A explicação científica pretende demonstrar através de métodos, determinada tese.

02 – Levante alguns dados no texto de divulgação cientifica – localidade, data e nome dos pesquisadores – e depois responda: os dados informados podem ser confirmados? Qual é a importância de se informar esses dados?
      Sim. Informar tais dados confere caráter de verdade ao que foi relatado.

03 – Qual é a função da foto em um texto de divulgação científica?
      Tem a mesma função dos dados: conferir caráter de verdade.

04 – Agora, observe quais foram os objetivos de cada parágrafo. O objetivo do primeiro parágrafo foi descrito abaixo. Leia-o e continue no seu caderno.
1° parágrafo: Relatar o que aconteceu, fornecer os dados para localizar o leitor.
2° parágrafo: explicar qual é a importância da descoberta arqueológica.
3° parágrafo: comparar os estudos de até então com as novas descobertas.
4° parágrafo: contar brevemente a história do Egito.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

MÚSICA(ATIVIDADES): A FEIRA - O RAPPA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Música(Atividades): A Feira

                         O Rappa
É dia de feira
Quarta-feira, Sexta-feira
Não importa a feira
É dia de feira
Quem quiser pode chegar

É dia de feira
Quarta-feira, Sexta-feira
Não importa a feira
É dia de feira
Quem quiser pode chegar

Vem maluco, vem madame
Vem Maurício, vem atriz
Pra comprar comigo

Vem maluco, vem madame
Vem Maurício, vem atriz
Pra levar comigo

Tô vendendo ervas
Que curam e acalmam
Tô vendendo ervas
Que aliviam e temperam

Tô vendendo ervas
Que curam e acalmam
Tô vendendo ervas
Que aliviam e temperam

Mas eu não sou autorizado
Quando o Rappa chega
Eu quase sempre escapo
Quem me fornece
É que ganha mais
A clientela é vasta
Eu sei!
Porque os remédios normais
Nem sempre
Amenizam a pressão
Amenizam a pressão
Amenizam a pressão

É dia de feira
Quarta-feira, sexta-feira
Não importa a feira
É dia de feira
Quem quiser pode chegar

É dia de feira
Quarta-feira, sexta-feira
Não importa a feira
É dia de feira
Quem quiser pode chegar

Vem maluco, vem madame
Vem Maurício, vem atriz
Pra comprar comigo
Vem maluco, vem madame
Vem Maurício, vem atriz
Pra levar comigo...

Tô vendendo ervas
Que curam e acalmam
Tô vendendo ervas
Que aliviam e temperam

Tô vendendo ervas
Que curam e acalmam
Tô vendendo ervas
Que aliviam e temperam

Mas eu não sou autorizado
Quando o Rappa chega
Eu quase sempre escapo
Quem me fornece
É que ganha mais
A clientela é vasta
Eu sei!
Porque os remédios normais
Nem sempre!
Amenizam a pressão
Amenizam a pressão
Amenizam a pressão
Amenizam a pressão

Porque os remédios normais não amenizam
Pressão!
Porque os remédios normais não amenizam
Pressão!
Porque os remédios normais não amenizam
Pressão!
Porque os remédios normais não amenizam
Pressão!
Porque os remédios normais não amenizam
Pressão!
Porque os remédios normais não amenizam
Pressão!
Porque os remédios normais não amenizam
Pressão!
Porque os remédios normais não amenizam
Pressão!

É dia de feira
Quarta-feira, sexta-feira
Não importa a feira
É dia de feira, quem quiser pode chegar

É dia de feira
Quarta-feira, sexta-feira
Não importa a feira
É dia de feira, quem quiser pode chegar

                                         Composição: Falc / Lauro Farias / Marcelo Lobato / Marcelo Yuka / Xandão

Entendendo a canção:
01 – Qual é a acusação principal?
      “Porque os remédios normais nem sempre amenizam a pressão”.

02 – De que o poeta fala na canção?
      O Rappa fez a proeza de falar sobre as drogas, o tráfico e a realidade das favelas quase sem ser notado.

03 – Segundo o poeta, o que ele está vendendo na feira e para que serve? Copie os versos.
      “Tô vendendo ervas
      Que curam e acalmam
      Tô vendendo ervas
      Que aliviam e temperam”.

04 – A que ele se refere nos versos: “Mas eu não sou autorizado / Quando o Rappa chega / Eu quase sempre escapo”?
      Refere-se aos policiais.

05 – Em que versos faz referência aos traficantes?
      “Quem me fornece / É que ganha mais”.