quinta-feira, 24 de maio de 2018

CONTO: A CIDADE DOS POÇOS - JORGE BUCAY - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

CONTO: A CIDADE DOS POÇOS

        Aquela cidade não era habitada por pessoas, como todas as outras cidades do planeta.
      Aquela cidade era habitada por poços. Poços vivos… mas afinal poços.
      Os poços distinguiam-se entre si não somente pelo lugar onde estavam escavados, mas também pelo parapeito (a abertura que os ligava ao exterior).
      Havia poços ricos e ostensivos com parapeitos de mármore e metais preciosos; poços humildes de tijolo e madeira, e outros mais pobres, simples buracos rasos que se abriam na terra.
     A comunicação entre os habitantes da cidade fazia-se de parapeito em parapeito, e as notícias corriam rapidamente de ponta a ponta do povoado.
      Um dia, chegou à cidade uma «moda» que certamente tinha nascido em algum pequeno povoado humano.
      A nova ideia era que qualquer um que se prezasse deveria cuidar muito mais do interior do que do exterior. O importante não era o superficial, mas o conteúdo.
      Foi assim que os poços começaram a encher-se de coisas. Alguns enchiam-se de joias, moedas de ouro e pedras preciosas. Outros, mais práticos, encheram-se de eletrodomésticos e aparelhos mecânicos. Outros ainda optaram pela arte, e foram-se enchendo de pinturas, pianos de cauda e sofisticadas esculturas pós-modernas. Finalmente, os intelectuais encheram-se de livros, de manifestos ideológicos e de revistas especializadas.
      O tempo passou. A maioria dos poços encheu-se a tal ponto que já não podia conter mais nada.
      Os poços não eram todos iguais, por isso, embora alguns se tenham conformado, outros pensaram no que teriam de fazer para continuar a meter coisas no seu interior…
     Um deles foi o primeiro. Em vez de apertar o conteúdo, lembrou-se de aumentar a sua capacidade alargando-se.
     Não passou muito tempo até que a ideia começasse a ser imitada. Todos os poços utilizavam grande parte das suas energias a alargar-se para criarem mais espaço no seu interior. Um poço, pequeno e afastado do centro da cidade, começou a ver os seus colegas que se alargavam desmedidamente. Ele pensou que se continuassem a alargar-se daquela maneira, dentro em pouco confundir-se-iam os parapeitos dos vários poços e cada um perderia a sua identidade…
     Talvez a partir dessa ideia, ocorreu-lhe que outra maneira de aumentar a sua capacidade seria crescer, mas não em largura, antes em profundidade. Fazer-se mais fundo em vez de mais largo. Depressa se deu conta de que tudo o que tinha dentro dele lhe impedia a tarefa de aprofundar. Se quisesse ser mais profundo, seria necessário esvaziar-se de todo o conteúdo…
      A princípio teve medo do vazio. Mas, quando viu que não havia outra possibilidade, depressa meteu mãos à obra. Vazio de posses, o poço começou a tornar-se profundo, enquanto os outros se apoderavam das coisas das quais ele se tinha despojado…
    Um dia, algo surpreendeu o poço que crescia para dentro. Dentro, muito no interior e muito no fundo… encontrou água!
      Nunca antes nenhum outro poço tinha encontrado água. O poço venceu a sua surpresa e começou a brincar com a água do fundo, umedecendo as suas paredes, salpicando o seu parapeito e, por último, atirando a água para fora.
      A cidade nunca tinha sido regada a não ser pela chuva, que na verdade era bastante escassa. Por isso, a terra que estava à volta do poço, revitalizada pela água, começou a despertar. As sementes das suas entranhas brotaram em forma de erva, de trevos, de flores e de hastezinhas delicadas que depois se transformaram em árvores…
     A vida explodiu em cores à volta do poço afastado, ao qual começaram a chamar «o Vergel».
      Todos lhe perguntavam como tinha conseguido aquele milagre.
    — Não é nenhum milagre — respondeu o Vergel. — Deve procurar-se no interior, até ao fundo.
      Muitos quiseram seguir o exemplo do Vergel, mas aborreceram-se da ideia quando se deram conta de que para serem mais profundos, se tinham de esvaziar. Continuaram a encher-se cada vez mais de coisas…
      No outro extremo da cidade, outro poço decidiu correr também o risco de se esvaziar…
      E também começou a escavar…
      E também chegou à água…
    E também salpicou até ao exterior criando um segundo oásis verde no povoado…
      — Que vais fazer quando a água acabar? — perguntavam-lhe.
     — Não sei o que se passará — respondia ele. — Mas, por agora, quanto mais água tiro, mais água há.
      Passaram-se uns meses antes da grande descoberta.
     Um dia, quase por acaso, os dois poços deram-se conta de que a água que tinham encontrado no fundo de si próprios era a mesma…
     Que o mesmo rio subterrâneo que passava por um inundava a profundidade do outro
      Deram-se conta de que se abria para eles uma vida nova.
     Não somente podiam comunicar um com o outro de parapeito em parapeito, superficialmente, como todos os outros, mas a busca também os tinha feito descobrir um novo e secreto ponto de contato.
    Tinham descoberto a comunicação profunda que somente conseguem aqueles que têm a coragem de se esvaziar de conteúdos e procurar no fundo do seu ser o que têm para dar…
 Jorge Bucay

                                                                  
Entendendo o texto:

01 – Qual o título do texto?
      O título do texto é “A cidade dos poços”

02 – Quem eram os habitantes desta cidade?
      Os habitantes desta cidade eram os poços.

03 – Todos os poços eram iguais? Justifique sua resposta.
      Os poços eram diferentes, haviam poços ricos com parapeitos de mármore ou metais preciosos; os mais humildes feitos de tijolos e madeira; e outros muitos pobres que eram buracos rasos que se abriam na terra.

04 – Que moda chegou à cidade dos poços? De onde veio essa moda?
      Era a moda de que alguém que se prezasse devia cuidar muito mais do interior do que do exterior. Essa moda deve ter vindo de algum povoado humano.

05 – Como ocorria a comunicação na cidade dos poços?
      A comunicação era feita de parapeito em parapeito.

06 – O que aconteceu com o passar do tempo?
      Com o passar do tempo os poços encheram-se tanto ao ponto que já não podiam conter mais nada.

07 – Qual foi a solução encontrada pela maioria dos poços?
      A maioria dos poços resolveram aumentar sua capacidade para os lados.

08 – Qual foi a ideia do pequeno poço afastado da cidade? O que ele teve que fazer para alcançar esse objetivo?
      Ele resolveu ao invés de alargar-se, ele resolveu aprofundar-se. Mas para isso ele teve que se desfazer do que ele guardava em seu interior.

09 – Qual foi a reação dos outros poços?
      Ele até acharam que eram uma boa ideia, mas não quiseram se desfazer das suas coisas. Mas um poço no outro extremo da cidade resolveu se aventurar e cavar para baixo.

10 – O que o poço que cavou para baixo encontrou?
      Ele encontrou água.

 11 – Que nome deram para o poço fundo? Justifique sua resposta.
      Começaram a chama-lo de Vergel, pois quando ele começou a jogar água para fora a terra começou a brotar.



quarta-feira, 23 de maio de 2018

FILME(ATIVIDADES): GERMINAL - CLAUDE BERRI - COM GABARITO

Filme(ATIVIDADES): GERMINAL

Data de lançamento: desconhecida (2h 40min)
Direção: Claude Berri
Gêneros: DramaHistórico
Nacionalidades: FrançaItáliaBélgica

SINOPSE E DETALHES
        Durante o Século XIX, os trabalhadores franceses eram explorados pela aristocracia burguesa, que dava condições miseráveis para seus empregados. Em uma cidade francesa, os mineradores de uma grande mineradora, decidem realizar uma greve e se rebelam contra seus chefes, causando o caos.

Entendendo o filme:
01 – De que trata o filme?
      Trata de relações de trabalho, que ocorriam de maneira exploratória, isto é, tirando a força de trabalho do operário, de maneira desumana e não retribuía remuneração justa, especialmente conversão de direitos. Era praticamente um trabalho escravo, onde os operários viam-se submetidos em nome do sustento familiar e pessoal.

02 – Como se dá a relação entre capital e trabalho? Quais as consequências imediatas (aparentes) dessa relação?
      Dava-se de maneira exploratória, pois o capitalismo (proprietário das minas) tendo em mãos o monopólio, comprava a força de trabalho (mão-de-obra) bastante barata e só visava ao lucro (o maior possível). Além disso, contava com o apoio do Estado e da burguesia como um todo.

03 – Como a burguesia se comporta diante da situação dos trabalhadores?
      De maneira fria e desumana, pois não enxerga a possibilidade de favorecer ou conceder melhores condições de trabalho e direitos básicos. Encara como natural o trabalho exacerbado em que a remuneração sequer garante o sustento. Por outro lado a burguesia se esbalda em requintes, recursos e luxuosos banquetes.

04 – Qual o resultado da greve?
      A greve gera um caos econômico e social, o que faz com que os burgueses recorram ao Estado e dele se sirvam. Porém, serve também para demonstrar que o povo organizado é capaz de modificar a sociedade. Entretanto, isso não ocorreu naquele contexto, também porque o capitalismo tem a seu favor a legislação.

05 – Através do filme, é possível observar o fenômeno da confrontação entre patrões e empregados. Em que condições estas lutas eram desenvolvidas?
      O filme faz relatos sobre os trabalhadores de uma mina onde mulheres, crianças, idosos e homens trabalhavam sem equipamentos de segurança, com pouca comida e água e um salário que dava somente para o sustento da família. Percebendo esta situação Etienne começa a influenciar os outros trabalhadores para que façam greves, entretanto os patrões não concedeu a greve, o que fez com que os mineradores travassem uma luta contra eles. Então os patrões contrataram os belgas para trabalhar fazendo com que os mineradores voltassem a trabalhar nas mesmas condições.

06 – Em análise ao filme, temos que o personagem de Gerard Depardieu representava a estagnação no contexto social, enquanto o personagem “Etienne” representava uma mudança no processo da eclosão de movimentos sindicais. Por quê? Explique/justifique.
      Gerard Depardieu: Era o funcionário mais antigo e respeitado, não faz nada quanto a situação sua é de sua família.
      Etienne: Homem que recém havia chegado e estava desempregado, possuía um espírito contestador e revolucionário, ao ver a situação precária que todos ali viviam decide influenciar os outros trabalhadores para que fizessem uma greve em busca de melhores condições de trabalho e decide lutar junto a eles, entretanto eles não obtiveram êxito.

07 – Faça um comentário sobre o que entendeu.
      O filme mostra relações de trabalho em que predominam situações de alienação ferrenha, exploração e submissão. Trata-se de um trabalho precário, onde os burgueses monopolistas compram a força de trabalho de maneira desvalorizada, onde o este mesmo capitalista exige o máximo de dispêndio de força de trabalho humano e pouco oferece em troca, sequer direitos essenciais.
      Mostra também os primórdios das lutas contra a exploração e a busca constante e incessante por melhores condições de emprego.



MÚSICA(ATIVIDADES): TREM DAS CORES - CAETANO VELOSO - COM GABARITO

Música(Atividades): Trem Das Cores

                                              Caetano Veloso
A franja na encosta cor de laranja, capim rosa chá
O mel desses olhos luz, mel de cor ímpar
O ouro ainda não bem verde da serra, a prata do trem
A lua e a estrela, anel de turquesa

Os átomos todos dançam, madruga, reluz neblina
Crianças cor de romã entram no vagão
O oliva da nuvem chumbo ficando pra trás da manhã
E a seda azul do papel que envolve a maçã

As casas tão verde e rosa que vão passando ao nos ver passar
Os dois lados da janela
E aquela num tom de azul quase inexistente, azul que não há
Azul que é pura memória de algum lugar

Teu cabelo preto, explícito objeto, castanhos lábios
Ou pra ser exato, lábios cor de açaí
E aqui, trem das cores, sábios projetos: Tocar na central
E o céu de um azul celeste celestial.

Entendendo a canção:

01 – Ditado das cores e sentimentos.

Escrever a cor que associam à palavra.
a)   Amor:________________________
b)   Dor:__________________________
c)   Pureza:_______________________
d)   Perigo:________________________
e)   Tranquilidade:__________________
f)    Sujeira:________________________
g)   Esperança:_____________________
h)   Solidão:_______________________
i)     Energia:_______________________
j)     Tristeza:_______________________
k)   Maldade:______________________
l)     Intuição:_______________________
m)  Saúde:_______________________
n)   Feminino:______________________
o)   Fome:_________________________
p)   Morte:_________________________
q)   Natureza:______________________
r)    Atenção:_______________________
s)   Masculino:______________________
t)     Sabedoria:______________________

Após o ditado, confira com os alunos as cores que eles associaram às palavras. Discuta com eles por que eles associam certas cores a certas ideias, sentimentos e coisas.
      Resposta pessoal do aluno.

02 – Colocar no quadro o objeto e sua cor correspondente:
Objeto ......................... Cor.
Encosta ......................  Laranja.
Capim ........................   Rosa chá.
Olhos luz .....................  Mel.
Serra ...........................  Ouro/verde.
Trem ..........................   Prata.
Anel ...........................   Turquesa.
Nuvem chumbo .........   Oliva.
Papel de seda ...........   Azul.
Casa .........................   Verde.
Casa .........................   Rosa.
Cabelo ......................   Preto.
Lábios .......................   Castanhos.
Lábios .......................   Cor de açaí.
Céu ...........................   Azul celeste.

03 – Verifique-se:
        As cores dos objetos citados no poema correspondem as cores desse objetos na vida real.
        Responda as seguintes questões:
a)   A encosta laranja, é laranja mesmo?
Sim.

b)   E o capim rosa chá?
Ele é rosa.

c)   Como vocês entendem o verso: “E a seda azul do papel que envolve a maçã”?
Fala de quando as maçãs argentinas vinham embrulhadas no papel azul de seda.

d)   O que seria um “Azul quase inexistente”?
Azul transparente.

e)   Como você imagina os “Castanhos lábios, ou pra ser exato, lábios cor de açaí”?
Resposta pessoal do aluno.

04 – Marque V, se a proposição é verdadeira. E F, se a proposição é falsa:
Trem das cores
A franja na encosta
Cor de laranja,
Capim rosa chá
O mel desses olhos luz,
O ouro ainda não bem verde da serra,
A prata do trem
A lua e a estrela,
Anel de turquesa (Veloso, 2013).
        A análise sintática do trecho da música Trem das cores, de Caetano Veloso, indica que se está diante de oito orações e, consequentemente, de oito frases verbais.
      Falsa.



FÁBULA: JUPITER E A ABELHA - FERNANDO KITZINGER DANNEMANN - COM GABARITO


Fábula: JUPITER E A ABELHA


        Houve um dia em que a rainha das abelhas entendeu ser necessário agradecer ao deus Júpiter por tudo quanto ele havia lhes dado, principalmente os campos, as flores e o néctar em abundância. E decidiu presenteá-lo com o que de melhor elas possuíam para oferecer-lhe, que era o mel produzido por cada uma graças à fartura da matéria prima que a divindade colocara à disposição de todas. Então ela procurou as melhores colmeias, recolheu a quantidade de mel que julgou ser suficiente e voou com ele para o Monte Olimpo, onde morava o maior dos deuses.
        Júpiter ficou tão satisfeito com o presente recebido que desejou retribuí-lo, e para isso prometeu dar à abelha qualquer coisa que ela desejasse. Ao ouvir tal oferecimento, a rainha não se conteve e pediu:
         -- Oh, Júpiter, dê-nos um ferrão com o qual possamos nos defender. Mas que seja tão forte e resistente que com ele sejamos capazes de ferir e matar aqueles que se aproximarem de nossa casa com intenção de nos roubar o mel.
         O deus maior não gostou do espírito vingativo facilmente perceptível no pedido feito pela abelha, mas como não podia voltar atrás na palavra empenhada, ele declarou:
         -- Vou lhes dar o ferrão que me está sendo pedido, mas com a condição de que se vocês o usarem para atacar qualquer coisa viva, a picada poderá ser mortal.
         Ao ouvir essas palavras a rainha das abelhas bateu palmas de contentamento, mas tão logo fez menção de agradecer à benesse recebida, Júpiter completou sua fala: 
        -- Mas devo avisá-la de que a picada será mortal também para vocês, porque como o ferrão se quebrará no momento em que for usado, a abelha que tiver feito isso morrerá logo em seguida.
        Moral da história: Quem pratica o mal, recebe o mal como recompensa.

                                                       Fernando Kitzinger Dannemann
Entendendo a fábula:

01 – Qual é o título do texto? Quem é o autor?
      Júpiter e a Abelha. Fernando Kitzinger Dannemann.

02 – Quais os personagens do texto?
      Júpiter e a Abelha.

03 – A que gênero pertence o texto?
      Pertence a fábula.
04 – Você concorda com a moral que o autor escreveu? Que outra moral você daria?
      Resposta pessoal do aluno.

05 – Em sua opinião, para que público o autor escreveu essa fábula?
      Foi escrito para o público adolescente.

06 – Com que intenção você acha que ele escreveu?
      Resposta pessoal do aluno.

07 – Para você que tipo de narrador essa fábula apresenta?  Transcreva um trecho que comprove sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

08 – Reconte essa fábula com suas palavras, dando assim uma nova versão.
     Resposta pessoal do aluno.




LENDA: JURUVA SALVOU O FOGO - ANTONIETA DIAS DE MORAIS - COM GABARITO


Lenda: JURUVA SALVOU O FOGO

      De repente, o fogo se apagou nos quatro cantos da Terra. Não se sabia por que, mas apagou. Antes disso acontecer, havia fogueiras espalhadas pelo mundo: fogueiras grandes que serviam às tribos para se comunicarem umas com as outras; fogueiras menores, para os índios se aquecerem nas noites de friagem; fogueiras pequenas, para cozinhar os alimentos; e até fogueirinhas, acesas de brincadeira, pelas crianças.
        De repente, sem nenhuma razão, as fogueiras se apagaram.
        Nunca os índios souberam por quê. Nunca se soube por que as fogueiras se apagaram ao mesmo tempo. As fogueiras e os braseiros apagaram-se!
        Somente num lugar distante, longe, muito longe, havia uma última brasinha acessa, prestes a extinguir-se. Quem poderia ir buscá-la tão depressa como era necessário?
        Alguém deveria chegar a tempo de salvar aquela última centelha, antes do fogo apagar-se para sempre.
        Os índios Parecis reuniram-se e chamaram os animais da floresta, para ajudarem a trazer a última brasa. Todos se recusaram. Uns diziam que não dava tempo; outros alegavam que se queimariam; outros nem responderam, partiram sem dar explicações.
        Os índios Parecis, então, chamaram os pássaros da floresta para ajudá-los. Perguntaram qual dentre eles iria buscar a última brasa que se apagava num lugar distante.
        Juruva não se fez rogar. Ofereceu-se logo para trazer a última brasa que restava acesa na terra. Não havia tempo a perder, e o pássaro partiu ligeiro como seta de zarabatana.
         Voou. Voou. Voou... Por fim, chegou àquele lugar, longe, muito longe, que ninguém sabia onde ficava.
          Revolveu o borralho, e tirou das cinzas aquela última brasinha. E, agora, como a levaria?  Não tinha mãos.
          Tomou-a no bico, mas logo sentiu o ardor de queimadura. Virou daqui, virou dali, saltitando, mas nada de achar um jeito de segurar a brasa. De repente, teve uma ideia. Apanhou a brasinha entre as duas penas compridas da cauda, e voltou, voando depressa ao encontro dos Pareci.
          Ao chegar, entregou a preciosa brasa quase apagada. Os índios receberam-na com muito cuidado. Colocaram-na entre ervas delicadas, musgos e palhinhas secas, uma espécie de ninho preparado para receber aquele tesouro.
          A tribo reuniu-se ao redor, e todos começaram a soprar a brasinha, que aos poucos parecia reanimar-se. De repente, apareceu uma chama minúscula, um quase nada, uma esperançazinha...
          Foi o bastante para os índios se alegrarem. Todos sopraram com mais força. Entregou-se uma língua de fogo; a seguir outra, e mais outra ... o fogo estava salvo!
          Os Parecis atiraram flechas secas e gravetos, até subirem altas labaredas vermelhas, com fulgores azulados. Agora, era preciso alimentar o fogo. Primeiro, trouxeram galhos pequenos; depois, maiores e, por fim, grandes toros de madeira seca. A fogueira ardia. Pipocavam faíscas de ouro como se o próprio ar se incendiasse.
         Era quase noite quando a dança começou.
         Primeiro, o bastão de ritmo golpeou o chão. Depois, os pés golpearam o chão num baticum formidável.
         O fogo roncava, bravo como um jaguar. Lampejos de ouro dançavam na folhagem. A floresta estremecia ao som dos cantos e das danças rituais.
        Encarapitado numa árvore, Juruva via o fogo subir em labaredas, que punham clarões no céu, e reflexos metálicos em sua plumagem colorida. Olhou para a própria cauda. Antes, era tão bonita, e agora apresentava duas falhas bem no lugarzinho em que a brasa queimara! Ficaria com aquela falha para sempre!
        “Não logo” – disse consigo mesmo. “Todos vão saber que salvei o fogo, para entregá-lo aos índios Parecis.”

Antonieta Dias de Morais (org.).  Contos e lendas de índios no
  Brasil: para crianças. São Paulo, Nacional.       
Entendendo a lenda:      
                  
01 – Qual é o problema que a história apresenta e que tenta resolver?
      A falta do fogo nas aldeias.

02 – O que os índios deixaram de fazer sem o fogo?
      Deixaram de comunicar com outras tribos, aquecer nas noites frias, cozinhar os alimentos, etc.

03 – Quem era Juruva?
      Era um pássaro.

04 – A quem os índios Parecis chamou primeiro para poder buscar a última brasa?
      Chamou os animais, e nenhum aceitou ir buscar a brasa.

05 – Quando eles chamaram os pássaros, quem aceitou ir buscar?
      Foi o Juruva.

06 – Observe o trecho: “Voou. Voou. Voou ...”
        Por que você acha que o autor repetiu a palavra voou?
      Porque era longe a distância. E foi um meio de mostrar o tamanho da distância.

07 – Observe mais esse trecho:
            “Ergueu-se uma língua de fogo; a seguir outra, e mais outra... O fogo estava salvo!”
a)   Qual o significado das reticências no trecho acima?
Significa que tem mais algumas palavras (frase) escrita.

b)   Agora explique por que foi utilizado o ponto de exclamação.
Foi utilizado como uma afirmativa.

     c) Se você tivesse que reescrever essa frase: “O fogo estava salvo!”, que palavras do quadro abaixo acrescentaria para dar mais emoção ainda ao trecho?
        Ufa! – Ih! – Credo! – Oh! – Ai! – Tomara!
      Resposta pessoal do aluno.

08 – Como o Juruva conseguiu trazer a brasinha para os Índios Parecis?
      Trouxe entre as duas penas compridas da sua calda.

09 – Em que lugar foi colocado a brasinha pelos índios?
      Colocaram-na entre ervas delicadas, musgos e palhinhas secas.

10 – De que maneira eles conseguiram fazer da brasinha, uma enorme fogueira?
      Todos começaram a assoprar a brasinha, logo pareceu reanimar-se. Então eles sopraram cada vez mais.

11 – Após acender a brasinha, eles precisavam alimentar o fogo, o que eles fizeram? 
      Primeiro trouxeram galhos pequenos, depois maiores e por fim grandes toras de madeira seca.

12 – De acordo com o texto, qual foi o pensamento do Juruva?
      “Todos vão saber que salvei o fogo, para entrega-lo aos Índios Parecis.”

13 – Quem é o autor do texto “Juruva salvou o fogo”?
      Antonieta Dias de Morais.


ARTIGO DE OPINIÃO: NÃO CORRA ATRÁS DAS BORBOLETAS, CUIDE DO SEU JARDIM - DENYSE LAGE FONSECA- COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: Não corra atrás das borboletas, cuide do seu jardim
Denyse Lage Fonseca


       … Muitas vezes, passamos um longo tempo de nossas vidas correndo desesperadamente atrás de algo que desejamos, seja um amor, um emprego, uma amizade, uma casa, etc.
      Muitas vezes, a vida usa símbolos, acontecimentos que são sinais para que possamos entender que, antes de merecermos aquilo que desejamos, precisamos aprender algo importante, precisamos estar prontos e maduros para viver determinadas situações.
      Se isso está acontecendo na sua vida, pare e reflita sobre a seguinte frase: “Não corra atrás das borboletas. Cuide do seu jardim e elas virão até você!”. Devemos compreender que a vida segue seu fluxo e que esse fluxo é perfeito.
       Tudo acontece no seu devido tempo.
      Nós, seres humanos, é que nos tornamos ansiosos e estamos constantemente querendo “empurrar o rio”. O rio vai sozinho, obedecendo ao ritmo da natureza. Se passarmos todo o tempo desejando as borboletas e reclamando porque elas não se aproximam da gente, mas vivem no jardim do nosso vizinho, elas realmente não virão.
      Mas, se nos dedicarmos a cuidar de nosso jardim, a transformar o nosso espaço [a nossa vida] num ambiente agradável, perfumado e bonito, será inevitável… as borboletas virão até nós!
      Dê o que você tem de melhor e a vida lhe retribuirá…!

https://acessaber.com.br/atividades/interpretacao-de-texto-nao-corra-atras-das-borboletas-1o-ano-do-ensino-medio/

Entendendo o texto:

01 – A finalidade e do texto é:
a) fazer refletir
b) informar
c) divulgar
d) entreter

02 – O texto é construído por meio da seguinte metáfora:
a) “Muitas vezes, passamos um longo tempo de nossas vidas correndo desesperadamente [...]”
b) “Não corra atrás das borboletas. Cuide do seu jardim e elas virão até você!”.
c) “Tudo acontece no seu devido tempo.”
d) “Dê o que você tem de melhor e a vida lhe retribuirá...!”

03 – Em “[...] é que nos tornamos ansiosos e estamos constantemente querendo “empurrar o rio”, o termo destacado poderia ser substituído por:
a) aleatoriamente
b) consequentemente
c) indubitavelmente
d) incessantemente.

04 – No trecho “[...] mas vivem no jardim do nosso vizinho, elas realmente não virão.”, o termo sublinhado estabelece uma relação de:
a) adversidade
b) reciprocidade
c) continuidade
d) conclusão.

05 – Em todos os segmentos, registra-se o emprego do modo imperativo, exceto em:
a) “Se isso está acontecendo na sua vida, pare e reflita sobre a seguinte frase [...]”
b) “Não corra atrás das borboletas.”
c) “Mas, se nos dedicarmos a cuidar de nosso jardim [...]”
d) “Dê o que você tem de melhor e a vida lhe retribuirá...!”

06 – Em “[...] a transformar o nosso espaço [a nossa vida] num ambiente agradável [...]”, a parte nos colchetes consiste em uma:
a) especificação
b) exemplificação
c) citação
d) opinião.

07 – No trecho “[...] e reclamando porque elas não se aproximam da gente, mas vivem no jardim do nosso vizinho, elas realmente não virão.”, os pronomes grifados substituem:
      “As borboletas”.

08 – Na passagem “Se isso está acontecendo na sua vida, pare e reflita sobre a seguinte frase [...]”, a vírgula indica uma:
a) inserção de um comentário avaliativo.
b) inversão na ordem dos constituintes da frase.
c) omissão de termo da oração.
d) enumeração de conselhos.