quinta-feira, 29 de março de 2018

TEXTO: AS CAVALHADAS - FREI JOSÉ AUDRIN - COM GABARITO

Texto: AS CAVALHADAS

       Ainda do ponto de vista da agilidade mencionaremos, aqui, as belas façanhas tradicionais que os sertanejos renovam, cada ano, por ocasião dos festejos do Divino e do Rosário. Queremos falar das cavalhadas, tão famosas e apreciadas no interior. São reminiscências incontestáveis de antigos torneios.
        Na praça principal do arraial, ou num campo vizinho do povoado em que se reuniu a multidão em festa, apresentam-se dois grupos de vistosos cavaleiros. De um lado, os “mouros”, do outro, os “cristãos”. Todos ornados de fitas e penachos de cores vivas e montados em fogosos ginetes enfeitados e pintados da cabeça à cauda.
        De início, os dois reis enfrentam-se, de lanças em punho, com desafios orgulhosos e discursos intermináveis. O cristão, naturalmente, reprova com veemência a doutrina do muçulmano e exorta-o a abjurar os seus erros. Este responde com bravatas e ameaças. Apartam-se então, e a luta precipita um contra o outro os campos inimigos. São delirantes galopes, correrias vertiginosas, que simulam ataques e contra-ataques, ao tinir das espadas que se cruzam em belíssimas evoluções.
        Depois de ter cada um ostentado bastante a sua destreza e a beleza de seu cavalo, uma manobra suprema consegue a captura, pelos cristãos, do infeliz soberano pagão, que se converte e recebe o batismo.
        A maravilhosa parada equestre completa-se, depois de um intermédio, pelo jogo das argolinhas. Cada cavaleiro avança garboso, de lança em punho. Galopa até certa distância fora do campo; em seguida, precipita-se em direção às argolas suspensas entre dois mastros erguidos no meio da praça, a fim de tentar, em plena carreira, passar numa delas a ponta da lança. Embora dificílima a tentativa, nunca faltam hábeis e ágeis cavaleiros para realiza-la, aos aplausos da assistência, que vibra de entusiasmo.

                              Frei José Audrin. Os Sertanejos que Eu Conheci.
                                               Pág. 110. Editora José Olympio, 1963.

Entendendo o texto:
01 – Neste belo trecho descritivo, o autor quer provar:
      (X) A agilidade, a destreza do sertanejo.
      (   ) O espírito belicoso do sertanejo.
      (   ) O sentimento cristão do sertanejo.

02 – Complete a frase de acordo com o que se diz no texto:
      As cavalhadas são reminiscências de antigos combates entre mouros e cristãos.

03 – A cavalhada compreende duas partes ou exibições:
      - A luta dos dois grupos de cavaleiros inimigos.
      - O jogo das argolinhas.

04 – Destaque do texto expressões que indicam ou sugerem:
     a) O ambiente festivo.
      A multidão em festa.

     b) O aparato dos cavaleiros.
      Vistosos cavaleiros.

     c) O aspecto dos cavalos.
      Fogosos ginetes enfeitados.

     d) A vibração dos espectadores.
      Aos aplausos da assistência, que vibra de entusiasmo.




CRÔNICA: CONTATOS IMEDIATOS - JOSÉ J.VEIGA - COM GABARITO

CRÔNICA: CONTATOS IMEDIATOS


    A mesa do jantar estava posta. Sentado no sofá, Dr. Gumercindo mudava as pilhas do radinho. Nilo chegou, tirou o pratinho que cobria a tigela e anunciou:
        --- Olha aqui, pai. Pra festejar a sua chegada.
        --- Muita gentileza. O que é que temos ai? – disse o pai, fechando o rádio e ligando-o.
        --- Doce de batata que D.ª Luci mandou.
        --- Ótimo! Guarde na cozinha. – Mas o rádio não funcionava. O pai instigou-o com um tapinha, ele não reagiu. – Você andou mexendo com este rádio, Nilo?
        --- Liguei ele. Estava bom, mas fanhoso. Vá ver o senhor se distraiu na colocação das pilhas novas.
        O pai olhou admirado para ele e disse:
        --- Gostei dessa, garotão. Grande progresso. Quer dizer que eu não fiz burrada com as pilhas, não troquei os pés pelas mãos. Apenas me distraí. E já que é assim, ajeite aí pra nós.
        Nilo sentou-se ao lado do pai, tirou as pilhas do rádio e foi explicando:
        --- Está vendo este esqueminha aqui? É só seguir, que não tem erro. Duas com o tufinho para um lado, duas para o outro. Assim, ó. Agora ligue. O pai pegou o rádio, ligou, tocou.
        --- Está vendo? Seguir o esquema.
        --- É. Falou quem sabe. Nunca pensei que tivesse esquema para facilitar a arrumação das pilhas.
        Durante o jantar Dr. Gumercindo falou da viagem, do clima de Brasília, tão seco que racha os lábios das pessoas. Falou das grandes distâncias, da uniformidade monótona das quadras, da aberração das cidades-satélites, que não estavam previstas no plano urbanístico porque os planejadores se esqueceram de incluir a pobreza.
        --- Meu professor de OSPB disse que Brasília é a Alphaville que não desmontaram depois que fizeram o filme – disse Nilo.
        --- Fiquei na mesma. Não sei o que Alphaville e não sei de que filme você está falando. Me socorra – disse o pai.
        --- Alphaville é um filme sainsfixan passado em outro planeta. Eu vi no cine clube.
        --- Brinca com Nilo – disse a mãe sorrindo.
        --- A propósito, o que foi que o senhor andou urdindo, quero dizer, transando, na minha ausência? – perguntou o pai.
        --- Eu? Tentando contatos imediatos com extraterrestres. Não consegui, mas não desisti.
        D.ª Angélica aproveitou o ensejo para falar no assunto que a preocupara na hora do café, mas agora já nem tanto.
        --- Ele teve um contato imediato sim, mas não com extraterrestres. Não teve, Nilo?
        O pai não mostrou interesse; mas notando o encabulamento do filho, achou que ali devia haver algum malfeito que a mãe queria expor e o filho esconder.
        --- Me fale desse contato, Nilo. Estou curioso – disse o pai.
        Nilo lançou um olhar de censura à mãe, o que aumentou a desconfiança do Dr. Gumercindo e o levou a insistir num esclarecimento.
        --- Então, Nilo. Posso saber? É melhor que eu saiba por você mesmo.
        --- Não é nada de travessura não – disse D.ª Angélica. – Conte logo, Nilo.
        Nilo contou, e o pai naturalmente não acreditou; mas também não zombou nem tentou uma explicação racional.
        --- Então o garotão viu um fantasma. E pernas para que te quero.
        --- Não senhor.
        --- Porque ficou sem ação.
        --- Também não.
        --- Não teve medo?
        --- Nem uma grama.
        --- É. A juventude está com tudo. Se eu visse um fantasma, acho que me desmontava, desmaiava, me desmilinguia.
        --- Eu também pensava assim. Até que vi esse. Parece que os fantasmas de hoje são diferentes. São mais humanos.
        O pai olhou disfarçadamente para a mãe e mudou de assunto:
        --- Bom. Agora vamos fazer uma coisa que fantasma nenhum faz, suponho. Vamos comer aquele doce de D.ª Luci. Depois, todos ao cinema.

                            José J. Veiga. Torvelinho Dia e Noite, págs. 21-24.
                                                            Editora Difel, São Paulo, 1985.

Entendendo o texto:
01 – No texto, o autor conta uma história ou reproduz um diálogo?
      No texto, o autor reproduz um diálogo.

02 – Quem são os personagens?
      O pai (Dr. Gumercindo), a mãe (D.ª Angélica) e o filho (Nilo).

03 – A conversa transcorre durante ou depois do jantar?
      A conversa transcorreu durante o jantar.

04 – De que lugar o Dr. Gumercindo havia chegado naquele dia?
      O doutor havia chegado de Brasília.

05 – Em vez de dizer rudemente ao pai “o senhor errou na colocação das pilhas”, Nilo chamou a atenção do pai com palavras delicadas. Como ele disse?
      “Vá ver se o senhor se distraiu na colocação das pilhas novas.”

06 – Que efeitos a linguagem delicada de Nilo teve sobre o pai?
      Deixou o pai admirado e feliz.

07 – As impressões que Brasília causou ao pai de Nilo foram boas ou más?
      As impressões foram más.

08 – Aponte uma falha que o Dr. Gumercindo notou na construção de Brasília.
      As cidades-satélites, onde mora a população pobre, não foram planejadas, por isso cresceram desordenadamente.

09 – A frase “Brinca com Nilo” foi dita pela mãe em tom de:
      (X) Ironia.
      (   ) Provocação.
      (   ) Zombaria.

10 – Por que na frase que se inicia na linha 37 o pai tratou o filho de o senhor, em lugar de você?
      Porque fingiu um aspecto sério e autoritário.

11 – “Ele teve um contato imediato sim, mas não com extraterrestres.” Com essas palavras (que o marido não entendeu, mas o filho sim), o que é que D.ª Angélica quis dizer?
      Ela quis dizer que Nilo viu um fantasma.

12 – Complete de acordo com o texto:
      Essa afirmação da mãe deixou Nilo envergonhado e o pai desconfiado de que, durante a sua ausência, o filho tivesse feito algo errado. Nilo lançou um olhar de censura à mãe, aumentando com isso a desconfiança do Dr. Gumercindo, que se sentiu na obrigação de exigir um esclarecimento. Mesmo contra sua vontade, Nilo acabou contando que tinha visto um fantasma.

13 – Nos diálogos, ficamos conhecendo os personagens pela sua fala. Que características você observou no pai do Nilo? e em Nilo?
      O pai de Nilo: educado, enérgico, expansivo, brincalhão.
      Nilo: inteligente, habilidoso, gentil, amigo do pai, fantasista.







quarta-feira, 28 de março de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): NA CHAPADA - TETÊ ESPÍNDOLA - COM GABARITO

Música(Atividades): NA CHAPADA

                                       Tetê Espíndola
 
Há um chuvisco na chapada
Em toda mata um cochicho em cê-agá
Chuá-chuá na queda d'água
Em me espicho e fico quieta
Nada me falta.

O véu de noiva de água virgem
Me elevou, envolveu
A sua ducha me deu vertigem
Arrepio, rodopio, em mim
Seu jorro não tem mais fim
E nesse êxtase me deixo
Não sei quem sou
Estou no meio do arco-íris
E saboreio elixires de amaralis.

Na cachoeira enxurrada
O véu da chuva desceu
No vento nuvem
No céu desaba
Chapinhante
Espumante
Champagne
Chapada dos Guimarães.

                                                      Tetê Espindola e Carlos Rennó. Na Chapada.
                                              Intérprete: Tetê Espindola. Gaiola. Polygram,1986.

Entendendo a canção:
01 – Na letra desta canção a autora demostra o quê?
      Demonstra completa interatividade com o contexto da letra, interpretando-a verdadeiramente e nos levando até a Chapada.

02 – No verso: “O véu de noiva de água virgem”, refere-se a quê?
      Refere-se ao cartão postal da Chapada de Guimarães, a cachoeira do Véu de Noiva é formada pelo rio Coxipó com 86 metros de queda livre.

03 – A autora diz que saboreia elixires de amarílis. Que planta é esta?
      É uma flor tipicamente tropical, conhecida popularmente como açucena, também pode ter seu período de flores - cimento prolongado em regiões onde o inverno não é muito rigoroso.

04 – O segundo verso da canção afirma que há: “Em toda a mata um cochicho em cê-agá”.
      O que seria esse “cochicho”?
      Seria o som do chuvisco que cai na Chapada e o som produzido pelas águas da cachoeira.

05 – Por que os autores falam que o cochicho é um “cê-agá”?
      Porque o som que o chuvisco e a cachoeira fazem é parecido com o representado pelas letras c e h.

06 – De que maneira os autores tentam imitar esse “cochicho” na canção?
       Eles usam palavras com o som de ch / x.

07 – Retire do texto palavras em que aparece o som que tenta reproduzir esse “cochicho”.
       Chuvisco, chapada, cochicho, chuá chuá, espicho, cachoeira, enxurrada, chuva, chapinhante, champanhe.


08 – O trabalho com a sonoridade dos vocábulos é muito intenso no texto acima. Qual som é o mais explorado nesse trabalho? Que tipo de efeito é assim obtido?
      O som representado pelo ch. Cria-se, assim, um efeito sonoro capaz de sugerir o som de água caindo.

09 – Aponte no texto um exemplo de onomatopeia.
      “Chuá, chuá”.

10 – Comente a imagem “o véu de noiva de água virgem”.
       Imagem que procura representar a queda d’água. É possível relacionar as ideias de água virgem com véu de noiva, numa alusão ao casamento do corpo com a água.

11 – Você percebe a manifestação da função poética da linguagem nas passagens seguintes? Justifique suas respostas, comentando cada uma delas:
a)   “... me enlevou, envolveu...”
Sons semelhantes em posições trocadas.

b)   “... arrepio, rodopio em mim seu jorro não tem mais fim.”
Sons semelhantes e rimas.

c)   “... e saboreio elixires de amarílis...”
Sons semelhantes e sugestão sinestésica (amarílis, flor, sugere cor e aroma).

d)   “... champinhante, espumante champanhe...”
Sons semelhantes, com a sugestão de que as duas últimas palavras estão contidas na primeira.












FILME(ATIVIDADES): UMA LIÇÃO DE VIDA (THE FIRST GRADER) - SINOPSE E ATIVIDADES COM GABARITO

Filme(ATIVIDADES): Uma Lição de Vida (The First Grader)

Ano: 2010
Direção: Justin Chadwick.
Roteiro: Ann Peacock.
Elenco principal: Oliver Litondo, Naomie Harris, Lwanda Jawar.
Gênero: Biografia/Drama.
Nacionalidade: Inglaterra/ EUA/ Quênia. 1:04 min.

    Coprodução entre EUA, Quênia e Reino Unido, e dirigido por Justin Chadwick (Mandela: O Caminho para a Liberdade), Uma Lição de Vida promete emocionar com história verídica.

    Num vilarejo do Quênia, Maruge (Oliver Litondo) ouve no rádio o anúncio da educação gratuita para todos. Não tendo tido oportunidade de estudar no passado, o senhor de 84 anos – um veterano da tribo Mau Mau que lutou para libertar o Quênia dos ingleses – bate à porta da escola primária e espera uma chance de poder aprender a ler. Rejeitado de início, Maruge não desiste: já de uniforme escolar e uma pequena bolsa a tiracolo, volta a pedir por uma vaga e insiste até ser aceito pela professora Jane (Naomie Harris). Em meio a lembranças do doloroso passado, Maruge tem de enfrentar a revolta e as ameaças das autoridades, dos moradores da região e dos pais dos alunos, inconformados por um idoso ter sido aceito em uma classe de crianças de seis anos de idade.

    A despeito da péssima escolha do título em português – seria mais interessante um que se aproximasse do original, The First Grader –, o longa nos brinda com uma trama de superação que, para nosso alívio, está bem distante da fórmula “autoajuda para assistir”.
    Muito poderia ser dito acerca das belezas deste filme. Seja com relação à trama tocante, sem jamais escorregar no sentimentalismo piegas; ou então sobre os belíssimos planos fechados, capazes de causar sensações as mais diversas e que exprimem mais que palavras. Prefiro, no entanto, dar ênfase à força dos personagens e à entrega dos atores, aspectos capazes de arrepiar o espectador. Os protagonistas – o idoso Maruge e a professora Jane – colocam a determinação como base para se operar mudanças e apontam a educação como a ferramenta principal para isso.
    Através de flashbacks bem situados, adentramos o passado de Maruge e somos confrontados com a chocante realidade da luta pela liberdade da ex-colônia britânica. A crueldade extrema e as condições mais desumanas foi o que Maruge encontrou nos campos de detenção na década de 50, após ter tido sua esposa e filhos cruelmente assassinados. Veio a liberdade para o Quênia, a vida continuou. O passado, porém, nunca foi de todo extinto e permanece como uma ferida que dói, além de uma dívida histórica.
    Uma Lição de Vida é a história de uma luta que atravessa gerações. A luta de Maronge para superar seu passado, ir à escola e aprender a ler; a luta de Jane pelo amor à educação; a luta diária das crianças em face das condições precárias da escola, em que cinco alunos dividem uma carteira e tantos outros estudam sentados no chão. Mas também, trata-se de uma inspiradora história de conquista, portadora de uma verdade incontestável: “o aprendizado só termina quando tivermos terra nos ouvidos”.

Entendendo o filme:

01 – A partir da leitura da resenha, preencha os dados abaixo:
a)   Autora da resenha.
Aline T. K. M.

b)   Objeto resenhado.
O filme “Uma lição de vida”.

c)   Suporte da resenha.

d)   Objetivo de quem a produziu.
O objetivo é convencer as pessoas a assistirem ao filme, por meio da apresentação geral do enredo e, sobretudo, dos comentários avaliativos sobre ele.

e)   Público a que se destina.
A resenha destina-se a todos aqueles que se intencionam conhecer duras realidades que assolaram ou assolam determinado país, buscando compreender o contexto histórico em que elas se inserem.

02 – A resenha apresenta um resumo do filme e comentários da autora sobre o filme. Grife em vermelho os trechos que apresentam comentários da autora sobre o objeto resenhado. E de preto os trechos que resumem o enredo do filme.
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Identifique a crítica negativa feita pela autora da resenha acerca do filme:
      A autora critica o título escolhido para a versão em português do filme. Segundo ela, “Uma lição de vida” representa um clichê, algo típico de filmes de “autoajuda”, característica que não se percebe no filme em questão. Para tal, ela sugere um título que se aproximasse do original.
04 – Identifique a alternativa em que a palavra sublinhada foi corretamente interpretada nos colchetes:
a)   A despeito da péssima escolha do título em português...” (Com relação à).
b)   “... sem jamais escorregar no sentimentalismo piegas...” (apelativo).
c)   “... a luta diária das crianças em fase das condições precárias da escola...” (Adequadas).
d)   “... portadora de uma verdade incontestável...” (Inquietante).
05 – Releia este trecho: “O passado, porém, nunca foi de todo extinto e permanece como uma ferida que dói, além de uma dívida histórica.” O sentido do conectivo em destaque ficará alterado sensivelmente se for substituído por:
a)   No entanto.
b)   Entretanto.
c)   Contudo.
d)   Por isso.

06 – Releia as informações contidas na parte “Ficha Técnica”. Em seguida, identifique a finalidade de elas serem apresentadas:
      As informações relativas à parte técnica funcionam como argumento de autoridade, isto é, conferem confiabilidade ao filme.

07 – Transcreva da resenha um exemplo de emprego da vírgula para:
a)   Realizar a inversão na ordem de termos:
“Em meio a lembranças do doloroso passado, Maruge tem de enfrentar a revolta e as ameaças das autoridades...”.

b)   Realizar a inserção de termos:
“... o longa nos brinda com uma trama de superação que, para nosso alívio, está bem distante da fórmula ‘autoajuda para assistir’”.





POEMA: DIGO SIM - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

POEMA: – DIGO SIM
                      FERREIRA GULLAR
 

Poderia dizer
Que a vida é bela, e muito,
E que a revolução caminha com os pés de flor
Nos campos de meu país,
Com pés de borracha
Nas grandes cidades brasileiras
                               E que meu coração
É um sol de esperanças entre pulmões
                               E nuvens.
 Poderia dizer que meu povo
É uma festa só na voz
De Clara Nunes
                               No rodar
Das cabrochas no carnaval
Da avenida.
                              Mas não. O poeta mente.

A vida nós a amassamos em sangue
                              E samba
Enquanto gira inteira a noite
Sobre a pátria desigual. A vida
Nós a fazemos nossa
Alegre e triste, cantando
                             Em meio à fome
                             E dizendo sim
- em meio à violência e a solidão dizendo
Sim –
Pelo espanto da beleza
Pela flama de Tereza
                              Pelo meu filho perdido
Neste vasto continente
                              Por Vianinha ferido
                              Pelo nosso irmão caído
Pelo amor e o que ele nega
Pelo que dá e que cega
                              Pelo que virá enfim,
                              Não digo que a vida é bela
                              Tampouco me nego a ela:
                              - digo sim.

                                                   Ferreira Gullar. Na vertigem do dia.
                                                   Rio de Janeiro: José Olímpio, 2004.
Entendendo o poema:

01 – Nas três estrofes do poema, podemos encontrar muitas pistas de como o eu poético percebe a vida. Releia atentamente cada uma e responda o que se pede sobre elas.
     a) Na primeira estrofe, o eu poético fala sobre como a vida é ou como poderia ser? Justifique sua resposta.
      Ele fala de como a vida poderia sem em seu país. Podemos perceber isso pelo uso da locução verbal “poderia dizer”.

     b) Na segunda estrofe:
--- Qual a visão apresentada sobre o povo brasileiro?
      A visão de que o povo vive em festa.

--- O eu poético concorda com essa visão? Que frases do texto confirmam a sua resposta? Transcreva-as.
      O eu poético não concorda com essa visão. No final da estrofe, o eu poético diz que isso não é verdade, usando as expressões “Mas não” e “O poeta mente”.

     c) Na terceira estrofe:
--- O eu poético faz afirmações sobre o seu país. Como esse país é caracterizado?
      É uma pátria desigual, alegre e triste, que tem fome, violência e solidão, mas também beleza.

--- Escolha cinco adjetivos que representam a visão de mundo do eu poético sobre o seu país e sua gente.
      Desigual, alegre, triste, perdido, ferido, bela.

     d) Releia os seguintes versos do poema:
                               Não digo que a vida é bela
                               Tampouco me nego a ela:
                               --- Digo sim
Qual é a possível compreensão sobre esses versos, considerando o poema como um todo?
      O eu poético afirma que a vida não é bela, mas que também não se nega a vive-la.

     e) De acordo com os versos acima, deduza para o que o eu poético diz sim?
      O eu poético diz sim à vida.

      f) É só o eu poético que diz sim? Comprove sua resposta.
      NÃO. O povo também diz sim nos versos: “[...] A vida / nós a fazemos nossa / alegre e triste, cantando / em meio à fome / e dizendo sim”.

02 – Que outro título você daria ao poema?
     Resposta pessoal.

03 – Após a discussão oral, em dupla, elabore em seu caderno um parágrafo-síntese, isto é, um texto breve organizado em um parágrafo. Esse parágrafo deve apresentar, desenvolver e concluir uma ideia específica sobre a visão do eu poético a respeito da vida. Em seguida, leia o texto produzido para a classe.
     Resposta pessoal.

04 – Podemos dizer que há ideias divergentes no poema? Comente.
     SIM. Nas duas primeiras estrofes, há a ideia de um país diferente da ideia apresentada na última estrofe.