terça-feira, 2 de janeiro de 2018

ARTIGO DE OPINIÃO: UM MUNDO AFOGADO EM PAPEL - CRISTINA CHARÃO - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO:  UM MUNDO AFOGADO EM PAPEL
                                              Cristina Charão

Fonte da imagem - https://www.blogger.com/blog/post/edit/7220443075447643666/1613369457126126366#
          Na sociedade digital, o homem gasta muito mais folhas do que antes dos computadores.

      Sobre a mesa do jovem executivo, um moderno computador, com processador mais que veloz de 1,1 megahertz e memória de 60 gigabites, capaz de armazenar todos os documentos que escreve e os dados que precisa consultar, enviar com presteza toda sua correspondência e ainda guardar as fotos das últimas férias. Pode-se supor que, com computador, internet, intranet, câmera digital e scanner a seu dispor, esse executivo não precise mais de armários de arquivo ou de gavetas. Mas pilhas de papel, livros e cartões sobre a mesa provam uma enorme contradição: o mundo digitalizado está se afogando em papel.
         Quando os primeiros PCs começaram a ser comercializados, em 1980, o consumo mundial de papel registrado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) era de 190 milhões de toneladas. Em 1990, já era de 240 milhões e, hoje, chega perto de 300 milhões de toneladas. Essa diferença pesa não só nos sacos de lixo, mas também ameaça áreas florestais, rios, solo e ar.
         [...] Segundo relatório de uma das maiores empresas de consultoria em papel e impressão da Europa, a Pira Internacional, a demanda por alguns tipos de papel pode aumentar em até 70% nos próximos oito anos. Entre os mais cotados para estrelas do consumo estão o papel escritório (aquele usado em impressoras comuns, em casa ou no trabalho) e os que servem para embalagens.
        Só há queda de demanda para o papel-jornal. As razões para essas previsões estão, não por coincidência, ligadas diretamente ao desenvolvimento das tecnologias digitais. “Se uma pessoa lia um jornal há cinco anos, hoje pode ler dez na internet e, certamente, vai imprimir páginas desses dez jornais”, comenta Luís Fernando Tedesco, gerente de marketing de suprimentos da Hewlett-Packard do Brasil.
         [...] Até hoje ninguém conseguiu criar um substituto tão prático quanto as fibras de papel de celulose diluídas em água e prensadas, receita criada pelo oficial da corte chinesa T’sai Lun, no ano 105 d.C. Os cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, tentam há anos finalizar o projeto do e-paper. A ideia é criar um material semelhante à tela de cristal líquido, fino e flexível, que possa exibir imagens e textos gerados por um chip que receberia as informações e as “imprimiria”. Essas “folhas” poderiam ter seu conteúdo apagado e reescrito a qualquer hora. Mas isso ainda é ficção.
      Para os representantes da indústria de celulose e papel, o impacto do aumento de consumo previsto é contornável. “Hoje se busca a produtividade de florestas, a redução de perdas com o fechamento do ciclo da água e a diminuição de gastos com energia usando resíduos de madeira como combustível”, diz   Marcos Vettorato, diretor industrial da Companhia Suzano de Papel e Celulose. Esses cuidados diminuem o impacto ambiental, salvaguardam o estoque de matérias-primas e reduzem custos. [...]
Dois lados da folha
       Diminuir custos pelo modo mais fácil também põe em risco as florestas. Com o crescimento da demanda, a pressão sobre florestas nativas aumenta, principalmente no Sudeste Asiático. É mais barato derrubar uma árvore de 100 anos de idade do que cultivar eucalipto ou pínus por 10 ou 15 anos. Mas no Brasil a adaptação do eucalipto ao clima e ao solo [...] faz do cultivo uma alternativa vantajosa.
        Se o e-paper ainda é uma promessa e o escritório sem papel, uma ficção, a saída para evitar problemas futuros é reduzir o consumo. Parece simplório lembrar que uma folha tem dois lados, mas se todos os 115 bilhões de folhas gastas anualmente em impressões caseiras (cerca de 199 milhões de quilos de papel) fossem usadas e reusadas, 1,3 milhão de árvores não precisariam ser cortadas. São números para se pensar.

Cristina Charão. Galileu, São Paulo, n.130, maio 2002, p.48-50.


ENTENDENDO O TEXTO:

01 – Que contradição parece existir na frase “o mundo digitalizado está se afogando em papel”?
      Na sociedade digital, o homem gasta muito mais folhas do que antes dos computadores.

02 – Qual o problema que o texto apresenta?
      O aumento excessivo de papéis ameaçando áreas florestais, rios, solo e ar.

03 – Que exemplo usado no texto para mostrar que os avanços tecnológicos não impediram o aumento do consumo de papel?
      Que em 1990, já era de 240 milhões de toneladas de papéis, e hoje chega a ser até 300 milhões.

04 – Escreva uma das causas responsáveis pelo aumento de consumo de alguns tipos de papéis?
      Entre os mais cotados estão o papel escritório e os que servem para embalagens.

05 – O que é o projeto e-paper?
       É um projeto que querem desenvolver no futuro da humanidade.

06 – Qual a principal vantagem desse projeto?
       O projeto e-paper é um papel que ele dá para imprimir as coisas que ele quer usar e depois poderá apagar e continuar usando ele novamente.

07 – Onde ele está sendo desenvolvido?
      Os cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, tentam há anos finalizar o projeto do e-paper.

08 – Por que a segunda parte do texto recebeu o subtítulo Dois lados da folha?
      Porque se todos os 115 bilhões de folhas gastas anualmente em impressões caseiras, fossem usadas e reusadas, 1,3 milhão de árvores não precisariam ser cortadas.

09 – Afinal, porque é necessário reduzir o consumo de papel? Se isso não acontecer, quais as consequências futuras?
      Para evitar o uso excessivo, é preciso vencer a desconfiança sobre o arquivamento digital. Sistemas de senhas de diferentes níveis de acesso e espelhamentos (backups) são estratégias para garantir que os documentos das empresas estão seguros, uma vez que os papéis do escritório são os mais usados. As consequências são a degradação do meio ambiente.





segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

MÚSICA: ME CHAMA - LOBÃO - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

Música: Me Chama
                                       Lobão
Chove lá fora
E aqui tá tanto frio
Me dá vontade de saber

Aonde está você?
Me telefona
Me chama! Me chama!
Me chama!

Nem sempre se vê
Lágrima no escuro
Lágrima no escuro
Lágrima!

Tá tudo cinza sem você
Tá tão vazio
E a noite fica
Sem porquê

Aonde está você?
Me telefona
Me chama! Me chama!
Me chama

Nem sempre se vê!
Mágica no absurdo
Mágica no absurdo
Mágica!

Nem sempre se vê!
Lágrima no escuro
Lágrima no escuro
Lágrima!

Nem sempre se vê!
Mágica no absurdo
Mágica no absurdo
Mágica!

Nem sempre se vê!
Lágrima no escuro
Lágrima no escuro
Lágrima!

Entendendo a canção:

01 – Nos versos: “Aonde está você? / Me telefona.” De acordo com as normas gramaticais e também do conceito de adequação linguística, há dois erros. Quais? Explique.
      1° O pronome AONDE só deve ser empregado com verbos que indiquem ação e não estado.
      2° O erro no trecho citado é o uso do pronome ME ao iniciar o segundo verso. Pela norma culta o correto é colocar o pronome depois do verbo. Telefone-me.

02 – De que trata esta canção?
      Ela deixa bem claro a saudade que o eu lírico tem da amada, ele se sente vazio e a mente dele imagina mil coisas.

03 – Quem está falando nesse texto? Onde você acha que essa está?
      O eu poético está em sua casa, sozinho.

04 – Na sua opinião, para quem essa pessoa está pedindo para lhe telefonar?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Sua amada que ficou na Holanda.

05 – Na canção há a repetição de palavras ou expressão no início de versos, como por exemplo: “Mágica no absurdo / Lágrima no escuro”, como chama está figura de linguagem?
      Anáfora.

06 – No contexto o eu poético diz que: “Nem sempre se vê! / Mágica no absurdo.”, o que significa?
      Significa que imagina sua amada ao seu lado como um truque de ilusionismo (mágica) e contrário à razão (absurdo), pois ela estava em outro país.


NOTÍCIA: VIOLÊNCIA NA BALADA - LEANDRO FORTINO - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

NOTÍCIA: VIOLÊNCIA NA BALADA

Fonte da imagem -https://www.blogger.com/blog/post/edit/7220443075447643666/702058181044764699#
 
 Adolescentes espancado por grupo de jovens, ao sair de casa noturna no bairro da Vila Olímpia, em São Paulo, teve diversos ossos da face quebrados e perdeu quatro dentes

 Sábado, dia de balada para a maioria dos jovens de São Paulo. O bairro da Vila Olímpia e suas dezenas de casas noturnas costuma ser o destino para o diversão de muitos deles.
        Como é o caso do estudante Diego,17, que, depois de passar o feriado de Corpus Christi com a família, no litoral paulista, saiu de casa, por volta das 23h30 do dia 12 de junho para curtir a noite não terminou tão bem como começou.
       Os dois tentaram entrar na recém-inaugurada casa noturna Avelino’s, mas desistiram por causa da fila. Resolveram ir ao Ibiza, às 2h30, na rua da Casa do Ator. Ao sair do clube, por volta das 6h30 da manhã do dia 13, foram abordados por cinco jovens. Rafael levou um soco, mas ficou desacordado no chão. Sem poder se defender, recebeu diversos chutes, a maioria no rosto. Dois dos agressores estão presos. Não se sabe se eles estavam na casa.
       Os motivos dessa violência gratuita e irracional não estão claros. Segundo o pai de Diego, Luiz Carlos Pereira Pone, a última coisa que o filho se lembra foi de ter ouvido a frase: “Você é folgado!” Ele está desfigurado, não é o Diego que a gente conhece da fotografia. Ele apanhou muito, quase tudo no rosto. Teve vários ossos da face quebrados e terá de passar por cirurgias corretivas. Ele quebrou os ossos em volta dos dois olhos, o nariz, o osso acima do nariz e perdeu quatro dentes, um deles arrancado com raiz e tudo”, conta o pai, enquanto acompanha o filho, internado desde domingo em um hospital.
       A violência do bairro não é nenhuma novidade no 96º Distrito policial, no Brooklin, que atende às ocorrências na Vila Olímpia, segundo o delegado titular desse DP. Dejair Rodrigues. “Só neste ano, houve pelo menos 30 ocorrências de brigas em casas noturnas da região, sendo que, além dessa, mais uma três graves. Se um jovem dá um esbarrão em outro numa casa noturna e um deles olha feio, já é motivo de briga”, conta Rodrigues[...]
      O incidente mudará as vidas das famílias e dos adolescentes agredidos. “Apesar de tudo, não tenho muito receio da balada em si. Em lugar que tem muita gente, não há paz. Mas meus pais já cortaram a minha balada por um bom tempo”, conta Rafael.
       Para o pai de Diego, os adolescentes têm de ouvir conselhos. “Acho que o jovem tem direito de aproveitar. Mas seria bom que eles escutassem os pais. Quando o pai quiser buscar o filho, deixar. [...] se eu tivesse ido talvez não tivesse acontecido nada disso”.

Leando Fortino (Folha de S.Paulo, 21/6/2004)


ENTENDENDO O TEXTO:

01 – O texto inicia-se com uma afirmação: “Sábado, dia de balada para a maioria dos jovens de São Paulo”.
a) Que nova ideia é introduzida depois dessa afirmação?
      Que o bairro da Vila Olímpia tem dezenas de casas noturnas, que os jovens frequentam.

b) Que expressão retoma “a maioria dos jovens”?
      "...muitos deles."

02 – O 2º parágrafo do texto inicia-se com a expressão “Como é o caso do estudante”. Qual é o papel dessa expressão nesse parágrafo? Indique a(s) resposta(s) correta(s).
a) (   ) Dar continuidade ao texto, retomando as palavras e ideias apresentadas anteriormente, como “jovem” e “balada”.
b) (   ) Introduzir um exemplo, dando progressão ao texto.
c) ( x ) Mudar de assunto, introduzindo um exemplo.

03 – No 3º parágrafo do texto:
a) Que expressão retoma as palavras Diego e Rafael?
      "Os dois tentaram entrar na recém-inaugurada..."

b) Considerando-se os parágrafos anteriores, que informações novas há nesse parágrafo?
      Que ao saírem do clube, foram abordados por cinco jovens.

04 – O 4º parágrafo faz uma descrição detalhada da agressão e se inicia com a frase “os motivos dessa violência gratuita e irracional não estão claros”.
a) Nessa frase, que expressão retoma as ideias mencionadas no parágrafo anterior?
      "Os motivos..."

b) Observe o subtítulo do texto. Levante hipóteses: Por que o subtítulo menciona alguns dos fatos contido nesse parágrafo?
      Para despertar interesse no leitor para ler a notícia completa.
                  





TEXTO: DECLARAÇÃO DE AMOR -(VOLUNTÁRIO) FREI BETTO - COM GABARITO

TEXTO:  DECLARAÇÃO DE AMOR
                  Frei Betto


 Visto a camisa do Ano Internacional do Voluntariado, promovido pela ONU, e faço do meu tempo livre laço e abraço que nos une aos desfavorecidos. Espelho-me em meu próximo. Faço de sua dor o meu ardor, de seu sofrer o meu dever, de seu desamparo o ponto em que paro, ouço e destrilho-me do comodismo para ir ao seu encontro.

       Abro as janelas do espírito e espano a poeira da dessolidariedade. Arranco os olhos da TV, o traseiro do sofá, a indolência da ociosidade e recolho a língua de inconfidentes mesquinharias. Vou até lá, onde a carência é expectativa de mão amiga: a creche da periferia, o hospital de indigentes, o asilo de memórias esquecidas, as instituições do terceiro setor comprometidas com o pão de cada dia da verdadeira democracia: a cidadania.
     Não faço o trabalho do poder público, nem o isento da obrigação de resgatar, o quanto antes, a dívida social. Não me disponho a ser mão de obra gratuita de entidades que sonegam o direito ao trabalho com o recibo adulterado da boa vontade alheia.
       Ser voluntário é somar esforços, entrar pela porta da compaixão e repartir o que nenhum mercado oferece ou provê: carinho, apoio, talento, cumplicidade, de modo a dar a vez a quem foi emudecido pela opressão, e voz a quem foi excluído pela injustiça.
      O voluntariado resgata a minha autoestima, redesenha minha face humana, desdobra as fibras endurecidas de minha abissal preguiça, insere-me na dinâmica social, faz-me próximo dessas multidões premiadas injustamente pela loteria biológica por nascerem empobrecidas. Eu poderia ser um deles. Meu bem-estar, mais que privilégio, é (b)ônus.
      Sou voluntário porque sou solidário, presente no universo das aflições, na esfera alucinada dos dependentes químicos, na saudável reinvenção do esporte junto àqueles que estão próximos a ser derrotados pelo jogo do crime.
      Mobilizo coletas de alimentos para quem sabe que “a fome é ontem”, como exclamou Gabriela Mistral, e trabalho em favor da conquista de direitos, para quem padece desmandos estruturais e políticos.
      Apoio empresas cientes de sua responsabilidade social. Busco torná-las elos da vasta corrente ética que já não faz da obsessão do lucro sua única razão de ser, pois centram o ser humano em seus empreendimentos ecológicos, liberam funcionários para atividades voluntárias, sem reduzir-lhes salários ou cobrar-lhes reposição de horas. São empresas prestadoras do único serviço que não tem preço: o gesto samaritano.
      Não faço “caridade”, nem dou esmolas. Longe de mim o assistencialismo que aplaca os descasos políticos como quem aplica pomadas.
      Voluntário, sou multidão. Solidário, sou mutirão. Somando com todos aqueles que têm fome e sede de justiça.
      Inebriado pela utopia bíblica do paraíso, recuso-me a acatar qualquer uma das fraturas que negam à família humana o direito à fraternura. Dou as mãos a quem acredita que a felicidade é o artigo único da Declaração Universal dos Direitos Humanos.  

                                            Frei Betto. O Estado de S. Paulo, 15/10/1997.


ENTENDENDO O TEXTO:

01 – O texto tem como título Declaração de amor. Sabendo que declarar significa dar a conhecer, manifestar, anunciar, comunicar, responda.
a) O que o autor dá a conhecer ou anuncia nesse texto?
      Como ser voluntário.

02 – O autor assume de modo consistente a sua posição de comprometimento com os menos favorecidos. Assinale a alternativa que confirme a posição do autor.
a) ( x ) “Visto a camisa do Ano Internacional do Voluntariado, promovido pela ONU, e faço do meu tempo livre laço e abraço que nos une aos desfavorecidos.”
b) (  ) “Arranco os olhos da TV, o traseiro do sofá, a indolência da ociosidade e recolho a língua de inconfidentes mesquinharias.”
c) (  ) “Apoio empresas cientes de sua responsabilidade social”.

03 – A posição do autor vai se revelando pela explicitação do que significa “vestir a camisa”. Releia os dois primeiros parágrafos e explique o que significa essa ideia, segundo o autor.
      Segundo o autor, "vestir a camisa " é comprometimento com o voluntariado, e não fazer o trabalho do poder público ou ser mão de obra gratuita de entidades que sonegam o direito ao trabalho com o recibo adulterado da boa vontade alheia.

04 – O autor apresenta aos leitores sua escala de valores pessoais, ao expressar os motivos que o fazem engajar-se no movimento voluntário.
a) Quais são esses motivos?
      Unir aos desfavorecidos, somar esforços, dar carinho, apoio, cumplicidade, de modo a dar a vez a quem foi emudecido pela opressão, e voz a quem foi excluído pela injustiça.

b) Além do que o voluntariado pode proporcionar aos menos favorecidos, na sua opinião, que outros ganhos pessoais poderiam ser acrescentados?
      Resposta pessoal.

05 – De acordo com o autor, ser voluntário é ser solidário e participar ativamente com ações concretas.
a) Entre as diversas ações que realiza, o autor cita o apoio a determinadas empresas. Em que essas empresas se destacam?
      Empresas ciente se sua responsabilidade social, prestadoras de um único serviço que não tem preço: o gesto samaritano.

b) Na sua opinião, qual estratégia desperta mais o interesse das pessoas pelo voluntariado: abordar as consequências da falta de ação solidária ou citar exemplos de ações bem-sucedidas?
      Resposta pessoal.




TEXTO: ACABOU O VESTIBULAR - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

TEXTO: ACABOU O VESTIBULAR
   
    Cresce o número de escolas que selecionam calouros com métodos alternativos.

        Quase 3 milhões de formandos no Ensino Médio estão neste momento se preparando para disputar os exames vestibulares. Pelo menos um terço desses adolescentes está matriculado em cursinhos para compensar as falhas de sua formação do ensino fundamental. Às voltas com apostilas e pilhas de exercícios, dormem mal e enfrentam um stress violento. Pois bem. Esse inferno juvenil já tem remissão. “Acabou o vestibular.” É com essa notícia para lá de boa que a Faculdade da Cidade, uma universidade privada carioca, abre o seu site na Internet. Em São Paulo, as Faculdades Metropolitanas Unidas seguem um caminho parecido e mesmo escolas públicas, como a Universidade Federal de Santa Maria e a Universidade de Brasília, UnB, já oferecem vagas segundo critérios que passam ao largo da crueldade do vestibular tradicional.
       O Ministério da Educação não tem a menor ideia de quantas escolas estão usando métodos novos de seleção de calouros. Também não quer saber, já que a Lei de Diretrizes e Bases aprovada em 1996 conferiu às universidades autonomia para definir como bem entenderem os critérios de admissão aos seus cursos.
        Cursinho e decoreba – O que assusta é que muitas faculdades de baixo nível aboliram o vestibular como um recurso a mais para atrair estudantes sem nenhuma condição de frequentar um curso superior, num esquema “pagou-entrou”. Seria uma forma de tentar cooptar clientes num momento em que 818 escolas particulares em todo o país disputam um mercado que parou de crescer já há alguns anos, fixando-se na casa dos 2 milhões de alunos. Antes, com a exigência de que todas as faculdades fizessem exames vestibulares, tinha-se a impressão de que havia algum crivo, por mínimo que fosse, para a entrada no Ensino Superior. Mas era só uma impressão, porque, na verdade, quem acabava entrando nessas arapucas era gente que não conseguia ser aprovada em nenhuma seleção séria. Não é aí que as coisas mudarão.
       O que o fim do vestibular tem de bom é que acabará com o horror e a desumanidade de submeter os jovens a um exame estúpido, que exige o domínio artificialíssimo sobre todo o conteúdo do Ensino Médio. Na prática, o que se faz é estimular a indústria dos cursinhos e a decoreba de equações e fórmulas. As respeitadíssimas universidades americanas da Califórnia, Harvard, Yale, ou o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, que não têm vestibular, já mostraram o caminho. Seus alunos estão entre os melhores do mundo e são selecionados com base em entrevistas e avaliações de desempenho escolar no decorrer de todo Ensino Médio.
         A Universidade Federal de Santa Maria, do Rio Grande do Sul, e a UnB resolveram experimentar alternativas ao vestibular tradicional há dois anos. Tem sido um sucesso. Em vez de bateria única de testes no final do Ensino Médio, as duas universidades aplicam as provas em doses homeopáticas, ao final de cada ano letivo. Terminando a 1ª Série, os colégios inscrevem seus alunos para testes a respeito do currículo desse ano. Findos a 2ª e 3ª séries, o mesmo procedimento se repete. Somadas as notas obtidas ao longo dos três anos, os alunos são classificados. Entram na faculdade os primeiros colocados. Na Federal de Santa Maria, 20% das vagas são preenchidas segundo esse critério. Na UnB, a avaliação no decorrer do Ensino Médio responde pelo ingresso de 25% dos alunos.
        Esse método permite que o estudante avalie o ensino que está recebendo durante o Ensino Médio. “O programa tem um importante papel educacional, porque o aluno do ensino médio acaba cobrando mais do professor”, diz Ricardo Gauche, coordenador do Programa de Interação com o Ensino Médio da Universidade de Brasília [...]
        Com reportagem de Rodrigo Cardoso, de São Paulo, e Cristiane Prestes, de Porto Alegre.


ENTENDENDO O TEXTO:

01 – O texto lido, discute o exame vestibular no Brasil. No 1º parágrafo do texto encontra-se o lead, que responde às perguntas básicas de uma notícia: 0 quê, quem, quando, onde, como, por quê.
a) Qual é o fato?
      O fim do vestibular em algumas universidades.

b) Onde esse fato tem ocorrido?
      Faculdade da Cidade/RJ e Faculdades Metropolitanas Unidas/SP (particulares), já nas públicas são: Universidade de Santa Maria e a Universidade de Brasília- UnB.

c) Como isso tem sido feito?
      Cada universidade tem autonomia para definir os critérios de admissão, segundo a Lei de Diretrizes e Bases.

d) Por que esse fato tem ocorrido?
      Porque dos quase 3 milhões de formandos no Ensino Médio, um terço desses adolescentes fazem cursinho para compensar falhas do ensino fundamental.

02 – Os demais parágrafos do texto ampliam o lead, acrescentando novos fatos, questionando suas causas e efeitos e interpretando-os. Em relação ao 1º e 2º parágrafos da parte do texto intitulada “Cursinho e decoreba”, responda:
a) Qual é a razão de faculdades particulares de baixo nível abolirem o vestibular?
      Como um recurso para atrair mais estudantes.

b) Quais as consequências positivas decorrentes do fim do vestibular tradicional?
     Que acabará com o horror e a desumanidade de submeter os jovens a um exame estúpido, que exige o domínio artificialíssimo sobre todo o conteúdo do Ensino Médio. 
             
03 – Universidade Federal de Santa Maria, do Rio Grande do Sul, e a UnB (Universidade de Brasília) adotaram método alternativo ao vestibular tradicional. Outras universidade já iniciaram processos de seleção baseados no mesmo método.
a) Em que consiste esse método alternativo?
       As duas universidades aplicam as provas em doses homeopáticas, ao final de cada ano letivo. Terminando a 1ª série, os colégios inscrevem seus alunos para testes a respeito do currículo desse ano. Findos o 2ª e o 3ª séries, o mesmo procedimento se repete. Somadas as notas obtidas ao longo dos três anos, os alunos são classificados. Entram na faculdade os primeiros colocados.
           
04 – Identifique e copie, no texto, um trecho de entrevista que destaca a contribuição desse novo método de seleção para o ensino médio.
      "O programa tem um importante papel educacional, porque o aluno do ensino médio acaba cobrando mais do professor."



TEXTO: MEU PROFESSOR INESQUECÍVEL - MARCOS REY - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

TEXTO: MEU PROFESSOR INESQUECÍVEL


   Mesmo antes de saber ler eu já vivia num mundo de histórias, que meu pai, um gráfico, me contava. A realidade para mim resumia-se em escovar os dentes e amarrar os sapatos. O resto, fantasia das mil e uma noites e de mil historietas infantis. Algumas, ele próprio inventava, mas não era seu forte. Geralmente fazia a maior confusão, improvisando finais que nenhuma relação tinham com o princípio. Sua memória nunca foi grande coisa. [...] Tendo terminado seu trabalho, íamos para o fundo do quintal. Toda casa tinha um, comprido e arborizado. [...]

      Íamos felizes para o extremo da casa e sentávamos sobre caixotes. Eu adorava suas histórias [...].
      - Como acaba a história, pai?
      - Qual?
      - A que está contando.
      - Refere-se à Branca de Neve?
      - Essa o senhor já contou, mas pode contar outra vez.
      - Bem, o Lobo Mau andava pela floresta de olho na Branca de Neve. Seguia a menina por toda parte, o malvado.
      Estranhei.
      - Não foi esse lobo que comeu a avozinha de Chapeuzinho Vermelho?
      Meu pai hesitou. Era ou não era? Eu exigia.
      - Primo dele.
      - A inimiga da Branca de Neve não era a bruxa?
      [...]
      - E quem diz que não? Diabo de bruxa.
      - O que o lobo faz nessa história?
      - Pergunta oportuna. Ele passava pela floresta, como se não quisesse nada, quando viu a menina com os cinco anões.
    - Sete anões, pai.
    - No momento eram cinco. Dois estavam em casa com gripe. Tinham tomado muito sorvete. E cuidado você também com os gelados. Mas o lobo se deu mal porque o Pequeno Polegar, usando um estilingue, deu cabo dele. Dias depois a Branca de Neve e o Pequeno Polegar casavam-se.
     - Ela não casou com um príncipe, pai? [...]
     - Um príncipe?
     - Sim, foi com um príncipe.
     - Em segundas núpcias – esclareceu. – Coisas da vida.
     Algum tempo depois, com o auxílio de uma cartilha, ele me ensinou a ler, tarefa então mais complicada porque cavalo era assim - cavallo. Farmácia era assim – pharmacia. Ontem era hontem. E a cidade de Niterói escrevia-se Nictheroy.
     Dentro de casa, porém, não me sentia ainda alfabetizado. O prazer da leitura eu descobriria, também com ele, nos anúncios expostos no interior dos bondes, os reclames, como então dizíamos. Notadamente no camarão, o bonde fechado, apelido derivado de sua cor vermelha. Silabando, eu lia os anúncios um a um. Na maioria remédios. Capivarol, Biotônico Fontoura, Xarope São João. Eu e todo mundo porque a própria propaganda, uma novidade, chamava a atenção geral. Os bondes era uma cartilha animada para os meninos daquela geração.
     [...] Foi ele quem ergueu o dedo, apontando-me o Martinelli, ainda em andaimes. Levou-me para conhecer o Viaduto do Chá e presenciar a abertura da Nove de Julho. Outra de suas paixões citadinas eram os bairros ricos. Aos domingos, pela manhã, costumava passear à sombra das mansões dos barões do café, em Higienópolis. Quando via uma delas desocupada, dava um jeito de visitá-la. Lembro-me de nós percorrendo uma infinidade de cômodos vazios de um verdadeiro palácio. Ele punha os olhos em tudo, observando os detalhes da construção. Amava lustres, escadas de mármore e ladrilhos portugueses. Nos banheiros exultava se as torneiras fossem douradas. Homem exigente. Requintado, sim.

                                                                                  Marcos Rey


ENTENDENDO O TEXTO:

Nesta narrativa, o narrador apresenta o pai como seu primeiro e inesquecível professor.
01 – Porque os fatos narrados foram marcantes para o narrador?
    a) Porque foram momento de aprendizagem.
    b) Porque o pai contava histórias inventadas.
    c) Porque ele se divertia com as falhas de memória do pai.
    d) Porque ele se encantava com as histórias de mil e uma noite.

02 – Como eram transmitidos os ensinamentos do pai para o filho:
     a) Por meio de histórias de vida.
     b) Por meio de livros de literatura infantil.
     c) Nos passeios pela cidade.
     d) Por meio da narração.

03 – Como o narrador descobriu o prazer da leitura?
     a) Nos livros de história.
     b) Nos anúncios expostos no bonde.
     c) Na cartilha.
     d) Nas histórias que o pai escrevia.

04 – O que o narrador quer dizer com "os bondes eram uma cartilha animada para os meninos"?
      a) Que os passeios de bonde eram animados e divertidos.
     b) Que passeando de bonde os meninos iam aprendendo a ler com os cartazes de rua.
     c) Que nos bondes a propaganda chamava atenção e funcionava como uma cartilha, porque os meninos se esforçam para ler os anúncios.
      d) Que os anúncios expostos no bonde eram divertidos.




TEXTO: TORMENTO NÃO TEM IDADE - MOACYR SCLIAR - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

TEXTO: TORMENTO NÃO TEM IDADE

    - Meu filho, aquele seu amigo, o Jorge, telefonou.
    - O que é que ele queria?
    - Convidou você para dormir na casa dele, amanhã.
     - E o que é que você disse?
     - Disse que não sabia, mas que achava que você iria aceitar o convite.

        - Fez mal, mamãe. Você sabe que odeio dormir fora de casa.
        - Mas meu filho, o Jorge gosta tanto de você...
        - Eu sei que ele gosta de mim. Mas eu não sou obrigado a dormir na casa dele por causa disso, sou?
        - Claro que não. Mas...
        - Mas o que, mamãe?
        - Bem, quem decide é você. Mas, que seria bom você dormir lá, seria.
        - Ah, é? E por quê?
      - Bem, em primeiro lugar, o Jorge tem um quarto novo de hóspedes e queria estrear com você. Ele disse que é uma quarto muito lindo. Tem até tevê a cabo.
       - Eu não gosto de tevê.
       - O Jorge também disse que queria lhe mostrar uns desenhos que ele fez...
       - Não estou interessado nos desenhos do Jorge.
       - Bom. Mas tem mais uma coisa...
      - O que é, mamãe?
      - O Jorge tem uma irmã, você sabe. E a irmã do Jorge gosta muito de você. Ela mandou dizer que espera você lá.
      - Não quero nada com a irmã do Jorge. É uma chata.
      - Você vai fazer uma desfeita para a coitada...
     - Não me importa. Assim ela aprende a não ser metida. De mais a mais você sabe que eu gosto da minha cama, do meu quarto. E, depois, teria de fazer uma maleta com pijama, essas coisas...
     - Eu faço a maleta para você, meu filho. Eu arrumo suas coisas direitinho, você vai ver.
    - Não, mamãe. Não insista, por favor. Você está me atormentando com isso. Bem, deixe eu lhe lembrar uma coisa, para terminar com essa discussão: amanhã eu não vou a lugar nenhum. Sabe por que, mamãe? Amanhã é meu aniversário. Você esqueceu?
    - Esqueci mesmo. Desculpe, filho.
    - Pois é. Amanhã estou fazendo 50 anos. E acho que quem faz 50 anos tem direito de passar a noite em casa com sua mãe, não é verdade?

                               (SCLIAR, Moacyr. Folha de S.Paulo,3 set.2001, p.C2.


Entendendo o texto:
    
01 – No texto, temos a presença de dois personagens. Quem são eles?
      A mãe e o filho.
         
02 – A mãe usa vários argumentos para tentar convencer o filho a dormir na casa do Jorge. Cite três.
      Não gosta de dormir fora de casa; a irmã do Jorge é chata e é aniversário dele.

03 – Quais justificativas o filho deu para não dormir na casa do amigo?
      "Pois é. Amanhã estou fazendo 50 anos. E acho que quem faz 50 anos tem o direito de passar a noite em casa com sua mãe, não é verdade?
   
04 – Na frase: “O Jorge também disse que queria lhe mostrar uns desenhos que ele fez...”, a mãe com suas próprias palavras, conta ao filho algo que foi dito pelo Jorge.
Que tipo de discurso é este: DIRETO OU INDIRETO?
      Indireto

05 – Porque a descoberta da idade do filho surpreende o leitor?
      Porque o leitor pensa que é uma criança e na verdade é um homem maduro.

06 – O diálogo entre a mãe e o filho reproduz uma situação comum ou incomum?
Justifique sua resposta.
    Incomum. É difícil um homem de 50 anos dormir na casa de amigos.