segunda-feira, 18 de novembro de 2024

POEMA: ESTAVA A FORMOSA SEU FIO TORCENDO - CLEONICE BERARDINELLI - COM GABARITO

 Poema: Estava a formosa seu fio torcendo

             Cleonice Berardinelli

Estava a formosa seu fio torcendo,
Sua voz harmoniosa, suave dizendo
Cantigas de amigo.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxY5EMj8EEMjyxOWjZkfZXftC-mwdVpDaByDY2wVRZaLHbkCM3NEuebGb8MsHpSUuuKobfNRjLVpJehyphenhyphenUS9sJZtab9m1My76dlY1IkTPuPRiOMUdbFS37inZyVYgfwvmiJfI2-zbbiNpkz2_xc93IOZqiiMm0tPLhMDitMEw0MVuEHgtHiWfJjxEi1Mjs/s320/CANTIGA.jpg



Estava a formosa sentada, bordando,
Sua voz harmoniosa, suave cantando,
Cantigas de amigo.

Por Jesus, senhora, vejo que sofreis
De amor infeliz, pois tão bem o dizeis
Cantigas de amigo.

Por Jesus, senhora, vejo que andais com penas
de amor, pois tão bem cantais
Cantigas de amigo.

— Abutre comeste, pois que adivinhais.”


Cleonice Berardinelli. In: BERARDINELLI, Cleonice. Cantigas de trovadores medievais em português moderno. Rio de Janeiro: Organizações Simões, 1953, p. 58-59.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 72.

Entendendo o poema:

01 – Qual o tema central do poema?

      O tema central do poema gira em torno do sofrimento amoroso de uma mulher. Através de suas atividades (torcer o fio, bordar) e de suas cantigas, ela expressa a dor de um amor não correspondido ou de alguma perda amorosa.

02 – Que figura de linguagem é predominante no poema?

      A figura de linguagem predominante é o paralelismo. O poeta repete a estrutura sintática e a ideia central em versos sucessivos, enfatizando a intensidade do sofrimento da mulher e a repetição de suas cantigas como um refrão de dor.

03 – Qual o significado do verso "Abutre comeste, pois que adivinhais"?

      Esse verso, pronunciado por um interlocutor, sugere que a mulher está tão consumida pela tristeza que até um abutre (símbolo de morte e mau agouro) poderia perceber seu sofrimento. É uma forma poética de dizer que sua dor é evidente e profunda.

04 – Qual o papel das cantigas de amigo no poema?

      As cantigas de amigo são o meio pelo qual a mulher expressa seus sentimentos. Elas funcionam como um diário poético, revelando a profundidade de seu sofrimento amoroso. As cantigas são um elemento central do poema, unindo as estrofes e reforçando o tema principal.

05 – Como o poema retrata a figura feminina?

      A mulher é retratada como um ser delicado e sofredor. Ela é apresentada em atividades domésticas (torcer o fio, bordar), mas sua beleza interior se destaca através de sua voz harmoniosa e de suas cantigas. O poema valoriza a expressão dos sentimentos femininos, mesmo quando estes são de dor e sofrimento.

 

POEMA: FUNDO DO MAR - SOPHIA DE MELLO - COM GABARITO

 Poema: Fundo do mar

             Sophia de Mello

No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSxEojaH7jeY-m-zTXDlT6PhbJXqKdsZuTriLgMy2K1QGyBp5diH-hH3JMJFjkw8MuSXyFveJu0vLgH0ohOg3RDif7t4CAyjSbimwnKhZuChwDucDVNZzzp4hLC-eaA44cHxHDzV6FbIIQPZCgzNCqm1o4Y_609mSuC0FhobCehlTlishUE6_Wxx8T2a0/s1600/MAR.jpg


Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.

Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.

Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.

Sophia de Mello Breyner Andresen. Obra poética I. Lisboa: Caminho, 1998, p. 50.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 93.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal característica do mundo subaquático apresentado no poema?

      A principal característica é a inversão dos papéis entre seres vivos e a ausência de som. As plantas se comportam como animais, os animais como flores, e o ambiente é silencioso, contrastando com a agitação da superfície. Essa inversão cria um mundo onírico e misterioso.

02 – Que sentimentos são evocados pela descrição do fundo do mar?

      O poema evoca uma gama de sentimentos, como a tranquilidade e a beleza do mundo subaquático, representadas pela imagem das conchas se abrindo e do cavalo-marinho balançando. Ao mesmo tempo, a presença dos "monstros" em cada coisa gera um certo suspense e inquietude, convidando à reflexão sobre a dualidade da natureza.

03 – Qual o significado da imagem do "monstro em si suspenso"?

      A imagem do "monstro em si suspenso" sugere que, por mais belas e perfeitas que as coisas pareçam, todas carregam em si um lado obscuro ou ameaçador. Essa dualidade é uma constante na natureza e na vida humana, e o poema nos convida a refletir sobre essa complexidade.

04 – Qual a importância do tempo no poema?

      O tempo é representado como algo leve e suave, que pousa sobre a areia como um lenço. Essa imagem contrasta com a ideia de um tempo infinito e imutável do fundo do mar. O tempo, portanto, é um elemento que marca a passagem e a transformação, mesmo em um ambiente aparentemente estático.

05 – Qual a principal mensagem do poema?

      A principal mensagem do poema é a necessidade de olharmos além das aparências e reconhecermos a complexidade e a dualidade da natureza e da vida. O fundo do mar, com sua beleza e seus perigos, é uma metáfora para o mundo em que vivemos, onde a harmonia e a dissonância coexistem.

 

 

POEMA: TRANSFORMA-SE O AMADOR NA COUSA AMADA - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Poema: Transforma-se o amador na cousa amada

               Camões

Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.


Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está ligada.

Mas está linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim como a alma minha se conforma,

Está no pensamento como ideia;
O vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfmQY31FooYI9vPtEprXcw86r2RL-kYjR1JNVW3kXPPX83vwuujqQBeMNs0vzq-8bhRyPvteIAL5cx8vNPxYKd-JegnNXzLvRni608Q9IUvCPCe8vrdK_M60eIyJNTb_tSijaKkNnEIWTLBhzbVdd3gUONbDRBqS7rPAKluvsXnbedgCxLp4F841SDh6Q/s1600/ALMA.jpg

Izeti F. Torralvo e Carlos C. Minchillo (seleção, apresentação e notas). Sonetos de Camões. São Paulo: Ateliê Editorial, 1998, p. 78.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 129.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal ideia transmitida pelo poema?

      O poema transmite a ideia de que o amor idealizado tem o poder de transformar o amante na própria coisa amada. Através da força da imaginação, o eu lírico internaliza as qualidades da amada a ponto de não desejar mais nada, pois já possui em si a parte desejada.

02 – O que significa a expressão "por virtude do muito imaginar"?

      Essa expressão indica que a transformação do amante se dá por meio da intensa atividade mental de imaginar a pessoa amada. É através desse exercício mental que o amor se torna tão poderoso a ponto de unir o amante e o amado em um só.

03 – Qual a relação entre a alma e o corpo no poema?

      O poema estabelece uma dicotomia entre alma e corpo. A alma do amante se transforma e se une à alma da amada, enquanto o corpo busca satisfazer um desejo que já foi superado pela alma. Essa dualidade revela a complexidade do amor, que envolve tanto aspectos espirituais quanto físicos.

04 – O que representa a "semideia" mencionada no poema?

      A "semideia" representa a imagem idealizada da amada, uma construção mental que se assemelha a uma ideia platônica. Essa imagem é tão viva e intensa que se torna parte integrante da alma do amante, moldando seus pensamentos e sentimentos.

05 – Qual o papel do amor na transformação do amante?

      O amor é a força motriz da transformação. É ele que impulsiona o amante a imaginar, a idealizar e a se unir à pessoa amada em um nível espiritual. O amor, nesse contexto, é uma força unificadora e transcendente.

 

domingo, 17 de novembro de 2024

CRÔNICA: A ILUSÃO DO FIM DE SEMANA (FRAGMENTO) - AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA - COM GABARITO

 Crônica: A ilusão do fim de semana – Fragmento

              Affonso Romano de Sant'Anna

        Há algo errado nisto.

        Onde havia florestas construímos cidades de concreto, asfalto e vidro. Aí vivemos. Ou melhor: trabalhamos. Mas como o lugar onde trabalhamos não é onde queremos viver, então no fim de semana rumamos para onde há floresta ou praia, onde, além do verde e do azul, se pode respirar.

        Chegamos. Acabamos de encostar o carro na garagem da casa de campo, fazenda ou do hotel nas montanhas.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgh1wT-s0SsHVQw1QIGntN0ipkxO0siGTBAWjX4I5yW3SMVWJRFrIkDA8PmKoZtPIaTp0lyylIJ9GDe-dupdVRFXI2H3IZrNW3F5kx-i9CZkvbb7GT05pqfkma5xLkfG6SKqrqFKl-vjhZO9nZ7tgzuZVRYzeLq4vLU0npg4OPEB9hNB9o2JmaL47n7lEM/s1600/campo.jpg


        Chegar aqui não foi fácil. Duas, cinco, às vezes dez horas de engarrafamento. O verde e o azul, lá longe ainda, difíceis de alcançar. E a gente ali na estrada entalado num terrível rito de ultrapassagem.

        Mas digamos que a viagem foi normal. O simples fato de nos aproximarmos do verde já muda o clima psicológico dentro do carro. Vai ficando para trás a fuligem da cidade. E ao subir a serra começa uma descontração no diafragma. Aqueles que estavam tensos, indo para a natureza, já tornam suas frases mais macias, já começam a ficar mais amorosos. Algumas brigas de casal vão se diluindo na passagem da cidade para o campo.

        Enfim, chegamos. São desembarcadas as malas, as portas e janelas da casa e corpo se abrem e a clorofila começa a entrar pelos poros. As flores continuaram a elaborar suas cores em nossa ausência. Os pássaros continuaram a emplumar as estações. [...]

        À noite pode-se acender a lareira e ali se ficar prostrado com um copo de uísque ou vinho, uma xícara de chá ou café, olhando, olhando o fogo como um primitivo na caverna de si mesmo.

        Soa uma música ao piano, um concerto de Boccherini como se houvesse músicas fluindo diretamente do cosmos. [...]

        Todavia, essa incursão no paraíso vai acabar. O fim de semana escoou-se. Já começamos a refazer as malas e a ficar ansiosos e de mau humor. Vamos começar a descer a serra para retornar ao campo de concentração urbana. Mal sinalizadas, as estradas vez por outra nos deixam ver um cão morto no asfalto. [...]

        Aproximamo-nos da cidade. A temperatura começa a subir, um calor abafado vai grudando na pele. O mau cheiro irrita as narinas, o ruído agride os tímpanos. O ritmo do pulso é tenso e há um cruzar de buzinas, faróis, anúncios e sempre a possibilidade de uma emergente violência.

        Chegamos ao apartamento ou casa. Descarregamos tudo pelo elevador com ar de vitória e derrota. Na sala, jornais, correspondência acumulada. O dia seguinte já nos espreita na treva. Aí começaremos a fazer novos planos para fugir da cidade. Planejaremos outro feriado e contaremos quanto tempo falta para a aposentadoria.

        Há algo de errado nisto. E persistimos.

Sant”anna. Affonso Romano. Porta de colégio e outras crônicas. São Paulo: Ática, 1997, p. 43-46. (Fragmento).

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 56-57.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é a principal crítica social presente na crônica?

      A crônica critica a dicotomia entre a vida urbana e a vida rural, evidenciando a busca incessante do ser humano por um refúgio na natureza como forma de escapar das pressões da cidade. O autor questiona a ideia de que o fim de semana seja capaz de proporcionar um descanso verdadeiro e duradouro.

02 – Como o autor descreve a jornada para o campo?

      A jornada para o campo é descrita como um processo de transformação gradual. Á medida que se afasta da cidade, o autor percebe uma mudança no clima psicológico das pessoas, que se tornam mais relaxadas e menos tensas. No entanto, a beleza da natureza é contraposta à dificuldade em chegar até ela, com engarrafamentos e estresse.

03 – Qual é o significado da frase "O fim de semana escoou-se"?

      Essa frase simboliza a efemeridade do descanso e da paz proporcionados pela natureza. O fim de semana, assim como qualquer outro período de férias, é visto como um momento fugaz que não é capaz de solucionar os problemas da vida urbana.

04 – Como o autor retrata a volta para a cidade?

      A volta para a cidade é descrita como um choque, um retorno à realidade. O autor destaca a poluição, o ruído, a violência e o estresse como elementos característicos da vida urbana. Essa volta para a rotina é acompanhada por sentimentos de frustração e angústia.

05 – Qual é o papel da natureza na crônica?

      A natureza é representada como um refúgio, um lugar de paz e tranquilidade. No entanto, o autor questiona se a natureza é apenas uma ilusão, uma fuga temporária dos problemas da vida moderna. A natureza também serve como um símbolo daquilo que o homem perdeu ao construir as grandes cidades.

06 – Qual é a sensação geral que o autor transmite ao leitor?

      O autor transmite uma sensação de frustração e impotência diante da realidade. Ele questiona o modelo de vida atual e a busca incessante por um refúgio. A crônica evoca um sentimento de melancolia e insatisfação.

07 – Qual é a principal mensagem da crônica?

      A principal mensagem da crônica é a necessidade de refletir sobre o nosso modo de vida e buscar um equilíbrio entre a vida urbana e a vida em contato com a natureza. O autor sugere que a solução para os problemas da sociedade não está apenas em fugir para o campo, mas em transformar a cidade em um lugar mais humano e sustentável.

 

 

 

POESIA: TU SÓ, TU, PURO AMOR, COM FORÇA CRUA - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Poesia: Tu só, tu, puro amor, com força crua

             Camões

Tu só, tu, puro amor, com força crua

Que os corações humanos tanto obriga,

Deste causa à molesta morte sua,

Como se fora pérfida inimiga.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgECRRVNC1AJuFHRDx44zxz6e5zvJ47a9mtUMvVnHmba-GOx_RVpqOW0-k9CXDTzd2ZrxWgvUeczOyS3nJsyRPWiP8b1NG_VmuN7YW0yUWObkwr042aeIy3cX6A0_a7kPQU2chh2QAjRXSYT7jI9wXGi79YC3HNMFwjmIxNuyR5_CEEHabdsVo1J-O2jn4/s320/CORA%C3%87%C3%83O.png


Se dizem, fero Amor, que a sede tua

Nem com lágrimas tristes se mitiga,

É porque queres, áspero e tirano,

Tuas aras banhar em sangue humano.


Estavas, linda Inês, posta em sossego

De teus anos colhendo doce fruito,

Naquele engano da alma ledo e cego,

Que a fortuna não deixa durar muito,

Nos saudosos campos do Mondego,

De teus fermosos olhos nunca enxuto,

Aos montes ensinando e às ervinhas,

O nome que no peito escrito tinhas.

Rosemeire da Silva e Carlos C. Minchillo (introdução e comentários). A poesia épica de Camões. São Paulo: Policarpo, p. 34.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 159.

Entendendo a poesia:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Molesta: lastimosa; funesta.

·        Pérfida: desleal; traidora.

·        Fero: feroz; sanguinário; cruel.

·        Mitiga: alivia; suaviza; aplaca.

·        Aras: altar; mesa para sacrifícios religiosos.

·        Posta em sossego: repousando após a morte.

·        Iedo: feliz, contente.

·        Mondego: rio da região central de Portugal.

·        Fremosos: formoso, graciosos, belo.

02 – Qual a principal temática abordada no poema?

      O poema gira em torno do tema do amor como força implacável e destrutiva. Camões retrata o amor como um sentimento que pode levar à morte, comparando-o a um inimigo cruel e impiedoso. A história de Inês de Castro serve como exemplo dessa força cega e apaixonada.

03 – Qual o papel da figura de Inês de Castro no poema?

      Inês de Castro é a personificação da beleza, da inocência e da felicidade. Sua morte trágica, causada pela paixão de Pedro por ela, serve como um exemplo da crueldade do amor e do poder da paixão sobre a razão.

04 – Qual o significado da expressão "força crua" no contexto do poema?

      A expressão "força crua" refere-se à intensidade e à brutalidade do amor. O amor é apresentado como uma força da natureza, indomável e capaz de causar sofrimento e destruição.

05 – O que o poeta quer dizer com a frase "Tuas aras banhar em sangue humano"?

      Essa frase significa que o amor exige sacrifícios e que, muitas vezes, esses sacrifícios são representados pela morte. O amor é comparado a um deus cruel que se alimenta do sofrimento humano.

06 – Qual a relação entre o amor e a morte no poema?

      O poema estabelece uma relação íntima entre o amor e a morte. O amor é apresentado como uma força tão poderosa que pode levar à morte. A morte de Inês de Castro é a prova de que o amor, quando não é correspondido ou quando encontra obstáculos, pode ter consequências trágicas.

 

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

MÚSICA(ATIVIDADES): CHICO BRITO - PAULINHO DA VIOLA - COM GABARITO

 Música(Atividades): Chico Brito

             Paulinho da Viola

Lá vem o Chico Brito,
Descendo o morro nas mãos do Peçanha,
É mais um processo!
É mais uma façanha!
Chico Brito fez do baralho seu melhor esporte,
É valente no morro,
Dizem que fuma uma erva do norte.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRyuqPyNWZ9ieW44h4qhBXojK4UmEryi-9BDwP79yRsE8DHB23yS0L8IUEjV-b5dlZEPyCqpkuq3cuViel8TPori-Tyl-lQGV_Wm9l6gXEPm0mh8F1dRBoDkFgs99z9W2pQ6d4V4CwQzCxXQoti2BLCC3HFZEr09q0LRkSPlPY1fxM0-nH4lac0DjE0rI/s320/CHICO.jpg


Quando menino teve na escola,
Era aplicado, tinha religião,
Quando jogava bola era escolhido para capitão,
Mas, a vida tem os seus revezes,
Diz sempre Chico defendendo teses,
Se o homem nasceu bom, e bom não se conservou,
A culpa é da sociedade que o transformou.

Composição: Afonso Teixeira / Wilson Batista.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 373.

Entendendo a música:

01 – Quem é o personagem principal da música e como ele é retratado?

      O personagem principal é Chico Brito, um homem apresentado como um valentão do morro, envolvido em diversas situações, como processos judiciais e jogos de azar. A letra o descreve como habilidoso no baralho, fumante de uma erva do norte e com um passado que contrasta com sua vida atual.

02 – Qual a relação entre Chico Brito e o contexto social onde vive?

      Chico Brito é um produto do seu ambiente. A letra sugere que o morro, com suas leis e costumes próprios, moldou seu caráter. A referência à "erva do norte" e aos "processos" indica um envolvimento com atividades ilícitas, comuns em determinadas comunidades.

03 – Qual a mensagem central da música?

      A música levanta questões sobre a natureza humana e a influência do meio social. A frase "Se o homem nasceu bom, e bom não se conservou, A culpa é da sociedade que o transformou" sugere uma crítica à sociedade, que seria responsável por transformar as pessoas em criminosos.

04 – Qual o papel da religião na vida de Chico Brito?

      A letra menciona que Chico Brito, quando criança, tinha religião. No entanto, essa fé não parece ter sido suficiente para moldar seu caminho. Essa contraposição entre o passado religioso e a vida presente de crimes e conflitos sugere uma reflexão sobre a complexidade da natureza humana e a força das influências sociais.

05 – Qual o estilo musical e a época de composição de "Chico Brito"?

      "Chico Brito" é uma canção de samba, um gênero musical tipicamente brasileiro, conhecido por suas letras que retratam a vida cotidiana e os costumes populares. Paulinho da Viola, um dos maiores compositores de samba, compôs essa música em um período em que o samba abordava temas sociais e políticos com maior profundidade.

 

 

SONETO: EU DELIRO, GERTRÚRIA, EU DESESPERO - MANOEL BOCAGE - COM GABARITO

 Soneto: Eu Deliro, Gertrúria, eu Desespero

              Manoel Bocage

Eu deliro, Gertrúria, eu desespero
No inferno de suspeitas e temores.
Eu da morte as angústias e os horrores
Por mil vezes sem morrer tolero.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsGgkawzDCTcii7Qe5oh1FyfYYg1oxY7I6K7gwqZsJrz3wfnTNBVh0GtpDIZL9y28tEyTmPoX93kjXcUTT2n9lhjjTkh8L0z7qGpqmFjp9iJOE699x6tbJfhHSndpHCBeLVbzKod1DjAjFlD9GC9jSlMqEcRm0_oPZPq0jGQf_waV7dOj8W7TRu9fZmqg/s1600/BOCAGE.jpg



Pelo Céu, por teus olhos te assevero
Que ferve esta alma em cândidos amores;
Longe o prazer de ilícitos favores!
Quero o teu coração, mais nada quero.

Ah! não sejas também qual é comigo
A cega divindade, a Sorte dura.
A vária Deusa, que me nega abrigo!

Tudo perdi: mas valha-me a ternura
Amor me valha, e pague-me contigo
Os roubos que me faz a má ventura.

BOCAGE, M. M. Barbosa du. Sonetos. Lisboa: Livraria Bertrand, s/d.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 385.

Entendendo o soneto:

01 – Qual a principal emoção expressa pelo eu lírico nesse soneto?

      A principal emoção expressa pelo eu lírico é a angústia amorosa. O poeta se encontra em um estado de sofrimento intenso, marcado pela incerteza, pelo medo e pela desesperança em relação ao amor que sente por Gertrúria.

02 – Como o eu lírico descreve o estado emocional em que se encontra?

      O eu lírico descreve seu estado emocional como um verdadeiro inferno. Ele se sente atormentado por suspeitas e temores, e a ideia da morte ronda seus pensamentos. A repetição de "eu deliro" e "eu desespero" intensifica a ideia de um sofrimento profundo e quase insustentável.

03 – Qual a importância da figura de Gertrúria no poema?

      Gertrúria é a figura central do poema, a musa inspiradora do sofrimento do eu lírico. Ela é idealizada como um ser celestial, mas ao mesmo tempo inalcançável. A amada é vista como a causa e o objeto do amor do poeta, e sua presença ausente intensifica a dor do amante.

04 – Que tipo de amor o eu lírico expressa por Gertrúria?

      O amor expresso pelo eu lírico é um amor passional e idealizado. Ele se declara apaixonado de forma intensa e fervorosa, buscando a pureza e a sinceridade nos sentimentos de Gertrúria. O poeta rejeita os "ilícitos favores" e deseja apenas o coração da amada.

05 – Qual a relação entre o sofrimento amoroso e a figura da Fortuna no poema?

      O sofrimento amoroso do eu lírico é atribuído à Fortuna, personificada como uma deusa cega e cruel. A Fortuna é vista como a responsável por negar o amor ao poeta, roubando sua felicidade e condenando-o à infelicidade. O amor, por sua vez, é visto como a única força capaz de compensar as perdas causadas pela má sorte.

 




 

SONETO: RECREIOS CAMPESTRES NA COMPANHIA DE MARÍLIA - BOCAGE - COM GABARITO

 Soneto: Recreios campestres na companhia de Marília

             Bocage

Olha, Marília, as flautas dos pastores
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre as flores?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBwSTDkHSJct6yLpbhyphenhyphenLJE93t3kGCgz82W5wqB6295QZ2PleITHFZGTWQZ5nGJl1MTB4sZ16kGgmKFi_IEnYSj0_EEZ5hT-wdrkZDpIYaYE-Ghl2B_R8v60Lsb5xiTtHwhC1nctScQoL886_Ii-nJnIvpJA9ZR2e_P31yysSV_4Kdlc-NTqBIJ0OmqbXA/s320/BOCAGE.jpg 
Marília, as flautas dos pastores
Vê como ali beijando-se os Amores

Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores!

Naquele arbusto o rouxinol suspira,
Ora nas folhas a abelhinha para,
Ora nos ares sussurrando gira:

Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,
Mais tristeza que a morte me causara.

BOCAGE. Obras de Bocage. Porto: Lello & Irmão, 1968. p. 152.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 386.

Entendendo o soneto:

01 – Qual a principal temática explorada por Bocage nesse soneto?

      A principal temática é a celebração da natureza e do amor em um cenário bucólico. O poeta convida sua amada Marília a apreciar a beleza do campo, dos animais e das flores, tudo isso enquanto expressa seus sentimentos apaixonados.

02 – Que elementos da natureza são descritos no soneto e qual o efeito que eles causam no eu lírico?

      Bocage descreve diversos elementos da natureza, como as flautas dos pastores, o rio Tejo, os Zéfiros (ventos suaves), as flores, borboletas, o rouxinol e as abelhas. Esses elementos evocam sensações de prazer, alegria e leveza no eu lírico, que se sente em harmonia com o ambiente natural.

03 – Qual o papel de Marília no poema?

      Marília é a destinatária do poema e a companheira do eu lírico. Ela é convidada a apreciar a beleza da natureza ao lado do poeta, e sua presença intensifica a felicidade e o prazer do momento. A figura de Marília serve como um catalisador para a expressão dos sentimentos amorosos do eu lírico.

04 – Qual a importância do contraste entre a beleza da natureza e o sentimento expresso nos últimos versos?

      O contraste entre a beleza da natureza e a tristeza expressa nos últimos versos enfatiza a dependência emocional do eu lírico em relação a Marília. A beleza do campo só tem sentido para ele quando compartilhada com a amada. A ausência de Marília transformaria a natureza em algo triste e sem graça.

05 – Que características do Arcadismo podem ser identificadas nesse soneto?

      O soneto apresenta diversas características do Arcadismo, como:

·        A valorização da natureza e da vida simples no campo;

·        A busca pela beleza e pela harmonia;

·        O uso de elementos da mitologia clássica (Zéfiros);

·        A expressão de sentimentos amorosos em um contexto bucólico;

·        A presença de um eu lírico que se identifica com a natureza.

 

 

TEXTO: AS VIRTUDES (E VÍCIOS) DO ESTILO - JOSÉ LEMOS MONTEIRO - COM GABARITO

 Texto: As virtudes (e vícios) do estilo

           José Lemos Monteiro

        A expressividade resulta de uma soma de procedimentos que atestam o domínio, embora às vezes intuitivo, das leis da organização e funcionamento do sistema linguístico. Não se trata, pois, de um desvio gratuito e inconsequente das regras gramaticais. Em geral, quem se afasta de uma determinada norma com intuito expressivo, assim procede porque a conhece bem e usa o desvio como uma possibilidade de escolha. Em outra situação, a mesma regra que foi infringida é aceita e cumprida sem nenhum problema.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhV_Q7xNWBp9HUjfrhHDft4Jj3rQMeO6yRAlskIridCMk9R9fJhaNAmzR5i4fU5_bOXnvlQKedMN2Efnp1zfWZeyU4KrCYsTYChTl6ftvz_Ggat8Op6WoOUhGdo4LD3E-O51hmrQn7UNTN8C6f6JOdZn7nqJUyyYzFudDVzH2Yao4SeUZ3YHXvXRZ6PIWE/s320/1551309345821_Gramatica.png


        Um bom desempenho linguístico é, portanto, o alicerce do estilo de quem se expressa bem. Trata-se de uma das mais relevantes qualidades, de que decorrem quase todas as demais. Naturalmente, virtudes ou defeitos são valores subjetivos e relativos. O que para uns é belo a outros desagrada. O gosto pessoal tem sua parcela de influência e, por isso, todo julgamento de valor deve ser visto com alguma cautela, mais do que nunca respeitando os fatores contextuais.

        Não pretendemos discutir os critérios para a determinação do que deve ser considerado correto ou incorreto em linguagem. Todavia, é preciso não confundir a correção com a pura gramatiquice. O bom senso está acima de tudo e, por isso, rejeita para o moderno português construções fossilizadas que, apesar de haverem sido empregadas por grandes vernaculistas do passado, hoje parecem extemporâneas e desusadas. A língua está em função da cultura e assim evolui constantemente. As normas gramaticais é que infelizmente não acompanham o ritmo das mudanças do idioma.

        A despeito dessas observações, há um padrão linguístico a ser observado. Se alguém deseja escrever, deve seguir essa norma, a mesma de que se utilizam os bons autores. Existem regras de organização frasal que precisam ser respeitadas, para que o texto possa ser considerado correto. Em linhas gerais, são regras de concordância, de regência ou de colocação.

MONTEIRO, José Lemos. A estilística. São Paulo: Ática, 1991.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 214-215.

Entendendo o texto:

01 – Qual a relação entre a expressividade e o domínio das regras gramaticais, de acordo com o autor?

      Essa pergunta direciona a atenção para a ideia de que a expressividade não é um desvio arbitrário das normas, mas sim um uso consciente e estratégico da linguagem.

02 – Por que o autor afirma que um bom desempenho linguístico é o alicerce do estilo?

      A questão busca compreender a importância da competência linguística como base para a construção de um estilo próprio e eficaz.

03 – O que o autor entende por "virtudes" e "defeitos" no estilo?

      Essa pergunta explora a natureza subjetiva e relativa dos julgamentos estéticos sobre a linguagem.

04 – Qual a importância do contexto na avaliação do estilo?

      A questão destaca a necessidade de considerar os fatores situacionais e culturais na análise da linguagem.

05 – O que o autor quer dizer com a afirmação de que "o bom senso está acima de tudo"?

      Ele incentiva a reflexão sobre a importância do julgamento crítico e da adaptação da linguagem às diferentes situações comunicativas.

06 – Por que o autor afirma que as normas gramaticais não acompanham o ritmo das mudanças do idioma?

      A questão questiona a rigidez das normas gramaticais e a necessidade de flexibilizá-las para atender às demandas da língua em constante evolução.

07 – Quais as principais regras de organização frasal que devem ser respeitadas para que um texto seja considerado correto?

      Essa pergunta resume as principais regras gramaticais mencionadas no texto e sua importância para a clareza e coesão textual.

 

SONETO: MEU SER EVAPOREI NA LIDA INSANA - M.M.BARBOSA DU BOCAGE - COM GABARITO

 Soneto: Meu ser evaporei na lida insana

             M. M. Barbosa du Bocage

Meu ser evaporei na lida insana
Do tropel de paixões, que me arrastava.
Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
Em mim quase imortal a essência humana.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMEU_JvcdWl3MRYrive6sz0ox9YBXpn15XMvgRa3NJejOvzOXFxiudYUO9gwkX11Mj0bNbf5FWlud8sBEokzPoJmqNGrGswOkrKG9T2wut7kjCFxJKHGBbdCxodac_YhhlGHWqhESD-WIMRkHCz3fc-ZhDbg7W78lAJSsyKWtNPU3LFTV1H89quGJUzGg/s320/BOCAGE.jpg


De que inúmeros sóis a mente ufana
Existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe a Natureza escrava
Ao mal, que a vida em sua origem dana.

Prazeres, sócios meus e meus tiranos!
Esta alma, que sedenta em si não coube,
No abismo vos sumiu dos desenganos.

Deus, oh Deus!… Quando a morte a luz me roube,
Ganhe num momento o que perderam anos,
Saiba morrer o que viver não soube.

BOCAGE, M. M. Barbosa du. Sonetos. Lisboa: Livraria Bertrand, s/d.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 384.

Entendendo o soneto:

01 – Qual a principal temática abordada por Bocage nesse soneto?

      O soneto de Bocage explora a efemeridade da vida, a luta contra as paixões e o arrependimento diante da morte. O eu lírico reflete sobre a vaidade das ambições mundanas e a busca incessante por prazeres que, no final, se revelam ilusórios.

02 – Que figura de linguagem é predominante no soneto? E qual o seu efeito?

      A metáfora é a figura de linguagem mais evidente no soneto. Bocage utiliza diversas metáforas para expressar seus sentimentos e ideias, como "Meu ser evaporei na lida insana", comparando sua vida ao vapor que se dissipa. O efeito dessas metáforas é intensificar a expressão dos sentimentos do eu lírico e criar imagens mais vívidas para o leitor.

03 – Qual a importância da natureza no contexto do soneto?

      A natureza é representada como uma força poderosa e implacável que subjuga o homem. A "Natureza escrava" simboliza a condição humana, subjugada pelas paixões e pelos males da vida. A natureza, portanto, representa um contraponto à vaidade humana e à busca por imortalidade.

04 – Qual o papel da religião no soneto?

      A religião aparece no soneto como uma busca por consolo e salvação diante da morte. O eu lírico invoca Deus, expressando um desejo de redenção e de que, após a morte, possa compensar os erros cometidos durante a vida.

05 – Qual o tom geral do soneto? E como ele se relaciona com a temática abordada?

      O tom geral do soneto é melancólico e reflexivo. O eu lírico demonstra arrependimento pelas escolhas feitas e pela vida levada, expressando um sentimento de angústia diante da finitude da existência. Esse tom melancólico reforça a temática da efemeridade da vida e da necessidade de refletir sobre as nossas ações.