sexta-feira, 6 de setembro de 2024

RESENHA CRÍTICA: "PANDEMIA": SÉRIE [...] É UMA ÓTIMA AULA PARA TEMPOS DE CORONAVÍRUS - FRAGMENTO - COM GABARITO

 Resenha crítica: Pandemia”: série [...] é uma ótima aula para tempos de coronavírus – Fragmento

        Sem ser alarmista, documentário exalta trabalho de cientistas e médicos ao redor do mundo, revelando desafios e esperanças na caçada aos novos germes

        [...] Produzida ainda em 2019, meses antes de o coronavírus ser divulgado pela China e se espalhar pelo mundo, a série chegou ao catálogo da plataforma no fim de janeiro e agora se mostra não só atualíssima e urgente, como revela que a Covid-19 era um mal há muito tempo esperado pelos cientistas. Instigante, sem causar alarme exagerado, o documentário é uma belíssima aula sobre a importância da ciência e sobre como uma “gripezinha” pode ser uma catástrofe mundial.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiauYCiX22K6-eS_8F-LGfVJSM5eobh4MI0-XhTgffM5Ammm9FmQ0CHz4cHh6Scgxfzm1pgw0qbkPaskQNXr0KRVnpNBXTfILd61W5mapBhbi9_83ypt5G_dgQfEr_meexmlEbcT6Ks8QB2UBHBpJXBDWogYd6iW8QTnyuRlCyteAYbdEtj6j4qbewZ260/s320/PANDEMIA.png

        “De vez em quando surge uma variante da gripe que representa uma ameaça existencial para nós como espécie”, diz o pesquisador Dennis Carroll, no documentário. Nas primeiras cenas, ele relembra a devastação deixada pela gripe espanhola, em 1918, que matou mais de 50 milhões de pessoas (estima-se que o número pode ter sido o dobro). [...]

        Ao longo de seis episódios, a série mostra o trabalho de médicos ao redor do mundo. Na África, representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) tentam frear o ebola. No Egito, no Vietnã e na Índia, os profissionais da saúde encaram a precariedade para combater variações da gripe aviária.

        Nos Estados Unidos, uma médica (a única de uma cidade pequena) faz o que pode para controlar uma epidemia de influenza local. Em paralelo, veterinários em diferentes pontos do mundo monitoram aves, patos e morcegos, colhendo amostras para tentar prever o próximo grande vírus – e traçar um plano de contenção.

        Em todos os casos, o dinheiro e o luxo passam longe da vida dos médicos, que abrem mão de tempo com a família e colocam até a própria vida em risco por um bem maior. “O ebola é o inimigo”, diz um médico ao enfrentar milicianos que tentam parar o trabalho dos postos de saúde na África.

        Outra semelhança entre os diferentes cenários é o dilema da desinformação. Em países africanos, espalha-se o boato de que a vacina contra o ebola é, na verdade, uma trama dos Estados Unidos para matar todos os africanos. Enquanto isso, nos Estados Unidos, grupos antivacina tornam difícil a erradicação de doenças, estimulando famílias inteiras a cultivar as mais variadas teorias da conspiração sobre a medicação.

        Entre as tramas, a mais interessante de se acompanhar é a da empresa Distributed Bio, em San Francisco, onde dois pesquisadores, Jacob Glanville e Sarah Ives, buscam a criação de uma vacina universal contra todos os tipos de gripe e suas futuras mutações. Para manter a independência em relação à indústria farmacêutica, a dupla se inscreve num programa de bolsas da Fundação Bill e Melinda Gates. O resultado de seus esforços é apresentado no último episódio.

        [...]

        Se até agora você fugiu da série por medo de sair dela mais assustado do que quando deu o play, fique tranquilo: o espectador sai de Pandemia é com esperança.

CARNEIRO, Raquel. “Pandemia”: série [...] é uma ótima aula para tempos de coronavírus. Veja, 25 mar. 2020. Disponível em: https://veje.abril.com.br/blog/tela-plana/pandemia-serie-da-netflix-e-uma-otima-aula-para-tempos-de-coronavirus. Acesso em: 30 jul. 2020.

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 252-253.

Entendendo a resenha:

01 – O que a série "Pandemia" destaca em relação ao trabalho de cientistas e médicos ao redor do mundo?

      A série exalta o trabalho de cientistas e médicos, revelando os desafios e as esperanças na luta contra novos germes, sem ser alarmista.

02 – Quando a série "Pandemia" foi produzida e qual sua relevância após o surgimento da Covid-19?

      A série foi produzida em 2019, antes do coronavírus ser divulgado pela China. Após a pandemia, ela se mostrou atualíssima, revelando que a Covid-19 era uma ameaça esperada pelos cientistas.

03 – Como a série aborda a questão da gripe e seu impacto na humanidade?

      A série aborda a ameaça existencial de variantes da gripe para a humanidade, lembrando a devastação causada pela gripe espanhola em 1918, que matou mais de 50 milhões de pessoas.

04 – Quais são os diferentes cenários apresentados ao longo dos episódios da série?

      A série apresenta cenários como a luta contra o ebola na África, o combate à gripe aviária no Egito, Vietnã e Índia, e uma médica nos EUA tentando controlar uma epidemia de influenza local.

05 – Qual é o papel dos veterinários na série "Pandemia"?

      Veterinários ao redor do mundo monitoram aves, patos e morcegos, colhendo amostras para prever o próximo grande vírus e traçar um plano de contenção.

06 – Quais dilemas relacionados à desinformação são retratados na série?

      A série retrata a desinformação na África, onde se espalha o boato de que a vacina contra o ebola é uma trama dos EUA, e nos EUA, onde grupos antivacina dificultam a erradicação de doenças.

07 – Qual é a sensação final que a série "Pandemia" busca deixar no espectador?

      Apesar dos desafios apresentados, a série deixa o espectador com uma sensação de esperança ao final.

 

TEXTO DIDÁTICO: MÓDULO 1 - NOSSA RELAÇÃO COM O DINHEIRO - BANCO CENTRAL DO BRASIL - COM GABARITO

 Texto didático: Módulo 1 – Nossa Relação com o Dinheiro

1.1.   – Relacionamento com o dinheiro

        Desde cedo, começamos a lidar com uma série de situações ligadas ao dinheiro. Para tirar melhor proveito do seu dinheiro, é muito importante saber como utilizá-lo da forma mais favorável a você. O aprendizado e a aplicação de conhecimentos práticos de educação financeira podem contribuir para melhorar a gestão de nossas finanças pessoais, tornando nossas vidas mais tranquilas e equilibradas sob o ponto de vista financeiro.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8U4Nk-FdBJ-yzuBi2rQixu4vc-E7ZEaXDDUihmtr6dR9gs2CWsb6F6hlgZYc3seMMgkgFbH-rWsQLYa3wJ4CQ4aYY4tfJq8CZHcdZdusefRqvwuVjFdF837rk9ipv-Lcvvr-y1lFULFokYTQFJin7BBtRqfTRoKk5xMMmHMwSrQ987eFOJnr1Dg2v0-Q/s320/educacao-financeira.png


        [...] A ausência de educação financeira, aliada à facilidade de acesso ao crédito, tem levado muitas pessoas ao endividamento excessivo [...]. Infelizmente, não faz parte do cotidiano da maioria das pessoas buscar informações que as auxiliem na gestão de suas finanças. Para agravar essa situação, não há uma cultura coletiva, ou seja, uma preocupação da sociedade organizada em torno do tema. [...]

        [...] Pesquisas revelam que 3 em cada 4 famílias sentem alguma dificuldade para chegar ao fim do mês com seus rendimentos. E você, como lida com seu dinheiro? Quer aprender um pouco mais sobre como administrar melhor e mais eficientemente seus recursos financeiros?

        1.2.– Sonhos e projetos

        [...] O que o dinheiro tem a ver com meus sonhos? O ser humano é movido pelos sonhos. São eles que trazem esperança e motivação para todos nós. São os nossos sonhos que norteiam nossos desejos e anseios pelo futuro. É por meio dos sonhos que visualizamos aonde queremos chegar. [...]

        [...]

        Para melhor entender a diferença entre sonho e projeto, podemos assumir que o sonho é o desejo vivo, a aspiração, o anseio. Pode ser entendido como a ideia ou os objetivos que se quer alcançar. De outro modo, o projeto é o sonho colocado “no papel”, para que possamos visualizar melhor onde estamos em relação a nossas aspirações e quais os caminhos que devemos seguir para alcançá-las. O projeto implica um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo na direção do sonho ou dos objetivos que se quer concretizar. Como você pode ver, um é a complementação do outro.

        Os projetos se caracterizam pelos seguintes aspectos: (1) são temporários – têm início e fim definidos; (2) são planejados, executados e controlados; (3) geram produtos, serviços ou resultados exclusivos; (4) são desenvolvidos em etapas que se sucedem em uma sequência progressiva; (5) são realizados e gerenciados por pessoas; e (6) são executados com recursos limitados. Desse modo, o projeto é uma ação que viabiliza a realização dos sonhos, retirando-os do imaginário e trazendo-os ao mundo real.

        [...]

        1.3.– Escolhas: equilíbrio entre emoção e razão

        Você já deve ter notado que a realização de sonhos não acontece por acaso, mas é fruto de escolhas que fazemos para torná-los reais. A vida é feita de escolhas, sejam elas conscientes ou inconscientes. E mais, você já pensou que, pelo simples fato de não escolher, você já está fazendo uma escolha?

        O ser humano é o único que tem a capacidade de não se valer apenas dos instintos e das emoções para direcionar as suas escolhas. No entanto, há momentos em que tomamos atitudes ou efetuamos escolhas com base exclusivamente nas emoções. Não se pode dizer que isso, a princípio, seja bom ou ruim, mas, em regra, é importante cuidar para que nossas escolhas equilibrem emoção com razão.

        Vivemos em uma sociedade voltada para o consumo. Somos diariamente bombardeados com propagandas e artifícios criados com a finalidade de despertar nossas emoções e criar necessidades por produtos e serviços que, por vezes, nem mesmo precisamos ou queremos para nós, mas que simplesmente passamos a desejar.

        Entenda que não é errado você querer coisas que não sejam estritamente essenciais. É normal ter desejos e, dentro de suas posses, comprar produtos e serviços que satisfaçam esses desejos. Entretanto, é importante ter em mente que o consumo não pode ser movido apenas pela emoção, ou pior, pela emoção imposta por meio de propaganda ou de imposição social, como a necessidade de manter status e coisas do tipo.

        [...] devemos estar atentos e, em certos momentos, esforçar-nos para incluir a razão em nossas decisões financeiras, sempre lembrando que o objetivo não é excluir as emoções de nossas escolhas, mas apenas dar a elas o peso adequado. [...]

        1.4. – Troca intertemporal

        Do ponto de vista financeiro, podemos falar que, se você gasta muito dinheiro no presente, poderá ter problemas no futuro, ou, de forma contrária, você pode gastar menos dinheiro hoje para ter mais dinheiro amanhã.

        Podemos pensar nisso como uma escolha no tempo, daí o nome troca intertemporal.

        A expressão “troca intertemporal” está relacionada aos efeitos das escolhas que fazemos hoje (no presente) sobre nossas vidas amanhã (no futuro).

        Reflita sobre o que ocorre em cada parte do exemplo a seguir:

        Suponha que você deseje comprar um produto de informática no valor de R$1.000,00 e você possui apenas R$600,00, ou seja, faltam R$400,00 para que você possa comprá-lo.

        Você faz um estudo de seu orçamento para avaliar se é possível comprar esse produto e verifica que consegue poupar R$100,00 por mês. Seguindo esse planejamento, você levaria quatro meses para ter o dinheiro suficiente para adquirir o produto.

        Mas se você quiser comprar o produto imediatamente, há uma forma de “manipular” o tempo e adquirir o produto antecipadamente. Você pode buscar dinheiro em outras fontes, tomar um empréstimo no valor de R$400,00 e, com isso, adquiri-lo hoje. Simples, não? Sim... quase...

        A situação não é tão simples quanto parece porque, em geral, a antecipação de consumo traz consigo um custo chamado “pagamento de juros” sobre o valor emprestado que lhe permitiu adquirir o produto no presente. Nesse caso, como você antecipou o seu consumo, terá de pagar prestações de valor maior do que R$100,00 por mês ou pagar um número maior de prestações de R$100,00 do que pagaria se tivesse decidido poupar primeiro para depois comprar o produto. 

        Agora, imagine outra situação:

        Você deseja comprar o mesmo produto que custa R$1.000,00, verifica a sua conta e percebe que possui toda essa quantia.

        Nessa hipótese, você tem duas opções: comprar o produto hoje, gastando toda essa quantia, ou deixar para fazê-lo daqui a quatro meses.

        Se você escolhe deixar para comprar o produto daqui a quatro meses, você pode colocar o seu dinheiro na poupança ou em outro investimento e passar a receber um prêmio por ter postergado o consumo. [...] Daqui a quatro meses, você poderá comprar o produto e ainda lhe sobrará uma quantia. Nesse caso, a postergação do consumo traz consigo o recebimento de rendimentos.

        Perceba que possuímos, basicamente, duas opções ao lidar com o consumo no tempo. Essa é a escolha fundamental quando o assunto é gestão financeira: temos a opção de usufruir agora e pagar depois, assumindo uma posição devedora, ou seja, pagando juros; ou podemos optar por pagar agora e usufruir depois e assumir uma posição credora, recebendo juros.

        [...]

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Caderno de educação financeira: gestão de finanças pessoais, Brasília: BCB, 2013. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/content/cidadaniafinanceira/documentos_cidadania/cuidando_do_seu_dinheiro_gestao_de_Financas_Pessoais/caderno_cidadania_financeira.pdf. Acesso em: 17 ago. 2020.

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 300-302.

Entendendo o texto:

01 – Por que é importante aprender sobre educação financeira?

      A educação financeira é importante porque ajuda as pessoas a melhorarem a gestão de suas finanças pessoais, o que pode contribuir para uma vida mais tranquila e equilibrada financeiramente.

02 – Quais são as consequências da falta de educação financeira, segundo o texto?

      A falta de educação financeira, combinada com a facilidade de acesso ao crédito, pode levar ao endividamento excessivo.

03 – Por que muitas famílias têm dificuldade em chegar ao fim do mês com seus rendimentos?

      Muitas famílias enfrentam dificuldades porque não possuem conhecimentos adequados sobre gestão financeira e, por isso, não conseguem administrar seus recursos de maneira eficiente.

04 – Qual é a relação entre sonhos e dinheiro, de acordo com o texto?

      Os sonhos trazem motivação e esperança, e o dinheiro é um meio de transformar esses sonhos em realidade através de projetos bem planejados.

05 – Como o texto define a diferença entre sonho e projeto?

      Um sonho é uma aspiração ou desejo, enquanto um projeto é um plano concreto, com etapas definidas, que visa transformar o sonho em realidade.

06 – Quais são as características de um projeto, segundo o texto?

      Um projeto é temporário, planejado, executado e controlado; gera resultados exclusivos; é desenvolvido em etapas sucessivas; é gerenciado por pessoas; e é executado com recursos limitados.

07 – Como o texto sugere que devemos equilibrar emoção e razão nas nossas escolhas financeiras?

      Devemos equilibrar emoção e razão para evitar decisões impulsivas, especialmente em uma sociedade de consumo, onde a propaganda frequentemente desperta desejos que não são essenciais.

08 – O que é a "troca intertemporal" conforme descrito no texto?

      Troca intertemporal refere-se às escolhas que fazemos no presente que impactam nossas finanças no futuro, como decidir entre consumir agora ou poupar para consumir mais adiante.

09 – Quais são as duas opções principais que temos ao lidar com o consumo no tempo?

      As opções são: consumir agora e pagar depois, assumindo uma posição devedora (pagando juros), ou poupar agora e consumir depois, assumindo uma posição credora (recebendo juros).

10 – Qual é a principal escolha financeira que devemos fazer ao decidir sobre o consumo, de acordo com o texto?

      A principal escolha é entre antecipar o consumo e pagar juros ou postergar o consumo e receber juros, o que impacta diretamente na gestão financeira pessoal.

 

CONTO: A AVÓ, A CIDADE E O SEMÁFORO - MIA COUTO - COM GABARITO

 CONTO: A avó, a cidade e o semáforo

               Mia Couto

        Quando ouviu dizer que eu ia à cidade, Vovó Ndzima emitiu as maiores suspeitas:

        -- E vai ficar em casa de quem?

        -- Fico no hotel, avó.

        -- Hotel? Mas é casa de quem?

        Explicar, como? Ainda assim, ensaiei: de ninguém, ora. A velha fermentou nova desconfiança: uma casa de ninguém?

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCqliSHZim7Zwd1YDElnlt3Fxj5o87F8OwkugZ3y4Q_PCf1jNX-2D6WtCRW0dfPKUHvVhn74RABpdcd6rO-ogtLy2mrS-7xZYfSv2UWBBY_j1anVvgJAugmnFOcV9aJ_zr6oJ1mO4Y9Li7ni6BCDzpRK9HoqNIKzTCEN0oE-OWSD1NIq2E_Rc7ohGVryQ/s320/casa-de-av%C3%B3.jpg

        -- Ou melhor, avó: é de quem paga – palavreei, para a tranquilizar.

        Porém, só agravei – um lugar de quem paga? E que espíritos guardam uma casa como essa?

        A mim me tinha cabido um prêmio do Ministério. Eu tinha sido o melhor professor rural. E o prêmio era visitar a grande cidade. Quando, em casa, anunciei a boa nova, a minha mais-velha não se impressionou com meu orgulho. E franziu a voz:

        -- E, lá, quem lhe faz o prato?

        -- Um cozinheiro, avó.

        -- Como se chama esse cozinheiro?

        Ri, sem palavra. Mas, para ela, não havia riso, nem motivo. Cozinhar é o mais privado e arriscado ato. No alimento se coloca ternura ou ódio. Na panela se verte tempero ou veneno. Quem assegurava a pureza da peneira e do pilão? Como podia eu deixar essa tarefa, tão íntima, ficar em mão anônima? Nem pensar, nunca tal se viu, sujeitar-se a um cozinhador de que nem o rosto se conhece.

        -- Cozinhar não é serviço, meu neto – disse ela. – Cozinhar é um modo de amar os outros.

        Ainda tentei desviar-me, ganhar uma distração. Mas as perguntas se somavam, sem fim.

        -- Lá, aquela gente tira água do poço?

        -- Ora, avó...

        -- Quero saber é se tiram todos do mesmo poço...

        Poço, fogueira, esteira: o assunto pedia muita explicação. E divaguei, longo e lento. Que aquilo, lá, tudo era de outro fazer. Mas ela não arredou coração. Não ter família, lá na cidade, era coisa que não lhe cabia. A pessoa viaja é para ser esperado, do outro lado a mão de gente que é nossa, com nome e história. Como um laço que pede as duas pontas. Agora, eu dirigir-me para lugar incógnito onde se deslavavam os nomes! Para a avó, um país estrangeiro começa onde já não reconhecemos parente.

        -- Vai deitar em cama que uma qualquer lençolou?

        Na aldeia era simples: todos dormiam despidos, enrolados numa capulana ou numa manta conforme os climas. Mas lá, na cidade, o dormente vai para o sono todo vestido. E isso minha avó achava de mais. Não é nus que somos vulneráveis. Vestidos é que somos visitados pelas valoyi e ficamos à disposição dos seus intentos. Foi quando ela pediu. Eu que levasse uma moça da aldeia para me arrumar os preceitos do viver.

        -- Avó, nenhuma moça não existe.

        Dia seguinte, penetrei na penumbra da cozinha, preparado para breve e sumária despedida, quando deparei com ela, bem sentada no meio do terreiro. Parecia estar entronada, a cadeira bem no centro do universo. Mostrou-me uns papéis.

        -- São os bilhetes.

        -- Que bilhetes?

        -- Eu vou consigo, meu neto.

        Foi assim que me vi, acabrunhado, no velho autocarro. Engolíamos poeiras enquanto os alto-falantes espalhavam um roufenho ximandjemandje. A avó Ndzima, gordíssima, esparramada no assento, ia dormindo. No colo enorme, a avó transportava a cangarra com galinhas vivas. Antes de partir, ainda a tentara demover: ao menos fossem pouquitas as aves de criação.

        -- Poucas como? Se você mesmo disse que lá não semeiam capoeiras.

        Quando entramos no hotel, a gerência não autorizou aquela invasão avícola. Todavia, a avó falou tanto e tão alto que lhe abriram alas pelos corredores. Depois de instalados, Ndzima desceu à cozinha. Não me quis como companhia. Demorou tempo de mais. Não poderia estar apenas a entregar os galináceos. Por fim, lá saiu. Vinha de sorriso:

        -- Pronto, já confirmei sobre o cozinheiro...

        -- Confirmou o quê, avó?

        -- Ele é da nossa terra, não há problema. Só falta conhecer quem faz a sua cama.

        Aconteceu, depois. Chegado do Ministério, dei pela ausência da avó. Não estava no quarto, nem no hotel. Me urgenciei, aflito, pelas ruas no encalço dela. E deparei com o que viria a repetir-se todas tardes, a vovó Ndzima entre os mendigos, na esquina dos semáforos. Um aperto me minguou o coração: pedinte, a nossa mais-velha?! As luzes do semáforo me chicoteavam o rosto:

        -- Venha para casa, avó!

        -- Casa?!

        -- Para o hotel. Venha.

        Passou-se o tempo. Por fim, chegou o dia do regresso à nossa aldeia. Fui ao quarto da vovó para lhe oferecer ajuda para os carregos. Tombou-me o peito ao assomar à porta: ela estava derramada no chão, onde sempre dormira, as tralhas espalhadas sem nenhum propósito de serem embaladas.

        -- Ainda não fez as malas, avó?

        -- Vou ficar, meu neto.

        O silêncio me atropelou, um riso parvo pincelando-me o rosto.

        -- Vai ficar, como?

        -- Não se preocupe. Eu já conheço os cantos disto aqui.

        -- Vai ficar sozinha?

        -- Lá, na aldeia, ainda estou mais sozinha.

        A sua certeza era tanta que o meu argumento murchou. O autocarro demorou a sair. Quando passamos pela esquina dos semáforos, não tive coragem de olhar para trás.

        O verão passou e as chuvadas já não espreitavam os céus quando recebi encomenda de Ndzima. Abri, sôfrego, o envelope. E entre os meus dedos uns dinheiros, velhos e encarquilhados, tombaram no chão da escola. Um bilhete, que ela ditara para que alguém escrevesse, explicava: a avó me pagava uma passagem para que eu a visitasse na cidade. Senti luzes me acendendo o rosto ao ler as últimas linhas da carta: “... agora, neto, durmo aqui perto do semáforo. Faz-me bem aquelas luzinhas, amarelas, vermelhas. Quando fecho os olhos até parece que escuto a fogueira, crepitando em nosso velho quintal...”.

COUTO, Mia. A avó, a cidade e o semáforo. In: COUTO, Mia. O fio das missangas. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 125-129.

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 258-260.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Capulana: pano utilizado tradicionalmente pelas mulheres de Moçambique e de outros países da África para diversas funções, como saia, adereço dos cabelos, toalha, cortina, entre outras.

·        Valoyi: na tradição moçambicana, são feiticeiras más que atormentam os indivíduos à noite.

·        Roufenho: fanho, que fala pelo nariz.

·        Ximandjemandje: ritmo musical.

·        Cangarra: cesto de palha.

·        Capoeira: terra preparada para cultivo.

02 – Qual foi a reação inicial da avó Ndzima ao saber que o neto ia para a cidade?

      A avó Ndzima ficou desconfiada e fez muitas perguntas, demonstrando preocupação com a segurança e os costumes do lugar onde o neto ficaria.

03 – Por que a avó Ndzima se preocupou com quem iria cozinhar para o neto na cidade?

      A avó Ndzima acreditava que cozinhar era um ato de amor e intimidade, e temia que um cozinheiro desconhecido pudesse colocar veneno na comida ou não preparar os alimentos com a devida ternura.

04 – O que o neto ganhou como prêmio e por que motivo?

      Ele ganhou um prêmio do Ministério por ter sido o melhor professor rural, que incluía uma visita à grande cidade.

05 – Por que a avó insistiu em acompanhar o neto na viagem à cidade?
      A avó Ndzima temia que o neto estivesse vulnerável em um lugar desconhecido e queria garantir que ele estivesse bem cuidado.

06 – Qual foi a reação do hotel em relação às galinhas que a avó levou?

      Inicialmente, a gerência do hotel não autorizou a entrada das galinhas, mas depois de muita insistência da avó, permitiram que ela as levasse.

07 – Por que a avó Ndzima se aproximou dos mendigos na cidade?

      A avó encontrou uma espécie de conforto e pertencimento entre os mendigos, sentindo-se mais próxima deles do que dos outros habitantes da cidade.

08 – O que a avó fez quando soube que o cozinheiro do hotel era da terra dela?

      Ela se tranquilizou, acreditando que, por ser da mesma terra, o cozinheiro prepararia a comida com o cuidado e o amor que ela julgava necessário.

09 – Por que a avó decidiu ficar na cidade em vez de voltar para a aldeia?

      A avó sentiu que estava mais sozinha na aldeia do que na cidade e que já conhecia bem os cantos do novo lugar.

10 – Qual foi a reação do neto ao saber que a avó queria ficar na cidade?

      Ele ficou surpreso e sem palavras, pois não esperava que a avó quisesse ficar sozinha na cidade.

11 – Qual o significado das luzes do semáforo para a avó no final da história?

      As luzes do semáforo a faziam lembrar da fogueira no quintal da aldeia, trazendo-lhe uma sensação de conforto e nostalgia, como se estivesse mais próxima de suas raízes.

 

 

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

ARTIGO DE OPINIÃO: A UTOPIA DA DESCONEXÃO - RONALDO LEMOS - COM GABARITO

 Artigo de opinião: A Utopia da Desconexão

        Talvez seja preciso ser um bilionário para se dar ao luxo de não ter um smartphone

        Esteve no Brasil na semana passada o escritor Yuval Noah Harari, conhecido mundialmente por seus livros “Sapiens” e “Homo Deus”. Tive a oportunidade de conversar com ele em três eventos distintos, incluindo um realizado no Congresso Nacional, com presença massiva de parlamentares. Em uma das conversas, ele confessou que “não tem smartphone”.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivCTOEpXkSzjQwkUBMdp1KhmSxxS3tFLqWPlW9CPiSw-C2_jw5D0ZaapFxYf6TFwCQ0LrXbePT-AEk4t5a_5h0MKUiNzfIXyqPwoVyMi2UkDGOq1h7xVlnUkue-XZ6OJKXodAXfrZhOssK3iU62WMvSTy9zM7qFPYFcQaaMwqX3eFGun_dRKXhNGImCwo/s320/smartphone-qualidade.jpg


        Essa revelação leva a pensar o que significa no mundo de hoje – para quem tem condições de pagar por conexão – não ter um smartphone.

        Uma resposta a essa indagação pode ser encontrada involuntariamente no documentário sobre a vida de Bill Gates [...]. O documentário é interessante. No entanto, o que mais me chamou a atenção é o fato de que Gates vive praticamente desconectado. Ele lê livros em papel (muitos!) e dá a impressão de que raramente chega perto de um computador ou de um smartphone.

        Isso ilustra o fato de que no mundo de hoje talvez seja preciso ser um bilionário do nível de Bill Gates para se dar ao luxo de não ter um smartphone.

        Como disse Harari quando perguntei sobre isso: “O maior símbolo de status no mundo de hoje é a desconexão. Se você tem um smartphone, significa que você tem um chefe. Pode ser seu marido, seus filhos ou colegas de trabalho. Podem ser também os próprios aplicativos. Por meio do aparelho você está condicionado a ser acionado por alguém a qualquer momento”.

        Harari diz que, apesar de não ter smartphone, seu marido tem. E isso o protege das infinitas demandas que vêm através do aparelho, segundo ele “abrindo tempo para que ele possa pensar e escrever”.

        Perguntei também o que ele recomendaria nesse contexto de overdose de informação. Sua resposta foi justamente a importância de buscar proteger espaços de desconexão. Criar “santuários” mentais. Momentos em que temos autonomia e tranquilidade para deixar a mente livre.

        Esse é, aliás, um dos principais pontos enfatizados por Harari. A humanidade nos últimos séculos teve um progresso imenso na área de saúde, com a invenção das vacinas e dos antibióticos e avanços em medicina e prevenção. Não por acaso, a expectativa de vida era de 49 anos nos Estados Unidos no início do século 20 e hoje é de 78 anos.

        O problema é que, se avançamos em saúde física, em saúde mental não se pode dizer o mesmo. Especialmente por causa da velocidade da mudança atual, casos de ansiedade ou depressão estão se tornando cada vez mais visíveis.

        Harari lida com isso meditando duas horas por dia, além de partir uma vez por ano para um retiro isolado de ao menos um mês. Soluções que usualmente não são acessíveis à maioria das pessoas.

        No mundo em desenvolvimento, a situação é ainda mais paradoxal. Há ao mesmo tempo o desafio de conectar os desconectados e de reparar os excessos da ultraconexão. Tarefa cada vez mais difícil em um mundo em que a sobrevivência depende cada vez mais de estar conectado o tempo todo.

        No Brasil conheço apenas uma pessoa que, tendo dinheiro, optou por não ter smartphone. E você, quantas pessoas conhece?

        Reader

        Já era: Esquecer que 40% dos brasileiros até 2018 nunca usaram um    computador.

        Já é:  Trabalhar para conectar 100% do país e especialmente as escolas públicas.

        Já vem:  Cultivar autonomia para se desconectar.   

Lemos, Ronaldo. A utopia da desconexão. Folha de S. Paulo, 11 nov. 2019.  

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 182-183.

Entendendo o artigo:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Paradoxal: algo contraditório.

·        Utopia: projeto de natureza ideal, irrealizável ou impossível.

02 – Qual é o principal argumento de Yuval Noah Harari sobre o uso de smartphones?

      Harari argumenta que o maior símbolo de status no mundo atual é a desconexão. Ele sugere que ter um smartphone significa estar constantemente à disposição de alguém, seja um chefe, um familiar, ou até mesmo dos próprios aplicativos, limitando a autonomia pessoal.

03 – Por que Harari não usa smartphone?

      Harari opta por não usar smartphone para se proteger das infinitas demandas que o aparelho traz, o que lhe permite ter tempo para pensar e escrever. Ele acredita que essa desconexão é crucial para manter a saúde mental.

04 – Como Harari lida com a overdose de informações e o excesso de conexão?

      Harari lida com a overdose de informações e o excesso de conexão meditando duas horas por dia e participando de retiros isolados de pelo menos um mês, uma vez por ano. Essas práticas o ajudam a criar “santuários” mentais para manter a tranquilidade e a autonomia.

05 – Qual é o paradoxo da conectividade no mundo em desenvolvimento mencionado no artigo?

      No mundo em desenvolvimento, existe o paradoxo de que, ao mesmo tempo que há o desafio de conectar os desconectados, há também a necessidade de reparar os excessos da ultraconexão, o que se torna cada vez mais difícil em um mundo onde a sobrevivência depende de estar sempre conectado.

06 – Como Bill Gates exemplifica a ideia de desconexão no artigo?

      Bill Gates é citado como um exemplo de alguém que vive praticamente desconectado. Ele lê livros em papel e raramente usa computadores ou smartphones, ilustrando que é preciso ser bilionário para se dar ao luxo de não ter um smartphone e manter essa desconexão.

07 – Quais são os avanços mencionados no artigo em relação à saúde física e mental?

      O artigo destaca que a humanidade fez enormes progressos em saúde física nos últimos séculos, como a invenção de vacinas e antibióticos, que aumentaram a expectativa de vida. No entanto, a saúde mental não acompanhou esses avanços, com casos crescentes de ansiedade e depressão devido à velocidade das mudanças tecnológicas e sociais.

08 – O que Harari recomenda para lidar com o excesso de conexão e a sobrecarga de informações?

      Harari recomenda a criação de “santuários” mentais, ou seja, momentos de desconexão que permitam à mente estar livre de interferências, proporcionando autonomia e tranquilidade essenciais para o bem-estar mental.

                

 

REPORTAGEM: CONHEÇA 6 APLICAÇÕES DA INTERNET DAS COISAS QUE JÁ ESTÃO TORNANDO O MUNDO MELHOR (FRAGMENTO) - COM GABARITO

 Reportagem: Conheça 6 aplicações da internet das coisas que já estão tornando o mundo melhor – Fragmento

        Da tecnologia agrícola à limpeza do ar, os dispositivos inteligentes funcionam como aliados importantes para resolver os problemas da humanidade

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM2bkaS4ES3okYnvCHExDVjutyy3hqUlAWqIFwRbkZPNZ4nhtG9gfOQBjcFOSpgQeHczUW6edtSx45BElIJAwYYG4c_LODLck_Tr0ZiTMSVnuxPn1iI3_MjMgnkCZpPZOTpQJZZ8_NCYlM25JtBtKkuSy-qjOMfI9qK4vTYhkIuffuGcmToIEkofnIQPE/s320/internet.png

        Com bilhões de dispositivos que funcionam à base de sensores inteligentes, internet das coisas pode ser usada nos campos mais diversos.

        [...]

        Já é possível ver aplicações práticas da internet das coisas na organização do trânsito, na agilização de tratamentos médicos e também na preservação do meio ambiente., sempre condicionada à capacidade humana de analisar os dados que os dispositivos conectados geram.

        [...]

        Recentemente, o Fórum Econômico Mundial listou seis áreas nas quais a IoT já faz toda a diferença. Confira abaixo.

        1. Cidades mais inteligentes

        Hoje, mais da metade da população mundial já vive em ambientes urbanos. Em 2050, a previsão da ONU é que a proporção suba para dois terços. Por isso, é fundamental cuidar para que as cidades sejam lugares sustentáveis e bem organizados, que suportem o peso das mudanças climáticas e a chegada de mais milhões de habitantes.

        A internet das coisas vem ajudando várias cidades a cumprir esse objetivo. Em Barcelona, na Espanha, o uso de água para irrigação em jardins e fontes públicas já é controlado digitalmente, evitando desperdícios. O mesmo acontece com o sistema de iluminação pública, que tem postes dotados de sensores de presença, usados como roteadores para conexão Wi-Fi.

        Também em Barcelona, um sistema implantado nas vias públicas avisa os motoristas sobre lugares disponíveis para estacionar seus carros. Por meio de sensores no asfalto, sinais são emitidos para um aplicativo, ajudando o motorista a estacionar rapidamente, o que reduz o trânsito e as emissões de gases pelos veículos.

        2. Limpeza do ar e da água

        Cidades que sofrem muito com a poluição têm direcionado esforços para melhorar a qualidade do ar e da água. Em Londres, onde 9 mil pessoas morrem anualmente em função de problemas respiratórios, a Drayson Technologies está distribuindo para os cidadãos pequenos aparelhos que medem o nível de poluição do ar. Eles podem ser plugados em carros e bicicletas, circulando junto com os veículos pela cidade.

        Os sensores transmitem as informações para o aplicativo da empresa. O app, por sua vez, consolida as informações num único servidor, permitindo aos londrinos conferir um mapa digital da qualidade do ar em cada ponto da cidade.

        [...]

        3. Agricultura mais eficiente

        O campo também se beneficia da internet das coisas. Na Califórnia, depois que uma seca histórica prejudicou os agricultores locais no início da década, drones que fazem imagens aéreas e sensores de qualidade do solo ajudaram os produtores a identificar os melhores locais para plantar as novas safras.

        Esses recursos já estão presentes também no Brasil. Startups [...] instalam junto às plantações sensores meteorológicos que identificam indicadores como a radiação solar, direção do vento, pressão barométrica e o pH das espécies. O mapeamento aéreo com o uso de drones também já é usado por aqui, assim como tecnologias para máquinas semeadeiras, que mostram em tempo real aos controladores se toda a extensão do solo está sendo usada de forma adequada.

        4. Menos desperdício de comida

        [...]

        Há como reduzir a dimensão do problema usando a internet das coisas, mais uma vez agindo no ambiente rural. Uma possibilidade é monitorar processos como irrigação, polinização e a fertilização do solo, e fornecer relatórios a fazendeiros. É o que faz a startup israelense Prospera, que também tem um software de gestão para que os produtores gerenciem suas vendas e evitem perdas no transporte das mercadorias.

        Na África, onde a logística é mais precária, empresas semelhantes, como Farmerline e ArgoCenta, atuam para ajudar pequenos produtores a canalizar seus produtos rapidamente a distribuidores. Nos aplicativos, eles encontram empresas fabricantes de alimentos interessadas em vários tipos de ingredientes, além de cotações atualizadas de mercado para determinar o preço correto.

        5. Conectando pacientes e médicos

        Os sensores conectados também já são usados na medicina. Em vários países, já são usados em vários países dispositivos vestíveis que medem batimentos cardíacos, pulso e pressão sanguínea dos pacientes, deixando seus médicos informados o tempo todo. Isso não só nos hospitais, mas também nas próprias casas dos pacientes, no caso daqueles que enfrentam risco constante.

        [...]

        6. Combatendo o câncer de mama

        [...]

        A mamografia tradicional pode falhar em identificar a doença nos estágios iniciais. Para resolver o problema, a Cyrcadia Health desenvolveu a ITBra.  O equipamento consiste em um top com microssensores que identificam mínimas variações de temperatura na região dos seios. Ao transmitir as informações para o smartphone da usuária ou para o médico, os dispositivos ajudam os profissionais da saúde a identificar padrões que possam representar um perigo para a saúde da mulher.

        [...].

ÉPOCA NEGÓCIOS. Conheça 6 aplicações da internet das coisas que já estão tornando o mundo melhor. Época Negócios: Tecnologia, 1º mar. 2019.

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 205-207.

Entendendo a reportagem:

01 – O que é a Internet das Coisas (IoT) e como ela pode ser utilizada?

      A Internet das Coisas (IoT) refere-se a bilhões de dispositivos conectados à internet que funcionam à base de sensores inteligentes, sendo utilizados em diversas áreas para resolver problemas da humanidade, como na organização do trânsito, na saúde e na preservação ambiental.

02 – Como a IoT contribui para tornar as cidades mais inteligentes?

      A IoT ajuda a tornar as cidades mais inteligentes ao controlar digitalmente o uso de recursos, como a irrigação em jardins e iluminação pública, além de facilitar o estacionamento por meio de sensores que indicam vagas disponíveis, como ocorre em Barcelona.

03 – De que forma a IoT está sendo usada para melhorar a qualidade do ar em Londres?

      Em Londres, a IoT é utilizada através de aparelhos que medem a poluição do ar. Esses sensores são conectados a carros e bicicletas, transmitindo informações para um aplicativo que consolida os dados e disponibiliza um mapa digital da qualidade do ar na cidade.

04 – Quais são as aplicações da IoT na agricultura, especialmente após a seca na Califórnia?

      Após uma seca histórica na Califórnia, a IoT passou a ser usada na agricultura com drones que fazem imagens aéreas e sensores de qualidade do solo, ajudando os agricultores a identificar os melhores locais para o plantio e a otimizar o uso da terra.

05 – Como a IoT ajuda a reduzir o desperdício de comida?

      A IoT ajuda a reduzir o desperdício de comida monitorando processos agrícolas como irrigação e fertilização do solo, além de fornecer relatórios detalhados aos fazendeiros. Startups, como a israelense Prospera, oferecem softwares de gestão para que os produtores evitem perdas durante o transporte dos produtos.

06 – De que maneira a IoT conecta pacientes e médicos?

      A IoT conecta pacientes e médicos através de dispositivos vestíveis que monitoram sinais vitais, como batimentos cardíacos e pressão sanguínea, transmitindo essas informações em tempo real para os médicos, tanto em hospitais quanto nas casas dos pacientes.

07 – Qual inovação da IoT está ajudando no combate ao câncer de mama?

      A Cyrcadia Health desenvolveu o ITBra, um top com microssensores que detectam mínimas variações de temperatura na região dos seios. Essas informações são transmitidas para o smartphone ou diretamente para o médico, auxiliando na identificação precoce do câncer de mama.