domingo, 30 de junho de 2024

CRÔNICA: ONDE JÁ SE VIU? TATIANA BELINKY - COM GABARITO

 Crônica: Onde já se viu?

               Tatiana Belinky

        Uma tarde de inverno, estava eu lá, na Rua Barão de Itapetininga, mexendo nas estantes de uma livraria. (Não consigo passar por uma sem entrar pra fuçar no meio dos livros. Desde que eu tinha quatro anos de idade – o que já faz muito tempo – livro para mim é a coisa mais gostosa do mundo. A gente nunca sabe que surpresa vai encontrar entre duas capas. Pode ser coisa de boniteza, ou de tristeza, ou de poesia, ou de risada, ou de susto, sei lá. Um livro é sempre uma aventura, vale a pena tentar!)


Fonte:https://www.google.com/url?sa=i&url=http%3A%2F%2Fsaopaulo-40s-50s-60s.blogspot.com%2F2017%2F01%2Frua-barao-de-itapetininga.html&psig=AOvVaw0hkA3QRH-GuMW7FQWPmMM7&ust=1719869126581000&source=images&cd=vfe&opi=89978449&ved=0CBEQjRxqFwoTCOiZt_mhhIcDFQAAAAAdAAAAABAE

    Pois bem, estava eu ali, muito entretida, examinando os livros, quando de repente senti que alguém me puxava pela manga. Olhei para baixo e vi um menino – um garotinho de uns nove ou dez anos, magrelo, sujinho, de roupa esfarrapada e pé no chão. Uma dessas crianças que andam largadas pelas ruas da cidade, pedindo esmola. Ou, no melhor dos casos, vendendo colchetes ou dropes, essas coisas. Eu já ia abrindo a bolsa para livrar-me logo dele, quando o garoto disse:

        -- Escuta, dona... (Naquele tempo, ninguém chamava a gente de tia: tia era só a irmã do pai ou da mãe.)

        -- O quê? – perguntei. – O que você quer?

        -- Eu... dona, me compra um livro? – disse ele baixinho, meio com medo.

        Dizer que fiquei surpresa é pouco. O jeito do menino era de quem precisava de comida, de roupa, isso sim. Duvidei do que ouvira:

        -- Você não prefere algum dinheiro? – perguntei.

        -- Não, dona – disse o garoto, mais animado, olhando-me agora bem nos olhos. – Eu queria um livro. Me compra um livro?

        Meu coração começou a bater forte.

        -- Escolha o livro que você quiser – falei.

        As pessoas na livraria começaram a observar a cena, incrédulas e curiosas. O menino já estava junto à prateleira, examinando ora um ora outro livro, todo excitado. Um vendedor se aproximou, meio desconfiado, com cara de querer intervir:

        -- Deixe o menino escolher um livro – falei. – Eu pago.

        As pessoas em volta me olhavam admiradas. Onde já se viu alguém comprar um livro para um molequinho maltrapilho daqueles?

        Pois vou lhes contar: foi exatamente o que se viu naquela tarde, naquela livraria. O menino acabou se decidindo por um livro de aventuras, nem me lembro qual. Mas me lembro bem da minha emoção quando lhe entreguei o volume e vi seus olhinhos brilhando ao me dizer um apressado "obrigada, dona!" antes de sair em disparada abraçando o livro apertado ao peito.

        Quanto aos meus próprios olhos, estes se embaçaram estranhamente, quando pensei comigo: "Tanta criança rica não sabe o que perde, não lendo, e este pobre menino – que certamente não era um pobre menino – sabe o valor que tem essa maravilha que se chama livro!"

        Isso aconteceu há vários anos. Bem que eu gostaria de saber o que foi feito daquele menino...

BELINKY, Tatiana. Onde já se viu? Em: Olhos de ver. São Paulo: Moderna, 2015. p. 19-21. (Coleção Veredas).

Entendendo a crônica:

01 – Onde a autora estava quando encontrou o menino?

      A autora estava na Rua Barão de Itapetininga, em uma livraria.

02 – Qual era a primeira reação da autora quando o menino puxou sua manga?

      A primeira reação da autora foi pensar em abrir a bolsa para dar dinheiro ao menino e livrar-se logo dele.

03 – O que o menino pediu à autora?

      O menino pediu para a autora comprar um livro para ele.

04 – Como a autora se sentiu ao ouvir o pedido do menino?

      A autora ficou surpresa e seu coração começou a bater forte.

05 – Qual foi a resposta da autora ao pedido do menino?

      A autora disse ao menino para escolher o livro que ele quisesse, e que ela pagaria.

06 – Como as pessoas na livraria reagiram à situação?

      As pessoas na livraria observaram a cena incrédulas e curiosas, admiradas com a situação.

07 – Qual foi a reflexão final da autora sobre o acontecimento?

      A autora refletiu que muitas crianças ricas não sabem o que perdem por não lerem, enquanto o menino pobre sabia o valor que um livro tem. Ela também expressou curiosidade sobre o que teria acontecido com aquele menino nos anos seguintes.

 

 

NOTÍCIA: GRAFITEIRO CRIA "CASINHA" DE LIVROS PARA CRIANÇAS DE SUA COMUNIDADE NA PB - FELIPE RAMOS - COM GABARITO

 Notícia: Grafiteiro cria “casinha” de livros para crianças de sua comunidade na PB

          Ele disse buscar mudar a realidade social encontrada na região. Casa foi feita com um sofá reciclado e livros usados.

             Felipe Ramos, Especial para o G1 PB

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYvkfk_Ux73aZCKDSLJnjbaxewWmq3OGiFaYxGRSD4wZo_OuC5MpivTb7mzvDJIUbTNTDBlwEyQ7gLuC5xPbRvRwjTOIldE89KyE5_Dlhq5-8y8g0wzB1Epoq3jiX3iGrBleI9VvXWwBV6t2sWvsvq9lkYuBjzNUZulesnl8bbv7d_yANwxNJTADyX9VA/s320/projetooo.jpg

 


Projeto 'Casa dos Contos' é promovido na frente da casa do grafiteiro (Foto: Marcos Cristiano/Acervo pessoal)

        Com o sonho de combater a estatística de violência e outros problemas sociais da Comunidade Renascer I, no barro do Varadouro, em João Pessoa, o grafiteiro e estudante de Artes Visuais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Marcos Cristiano, conhecido como “Perfect”, morador do local, criou um projeto literário para crianças utilizando um sofá reciclado e livros usados por seus filhos.

        O grafiteiro então usou dessas duas “armas” para lutar pela garotada. Com as peças do sofá e os livros ele construiu na frente da sua própria casa uma espécie de “casinha de bonecas” onde são guardados diversos livros para a livre leitura das crianças. E assim nasceu o projeto batizado de “Caso dos Contos”, há pouco menos de um ano.

        A ideia surgiu, segundo ele, após uma inquietação ao presenciar, diariamente, a sua comunidade se deteriorar com os diversos problemas sociais, entre eles: tráfico, prostituição, violência, falta de cultura, lazer e esporte. “Vejo jovens e adolescentes sendo arrastados por eles, até hoje. Então me utilizei do conhecimento que tenho pra tentar combater essa realidade”, explicou ele.

        Marcos detalha que o material fica sempre disponível dentro da casinha onde os meninos e meninas podem utilizar numa praça, em frente a sua residência, ou até mesmo para ler em casa. O material também é arrecadado por meio de doações.

        “A proposta do projeto é criar um espaço onde as crianças possam se sentir livre para cuidarem e praticarem não só a leitura, mas a cidadania, a coletividade, o companheirismo, e muitas outras coisas”, contou Marcos, que acrescenta “A leitura é até os dias de hoje a janela mais concreta para obter conhecimento, sem contar que a leitura é algo que o indivíduo se utilizará para o resto de sua vida. Acredito que esta contribuição será valiosa paras estas crianças que participam do projeto com o passar dos anos”.

        O desejo dele é que o projeto seja realizado também em outras localidades da cidade de João Pessoa, futuramente.

        Conto dos desafios

        Para desenvolver o projeto, o grafiteiro e universitário encontrou forças justamente nos desafios apresentados pela realidade social e educacional que enxergava. Segundo ele, uma das realidades que o motivou foi perceber que muitas crianças ficavam na frente de sua casa e dos vizinhos roteando o seu sinal de internet para utilizar as redes sociais e outras opções da internet.  “Aquilo foi me causando uma inquietação”, confessou Marcos.

        Outro fator externo motivador do projeto, conforme Marcos, foi a burocracia nas bibliotecas de escolas onde trabalhou como educador.

        Após a motivação inicial de enfrentar estes desafios, ele precisa, agora, enfrentar outros. Desta vez, na manutenção da “Casa dos Contos”. Entre eles, conforme o grafiteiro, está a falta de apoio financeiro instituições privadas e até mesmo do poder público, há uma grande dificuldade, também, segundo ele, para conseguir a matéria prima: os livros, e como o material fica exposto na rua, às vezes os livros acabam não voltando para a casinha.

        Mas estas não são as únicas. Mais uma barreira precisa ser encarada. "É preciso enfrentar também a falta de entendimento de alguns da comunidade sobre importância deste projeto", ressaltou.

        Para superá-las, Marcos disse ter criado uma página no Facebook onde começou a pedir doações de material literário a amigos, pois o projeto, atualmente, funciona por meio de doações. Quem quiser ajudar pode procurar nas redes sociais o “Projeto literário Casa dos Contos”.

RAMOS< Felipe. Portal G1, 13 ago. 2016. Disponível em: http://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2016/08/grafiteiro-cria-casinha-de-livros-para-crianças-de-sua-comunidade-na-pb.html. Acesso em: 24 jul. 2019.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é o nome do grafiteiro que criou a "casinha" de livros para crianças na Comunidade Renascer I?

      Marcos Cristiano, conhecido como "Perfect".

02 – Qual é o nome do projeto literário criado por Marcos Cristiano?

      O projeto é chamado "Casa dos Contos".

03 – Com que materiais Marcos Cristiano construiu a "casinha" de livros?

      Ele usou um sofá reciclado e livros usados.

04 – Qual é o principal objetivo do projeto "Casa dos Contos"?

      Combater a estatística de violência e outros problemas sociais na comunidade, além de promover a leitura e cidadania entre as crianças.

05 – Onde a "Casa dos Contos" está localizada?

      Em frente à residência de Marcos Cristiano, no bairro do Varadouro, em João Pessoa.

06 – O que motivou Marcos Cristiano a criar o projeto?

      A inquietação causada pelos problemas sociais da comunidade, como tráfico, prostituição, violência, falta de cultura, lazer e esporte, além de ver crianças usando o sinal de internet na frente de sua casa.

07 – Quais são alguns dos desafios enfrentados pelo projeto "Casa dos Contos"?

      Falta de apoio financeiro, dificuldade em conseguir livros, livros não retornarem para a casinha e a falta de entendimento da importância do projeto por parte da comunidade.

08 – Como Marcos Cristiano arrecada os livros para a "Casa dos Contos"?

      Por meio de doações, solicitadas através de uma página no Facebook.

09 – Quais são alguns dos benefícios que Marcos espera proporcionar às crianças com o projeto?

      Incentivar a leitura, a cidadania, a coletividade e o companheirismo, além de proporcionar uma janela para obter conhecimento.

10 – Quais são os planos futuros de Marcos Cristiano para o projeto "Casa dos Contos"?

      Expandir o projeto para outras localidades da cidade de João Pessoa.

 

 

sexta-feira, 28 de junho de 2024

POEMA: POR QUE DEIXAMOS TUDO PARA DEPOIS? - AUTOR DESCONHECIDO - COM GABARITO

 POEMA: Por que deixamos tudo para DEPOIS?

Depois eu ligo.

Depois eu faço.

Depois eu falo.

Depois eu mudo.

Deixamos tudo para depois, como se depois fosse o melhor. O que não entendemos é que...

Depois o café esfria,

Depois a prioridade muda,

Depois o encanto se perde,

Depois o cedo fica tarde,

Depois a saudade passa,

Depois tanta coisa muda,

Depois os filhos crescem,

Depois a gente envelhece,

Depois o dia anoitece,

Depois a vida acaba.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjId2UW3FWkh_rrv1Dwe-DAEr29utzCOnLVbGVPowx3iTktsN7uc6Ys9G902CIIJYve8r_F0CFXDTPrLsRVRoVxRbGsGeMPIPo129QJh0_DdbzXGYhSXUzlDCLEhNYlgPrUIOfBJEqWQZZBZ5ePxh5v0OpKHeZGbZlCbFguddaq9gxFuAPd_6ubdVZxRt8/s320/VIDA.jpg


Não deixe nada para depois, porque na espera do depois, você pode perder os melhores momentos, as melhores experiências, os melhores amigos, os maiores amores, e todas as bênçãos que Deus tem para você. Lembre-se que o depois pode ser tarde demais. O dia é hoje.

Autor Desconhecido

Entendendo o texto

01. No texto-discurso acima faz-se uma crítica a um dado comportamento social. Qual comportamento social está sendo criticado?

a-   o comportamento de priorizar determinadas ações importantes;  

b- o comportamento de não priorizar determinadas ações importantes;

c- o comportamento social da distração;

d- o comportamento social do egoísmo.

02. A quem ou a que se referem as palavras e as expressões sublinhadas no texto-discurso?

          As palavras e expressões sublinhadas no texto se referem a ações e situações cotidianas que as pessoas tendem a adiar.

03. Qual a tese defendida pelo autor do texto?

a- Deve-se pensar que o melhor está depois;                                                                                                                                                                   b- Deve-se pensar que o melhor nunca está depois;

c.Deve-se pensar que não se pode ficar adiando para viver a vida;

         d- Deve-se aprender esperar as boas oportunidades.

 

04. Qual o tema central que está em debate no texto lido?

a-   o melhor momento para se viver é hoje;

b-   o pior momento para se viver é o depois;

c-   o ser e o futuro; 

d- o ser e o tempo

05. O adjetivo “melhores” foi usado no último parágrafo do texto caracterizando três substantivos diferentes. Quais foram esses três substantivos? A caracterização foi positiva ou negativa?

          Os três substantivos são: momentos, experiências e amigos. A caracterização foi positiva.

06. O substantivo “amores” no último parágrafo do texto foi qualificado/caracterizado por qual adjetivo? A caracterização foi positiva ou negativa?

          O substantivo “amores” foi qualificado pelo adjetivo “maiores”. A caracterização foi positiva.

   08.A palavra “depois” foi empregada no texto no sentido de? 

          a- Lugar 

b-   Modo              

c-   Tempo 

d-   Adversidade

09.As reticências foram empregadas no trecho “o que não entendemos é que...” para sugerir ao leitor que:  

    a- o argumento foi concluído 

    b- dar uma pausa no argumento. 

    c-indicar que ainda falta uma série de argumentos a serem elencados. 

   d-  fazer uma crítica.

10. -Interprete o trecho “O que não entendemos é que... Depois o café esfria”

     Significa que, se deixarmos as coisas para depois, o momento oportuno pode passar, assim como o café que esfria e perde seu sabor.

11. -Interprete o trecho “Depois a prioridade muda”

    Indica que, ao adiar ações ou decisões, outras questões podem surgir e mudar a importância daquilo que foi deixado para depois.

12- Interprete o trecho “Depois o encanto se perde”

     Sugere que, ao adiar experiências ou momentos especiais, a magia e o prazer desses momentos podem desaparecer.

13- Interprete o trecho “Depois o cedo fica tarde”

       Quer dizer que, ao adiar ações que deveriam ser feitas no momento certo, pode-se perder a oportunidade e o momento adequado passa.

14- Interprete o trecho “Depois tanta coisa muda”

       Ressalta que, ao adiar, as circunstâncias e condições podem se alterar significativamente, muitas vezes de forma irreversível.

15- Interprete o trecho “Depois a gente envelhece”

       Indica que, com o passar do tempo, envelhecemos e muitas oportunidades que tínhamos na juventude podem não estar mais disponíveis.

16- O ponto final foi usado no final do trecho “Depois a vida acaba.” para sugerir ao leitor que:

a-   trata-se do argumento mais fraco dentre a série de argumentos apresentados 

b-   trata-se do argumento mais conclusivo dentre a série de argumentos apresentados  

c-   trata-se de um argumento mediano dentre a série de argumentos apresentados  

d-   trata-se de um argumento ainda incompleto dentre a série apresentada

 17-A vírgula foi usada no final do trecho “Depois o café esfria,” para demarcar que:

a-   trata-se de um argumento conclusivo;

     b- trata-se um argumento que ainda será acrescido por outros argumentos;

e-   trata-se de um argumento fraco;

f-     trata-se de um argumento que indica crítica

  18-Qual o gênero textual? 

a-   notícia

b-   artigo de opinião;

c-   discurso de aconselhamento;

d-   artigo de divulgação científica

 

 

 

POEMA: MANHÃ - MARINA RUIVO - COM GABARITO

 Poema: MANHÃ

             Marina Ruivo

Só escrevi cinco minutos,
Meu gato mia desesperado e desce,
Correndo louco pelas escadas.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicY6SdVVg3r-CgVObPnb4KOTXctRw0PI47KAdODCwPzCuT2ffb8-uCm6EYRdLoOqHOxetrBZZVoQPwy-GpPKVmShNJzFKpTmFqWJshIiaLorFjjeCWN6DY6FSXOracLSUNrk4DAsJsFjg04GTMpxMq5yzz96C0IqYYYCEHtrMFN4vZrob2guh-a6MAuFA/s718/vida-de-gato.jpg


O texto é pra entregar,
As tarefas são todas pra cumprir,
Mas meu corpo está sujo.

Não há repouso para este sol,
Que escalda sem cessar nossa pele.
Como haverá para nós?

RUIVO, Marina. Nossa barca. São Paulo: Patuá, 2019. p. 63.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 77.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Cessar: parar, interromper.

·        Escaldar: verbo que significa “queimar com o contato”.

02 – Diga o que você entende desse poema. Qual é seu assunto?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: trata-se de uma situação cotidiana, alguém que está no meio de tarefas que precisam ser entregues, suada por causa do calor que não dá trégua. Pode ser considerado um tema prosaico.

03 – Qual é o título do poema? Diga ao professor(a) e aos colegas qual é a relação do título com os últimos três versos.

      “Manhã”. Ele relaciona com o sol forte, que queima sem parar. Essa não é uma relação complicada.

04 – Há alguma conclusão da situação do eu lírico?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Se não há descanso nem para o sol, como poderia haver descanso para nós? O poema é exatamente isso, não há mais que esse momento e ele também é poético.

 

 

CONTO: TAWANÃ E O PÁSSARO VI-VI - FRAGMENTO - DENÍZIA CRUZ - COM GABARITO

 Conto: Tawanã e o Pássaro Vi-Vi – Fragmento

            Denízia Cruz

        Dias após dias, o sol brilhava na aldeia em que Tawanã vivia. Era uma aldeia muito feliz.

        O sol brilhava tanto que Tawanã dizia:

        -- Na aldeia parece que Tupã deu a cada parente um sol para carregar na cabeça, de tão quente que é.

 
Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimeMRVaopnKI-Qm_46hpCuM3T2JV6WPnlleMuyW_amzLbM4IsWYLIFyUfXD23tRpNSKQosaMvx6uADwTAS9uO-iYya9e_xqt9F8aFdEqLZ02WFotWBRkdmPc4R7uFSlL91E07r2mZ4mO_FUhPJelBT6YfZxFzbP-0Q6DarBTZE_QdqUKqS6EEckWQZq1Y/s320/INDIO.jpg


        O sol era tão quente que não dava para trabalhar.

        -- Quente para limpar a roça, arrancar feijão, pescar de cuvú, rede, jererê e tarrafa...

        Certo noite, Tawanã ouviu seu pai participando da reunião cultural sobre um pássaro chamado Vi-Vi, que canta para anunciar avisos de perigo e notícias boas na aldeia.

        Na noite seguinte, o pai de Tawanã o chamou para contar histórias do pássaro, em volta do fogo, e disse:

        -- Filho, quando estava na Opara (Rio São Francisco) pescando, o pássaro Vi-Vi começou a cantar me avisando do enorme perigo que eu estava correndo. Logo percebi que algo poderia acontecer. Lancei a tarrafa duas vezes. O Vi-Vi cantou um canto forte. Cantou... Cantou... Na terceira cantoria eu senti que deveria ir embora. [...]

        Tawanã prestou muita atenção na história de seu pai. No dia seguinte, quando o sol ainda estava brilhando. Tawanã foi pescar no Rio São Francisco. Tawanã pescou, pescou e pegou muitos peixes.

        Quando Tawanã percebeu, o Vi-Vi começou a cantar... Ele ouviu o segundo canto, ouviu o terceiro... Continuou a pescar a pescar... Lançou a rede, puxou-a e de repente sentiu a rede pesada. Tawanã, lembrando a história de seu pai, sentiu algo errado. Trouxe a rede à margem do rio e viu uma bela mulher com vários e belos peixes enormes. A mulher se afastou da rede, então, e caiu no fundo do rio. Ele começou a entender que aquela linda mulher, protetora dos peixes, chamada de Mãe-D’água, deu os peixes enormes para alimentar a aldeia inteira em troca da presença dele no rio, na lagoa ou no mar; assim, ela poderia vê-lo sempre.

        Naquele momento, Tawanã sentiu o vento empurrando as folhas das árvores e ouviu a cantoria do Vi-Vi. [...]

        Quando chegou em casa, contou para seu pai o que aconteceu no rio em sua pescaria. O pai de Tawanã ficou feliz, porque ele entendeu a função do pássaro Vi-Vi.

        Abraçou Tawanã enquanto dizia:

        -- Você nasceu guerreiro, mas tem muito a aprender...

        Tawanã, feliz, levou os peixes para sua mãe limpar e distribuir na aldeia... No momento da entrega dos peixes, os parentes ouviram o canto do pássaro e agradeceram porque teriam peixes para as cerimônias.

        Na noite em que começaram a cerimônia, o vento uivava, as nuvens cobriam a lua tudo ficou em silêncio. O silêncio pairava sobre a cerimônia; de repente ouviram, ao longe, um canto melancólico.

        Era o canto daquela mulher que oferecera os peixes. Tawanã arregalou os olhos e lembrou-se do pedido dela... Naquele instante sabia da sua tarefa. Correu até a floresta e pediu aos céus que ela fosse embora, porque ele não poderia atender a seu pedido. Tawanã fechou os olhos por um tempo e pensou estar em inúmeros lugares que jamais saberia dizer onde eram...

        Lembrou que esteve em um lugar com vários tapetes vermelhos, cheios de poltronas, e viu um belo castelo, viu várias pessoas e vários guerreiros. No meio de tanta gente, avistou ao longe aquela bela mulher sentada em uma das poltronas e um rapaz com aparência igual a sua.

        [...]

        Tawanã abriu os olhos e percebeu que sua missão era a de pescador da aldeia para não faltar peixes nas cerimônias. Todos participaram agradecendo a Tupã pelos peixes e por uma missão cumprida com um canto de agradecimento.

CRUZ, Denízia. Cariri Xocó: contos indígenas. São Paulo: Edições Sesc, 2014, p. 15-21.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 27-30.

Entendendo o conto:

01 – Diga o que você leu no texto, conte com suas próprias palavras o que aconteceu.

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Agora, conte o que o personagem principal faz na história.

      O personagem pesca e leva os peixes para sua mãe limpar e distribuir entre os parentes.

03 – Quem é o pássaro Vi-Vi e o que ele representa para os indígenas?

      O pássaro aparece para os indígenas para alertá-los de perigos e trazer boas sobre a aldeia. É um tipo de representação de proteção.

04 – Qual foi a reação do pai de Tawanã ao ouvir o pássaro Vi-Vi enquanto pescava? Conte com detalhes o que aconteceu.

      O pássaro cantou duas vezes, o pai de Tawanã se alarmou. No terceiro canto do pássaro Vi-Vi, o pai de Tawanã abandonou a pescaria e foi para casa.

05 – Por que Tawanã não fez o mesmo que seu pai ao ouvir os três cantos do pássaro Vi-Vi?

        Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Tawanã não obedeceu aos ensinamentos de seu pai, que deixou o rio no terceiro canto.

06 – No conto, acontecem dois fatos parecidos. O primeiro é que o pai de Tawanã vai ao rio pescar, ouve três cantos do pássaro Vi-Vi e volta para casa. O segundo é que seu filho Tawanã vai ao rio pescar, ouve os três cantos do pássaro Vi-Vi, mas continua pescando. O que essa decisão provocou na vida de Tawanã?

      Por causa dessa decisão, ele pegou a Mãe-D’água na rede. Ela deu muitos peixes para Tawanã, com a condição de que ele deveria ir todos os dias ao rio para que ela pudesse vê-lo, o que mudou a sua vida.

07 – Releia o trecho:

        “Na noite em que começaram a cerimônia, o vento uivava, as nuvens cobriam a lua tudo ficou em silêncio. O silêncio pairava sobre a cerimônia; de repente ouviram, ao longe, um canto melancólico.

        Era o canto daquela mulher que oferecera os peixes. Tawanã arregalou os olhos e lembrou-se do pedido dela... Naquele instante sabia da sua tarefa. Correu até a floresta e pediu aos céus que ela fosse embora, porque ele não poderia atender a seu pedido.”

a)   Por que Tawanã correu para a floresta? Por qual razão você acha que ele fez isso?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Que ele era um menino e poderia andar pela floresta, brincar com os amigos e que não poderia mais fazer isso depois da promessa.

b)   O que significou para Tawanã aceitar a promessa feita à Mãe-D’água de estar sempre presente no rio, todos os dias?

Por causa disso, ele teria de pescar o resto de sua vida.

08 – Agora que você sabe que o conto indígena é sobre a passagem da vida de Tawanã de um menino comum para o pescador da aldeia, conte ao professor e aos colegas o que você gostaria de fazer na vida um dia. Você já imaginou que profissão gostaria de exercer?

      Resposta pessoal do aluno.

CONTO: DO OUTRO LADO DA JANELA - FRAGMENTO - ANDRÉ CARNEIRO - COM GABARITO

 Conto: Do outro lado da janela – Fragmento

              André Carneiro

        Ele notava o defeito bem tarde, quando já passava horas vendo os programas. Era uma pequena mancha que mudava de lugar e às vezes desaparecia, para voltar depois. A televisão era nova, não devia dar defeito.

        Mandou consertá-la. No primeiro dia foi tudo bem. No segundo, lá estava a mancha de novo. Nos programas da tarde a imagem era boa. Alguém o lembrou de que talvez fossem os olhos cansados… Não eram. Sentia-os perfeitos, mesmo quando passava da meia-noite. [...]

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBOXpLtIpu64bkASGl9oY96NqJFs4pxZzC5DgCT8ZdCiShqdWNxLQm6c7CUHY1y1fU_SPZAP6kgcl-t3QEt6ycX_M-5CLJeGg6Qh-brlIcrBeFFVzy18CGqRQfMN5oNRUvU0zAxvxfBlZOMBbY47_RhybVCVlnw_yAh20RkOdKVK-xYCRDK2O9ZytmCGo/s320/tv.jpg


        [...]

        Bem tarde da noite, ela parecia bem maior e mais forte. Ele ficava no sofá, quase deitado, olhando fixo, horas seguidas. Um dia, surpreendeu-se com o vídeo luminoso e branco, o zumbido do aparelho ligado, sem nenhuma imagem. Eram cinco horas da manhã, a estação tinha encerrado a transmissão. Ficou olhando por algum tempo ainda o retângulo mágico, depois deitou-se e custou a dormir.

        Ficou algumas horas na cama, levantou-se e ligou o aparelho.

        A mancha estava lá. Agora bem maior.

        Quando se deu conta que a mancha já ocupava metade da imagem, percebeu que só via também os programas pela metade. A mancha crescia do centro para as bordas. Fazia estas reflexões para si próprio, de maneira fria e estatística, pois também ele aumentava as horas em que permanecia em frente ao aparelho, prestando a maior atenção. A mancha não era um borrão. Era uma cena, personagens, gestos, que ele identificava como em um sonho.

        Só saia do quarto para pegar algo, um sanduíche, voltava correndo com medo de perder alguma coisa. [...] Não se esforçava para entender nem reconhecer o que via. Era algo que o fascinava e o prendia, que talvez acabasse saindo do aparelho e invadindo toda a casa. Sim, havia personagens na mancha, e um, mais especial, que o emocionava, não sabia por quê.

        [...] O personagem principal foi adquirindo contornos mais precisos e, embora não houvesse enredo ou história, sua maneira de andar, sua fisionomia marcada eram impressionantes.

        Com lágrimas nos olhos, ele percebeu, um dia, que aquele personagem era ele próprio, circulando naquele retângulo, vivendo ali a sua vida. Nesse dia, não dormiu. Ficou na frente da TV até o dia amanhecer. Não a desligou, também. Sem quase tirar os olhos dela, bebeu apenas um copo de leite. Pestanejava e olhava o aparelho zumbindo, e de repente teve uma sensação estranha. O quarto parecia menor, mais quente, as paredes não eram mais paredes, mas tinham encaixes, fios, eram curvas, eram… o aparelho de televisão em sua frente parecia imenso agora, mas… não era um aparelho, era como se fosse uma janela retangular, enorme, do tamanho da parede do quarto. Do outro lado da janela, não, não era janela, era o próprio vídeo que ele reconhecia, as paredes do quarto eram de vidro. Ele estava dentro do tubo, dentro do próprio aparelho, e lá fora, sentado em uma cadeira, com os olhos fixos em sua direção, um homem cansado, mas atento. Podia reconhecê-lo facilmente. Era ele próprio.

Fonte: CARNEIRO, André. Do outro lado da janela. In: TAVARES, Braulio (Org). Páginas do futuro. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2011, p. 117-119.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 47-49.

Entendendo o conto:

01 – Conte resumidamente o que acontece com o personagem do conto de André Carneiro.

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Comente com os colegas qual é o tipo de narrador escolhido pelo autor nesse conto.

      Narrador onisciente com foco em 3ª pessoa.

03 – Você notou aspectos do gênero dramático no conto? Há características desse gênero nele?

      Não há dramatização no sentido de o personagem assumir a fala. Apenas vemos seus movimentos pelo controle do narrador a partir do uso dos verbos: circulando, saía correndo, pegava, etc.

04 – Leia este trecho.

        “Só saía do quarto para pegar algo, um sanduiche, voltava correndo com medo de perder alguma coisa.” Para transformar esse trecho da narrativa em uma dramatização, vamos fazer um teste? Localize os verbos e, em seguida, reescreva o período trocando a 3ª pessoa, “ele”, para a 1ª pessoa, “eu”, e passe os verbos do tempo passado para o presente do indicativo, fazendo apenas ajustes necessários.

      Eu só saio do quarto para pegar algo, um sanduíche, e volto correndo com medo de perder alguma coisa.

05 – Veja outro trecho do conto e siga as orientações do professor(a).

        Com lágrimas nos olhos, ele percebeu, um dia, que aquele personagem era ele próprio, circulando naquele retângulo, vivendo ali a sua vida. Nesse dia, não dormiu. Ficou na frente da TV até o dia amanhecer.”

a)   Escreva uma fala para o personagem usando apenas a parte do texto que está destacada. Com lágrimas nos olhos, ele percebeu, um dia:

Sou eu esse personagem, circulando nesse retângulo, vivendo aqui a minha vida. Nesse dia, não dormi. Fiquei na frente da TV até o dia amanhecer.

b)   Agora, discuta com os colegas e o professor(a) quais são as diferenças entre a narrativa sem dramatização e com dramatização.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Com a dramatização, o personagem parece mais comovente.

c)   O autor evitou aspectos dramáticos na escrita da história? Explique.

O autor evitou a comoção. Esse é um fato. A razão não pode ser dada. Mas o efeito é que o drama personaliza, comove, aproxima. Quando um escritor não está interessado nisso, ele “despersonaliza” ao máximo a história, para que seja notada.

06 – Leia o trecho a seguir:

        O personagem principal foi adquirindo contornos mais precisos e, embora não houvesse enredo ou história, sua maneira de andar, sua fisionomia marcada, eram impressionantes.”

a)   Você concorda que nesse conto não há história nem enredo?

Resposta pessoal do aluno.

b)   O que pode ter levado o narrador a dizer que não havia enredo ou história no que o personagem assistia?

O personagem que assiste não tem uma biografia, não tem lembranças do passado, não tem nome. São esses elementos que produzem a história. Como o personagem assistia a si mesmo, era como se estivesse olhando um espelho, sentado, sem nome, sem enredo, sem história.