sexta-feira, 28 de junho de 2024

POEMA: CONVERSA DE TATUS - SIDÓNIO MURALHA - COM GABARITO

 Poema: CONVERSA DE TATUS

             Sidónio Muralha

Quando um tatu

encontra outro tatu

tratam-se por tu:

- Como estás tu, tatu?

- Eu estou bem e tu, tatu?

Essa conversa gaguejada

ainda é mais engraçada:

- Como estás tu, ta-ta, ta-ta, tatu?

- Eu estou bem e tu ta-ta, ta-ta, tatu?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLk5VNgVF7SjTgTJ2UgbuMLGWKqVzWhy5OceVTmjV2QzzaDw_3fIPKLo8uIPxd27juC0grW_LHfciPaGVntgse98auhICoa913tKkgw88lQKJzRFgbnJmeCK8OVUcPkcEjyry-xlXEtBWLOws7tiRi-S5333jezrxH_bWv14w4whgRdIkH_b_461-Zuk0/s320/TATU.jpg


Digo isso para brincar

pois nunca vi

um ta, ta-ta,

tatu

gaguejar.

Sidónio Muralha. A televisão da bicharada. São Paulo: Global, 2003. p. 15.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 86-87.

Entendendo o poema:

01 – Conte com suas palavras o que você achou do poema. O que é divertido nele?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O poeta trabalha as consoantes t (aliteração) de modo inovador, atraindo nossa atenção pela musicalidade consonantal. Os t de tatu repetidos geram uma espécie de quebra do ritmo muito divertido, que se aproxima do trava-língua.

02 – Agora, diga qual é o nome do poema e qual sua relação com os tatus.

      O nome é “Conversa”, e a relação está na dramatização operada pelos tatus na forma como se tratam: por “tu”.

03 – Comente com o professor(a) e os colegas se essa forma de tratamento na 2ª pessoa do singular é comum na região em que você mora.

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Para que fato curioso o “eu poético” chama a atenção na conversa entre os tatus?

      Para a graça da conversa deles quando ela é gaguejada.

05 – Nos últimos versos do poema, há uma revelação sobre a conversa dos tatus. Você sabe qual é ela?

      No final do poema revela-se que o eu lírico também gagueja.

 

BIOGRAFIA: OLAVO BILAC - FRAGMENTO - COM GABARITO

 Biografia: Olavo Bilac – Fragmento

        Olavo Bilac (Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac), jornalista, poeta, inspetor de ensino, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 16 de dezembro de 1865, e faleceu, na mesma cidade, em 28 de dezembro de 1918. Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, criou a cadeira nº. 15, que tem como patrono Gonçalves Dias.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-UlBpiTTTZxn0Sz2Wmdqbiugp8QzTW36w7_H-bRfIDlY7lrvU72kVTMzBidf8qJnUt_U1vkv4ZZ5C2B2v67eFuuEoQHF85RW9hpEw3ykHhBLCnjq1WygEt3x4qrcDdVvmdsTu9XaDMDnW9nbcK6e5XbXa-lHIwNuU8yDfngiJXfX5khqLjFSWkVePfgU/s320/Olavo_Bilac_2.jpg

        [...] Dedicou-se desde cedo ao jornalismo e à literatura. Teve intensa participação na política e em campanhas cívicas, das quais a mais famosa foi em favor do serviço militar obrigatório. [...] É o autor da letra do Hino à Bandeira.

        [...]

        Sua obra poética enquadra-se no Parnasianismo, que teve na década de 1880 a sua fase mais fecunda. [...]

        [...] Olavo Bilac deu preferência às formas fixas do lirismo, especialmente ao soneto. Nas duas primeiras décadas do século XX, seus sonetos de chave de ouro eram decorados e declamados em toda parte, nos saraus e salões literários comuns na época. Nas Poesias encontram-se os famosos sonetos de Via Láctea e a “Profissão de Fé”, [...]

        [...] Bilac foi, no seu tempo, um dos poetas brasileiros mais populares e mais lidos do país, tendo sido eleito o “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, no concurso que a revista Fon-Fon lançou em 1º. de março de 1913. Alguns anos mais tarde, os poetas parnasianos seriam o principal alvo do Modernismo. Apesar da reação modernista contra a sua poesia, Olavo Bilac tem lugar de destaque na literatura brasileira, como dos mais típicos e perfeitos dentro do Parnasianismo brasileiro. [...]

OLAAVO BILAC: Biografia. In: Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro: ABL, [20--]. Disponível em: https://www.academia.org.br/academicos/olavo-bilac/biografia. Acesso em: 23 mar. 2021.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 89.

Entendendo a biografia:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Parnasianismo: movimento literário que defendia as formas clássicas (fixa) de poesia que existiram na Antiguidade Greco-Romana e, depois, na Renascença.

·        Lirismo: musicalidade em sentido pessoal (origem do termo lira, instrumento musical semelhante à harpa).

·        Soneto: poema de estrutura fixa dois quartetos, dois tercetos, com versos decassílabos (de dez sílabas).

·        Chave de ouro: último verso de um poema, escrito com finalidade de impactar o leitor.

·        Saraus: festas literárias com declamação de poemas, canto e piano.

02 – Quando e onde nasceu Olavo Bilac?

      Olavo Bilac nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 16 de dezembro de 1865.

03 – Quais foram algumas das ocupações de Olavo Bilac ao longo de sua vida?

      Olavo Bilac foi jornalista, poeta e inspetor de ensino.

04 – Qual cadeira Olavo Bilac criou na Academia Brasileira de Letras e quem é o patrono dessa cadeira?

      Olavo Bilac criou a cadeira nº 15 na Academia Brasileira de Letras, que tem como patrono Gonçalves Dias.

05 – Qual foi uma das campanhas cívicas mais famosas em que Olavo Bilac participou?

      Olavo Bilac participou intensamente na campanha a favor do serviço militar obrigatório.

06 – A que movimento literário pertence a obra poética de Olavo Bilac e qual era a forma preferida de sua poesia?

      A obra poética de Olavo Bilac pertence ao Parnasianismo, e ele deu preferência às formas fixas do lirismo, especialmente ao soneto.

07 – Quais são alguns dos sonetos famosos de Olavo Bilac mencionados no texto?

      Alguns dos sonetos famosos de Olavo Bilac mencionados no texto são os sonetos de "Via Láctea" e a "Profissão de Fé".

08 – Qual título foi concedido a Olavo Bilac em um concurso da revista Fon-Fon em 1913?

      Olavo Bilac foi eleito o "Príncipe dos Poetas Brasileiros" no concurso que a revista Fon-Fon lançou em 1º de março de 1913.

 

 

 

SONETO: VELHAS ÁRVORES - OLAVOR BILAC - COM GABARITO

 Soneto: Velhas Árvores

             Olavo Bilac.

Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas…

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigMNyX2NoDKa3fRmeuxkJCEpVHUDa5MKg7RzKy8pM3t_yCeypzW7yZlpVKp2tdwEW0WZ0pOs4mTdz9S_WVRBuGsz9_Qos8Jrc_AgUwEzBPl5ZoyhR0Nbx7wo7JvbiE22lspR2QBLx3FQByU5zK0wtgarDI3c9w7lkr2JP8nEBmi8Cjjfj9DFDhDZx5mxA/s320/Floresta-globo-reporter.jpg

O homem, a fera e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres da fome e de fadigas:
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.

Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo. Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:

Na glória de alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!

BILAC, Olavo. Velhas árvores: In: BILAC, Olavo. Alma inquieta. Amazônia: Unama. p. 37-38. (Ebook). Disponível em: www.nead,unama.br. Acesso em: 24 maio 2021.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 101-102.

Entendendo o soneto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Fadiga: cansaço.

·        Padecer: verbo, significa “sofrer”.

·        Procela: tempestade.

02 – Você sabe dizer que tipo de poema é esse?

      É um soneto, poema de estrutura fixa em versos decassílabos.

03 – Qual é a temática desse poema? Que palavra passou por sua cabeça ao lê-lo?

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Qual é a principal mensagem do soneto "Velhas Árvores" de Olavo Bilac?

      A principal mensagem do soneto é a valorização da velhice e da experiência adquirida ao longo do tempo. Bilac compara as velhas árvores, que são mais belas e acolhedoras, às pessoas idosas, sugerindo que o envelhecimento deve ser visto como um processo natural e digno, que traz consigo sabedoria e a capacidade de oferecer consolo e proteção aos outros.

05 – Como Olavo Bilac compara as velhas árvores às árvores jovens no soneto?

      Bilac afirma que as velhas árvores são mais belas do que as árvores jovens e mais amigas. Ele destaca que as velhas árvores são vencedoras da idade e das procelas, ou seja, resistiram ao tempo e às tempestades, o que as torna ainda mais valiosas e impressionantes.

06 – Qual é a importância da sombra das árvores no poema?

      A sombra das árvores é apresentada como um símbolo de proteção e abrigo. O poeta menciona que sob as velhas árvores, o homem, a fera e o inseto vivem livres da fome e das fadigas, e que seus galhos abrigam as cantigas e os amores das aves. Isso reforça a ideia de que a experiência e a maturidade proporcionam um ambiente seguro e acolhedor.

07 – O que o poeta sugere sobre a forma como devemos encarar a velhice?

      O poeta sugere que não devemos lamentar a perda da juventude, mas sim envelhecer com alegria e dignidade. Ele aconselha a envelhecer "rindo" e a seguir o exemplo das árvores fortes, que envelhecem na glória da alegria e da bondade, proporcionando abrigo e consolo aos outros.

08 – Quais são os benefícios da velhice, segundo o poema "Velhas Árvores"?

      Segundo o poema, os benefícios da velhice incluem a capacidade de oferecer proteção e consolo aos outros, simbolizada pela sombra e pelos ramos que abrigam pássaros. A velhice é vista como um período de glória, alegria e bondade, onde a experiência acumulada ao longo do tempo permite que a pessoa idosa desempenhe um papel importante e benéfico na vida dos outros.

 

REPORTAGEM: APENAS 15% DOS ADOLESCENTES BRASILEIROS SE EXERCITAM O SUFICIENTE , DIZ OMS - PATRÍCIA FIGUEIREDO - COM GABARITO

 Reportagem: Apenas 15% dos adolescentes brasileiros se exercitam o suficiente, diz OMS

Por Patrícia Figueiredo, G1

21/11/2019 20h30. Atualizado há 4 anos

        Relatório da Organização Mundial da Saúde mostra que 89% das adolescentes entre 11 e 17 anos brasileiras não praticam atividade física suficiente, contra 78% dos garotos. Para autora do estudo, falta de segurança e iniciativas pouco atrativas para as meninas explicam diferença.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvnSYZhnX8l8DlXSWJrBiDouQJrDNe6HstTCwurpUBAeVFxQzf2C639SX42EwVomh9I1KFmDBL49GBl3p96dI0oMHin7yof9gGqKRMSjr9OYcDA2SqlFr0991PL-3vqMcf70u-Mb14QdSqzM7JYZfTUGaAtxF28aFdAZ2U9NyaQ766o4EvHXi4EhFPf1s/s320/JOVENS.jpg


        Oito em cada dez crianças e adolescentes de 11 a 17 anos não realizam atividade física suficiente. No Brasil, o percentual é ainda maior: 84% dos adolescentes nessa faixa etária são menos ativos do que deveriam. Os dados mostram ainda que não houve nenhuma melhora significativa nesses níveis nos últimos 15 anos.

        [...]

        Para a OMS, o ideal é que jovens nessa faixa etária façam pelo menos 60 minutos de atividade física moderada cinco vezes por semana. A organização destacou a diferença nos níveis de atividade física de meninas e meninos no país.

        [...]

        Diferença entre meninos e meninas

        Em relação a 2001, a OMS registrou no Brasil uma pequena melhora nos índices de atividade física nos meninos e uma piora entre as meninas. Naquele ano, 80% dos meninos faziam menos exercício do que o recomendado; em 2016, eram 78%. Entre as meninas o índice subiu de 89,1% que não seguem as recomendações em 2001 para 89,4% em 2016.

Mais de 70% dos países analisados registraram um aumento na diferença entre meninos e meninas na comparação ente 2001 e 2016. No Brasil, a diferença foi de 9 para 11 pontos percentuais.

        Falta de opções

        Para Leanne Riley, da OMS, o aumento da diferença entre os sexos pode ocorrer por conta da desigualdade nas opções de lazer e esporte oferecidas para meninas e meninos.

        "Nós suspeitamos que esses países estejam fazendo um esforço para aumentar a atividade física entre os jovens, mas essas iniciativas parecem ter um impacto somente nos meninos, e não nas meninas".

        Segundo Riley, a promoção de atividade física tende a focar esportes que não interessam tanto as meninas quanto os meninos.

        "Houve uma pequena melhora na oferta de esportes para os jovens, mas em atividades que as meninas não estão necessariamente interessadas, como esportes coletivos", diz.

        Para que aumente a participação das garotas nas atividades físicas é preciso que elas sejam incluídas nas discussões para que apontem quais são as atividades físicas que despertam maior interesse, segundo a especialista.

        [...].

FIGUEIREDO, Patrícia. Apenas 15% dos adolescentes brasileiros se exercitam o suficiente, diz OMS. G1, Rio de Janeiro, 21 nov. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2019/11/21/apenas-15percent-dos-adolescentes-brasileiros-se-exercitadm-o-suficiente-diz-oms.ghtml. Acesso em: 5 mar. 2021.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 102-103.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual é o percentual de adolescentes brasileiros que se exercitam o suficiente, de acordo com a OMS?

      Apenas 15% dos adolescentes brasileiros se exercitam o suficiente.

02 – Qual é a diferença entre os níveis de atividade física entre meninos e meninas adolescentes no Brasil?

      89% das meninas adolescentes não praticam atividade física suficiente, em comparação com 78% dos meninos.

03 – Qual é a recomendação da OMS para a atividade física dos jovens na faixa etária de 11 a 17 anos?

      A OMS recomenda que jovens dessa faixa etária façam pelo menos 60 minutos de atividade física moderada cinco vezes por semana.

04 – Como os índices de atividade física dos adolescentes brasileiros mudaram entre 2001 e 2016?

      Entre os meninos, houve uma pequena melhora, com a porcentagem de inativos caindo de 80% em 2001 para 78% em 2016. Entre as meninas, houve uma ligeira piora, passando de 89,1% para 89,4%.

05 – Quais são as possíveis razões para a diferença nos níveis de atividade física entre meninos e meninas, segundo Leanne Riley da OMS?

      A falta de segurança e as iniciativas pouco atrativas para as meninas, assim como a promoção de esportes que não interessam tanto a elas, são apontadas como possíveis razões.

06 – Qual foi a mudança na diferença de níveis de atividade física entre meninos e meninas no Brasil entre 2001 e 2016?

      A diferença aumentou de 9 para 11 pontos percentuais.

07 – O que Leanne Riley sugere como uma solução para aumentar a participação das garotas nas atividades físicas?

      Riley sugere que as garotas sejam incluídas nas discussões para identificar quais atividades físicas despertam maior interesse nelas.

08 – Comente com os colegas e o professor(a) que tipo de atividade física você pratica e por quanto tempo.

a)   Qual é a atividade física ou esportiva predileta entre as meninas?

Resposta pessoal do aluno.

b)   Quanto tempo, em média, as meninas ficam em frente ao computador, smartphone ou smart TV, por dia?

O tempo de exposição às telas e que esse tempo se relaciona também com o fato de os jovens deixarem de praticar algum exercício físico. Nesse momento, eles precisam ter ciência de que essa exposição e essa falta de atividade provocarão transformações ao longo da vida deles.

09 – O que as meninas acham que precisa mudar para que possam praticar mais atividades físicas?

      Considere as possibilidades da escola e estimule os estudantes à resolução de questões-problema como essa, pela formação de uma proposta. Por exemplo, um torneio esportivo na escola, que possa envolve-los na construção de um projeto inclusivo para ambos os gêneros.

 

 

 

domingo, 23 de junho de 2024

CRÔNICA: CEM DIAS ENTRE O CÉU E MAR - FRAGMENTO - AMYR KLINK - COM GABARITO

 Crônica: Cem dias entre o céu e mar – Fragmento

              Amyr Klink

        [...]

        Trinta de agosto. Embora não fosse sábado, o calor do final de tarde me inspirou a fazer a barba, que já resistia há algum tempo. As roupas secavam na antena. Os remos já estavam prontos pra ir dormir. Mas, ao reconhecer o que ainda estava solto sobre o barco, um susto!

        -- Navio! Navio! – berrei.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjqvjWgQ6fVAgfbSKta-NEYb5WXyLg9RoTjuEyAYyNIhXHU2IyQrfQsXHGygblwajKaYZbBX87NWeiw9XBNSvjtfaqNDrKSCk5B3HMxGhRQLCyclPfZK0zVfC9KyGhfMjjXYV2nssHqTO87qWNRF0Y7O1TeRGKvCuxEHH7elT7LQ4rNIMlJItc2ZuaYdQ/s320/AMIYR.jpg


        Quase caí na água. Um enorme navio cinzento cruzava minha proa a menos de meia milha de distância no rumo verdadeiro de 310º. [...]

        Os navios são cegos no mar, e quem navega sozinho deve assumir por sua conta e risco este fato. Especialmente durante o dia. À noite, as luzes de um pequeno barco são visíveis a uma razoável distância, e neste caso o vigia pode tomar alguma atitude. Se houver vigia. Mas quando o mar se apresenta levemente formado e, sobretudo, à luz do dia, um barco pequeno só é visível nos poucos segundos em que não está escondido entre duas ondas, o que representa menos de 20% do tempo. Isto, se naquele exato instante houver alguém olhando precisamente na mesma direção. Soma-se ainda o problema do reflexo dos raios na água, o que inutiliza metade do campo visual de um navio quando o sol está baixo, e o dos dias de vento mais forte, quando os carneirinhos, deixados pelas ondas que arrebatam, se confundem com qualquer embarcação. Quanto mais perto se está do nível do mar, pior o problema, pois, em decorrência da curvatura da Terra, o horizonte se torna próximo e um enorme navio pode surgir da invisibilidade absoluta, até o nariz da vítima, em rápidos minutos.

        A única solução é manter uma vigília permanente e nunca esperar que um monstro de aço saia da frente primeiro. Na prática, isto é impossível para um solitário, e o jeito é dormir em intervalos regulares tanto menores quanto mais próximo se estiver de rotas conhecidas de navegação. Existem também alguns recursos técnicos para evitar colisões no mar: os refletores-radar e o detector de radares. a utilidade de ambos, em rotas transoceânicas, é muito relativa. Para auxílio e localização de um barco são muito interessantes, mas nem tanto para evitar acidentes, pois, na prática, raras vezes os navios acionam o radar em alto mar.

        Inanimado, o navio seguia em frente enquanto eu barrava de alegria. A distância não permitia distinguir pessoas, mas ao menos sabia que, peça primeira vez em mais de oitenta dias, havia gente nas proximidades, gente trabalhando, comendo em mesas, com versando, ali a minha frente, dentro do vulto de aço que soltava fumaça pela chaminé. Que saudades, meu Deus! Chamei pelo VHF, no canal 16: “Grande navio cinza. Grande navio cinza. Aqui embarcação IAT chamando. Responda, Câmbio.”

        E que surpresa ao ouvir a resposta num inglês bem napolitano: “Prossiga IAT. Aqui é o Mount Cabrite. Câmbio.”

        Era um cargueiro de bandeira liberiana e tripulação italiana que seguia para os Estados Unidos. A comunicação VHF é de curto alcance, e, portanto, eles imaginavam que deveriam avistar outro barco próximo, um veleiro talvez. Mas não conseguiram. Sem trair a emoção que eu sentia, pedi uma confirmação de posição para checar a precisão dos meus cálculos. E o diálogo que se seguiu foi um pouco lacônico:

        -- Não o avistamos. Você perdeu o mastro? – perguntou o operador.

        -- Não tenho mastro! – respondi.

        -- Você está com pane nas máquinas?

        -- Não tenho máquinas. Estou remando!

        Houve um silêncio no rádio.

        -- Há outros sobreviventes? – voltou ele novamente.

        -- Não! Não! – respondi. – Sou o único tripulante a bordo. Vou para Salvador. Está tudo bem. Por favor, confirme e comunique minha posição ao Concontramar no Rio de Janeiro.

        -- Morreram todos os outros?

        -- Não, não. Eu parti só, da África, de Luderitz.

        Novo silêncio. O oficial de rádio custou a acreditar e, enquanto pedia a posição à ponte de comando, não escondeu que duvidava do que ouvia.

KLINK, Amyr. Cem dias entre céu e mar. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 102-103.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 2. Língua Portuguesa – 6º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 36-37.

Entendendo a crônica:

01 – De acordo com o texto, o que significa a palavra lacônico?

      Em poucas palavras, sucinto, resumido.

02 – Explique a afirmação feita no texto, de acordo com o relato do navegador.

        “Os navios são cegos no mar, e quem navega sozinho deve assumir por sua conta e risco este fato.”

      Pela afirmação, que os navios não conseguem ver as embarcações menores no mar, por isso, são “cegos”. Ciente desse fato, o navegador que assume enfrentar uma viagem sozinho deve ter consciência desse fato, o que pode representar um risco.

03 – De acordo com o texto, há quantos dias Klink estava navegando quando encontrou o navio?

      Há oitenta dias quando encontrou o navio.

04 – Qual foi o motivo da alegria do navegador ao se deparar com  um navio?

      O fato de ter tido um contato humano depois de oitenta dias de navegação solitária.

05 – Como o autor navegante descreve o navio que encontrou no caminho?

      O navio era um cargueiro de bandeira liberiana e tripulação italiana que estava seguindo para os estados Unidos.

06 – Por que a tripulação do cargueiro pensou que Klink era um sobrevivente?

      Pelo fato de ele estar sozinho, imaginando que ele teria escapado, provavelmente, de um naufrágio.

07 – Como você justifica o fato de o oficial de rádio ter duvidado sobre o que o navegante contava?

      O oficial de rádio poderia ter duvidado sobre o que o navegante dizia, pois o fato de haver um navegante sozinho em alto mar parecia ser algo estranho e improvável, a menos que fosse, por exemplo, um sobrevivente.

08 – Com base no texto que você leu, indique qual foi o fato que mais lhe chamou a atenção. Justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno.

TEXTO: A TEMPESTADE - LUIZ FELIPE PAGNOSSIM - COM GABARITO

 Texto: A tempestade

          Luiz Felipe Pagnossim

        Não guardo muitas lembranças do meu tempo de escola. Mas me lembro que nunca me destaquei pela sociabilidade. Fazer amizades sempre foi uma tarefa difícil para mim. Aguardava que os colegas se aproximassem e a partir daí poderia se desenvolver, talvez, uma amizade.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidAG789t_0yfZWIs3SzteVTx6lEbh2bATX-Ik3jNwSK7q-F6AESrd_ncfeAvtUx_sYMfuB_xsq0Y7pUDfQeNsBVvDIK0VUnc1wrSl4kChH3IlLuh2FrItuHb50_4Jf2XBaTA_ky21MWsqoOKLaIQi7lxHKHvHOuJCg499qXtqeKjdU4U4I3pXhrSte984/s320/SOZINHO.jpg 


        Mas há algo de que me lembro bem: das aulas da professora Helena, especialmente de uma delas. Naquele dia, ela entrou e não demorou a anunciar a atividade: uma narrativa de aventura com tema livre.

        Dei uma encolhida sobre a carteira, enquanto olhava para os lados, sem nenhuma ideia na cabeça: “Tema livre!”. Era liberdade demais para minha falta de imaginação.

        Alguns colegas escreviam, outros ficavam olhando para a folha. Percebi que eu era um desses, perdido no papel em branco. Celina, ao contrário, ajeitava-se impecável sobre a carteira, demonstrando estar totalmente pronta para começar o seu texto.

        Algumas cenas de filmes de piratas começaram a ocupar, de repente, a minha mente. Adorava filmes de ação, aventuras, navios, combates. Eu, então, me concentrei. Peguei a caneta, posicionei o papel e aí começou a minha aventura.

        “Em alto mar, deslizava o antigo navio. Suas velas imensas se enchiam com o sopro do vento na popa, empurrando o barco vigorosamente em direção ao continente africano. No convés sujo e descuidado, o Capitão Trovão gritava a todo pulmão, fazendo-se obedecer pela tripulação de trinta piratas que temiam a fúria do comandante.”

        Minha cabeça estava imersa nas cenas que descrevia. A imaginação ia se organizando e completando as cenas até o clímax de uma tormenta no mar, em que o navio, desnorteado, era jogado para todo lado pela fúria das ondas.

        “Em meio ao movimento do navio, surge o tesouro que o Capitão Trovão mantinha escondido, espalhando moedas de ouro que flutuavam sobre a água que já tomava conta do navio. A tripulação tentava agarrar algumas moedas, enquanto o Capitão ainda encontrava forças para gritar. Foi quando uma imensa onda entornou, finalmente, o navio levando toda a tripulação pirata para o fundo do mar.”

        Fim.

        Tempo depois, a professora veio com as redações corrigidas. A primeira que ela retirou da pasta foi a que eu havia escrito. Elogiou muito a criatividade do meu texto e fez questão de lê-lo para toda classe. O pessoal adorou. A Celina até sorriu para mim.

        Depois desse dia, entendi que, afinal, não era tão impossível fazer uma redação com tema livre, pois, quanto mais livre o tema, melhor para soltar a imaginação e maior é também a aventura. Um gosto pela aventura de ler e de escrever que guardo até hoje.

PAGNOSSIM, Luiz Felipe.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 2. Língua Portuguesa – 6º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 52-54.

Entendendo o texto:

01 – É possível afirmar que o autor do texto “A tempestade” é um adulto? Justifique sua resposta.

      Sim, pois logo no início do texto ele afirma que irá relatar lembranças do tempo da escola, o que pressupõe que o autor, atualmente, é um adulto.

02 – Procure a palavra sociabilidade no dicionário. Em seguida, copie a frase do texto que apresenta um exemplo da falta de sociabilidade do autor quando criança.

      Característica do que é sociável. “Fazer amizade sempre foi uma tarefa difícil para mim.”

03 – Como o menino justificou a sua dificuldade em escrever uma narrativa de aventura cujo tema era livre?

      Para o menino, o tema livre implicava em muita liberdade para escrever em conjunto com a sua suposta falta de imaginação.

04 – Em sua opinião, é mais difícil escrever uma narrativa de aventura cujo tema é livre? Justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno.

05 – Enquanto o menino olhava para o papel em branco, o que de repente aconteceu?

      De repente, cenas de filmes de piratas começaram a ocupar a mente do menino enquanto ele olhava para o papel em branco.

06 – Que palavra o menino usou para indicar que a história do Capitão Trovão havia terminado?

      Fim.

07 – Por que a professora escolheu a narrativa do menino para ler em voz alta para a turma?

      Porque a narrativa do menino era muito criativa.

08 – Qual foi a conclusão a que o autor chegou ao final do texto?

      O autor do texto chegou à conclusão de que não era impossível fazer uma redação com tema livre, pois isso possibilitava que a imaginação fluísse.

HISTÓRIA: A VOLTA AO MUNDO EM 80 DIAS - (FRAGMENTO) - JÚLIO VERNE - COM GABARITO

 História: A volta ao mundo em 80 dias – Fragmento

              Júlio Verne

        [...]

        -- Afinal de contas, a terra é vastíssima – respondeu Andrew Stuart.

        -- Antigamente até que era – disse Phileas Fogg a meia-voz.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfUCY2SWoqTd-X4BwWhV6sPiBlVgtdvItxzuDKnWGS8cBhDSuBh79opzpRPrj2krg-bZb-64ih79BBSsIJjFk47aYB6NZxBb-LWp-jfJsXZfZb3VnHCMF5wDQUEd4xaDM9ITwlxBy4upO1BYBqy1UUKLlXZceQQH0qIzoQfRto1kLyB3M7ccMOns0tSkY/s1600/80%20DIAS.jpg


        [...]

        -- Por que antigamente? Porventura a terra diminuiu de tamanho?

        -- Sem dúvida – opinou Gauthier Ralph. – Concordo com o Mr. Fogg. A terra diminuiu, uma vez que atualmente a percorremos dez vezes mais rápido do que cem anos atrás.

        [...]

        Mas o incrédulo Stuart não se convencera e insistiu:

        -- Convém admitir, Mr. Ralph – ele prosseguiu –, que encontrou uma maneira curiosa de dizer que a terra encolheu! Quer dizer, só porque hoje a percorremos em três meses...

        -- Em apenas oitenta dias – disse Phileas Fogg.

        -- Sim, oitenta dias! – exclamou Andrew Stuart, que, inadvertidamente, cortou justo num trunfo real. – Mas sem contar o mau tempo, ventos contrários, naufrágios, descarrilamentos, etc.

        -- Incluindo tudo – respondeu Phileas Fogg.

        [...]

        Andrew Stuart [...] observou:

        -- Teoricamente, o senhor tem razão, Mr. Fogg, na prática, porém...

        -- Na prática também, Mr. Stuart.

        -- Queria vê-lo tentar.

        -- Só depende do senhor. Vamos juntos.

        -- Deus me livre! – exclamou Stuart. – Mas apostaria de olhos fechados quatro mil libras que uma viagem dessas, feita sob tais condições, é impossível.

        -- Mais do que possível, ao contrário – rebateu Mr. Fogg.

        -- Muito bem, faça-a então!

        -- A volta ao mundo em oitenta dias?

        -- Sim.

        -- Por que não?

        -- Quando?

        -- Imediatamente.

        [...]

VERNE, Júlio. A volta ao mundo em 80 dias. Trad. André Telles. Rio de Janeiro: Zahar, 2017, p. 37-38.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 2. Língua Portuguesa – 6º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 46.

Entendendo a história:

01 – Quem é o autor do fragmento "A volta ao mundo em 80 dias"?

      O autor é Júlio Verne.

02 – Qual personagem afirma que a Terra antigamente era vastíssima?

      Andrew Stuart é quem afirma isso.

03 – Qual personagem diz que a Terra diminuiu de tamanho e por quê?

      Gauthier Ralph diz que a Terra diminuiu porque atualmente a percorremos dez vezes mais rápido do que cem anos atrás.

04 – Quanto tempo Phileas Fogg afirma que é necessário para dar a volta ao mundo?

      Phileas Fogg afirma que é necessário apenas oitenta dias para dar a volta ao mundo.

05 – Qual foi a reação de Andrew Stuart ao ouvir que a volta ao mundo pode ser feita em oitenta dias?

      Andrew Stuart exclamou incredulamente, mencionando que isso não considerava mau tempo, ventos contrários, naufrágios, descarrilamentos, etc.

06 – O que Phileas Fogg responde quando Andrew Stuart menciona os obstáculos que poderiam atrasar a viagem?

      Phileas Fogg responde que a viagem de oitenta dias inclui todos esses fatores.

07 – Qual é o desafio que Andrew Stuart propõe a Phileas Fogg?

      Andrew Stuart propõe que Phileas Fogg tente fazer a volta ao mundo em oitenta dias.

08 – O que Andrew Stuart estaria disposto a apostar contra a possibilidade de dar a volta ao mundo em oitenta dias?

      Andrew Stuart estaria disposto a apostar quatro mil libras.

09 – Qual foi a resposta de Phileas Fogg ao desafio de Andrew Stuart?

      Phileas Fogg aceita o desafio e sugere começar a viagem imediatamente.

10 – Como Andrew Stuart reagiu à sugestão de Phileas Fogg de começar a viagem imediatamente?

      Andrew Stuart exclamou "Deus me livre!" e mostrou-se relutante em participar da viagem.