História: A aventura de Robinson Crusoé
Luiz Felipe Pagnossim
Não sei se já contei, mas meu gosto
pela leitura de narrativas de aventuras foi incentivado pela professora Helena.
Além das aulas de redação, ela costumava contar para a turma histórias
incríveis, de forma tão real que parecia que podíamos ouvir o bater das ondas,
o barulho do vento, o tinir das espadas. Aquilo sim era uma aventura e tanto!
Bem, depois, era correr para ver quem pegava primeiro na biblioteca os livros
mais disputados como: As viagens de Gulliver, Moby Dick, A volta ao mundo em 80
dias, Viagem ao centro da Terra, A ilha do tesouro e, claro, Robinson Crusoé, o
meu preferido.
Parece que consigo ouvir, ainda hoje,
dona Helena narrando a trajetória do navegante Robinson Crusoé e seu naufrágio.
Algo mais ou menos assim:
Ele, que tinha uma vida tranquila na
companhia dos pais, na cidade inglesa de Iorque, resolve, num ímpeto, deixar
tudo para trás e partir, tornando-se um mercador e marinheiro. Isso em 1650 ou
mil seiscentos e alguma coisa. Bem, a verdade é que, depois de uma série de
acontecimentos, dignos de um bom filme de ação, ele chaga ao Brasil e se torna
fazendeiro.
Mas o gosto pela vida no mar leva o
personagem a tomar a decisão de se lançar em uma nova aventura. Dessa vez rumo
à Guiné, na África, para o comércio de escravos. De volta ao mar...
O navio era de bom tamanho, tinha seis
canhões e levava um total de 17 homens entre tripulantes e acompanhantes. E
assim ele partiu, certo de que poderia encontrar perigos no caminho, pois além
dos riscos do mar, havia ainda os ataques constantes de piratas naquela rota.
Os primeiros dias de viagem
transcorreram calmamente dentro do previsto. Durante dez dias, nada parecia perturbar
o percurso da embarcação. Tudo estava tranquilo. No décimo primeiro dia, porém,
de repente, o céu escureceu e os ventos fortes faziam balançar o navio. O medo
tomou conta da tripulação.
Os marujos eram jogados para todos os
lados. Alguns se agarravam ao que podiam. Parecia impossível conter a situação,
em meio à tempestade. Quando o mau tempo dava trégua, o capitão buscava alguma
orientação de rota. Impossível, pois estavam perdidos, buscando alguma ilha
onde pudessem desembarcar.
Os dias se passaram e a tormenta
voltou. O desespero já tomava conta de todos, pois os homens não tinham quase
mais forças. Mas, em meio a toda tempestade, ouviu-se uma voz: “Terra!” Nem
mesmo o uivar do vento e o ranger das velas desorientadas pela tempestade
impediram que ouvissem aquela palavra de salvação. Pouco mais que dez homens,
lançaram-se ao mar em um barco salva-vidas contra a fúria das ondas, movidos
pela esperança de salvarem-se.
Eles remavam desesperadamente, quando,
de repente, um vagalhão atingiu o barco que acabou virando. Alguns marujos se
seguraram na pequena embarcação, outros foram engolidos pelas águas, até que
uma nova onda levou o que restara dos homens agarrados ao salva-vidas.
Robinson, atordoado, lutava para
permanecer vivo, buscando manter-se à tona, submergindo e voltando à
superfície, rodopiando e sendo jogado pelas ondas. Havia engolido muita água e
já não tinha quase força para resistir. Fechou os olhos e entregou seu corpo
sobre o mar, olhando para o céu, com os braços estendidos, deixando-se ser
levado pelas águas.
De repente, abaixou o braço e sua mão
tocou algo firme. Então, reuniu toda força que pode e deu alguns passos em
direção à praia. Fraco e cansado, desmaiou. Quando acordou, lembrou-se do que
havia acontecido. Não havia nenhum companheiro salvo daquela embarcação. Ele
estava só.
Nesse momento, vinha o melhor, pois a
professora Helena colocava as mãos no peito, fechava os olhos e dizia: “Ufa!
Ele conseguiu...” E a turma ria, emocionada pela história e pela interpretação
de dona Helena. Que aventura!
PAGNOSSIM, Luiz Felipe.
Fonte: Maxi: Séries
Finais. Caderno 2. Língua Portuguesa – 6º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas
de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 32-34.
Entendendo a história:
01 – No texto, o narrador cita
livros de aventura que eram disputados pela turma. Quais são os títulos
lembrados?
Os títulos são:
As viagens de Gulliver, Moby Dick, A volta ao mundo em 80 dias, Viagem ao
centro da Terra, A ilha do tesouro e, claro, Robinson Crusoé.
02 – De forma imprecisa, o
narrador busca lembrar-se de quando começaram as aventuras de Robinson Crusoé.
Qual é o ano aproximado apontado?
O ano aproximado
apontado pelo narrador é o 1650.
03 – Qual era o destino da
embarcação que partira do Brasil?
O destino era
Guiné, na África.
04 – O que o capitão pode
perceber quanto à rota do navio em meio à tempestade?
O capitão pode perceber que estavam
perdidos.
05 – Ao conseguir escapar do
navio, o narrador não estava sozinho. Escreva o trecho que comprova esta
afirmativa.
“Pouco mais que
dez homens, lançaram-se ao mar em um barco salva-vidas contra a fúria das
ondas, movidos pela esperança de salvarem-se.”
06 – Em meio a toda
dificuldade enfrentada no navio, uma voz anunciava que estavam próximo ao
continente, o que poderia ter sido a salvação de toda tripulação. Escreva o
trecho que representa esse momento da narrativa.
“Mas, em meio a
toda aquela tempestade, ouviu-se uma voz “Terra!”.
07 – A descrição dos fatos no
trecho em que o personagem procura se salvar no mar é repleta de verbos de
ação: lutar, submergir, rodopiar, engolir, jogar voltar, resistir. De que modo
essas palavras contribuem para a construção do cenário de aventura do texto?
Os verbos que descrevem a cena de ação e
que reforçam a luta do personagem para se manter vivo e a força das águas no
mar, de modo que essa sequência de fatos no texto traz um cenário de aventura,
reforçado pela escolha das palavras que o descreve.
08 – O texto lido fez com que
você se lembrasse de algum filme, desenho, história em quadrinhos ou outro
livro de aventura? Se sim, qual?
Resposta pessoal
do aluno.
09 – Quais impressões ou
sensações a leitura lhe trouxe? Explique sua resposta.
Resposta pessoal
do aluno.